OS FRUTOS DA COMUNHÃO CRISTÃ
Artigo Mauricio Berwald
Estes são os frutos gerados pela comunhão cristã, conforme facilmente depreendemos da leitura do capítulo dois de Atos dos Apóstolos:
Temor a Deus. A verdadeira comunhão frutifica, na vida da igreja como um todo e na vida de cada crente em particular, um santo temor a Deus. Lucas destaca: “Em cada alma havia temor” (At 2.43). E o temor a Deus, como todos sabemos, é o princípio do saber (Pv 1.7).Quando os crentes temem e amam a Deus, a igreja mostra-se sabia não apenas diante do Senhor, mas também do mundo. Ainda há temor a Deus em seu coração?
Sinais e maravilhas. Pentecostais que somos, acreditamos piamente que Deus ainda opera sinais e maravilhas entre o seu povo. Mas, para que isso ocorra, é urgente que vivamos uma perfeita comunhão com o Pai e com cada um de seus filhos. Lucas realça que, na Igreja Primitiva, o sobrenatural era algo bastante natural entre os crentes: “e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). O segredo? A comunhão.
Assistência social. Uma igreja que cultiva a verdadeira comunhão cristã não permitirá que nenhum de seus membros passe necessidade. Eis o que testemunha o autor sagrado: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At 2.44,45). Não se tratava de um comunismo cristão, mas da autêntica comunhão que o Espírito Santo nos esparge na alma. O comunismo só espalha o medo, a miséria e o ateísmo. A Igreja de Cristo não precisa dessa ideologia para socorrer os seus membros; ela tem o amor de Deus.
Crescimento. Uma igreja que cultiva a comunhão e não se acha dividida só tem a crescer:.E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.47b). A Igreja como a agência por excelência do Reino de Deus não pode ficar estagnada. Haverá de crescer local e universalmente.
Adoração. A Igreja Primitiva era também uma comunidade de adoração “louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo” (At 2.47). Sim, a Igreja que louva a Deus jamais deixará de ser reconhecida, até mesmo por seus inimigos, como um povo especial. Voltemos ao altar da verdadeira adoração. Louvemos a Deus com salmos e hinos. Abramos a Harpa Cristã e celebremos os grandes atos de Deus.
Sua igreja cultiva a verdadeira comunhão? É hora de voltarmos ao cenáculo e reviver os tempos de refrigério e avivamento. Somente uma igreja que experimenta a verdadeira comunhão com Cristo e com os seus membros em particular, sobreviverá nestes tempos difíceis e trabalhosos. O Espírito Santo quer operar em nosso meio. Mas só o fará se estivermos vivendo a genuína comunhão cristã.
“No Pentecostes, depois da vinda do Espírito Santo, o grupo de 120 explodiu! Em um dia três mil pessoas adotaram a fé, e passaram a servir a Cristo. Elas foram agregadas à igreja, isto é, imediatamente se uniram à comunhão de crentes. Os três mil novos crentes se reuniram com os outros como eles, pessoas de pensamento e fé semelhantes. Lucas ressaltou a natureza cotidiana das reuniões da igreja. Os crentes se reuniam tanto no templo ([...]), como em casa, para o partir do pão e, supostamente, para comunhão, para darem atenção às necessidades e para a prática da oração. Uma má interpretação comum sobre os primeiros cristãos (que eram judeus) era que eles rejeitavam a religião judaica. Mas estes crentes viram a mensagem e a ressurreição de Jesus como o cumprimento de tudo o que eles conheciam, e do Antigo Testamento e em que criam.
A princípio, os crentes de origem judaica não se separaram do restante da comunidade judaica. Eles ainda iam ao Templo e às sinagogas para adorarem e aprenderem mais sobre as Escrituras. Mas a sua fé em Jesus Cristo criou um grande atrito com os judeus que não acreditavam que Jesus fosse o Messias. Assim, os crentes judeus eram forçados a se reunirem nas suas casas para compartilharem as suas orações e os ensinos a respeito de Cristo. No final do século I, muitos desses crentes judeus foram excomungados das suas sinagogas”. (notas Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol.1. RJ: CPAD, 2009, pp.632-34).
“A Comunhão dos Santos na Bíblia
A comunhão dos santos é uma expressão teológica e historicamente forte. Quer na comunidade de Israel, quer na Igreja Primitiva, seu conceito não é um mero casuísmo; é uma prática que leva o povo de Deus a sentir-se como um só corpo”.“A comunhão dos Santos em Israel.Nos momentos de emergência nacional, levantavam-se os hebreus como um só homem. Isto mostra que, se um israelita sofria, os demais padeciam; se uma tribo via-se em perigo, as outras sentiam-se ameaçadas. A fim de manter o seu povo unido, suscitava-lhe o Senhor líderes carismáticos como Gideão e Davi.O amor entre os israelitas era realçado na Lei e nos Profetas. Os hebreus, por exemplo, não podiam emprestar com usura para seus irmãos. Quando da colheita, eram obrigados a deixar, aos mais pobres, as respigas. Foi o que aconteceu a moabita Rute.Quando a comunhão dos santos em Israel era quebrantada, instalava-se a injustiça social, a opressão e a violência. Para conter todas essas misérias, erguia Deus os seus profetas que, madrugando, repreendiam os injustos, buscando reconduzi-los aos princípios da Lei de Moisés”.
A Comunhão dos santos em o Novo Testamento
Ao retratar a comunhão entre os santos, escreve o português Camilo Castelo Branco: ‘O amor de Deus é inseparável do amor do próximo. É impossível no coração humano o incêndio suavíssimo do amor de Deus, quando o grito da miséria não desperta no coração a mágoa das aflições do próximo’.Mais adiante, acrescenta Camilo: ‘Vede como eles se amam diziam os pagãos, quando a sociedade cristã repartia seus haveres em comunas, onde grande despojado de suas galas, vinham sentar-se ao lado dos pobres, vestido de uma mesma túnica, e nutrido por um semelhante quinhão nos ágapes da caridade’.
Sem a comunhão dos santos não pode haver cristianismo. Aliás, protestou alguém certa vez: ‘O amor é a única forma de nos sentirmos realmente cristãos’. Todos os escritores do Novo Testamento, a exemplo do Salvador, realçaram a comunhão dos santos.No Sermão do Monte, ensinou Jesus os seus discípulos a se amarem uns aos outros; doutra forma: não seriam contados entre os seus seguidores”.(notas ANDRADE, C. As Disciplinas da Vida Cristã. RJ: CPAD, 2008, pp.117-19).
Sinais e maravilhas na Igreja
Por que os sinais e maravilhas eram tão comuns à Igreja Primitiva? Qual o segredo daqueles cristãos? Não havia segredo algum. Havia uma obediência amorosa e consciente à Grande Comissão que o Senhor Jesus confiou aos seus discípulos. Quanto mais evangelizavam e faziam missões, mais o Cristo neles operava por intermédio do Espírito Santo.O mesmo não ocorre hoje com as igrejas que levam a sério o imperioso “ide” de Cristo? Leia com atenção os últimos versículos do Evangelho de Marcos e constate, em nossa própria realidade, o cumprimento pleno desta promessa: “E estes sinais seguirão aos que crêem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Mc 16.17,18).Vejamos, pois, o papel e as funções dos sinais e maravilhas, operados pelo Espírito Santo, na vida da Igreja.
SINAIS E MARAVILHAS, A AÇÃO SOBRENATURAL DA IGREJA
O milagre tem de ser visto não como algo que ficou nos tempos bíblicos, mas como um recurso que o Espírito Santo nos coloca à disposição para que glorifiquemos a Deus e disseminemos o evangelho de Cristo.
Definição. Os sinais e maravilhas descritos na Bíblia, principalmente em o Novo Testamento, são operações extraordinárias e sobrenaturais de Deus no âmbito das coisas naturais. São uma suspensão das leis da natureza. Somente o que criou todas as coisas pode agir natural e sobrenaturalmente em todas as coisas, porque tudo lhe é possível (Mc 10.27).
Objetivos do milagre. Dois são os objetivos do milagre: glorificar a Deus e expandir-lhe o Reino (Mc 2.12; Lc 5.26; Jo 11.4). Em Atos, os prodígios operados pelos apóstolos abriram-lhes as portas da Palavra, a fim de que anunciassem com poder e destemor o evangelho. Haja vista o ocorrido na Porta Formosa (At 3.1-11). E o ocorrido em Listra? (At 14.8-18). A intervenção sobrenatural de Deus visa também beneficiar o ser humano. Alguém que é curado do câncer, por exemplo, enaltece o nome do Senhor pelo favor imerecido.O milagre, por conseguinte, não tem por objetivo criar um espetáculo. Foi por isso que o Senhor emudeceu-se e nada fez ante a curiosidade de Herodes (Lc 23.8,9). Somente os que buscam a própria glória transformam os sinais e maravilhas em um show.
Em Atos capítulo três, Pedro e João dirigiam-se ao Santo Templo a fim de orarem, quando se depararam com aquele coxo de nascença que, diariamente, era trazido ao lugar sagrado para esmolar (At 3.2). Observemos que os apóstolos subiam juntos à Casa de Deus para buscar ao Senhor. Se juntos clamavam ao Senhor, juntos estavam prestes a realizar um grande milagre. Oração e milagre. Sem oração não há poder. Moisés e Jesus, que operaram grandes e portentosos sinais, viviam em constante oração e jejum (Êx 24.12-18; Mt 4.2). Se nós obreiros desta geração quisermos também realizar milagres e maravilhas é mister que, juntos, à hora da oração, subamos ao templo. A mão do nosso Deus não está encolhida para efetuar o sobrenatural.
Quando nem ouro nem a prata fazem a diferença.
Ao ver os apóstolos, esperava o coxo receber deles alguma coisa. Todavia, declarou-lhe Pedro: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6).
Hoje, há muitas igrejas ricas e poderosas. Algumas destas, porém, já não conseguem mostrar o poder que operava nos apóstolos. Sim, elas possuem muita prata e muito ouro, mas nenhum poder. O ouro e a prata somente são eficazes quando utilizados na expansão do Reino de Deus. Caso contrário, de nada valem diante daquele que disse: “Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.8). Portanto evangelizemos e façamos missões!
O milagre na Porta Formosa. O mendigo achava-se justamente na Porta Formosa do Santo Templo (At 3.2). Que contraste! Diante de toda aquela suntuosidade, um mendigo. A porta era formosa e rica, mas achava-se fechada para aquele homem enfeado pela doença e empobrecido por sua condição social.
O MILAGRE ABRE A PORTA DA PALAVRA
Realizado o milagre, o que fizeram os apóstolos? Certamente não trabalharam o seu marketing pessoal nem foram abrir uma igreja independente. Sabendo que a excelência estava em Cristo e não em si, aproveitaram a ocasião a fim de proclamar o evangelho. Como tem você agido quando Deus usa-o na realização de um milagre ou prodígio? Chama a glória toda a si? Ou glorifica o Senhor da glória? Observe o modo como os apóstolos trataram o prodígio.
A proclamação da Palavra é mais importante que o milagre. Não resta dúvida de que um portento fora realizado. Era notório a todos (At 4.16). Era algo simplesmente inegável. Todavia, os apóstolos estavam prestes a mostrar que aquela ocasião era mais do que propícia à proclamação da Palavra de Deus. Hoje, temos muitas terças e quintas-feiras de milagres. Mas que todos os dias sejam dedicados à pregação do evangelho. O Senhor Jesus estará presente entre nós operando sinais e prodígios diariamente.
A proclamação da Palavra deve ser feita a tempo e a fora de tempo. É o que recomenda Paulo a Timóteo: “Conjuro-te, pois diante de Deus e do Senhor Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.1,2).
Por conseguinte, Pedro e João aproveitaram a oportunidade a fim de proclamar o Evangelho de Cristo tanto para o povo quanto para os sacerdotes. Leia com vagar os capítulos três e quatro de Atos dos Apóstolos. E veja quantas portas a pregação da Palavra foram abertas através do milagre operado pelos apóstolos na Porta Formosa. Tem você aproveitado as oportunidades para anunciar a mensagem da cruz? Ou acha que o milagre não passa de um espetáculo? É chegado o momento de se pregar a tempo e fora de tempo que Cristo Jesus morreu e ressuscitou para salvar o pecador.
Os sinais seguem aos que crêem. Mas quando estes seguem aqueles, a igreja começa a ter problemas. Vejamos, pois, os milagres e prodígios como oportunidades para anunciarmos o Evangelho de Cristo até aos confins da terra.
Por acaso não agiam assim os apóstolos de Nosso Senhor? Por que, então, agiríamos de outro modo? À semelhança de Pedro e João, declaremos com autoridade e ousadia: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6).
A natureza teológica de um milagre.
Cada uma destas três palavras que se referem a eventos sobrenaturais (sinal, maravilhas e poder) delineia um aspecto do milagre. Um milagre é um evento incomum (maravilha) que transmite e confirma uma mensagem incomum (sinal) por intermédio de uma habilidade incomum (poder). Do ponto de vista divino privilegiado, o milagre é um ato de Deus (poder) que atrai a atenção do povo de Deus (maravilhas) para a Palavra de Deus (por meio de um sinal). [...] Eles são normalmente utilizados como sinais para confirmar um sermão; como maravilhas para verificar as palavras de um profeta; como milagre para ajudar a estabelecer a sua mensagem (Jo 3.2; At 2.22).
Um milagre, portanto, é uma intervenção divina, ou uma interrupção, no curso regular do mundo que produz um evento com um objetivo definido, o qual, apesar de incomum, não ocorreria (ou não poderia ocorrer) de outra forma. Nessa definição, as leis naturais são compreendidas como sendo a forma normal regular e geral pela qual o mundo funciona. Entretanto, o milagre ocorre como um ato incomum, não-padronizado e específico de um Deus que transcende o universo. Isto não significa que os milagres são contrários às leis naturais; significa simplesmente que eles são originados em uma fonte que está além da natureza”. (notas GEISLER, N. Teologia Sistemática. Vol.1. 1.ed. RJ: CPAD, 2010, pp.43-44).
A importância da disciplina na Igreja
Numa igreja descompromissada com a sã doutrina, crentes como Ananias e Safira seriam até homenageados por sua “liberalidade e altruísmo”. Mas numa igreja que prima pelo ensino, não subsistiriam. Haveriam de ser desmascarados, repreendidos e fulminados pelo próprio Deus, pois Ele sonda-nos a mente e o coração. A falta de doutrina, pois, acaba por induzir toda uma congregação à hipocrisia e à mentira.No episódio de Ananias e Safira, Lucas destaca o valor da disciplina na Igreja de Cristo. Por conseguinte, vejamos porque o ensino é imprescindível ao povo de Deus.
A DISCIPLINA E SUA NECESSIDADE
Definindo a disciplina. O que é disciplina senão ensino? Mas possui ela também o seu lado grave: a correção (Pv 15.10). Seu objetivo é conscientizar-nos quanto às consequências de nossas atitudes (Gl 6.7). A falta de disciplina pode conduzir à morte. Foi o que aconteceu a Ananias e a Safira.
A disciplina no Antigo Testamento.
Por intermédio de seus profetas, Deus mostra ao seu povo o valor e a imprescindibilidade da disciplina (Jó 5.17). Ele requer que todos os seus filhos sejam ensinados na Lei e nos Profetas (Sl 25.8). A disciplina é tão preciosa quanto à própria vida (Pv 6.23). Eis o que diz Salomão: “O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto” (Pv 12.1).
Nestes tempos tão difíceis e trabalhosos, nós pais somos coagidos a não aplicar a disciplina aos nossos próprios filhos. É claro que também somos contra os maus tratos impingidos às crianças. Mas que estas têm de ser disciplinadas, não o podemos negar. A recomendação é do próprio Deus: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Pv 13.24 — ARA). Por que os educadores contrários à educação cristã, ao invés de nos constrangerem com as suas impropriedades, não saem em defesa das crianças abandonadas e prostituídas que fervilham nossas cidades? É necessário e urgente resgatar a infância abandonada e proporcionar-lhe uma vida digna e segura.
A disciplina em o Novo Testamento
Embora vivamos sob os termos da Nova Aliança, Deus em nada mudou quanto ao padrão disciplinar de seu povo. Haja vista o Sermão do Monte. Agora, além de o Senhor ratificar o sétimo mandamento, por exemplo, requer tenhamos nós um coração puro (Mt 5.27,28). Por conseguinte, viver sob a lei do Espírito requer uma disciplina ainda maior.
Por quebrarem a disciplina, Ananias e Safira foram severamente punidos pelo Senhor
A OFERTA DE ANANIAS E SAFIRA
Disposto a dedicar-se integralmente ao cumprimento da Grande Comissão, Barnabé vende a sua propriedade e entrega todo o dinheiro aos apóstolos. Lucas, ao registrar o fato, realça o desprendimento daquele levita natural da ilha de Chipre, que haveria de prestar relevantes serviços ao Reino de Deus (At 4.36,37).
Ananias e Safira, imitando a Barnabé, também vendem a sua propriedade. Ao contrário deste, o casal retém parte do dinheiro, e repassa o restante aos apóstolos, como se aquele depósito representasse o valor total da propriedade. Eles, porém, seriam desmascarados, repreendidos e mortalmente punidos. Não se pode mentir a Deus.
O pecado contra o Espírito Santo e a Igreja.
O pecado de Ananias e Safira não foi um requinte social como eles supunham; constituiu-se numa ofensa contra o Espírito Santo (At 5.9). Ajamos, pois, com muito cuidado, porque o Senhor chamar-nos-á a prestar contas de todas as palavras frívolas que proferirmos (Mt 12.36).Se formos disciplinados na Palavra de Deus, jamais cairemos no erro de Ananias e Safira: mentira, hipocrisia e roubo. Como vem você agindo? Tem se dado à mentira? Cuidado. Os mentirosos não terão guarida no Reino de Deus (Ap 22.15).
Uma oferta como a de Caim.
Nossa atitude diante do Senhor é sempre mais importante do que a nossa oferta. Vejamos a história de Abel e Caim. Ambos trouxeram o fruto do seu trabalho a Deus. O primeiro teve a sua oferenda aceita, pois justo era o seu coração. Quanto ao segundo, por ser iníquo, foi rejeitado (Gn 4.6,7). Antes de atentar para a oferta, o Senhor contempla o ofertante.
Ananias e Safira poderiam ter vendido a propriedade pelo valor que bem entendesse e haver dado todo o montante, ou parte deste, à Igreja. Pedro deixou-lhes isso bem patente (At 5.4). Mas como o casal, buscando a própria honra, não mentiram somente a Pedro, mentiram também ao próprio Deus (At 5.3).
O EXTREMO DA DISCIPLINA
Ananias e Safira conheciam muito bem a doutrina dos apóstolos e não ignoravam o Antigo Testamento. Nas sinagogas, ouviam sábado após sábado, a leitura da Lei, dos Escritos e dos Profetas. Chegaram eles a conhecer a Jesus? É bem provável. Por conseguinte, não foram eles punidos inocentemente. Ao mentirem a Pedro, sabiam estarem ofendendo o Espírito Santo. Eles sabiam que esse pecado era gravíssimo (Mt 12.32).
A sentença de morte
Confrontado pelo apóstolo Pedro, Ananias viu-se desmascarado. Naquele momento, aliás, vê-se ele diante do tribunal divino e do Senhor recebe a sentença pela boca do apóstolo: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5.3,4).
Informa Lucas que, ouvindo a reprimenda de Pedro, Ananias caiu por terra fulminado. O mesmo aconteceria à sua esposa três horas depois (At 5.10). O casal que contra o Senhor peca unido, unido também perecerá. Não poderiam eles andar no temor e na disciplina divina?
A maldição é retirada do arraial dos santos
Se Ananias e Safira não houvessem sido confrontados e punidos, a Igreja de Cristo, como um todo, sofreria por causa do anátema. Lembra-se do caso de Acã? Quando o pecado é revelado e a liderança não faz uso da disciplina, segundo os padrões bíblicos, toda a igreja sofre debaixo da maldição do pecado. Leia com atenção e temor o capítulo sete de Josué. Tomemos cuidado, pois Deus não mudou. Ele continua o mesmo. Aliás, vejamos esta advertência de Pedro: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pe 4.17)
“O tolo despreza a correção de seu pai, mas o que observa a repreensão prudentemente se haverá” (Pv 15.5). A disciplina é uma prova de amor. Deus requer que seus filhos andem de conformidade com a sua Palavra. Se errarmos, Ele certamente disciplinar-nos-á. No entanto, cuidado: Deus não se deixa escarnecer.
Ananias e Safira, simulando uma justiça que não possuíam, mentiram para o próprio Deus. Por isso foram mortalmente punidos. Andemos, pois, no temor do Senhor. “O delito de Ananias não foi reter parte do preço do terreno; poderia ter ficado com tudo se quisesse; seu delito foi tentar impor-se sobre os apóstolos com uma mentira espantosa unida à cobiça, com o desejo de ser visto. Se pensarmos que podemos enganar a Deus, fatalmente enganaremos a nossa própria alma. Como é triste ver as relações que deveriam estimular-se mutuamente às boas obras, endurecerem-se mutuamente no que é mau! Este castigo, na realidade foi uma misericórdia para muitas pessoas. Ele faria as pessoas examinarem a si mesmas rigorosamente, com oração e terror da hipocrisia, cobiça e vanglória, e a continuarem agindo assim. Impediria o aumento dos falsos crentes. Aprendamos com isto quão odiosa a falsidade é para o Deus da verdade, e não somente evitar a mentira direta, mas todas as vantagens obtidas com o uso de expressões duvidosas e de significado duplo em nosso falar”. (notas HENRY, M. Comentário Bíblico. 1.ed. RJ: CPAD, 2002, p.891).
O Pecado de Acã.“Certamente Acã descobriu que o pecado é uma emoção passageira. Houve a emoção de obter alguma coisa secretamente. Ele teve a emoção de conhecer uma coisa que os outros não conheciam. Ele teve a emoção de ser procurado. Finalmente, chegou a emoção de ser o centro das atenções, de ser ‘a manchete do dia’. Há pessoas dispostas a trocar suas vidas por essas compensações.
Mas a emoção teve vida curta. O que ele fizera foi logo descoberto por todos. O que ele havia escondido foi rapidamente manifesto a toda a sua nação. Aquilo que ele considerou valioso mostrou-se impotente para ministrar-lhe. Aquilo que ele teve orgulho tornou-se sua vergonha. Sua alegria transformou-se em tristeza. Sua emoção momentânea terminou numa morte violenta. Com ele pereceu tanto aquilo que ele havia roubado quanto o que era legitimamente seu. Ele recebeu o salário do pecado. Ele foi ‘sem deixar de si saudades’ (2 Cr 21.20).
Este evento evidencia o princípio de que somente aqueles que vivem vidas submissas diante de Deus recebem ajuda do Senhor. Acã recusou-se a se submeter ao plano de Deus. Ele carecia da santidade que daria permanência ao seu programa de vida.
O fato de que ‘nenhum de vós vive para si e nenhum morre para si’ (Rm 14.7) é ilustrado pela vida de Acã. Um homem pode contaminar uma comunidade tanto para o bem como para o mal. Paulo dá a essa ideia um cuidadoso desenvolvimento em sua carta aos coríntios. Ele conclui: ‘De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele’ (1 Co 12.26).
A vida de Acã também nos ensina que o pecado nunca está oculto aos olhos de Deus. O Senhor sabe o que os olhos veem, o que o coração deseja e o que os dedos manipulam. Ele também sabe dos inúteis esforços do homem de tentar enganá-lo. Mais cedo ou mais tarde, um ser humano deverá encarar seus atos e prestar contas de todos eles.
Outra verdade importante é encontrada no fato de que, assim que o pecado foi expiado, a porta da esperança se abriu. O povo sentiu mais uma vez a segurança de que poderia avançar. Esta verdade continua em ação. Aquele que aceita o sacrifício de Cristo pelo pecado imediatamente olha para a vida com esperança e segurança”.(notas MULDER, C. O. et al. Comentário Bíblico Beacon. 1.ed. Vol.2. RJ: CPAD, 2005, p.45).
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Postado por mauricio berwald