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Comentario biblico de Filipenses cap.1
Comentario biblico de Filipenses cap.1

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE FILIPENSES CAP.1(A) 

 COMENTÁRIO

INTRODUÇÁO

As três mais belas cartas do apóstolo Paulo, dentre as treze, as cartas aos Efésios, aos Filipenses e aos Colossenses se destacam pela lucidez dos ensinamentos doutrinários e pela alegria do Espírito que o fazia superar todas as dificuldades. Acrescente-se a Carta a Filemom às três outras cartas escritas na prisão. Esta carta tinha um caráter bem pessoal com algumas inserções doutrinárias quanto ao trato social com escravos e senhores. Naturalmente, o contexto social e político da época permitia a compra e venda de escravos serviçais. Uma vez que Filemom tornou-se um ardoroso cristão, seu comportamento social mudou no trato com as pessoas. As Cartas são conhecidas como “cartas da prisão” porque foram escritas quando Paulo esteve preso em Roma nos anos 62 e 63 d.C.

A Cidade de Filipos

Filipos é o nome da cidade da Macedônia em homenagem a Filipe, pai de Alexandre, o Grande. Lucas descreveu Filipos como a primeira cidade da Macedônia, e sua localização estratégica tornou-a um posto de fronteira militar de Roma, vindo a ser uma das principais rotas entre a Europa e a Ásia. De pequena cidade antiga por nome Krenidês, significando lugar de fontes, foi transformada em um ponto estratégico para o Império de Roma (At 20.6) quando Filipe tomou posse da região e dominou a cidade. Filipos, portanto, tornou-se uma distinta colônia romana, e as colônias romanas eram administradas por magistrados, identificados como pretores (At 16.22,35,36,38).

A Macedônia

A Macedônia era um território do antigo reino da península balcânica (Balcãs), que tinha limites com a Tessália ao sul e ao este e nordeste com a Trácia. A Macedônia fazia parte dos domínios gregos pelas conquistas militares de Filipe II, todavia, depois que este foi assassinado, seu filho Alexandre III — identificado como Alexandre, o Grande — herdou o domínio grego-macedônico. A partir desse domínio, Alexandre, o Grande, partiu para a conquista da parte ocidental da Ásia e do Egito. Porém, com a divisão do império e a sua morte em 323 a.C., a Macedônia tornou-se outra vez um reino separado. Nos anos 221-179 a.C., os romanos fizeram guerra a Filipe e o venceram, mas os descendentes de Filipe reagiram, porém não conseguiram se impor sobre os romanos. A Macedônia tornou-se uma base de expansão do Império Romano. Nos novos tempos depois de Cristo, o cristianismo chegou à Macedônia nas cidades de Tessalônica, Bereia, Filipos e outras (ou colônias). Portanto, Paulo e seus companheiros chegaram a Filipos aproximadamente entre os anos 50 e 51 d.C.

Segundo o registro resultante das escavações arqueológicas no local da cidade de Filipos, os arqueólogos descobriram que Filipos era uma cidade idólatra com vários deuses gregos e romanos, além de várias divindades orientais, como Baal e Astarote e outros. Por não haver muitos judeus na cidade, não havia sinagoga judaica. Com as guerras constantes, a cidade foi sendo invadida e destruídaperdurando o que restou da cidade de Filipos até a Idade Média, e então os turcos a destruíram totalmente, restando apenas ruínas arqueológicas com alguns vestígios do passado.

Como Tudo Começou

A mensagem do evangelho chegou a Filipos, na Macedônia, em 51 ou 52 d.C., conforme está registrado em Atos 16.6-40. Paulo e Silas estavam na segunda viagem missionária pela Asia Menor (hoje Turquia), quando, tendo desembarcado no porto de Trôade (ou Troas), Paulo foi surpreendido por uma visão de noite “em que se apresentava um varão da Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At 16.9). Paulo não teve dúvida de que era uma visão de Deus e, por isso, partiu para a Macedônia. Desembarcou no porto de Neápolis e viajou para Filipos.

Os Primeiros Convertidos

Em Filipos, Paulo começou a pregar a Cristo quando uma mulher vendedora de púrpura, chamada Lídia, que era da cidade de Tiatira, abriu o coração para a mensagem de Paulo e o recebeu em sua casa (At 16.14,15). Havia poucos judeus na cidade e gente de outras nações. Filipos era, de fato, uma cidade cosmopolita. Nas primeiras semanas de evangelização, uma vez que não havia uma sinagoga em Filipos, Paulo e seus companheiros desciam à beira do rio no dia de sábado onde se reuniam algumas mulheres e lhes pregava a Cristo. Entre os primeiros convertidos ao cristianismo aparecem o carcereiro e sua família, que foram tocados com o testemunho de Paulo e Silas na prisão, os quais, estando com os corpos feridos, cantavam ao Senhor (At 16.22-34).

O Primeiro Incidente

O modo incisivo de Paulo pregar o evangelho e apresentar a Cristo como Salvador e Senhor acabou por provocar a ira dos comerciantes de Filipos mediante um episódio de libertação de uma jovem adivinha que era escrava, cuja adivinhação lhes dava lucro. Paulo percebeu que se tratava de um espírito imundo que envolvia aquela jovem e expulsou o demônio dela. Uma vez liberta daquele espírito, a jovem não tinha mais o poder de adivinhar, o que provocou grande ira contra Paulo e Silas (ou Silvano) (At 16.16). Os senhores da escrava, percebendo que os lucros caíram, acusaram os dois apóstolos de interferirem em seus direitos de propriedade. Por isso, levaram-nos aos magistrados da cidade e os dois foram presos. Na prisão, depois de açoitados, Paulo e Silas cantavam ao Senhor. Antes, acusados ante os magistrados da cidade, para não serem apedrejados e mortos, os dois apelaram para o fato de que eram cidadãos romanos e não podiam ser tratados daquele modo. Lucas descreveu o episódio que culminou com a conversão do carcereiro da cidade, depois de um terremoto localizado naquele lugar.

A semente do evangelho foi plantada na cidade e, depois de algum tempo, os primeiros convertidos, a partir de Lídia, formaram a igreja na cidade.

A Segunda e a Terceira Viagem Missionária

Alguns eventos anteriores ao envio da Carta aos Filipenses indicam que Paulo completou sua segunda viagem missionária passando por Tessalônica, Bereia, Atenas e Corinto (At 17.1-23) a fim de visitar as igrejas ali estabelecidas.

Quando empreendeu a terceira viagem missionária, visitando as igrejas formadas em seu ministério, Paulo foi para Efeso, que era outra igreja formada em sua evangelização (At 19.1-40). Então, dessa feita, ele voltou para a Macedônia (At 20.1), quando visitou a igreja em Filipos, da qual recebia ajuda de sustento. No fim de sua terceira viagem missionária, Paulo foi a Jerusalém, onde foi preso (At 21.17- 23.30). Transferido de Jerusalém para Cesareia, onde esteve preso por dois anos (At 23.31; 26.32), foi posteriormente enviado para Roma, onde ficou preso por mais dois ou três anos. Foi nesse período de sua prisão que Paulo escreveu algumas de suas cartas entre 61 e 64 d.C., às igrejas de Éfeso, Colossos, Filipos e a Filemom.

A Autoria da Carta

Não há dúvidas quanto à autoria da Carta, porque os elementos autobiográficos colocados na Carta a tornam genuína e autêntica. Discute-se, antes de tudo, o local onde foi escrita, mas é indiscutível a autoria de Paulo. A Carta tem um caráter bem pessoal da parte de Paulo quando cita nomes de pessoas ligadas a ele de modo muito carinhoso. A autoria tem o testemunho dos pais da igreja que no século II citaram a Carta de Paulo aos Filipenses, tais como Poli- carpo e outros. Num documento histórico da primeira metade do segundo século, está escrito que Policarpo, bispo da igreja, escreveu aos filipenses lembrando as cartas de Paulo.

Data e Lugar da Composição da Carta

Tradicionalmente, tem-se datado a Carta em 61 ou 62 d.C., visto que essa data se situa no período da prisão de Paulo em Roma por dois anos (At 28.16-31). Quando Paulo se refere “à guarda pretoria- na” (1.13) e “à casa de César”, subentendem-se como elementos fortes de que a Carta aos Filipenses foi escrita durante o período de sua prisão em Roma. Os argumentos que colocam dúvidas sobre o lugar em que foi escrita a carta ficam desprovidos de provas. Paulo estava à disposição da justiça romana e, por isso, foi-lhe permitido morar em casa alugada desde que estivesse sob a guarda de um soldado.

Propósito da Carta

Um membro da igreja chamado Epafrodito, crente fiel e amigo de Paulo, visitou o apóstolo em sua prisão em Roma, levando uma oferta da igreja de Filipos (Fp 4.18). Epafrodito foi acometido de uma enfermidade ao chegar a Roma e quase morreu (Fp 2.27), mas recuperou-se e, quando se preparava para voltar a Filipos, Paulo resolveu escrever a Carta. Esta tinha por objetivo exortar e animar os filipenses, bem como alertá-los sobre boatos mentirosos a seu respeito lançados por falsos obreiros que procuravam minar a unidade da igreja e a sua lealdade ao apóstolo. Um dos propósitos de Paulo era agradecer a oferta enviada para ajudá-lo no seu sustento durante o tempo de sua prisão. Mesmo estando prisioneiro e com a vida correndo risco de extermínio, Paulo demonstrou à igreja que havia um gozo em sua alma que o capacitava a superar todas as adversidades (Fp 1.4; 4.11-13).

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 13-18.

A igreja cristã de Filipe teve sua origem com os próprios esforços do apóstolo Paulo, durante a sua chamada segunda viagem missionária, conforme o registro histórico de Atos 16:12-40. Tendo ouvido o chamado místico «Passa à Macedônia e ajuda-nos» (Atos 16:9), Paulo alterou os seus planos tencionados de continuar labutando na Ásia Menor; e foi assim que nasceu a missão evangelista européia e a igreja cristã no continente europeu. Posto que a segunda viagem missionária tem sido datada entre 48 e 51 d.C., a visita à cidade de Filipos teria tido a necessidade de ocupar a porçãoinicial desse período.

Policarpo, em sua epístola aos Filipenses (3:2), indicou que o apóstolo dos gentios havia escrito diversas cartas para eles. Não temos maneira de saber quantas dessas cartas foram escritas por Paulo, porém tem sido quase universalmente aceito que nossa epístola neotestamentária aos Filipenses representa uma ou mais das cartas genuínas do apóstolo Paulo àquela comunidade cristã. (Ver mais abaixo, «Autoria», quanto à autenticidade dessa epístola escrita por Paulo; e ver o ponto intitulado «Integridade», acerca da discussão da possibilidade que temos na epístola aos Filipenses mais de uma epístola, que teria sido incorporada na formação da mesma).

Embora Paulo houvesse sido encarcerado e tivesse sofrido várias indignidades na cidade de Filipos, parece que esse apóstolo nutria afeição toda especial pelos membros da igreja cristã dali. A sua epístola aos Filipenses é a mais pessoal e espontânea de todas as missivas que conhecemos, saídas da pena de Paulo. Nessa epístola transparece um afeto que parece jamais ter sido perturbado por conflitos e disputas, especialmente acerca da questão legalista, o que se verifica em diversas outras das epístolas paulinas. Não obstante, podemos considerar a passagem de Fil. 3:1 e ss., que encerra uma advertência acerca dos perigos do legalismo. Ordinariamente, Paulo se mantinha independente das igrejas locais, do ponto de vista financeiro, provavelmente devido ao fato que anteriormente havia perseguido a igreja de Cristo, o que o levou a acreditar que não deveria servir de fardo para os crentes, mas antes, deveria prestar-lhes um serviço gratuito, abundante e voluntário. Não obstante, Paulo não rejeitou alguma ajuda financeira dos crentes de Filipos, mas recebeu, pelo menos por duas vezes, algum dinheiro, quando se encontrava na cidade próxima de Tessalônica. (Ver Fil. 4:10). Mais tarde, quando Paulo se encontrava aprisionado, os crentes filipenses se lembraram novamente do apóstolo, e, através de Epafrodito, um dos membros daquela igreja, uma vez mais lhe enviaram uma demonstração palpável de seu amor cristão por ele. Foi assim que, no retorno de Epafrodito a Filipos, o apóstolo lhes enviou a epístola aos Filipenses, a qual é, essencialmente, uma missiva de agradecimento; mas Paulo também se aproveitou do ensejo para dissertar sobre vários temas, que ele julgou serem benéficos aos seus leitores, segundo se depreende de Fil. 2:25-28.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag.755-756.

I – INTRODUÇÃO A EPISTOLA.

  1. A cidade de Filipos.
  2. Localização

Filipos ficava localizada na parte oriental da Macedônia, em uma planície a leste do monte Pangeus, entre os rios Estrimon e Nestos. Ficava perto do Gangites, um riacho de águas turbulentas, cerca de dezesseis quilômetros distante do mar. Isso posto, apesar de não ser um porto marítimo, visto que ficava relativamente perto do mar, lemos acerca de Paulo e seus companheiros, que<<•navegamos de Filipos•>> (Atos 20:6). Essa cidade ficava localizada em uma planície fértil, paralelamente à Via Inácia, não muito longe das minas de ouro que ficavam nas montanhas, mais ao norte. Esses fatores emprestavam grande importância estratégica à cidade.

II História e Localização geral.

Atos 16:12: e dali para Filipos que é a primeira cidade desse distrito da Macedônia. e colônia romana; e estivemos alguns dias nessa cidade.

A cidade de Filipos derivou o seu nome do genitor de Alexandre o Grande, - isto é, Filipe Il, da Macedônia. Partindo dali no ano de 334 A.C., é que Alexandre o Grande iniciou sua famosa carreira de conquista mundial. Otávio, já imperador, fez dessa cidade uma col&nia romana. As colônias romanas eram pequenas réplicas da própria cidade de Roma. Usualmente um n6m.ero regular de cidadãos romanos emigrava para uma cidade qualquer, a fim de assegurar a sua romanização. Era reputado como grande honra, para uma cidade, haver sido constituída colônia romana.

Lucas alude à cidade de Filipos como primeira do distrito, e colônia, o que nos mostra que era cidade de grande importância política. Evidentemente o autor sagrado do livro de Atos era nativo de Filipos. O vocábulo grego me,.is, empregado por Lucas para indicar uma região ou ..distrito», na opinião de alguns eruditos, era antes considerado um erro da parte de Lucas. Mas os papiros descobertos nas areias de Fayum , no Egito, demonstraram que essa palavra era usada como expressão idiomática, para denotar as divisões de um distrito. Felibedjik (que significa Pequena Filipos) assinala o local das ruínas da antiga cidade. Nas escavações feitas, as estruturas romanas usuais têm sido encontradas, entre as quais podemos citar banhos, teatros, templos cristãos (embora não do período apostólico), um fórum de 150 por 75 metros de dimensões, etc. Acredita-se que um viaduto de arcos, do período colonial, situado a oeste da cidade, pertença aos dias do apóstolo Paulo.

Provavelmente esse viaduto foi o caminho por onde os missionários «saíram» da cidade, o que é mencionado no trecho de Atos 16:13. Se assim realmente sucedeu, então o «...rio... » a cujas margens falou o apóstolo Paulo, era o rio Gangites.

Filipe da Macedônia ampliou a localidade (depois de 300 A.C.), tendo-a fortificado como defesa de suas fronteiras, para conter os trácios. Nesse tempo floresciam ali as minas de ouro, e moedas de ouro foram cunhadas em nome de Filipe, tomando-se facilmente reconhecidas como válidas nas áreas circundantes. Quando a Macedônia foi conquistada pelos romanos, tendo sido subsequentemente dividida em quatro regiões, a cidade de Filipos foi incluída no primeiro desses distritos. (Ver Livio, xlv. 17,18.29).

Alguns eruditos, neste ponto, têm querido emendar o texto sagrado, substituindo a palavra que aparece no original grego, protes, pelo vocábulo ordinário proto, fazendo com que Atos 16: 12 diga: «...cidade da primeira divisão da Macedônia». Isso tem sido efetuado na tentativa de suavizar o problema criado pela declaração de Lucas, que aqui se encontra, de que Filipos era a «primeira» cidade do distrito; pois, na realidade, sabe-se que não era a cidade mais importante desse distrito. A honra do primeiro lugar cabia a Tessalônica e até mesmo a Anfipolis era maior do que Filipos.

Todavia, podemos aceitar a declaração lucana sem fazer-lhe qualquer emenda (e não há para isso qualquer precedente, nos próprios manuscritos), supondo que ele estivesse fazendo referência à questão da importância da cidade em termos muito latos, visto que manifestava assim seu interesse especial pela localidade, posto ser a sua cidade nativa. Ramsay declara acerca desse problema: «Anfipolis era considerada a primeira cidade por consenso geral; Filipos era primeira por sua própria opinião». (St. Paul, the Traveller»; pâgs, 206-207).

Com base nos escritos que nos restam de Livio (ver Anais xiv.29), ficamos sabendo que Filipos estava situada no «primeiro» distrito da Macedônia. Por isso mesmo é grande o esforço dos eruditos em tentarem dar solução ao problema da posição da cidade, criado pela declaração de Lucas, através de alguma emenda feita no texto sagrado.

Foi no ano de 42 A.C. que se deu a famosa batalha de Filipos, entre as forças de Antônio e Otávio, contra os exércitos de Bruto e Cássio. Subsequentemente, chegaram muitos colonos àquela região, e a cidade, naturalmente, cresceu em número e Importância. Sua proeminência aumentou ainda mais depois da batalha de Ácio, em 31 A.C., em que Otávio derrotou as forças aliadas de Antônio e Cleópatra. E visto que nessa cidade havia muitos que favoreciam a Antônio, a cidade foi forçada a render-se, entregando suas terras a Otávio. Em seguida, Otávio fez de Filipos uma cidade, em comemoração a essas suas vitórias militares. Foi o mesmo Otávio quem deu à cidade o seu titulo de «Colônia Julis Augusta Philíppensis», conforme se vê gravado em muitas moedas. Desse modo, tendo-se tornado uma colônia romana, passou a gozar do «direito itálico» (IUS ITALICUM), o que significa que os colonos desfrutavam dos mesmos direitos e privilégios de que usufruiriam se estivessem vivendo em próprio território italiano.

Na epistola que Paulo escreveu aos crentes de Filípos, suas referências à cidadania (ver Fil. 1:27 e 3:20), dessa maneira, teriam se revestido de maior significação, porquanto a cidadania sem dúvida significava muito para eles. Após a primeira visita de Paulo e seu aprisionamento nessa cidade, ao ser solto, seus posteriores contactos com a cidade são inferidos em referências nos trechos de Atos 20:1,6, e I Tim. 1:3.

III Sumário da descobertas Arqueológicas. A antiga cidade de Filipos foi escavada pela Escola Francesa de Atenas, de 1914 a 1938. Entre as descobertas feitas estava o fórum, ao sul da antiga Via Inâcia. Uma espaçosa tribuna foi encontrada ali, a qual talvez tenha estado ligada ao incidente em, que Paulo e Silas, que haviam expelido um demônio de uma jovem que ganhava dinheiro para seus senhores, fazendo adivinhações, foram rudemente lançados na prisão. Ver a narrativa em Atos 16:16 ss, Foi assim que teve lugar o famoso aprisionamento de Paulo e Silas em Filipos. Dois grandes templos foram desenterrados, juntamente com muitos edifícios públicos e particulares, um teatro romano, etc., quase tudo do século 11D.C. Uma arca foi encontrada perto do riacho Gangites. Essas arcas, com frequência, assinalavam as linhas fronteiriças das antigas cidades. Para dentro desses marcos não podiam penetrar certas coisas, como cemitérios ou santuários de divindades não reconhecidas. Talvez isso explique a razão pela qual Paulo e Silas sairam da cidade, até à beira do rio, para participarem de uma reunião de oração (Atos 16:13). Seja como for, sabemos que os judeus gostavam de ter reuniões de oração à beira dos rios, ou à beira-mar, provavelmente por causa do fato de que a água simboliza a vida. Quanto a essa prática, ver Filo, Flaccus 14, e Josefo (Anti. 16:10:23).

  1. Filipos e as missões cristãs. Paulo deixou a Ásia Menor, a caminho de sua missão européia. Antes de tudo, ele pregou em Filipos, que assim tomou-se o portão de entrada das missões cristãs na Europa. Naturalmente, esse foi um importantissimo acontecimento histórico, embora, na ocasião, provavelmente Paulo não fizesse ideia da magnitude da realização. Paulo e Silas, pois, foram aprisionados ali. O relato faz parte daquilo que, tradicionalmente, é chamado de Segunda Viagem Missionária de Paulo. De Filípos, eles foram a Tessalônica (Atos 16:12-40). Curiosamente, é nessa altura da narrativa do livro de Atos que a primeira pessoa “nós”, é abandonada. Isso indica que Lucas não acompanhou o apóstolo, nessa fase de suas atividades missionárias. Mas o «nós» da narrativa retoma em Atos 20:5, quando Paulo já se encontrava em sua terceira viagem missionária. Lucas ou era nativo de Filipos, ou então estudara ali a medicina, e aparentemente ficou para trás, enquanto Paulo e outros prosseguiram, a fim de poder erigir a igreja local em Filipos.

Sabemos, através de referências neotestamentárias, como 11 Coríntios 8:1-6; 11:9 e Filipenses 4:16, que a igreja de Filipos mostrou-se generosa em suas doações financeiras às atividades missionárias cristãs, tendo deixado um exemplo positivo antigo desse tipo de atividade. A epistola de Paulo à igreja cristã dali assumiu seu devido lugar entre os documentos imortais do Novo Testamento.

  1. Observações Históricas Subsequentes. No começo do século 11 D.C., Inácio, bispo de Antioquia, foi condenado à morte por haver-se professado cristão. Foi enviado a Roma, sob a guarda de Trajano. O grupo passou por Filadélfia, Esmina e Tróia. Então dirigiu-se ao continente europeu, passando por Filipos. E, provavelmente, utilizando-se da Via Inâcia, foi até Dirrâquium, A igreja em Filipos acolheu prazeirosamente a Paulo. Então a Igreja enviou duas cartas. Uma delas foi enviada à igreja em Antioquia, a fim de oferecer-lhe consolo, por causa do que havia acontecido. A outra foi dirigida a Policarpo, requerendo que lhe fossem enviadas cópias dos escritos de Inácio. Quem nos dá essa informação é Policarpo, em sua Eplstola aos Filipenses, Bispos de Filipos fizeram-se presentes aos concílios de Laodícéia, éfeso e Calcedônia.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 761-763.

Filipos era uma cidade importante no leste da Macedónia (nordeste da Grécia). Ele foi localizado na planície aluvial fértil do rio Strymon, perto do abismo, e pequenos riachos conhecidos como os Gangites (cf. Atos 16:13).

Filipos devido a sua importância nos tempos antigos à sua localização

estratégica (ele comandou a rota terrestre para a Ásia Menor). Nos dias de Paulo a estrada romana importante conhecida como a Via Egnatia percorria Filipos. A cidade também foi importante por causa das minas de ouro que se encontrava em montanhas próximas.

Foi essas minas de ouro que atraíram o interesse de Filipe II da Macedônia (pai de Alexandre, o Grande). Ele anexou a região em 356 aC e fortificou a pequena aldeia de Krenides ("as fontes pequenas", assim chamado por causa dos riachos nas proximidades), renomeando para - Filipos ("cidade de Filipe") homenageando a si mesmo. Após os romanos conquistaram Macedónia no século II aC, Filipos foi incorporada à província romana de mesmo nome. A cidade definhava em relativa obscuridade para mais de um século, até que em 42 aC tornou-se o cenario de uma das batalhas mais cruciais na história romana. Nessa batalha, conhecido na história como a batalha de Filipos, as forças de Antônio e Otávio ("César Augusto", Lucas 02:01) derrotou as forças republicanas de Brutus e Cassius. A batalha marcou o fim da República Romana e o início do império (o senado declarou Otaviano imperador em 29 aC, depois que ele derrotou Antônio e Cleópatra na batalha de Actium em 31 aC). Antony e Otaviano resolvido muitos dos seus veteranos do exército em Filipos, que recebeu o cobiçado status de uma colônia romana (cf. Atos 16:12). Mais tarde, outros veteranos romanos do exército se estabeleceram ali.

Como uma colônia, Filipos tinha o mesmo estatuto jurídico que as cidades na Itália. Cidadãos de Filipos eram cidadãos romanos, eram isentos do pagamento de determinados impostos, e não estavam sujeitos à autoridade do governador provincial. O Filipenses copiado arquitetura romana e estilo de vestir, suas moedas traziam inscrições romanas, e o latim era língua oficial da cidade (apesar de Grego também ser falado).

JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.

A cidade de Filipos, hoje apenas um montão de ruínas, tem lugar de destaque tanto na história sacra quanto na secular. Nas suas vizinhanças encontram-se as famosas minas de ouro e prata que, na antigüidade, eram exploradas pelos diligentes fenícios, produzindo, até os dias do rei Filipe da Macedônia, dez mil talentos por ano (aproximadamente 342,7 toneladas). Cruzando a cidade, estava a famosa Via Inácia, dividindo-a em cidade alta e baixa. Essa estrada se estendia por 800 quilômetros, de Hebro, na Trácia, a Dirraquio, no mar Adriático. De Dirraquio se chegava à Itália, por barca. Essa via expressa foi descrita por Cícero como “aquela nossa via militar que nos liga ao Helesponto” .

Filipos estava assentada num ponto estratégico da Via Inácia, justamente onde a cadeia montanhosa dos Balcãs, entre o Oriente e o Ocidente, forma uma garganta, ou seja, uma entrada natural que facilita a comunicação entre os dois continentes. Gozava duma posição privilegiada, fato reconhecido por Filipe da Macedônia e pelo imperador romano Augusto. Por conseguinte, acreditamos que foi por direção do Espírito de Deus que Paulo chegou ali. Se o Evangelho devia atravessar os Balcãs, Filipos se apresentava como o meio de mais fácil acesso.

A cidade recebeu o nome do seu fundador, Filipe da Macedônia, pai de Alexandre Magno. Ele a construiu para festejar a anexação duma província a seu império, vindo a servir de posição fortificada na fronteira. O rio Gangite passava a oeste, cerca de um quilômetro e meio da cidade.

O imperador Augusto (Otaviano) elevou a dignidade de Filipos, transformando-a em colônia romana. Assim ela se tornou uma povoação fronteiriça do Império Romano, fazendo lembrar ligeiramente a Cidade Imperial (Roma). Numa colônia romana, tanto a língua usada como o dinheiro em circulação (a cunhagem das moedas) e as leis vigentes, tudo se fazia em latim. Dentre outras vantagens, Filipos gozava da isenção de impostos sobre a terra, chegando a ser elevada a uma dignidade idêntica à do solo sagrado da própria Itália. Seus habitantes podiam orgulhar-se da plena posse de três grandes privilégios dos cidadãos romanos: isenção de flagelação, isenção de prisão (exceto em certos casos) e o direito de apelar diretamente a César.

Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus. Editora CPAD. pag. 51-53.

Quando Paulo escolhia um lugar para a pregação do Evangelho o fazia sempre com o olho do estrategista. Não só escolhia um centro importante em si, mas também cuidava para que fosse um ponto chave para toda uma região. Advertiu-se com frequência que muitos dos lugares escolhidos naquela época por Paulo para a pregação são ainda grandes nós de caminhos e pontos de junção ferroviária. Tal era Filipos. Filipos possuía preeminência ao menos por três razões:

(1) Nos arredores existiam minas de ouro e prata exploradas da antiga época dos fenícios. Ainda que em tempos do cristianismo estas minas estavam já exaustas, entretanto tinham feito de Filipos o grande centro comercial do mundo antigo.

(2) A cidade tinha sido fundada por Filipe o pai de Alexandre Magno. Por isso leva seu nome. Filipos foi fundada num lugar chamado Krenides, nome que significa "Os Poços" ou "As Fontes". Krenides era uma cidade muito antiga. Filipe fundou a cidade que leva seu nome por uma razão muito particular. Em toda a Europa não existia um lugar mais estratégico. Há aqui uma cadeia montanhosa que divide a Europa da Ásia, o Oriente do Ocidente. Justamente em Filipos esta cadeia desce formando um passo; portanto Filipos domina a rota da Ásia a Europa que necessariamente deve atravessar esse passo. Por este motivo em 368 A. C. Filipe fundou a cidade que leva seu nome, para dominar a rota do Oriente ao Ocidente. Também por esta razão, muito mais tarde uma das grandes batalha decisivas da história se travou em Filipos; porque ali foi onde Antônio derrotou a Bruto e Casio decidindo assim o futuro do Império romano.

(3) Pouco tempo depois, Filipos alcançou a dignidade de colônia romana. Estas colônias eram instituições admiráveis. Não eram colônias no sentido de avançadas da civilização em regiões inexploradas do mundo. As colônias começaram a ter importância militar. Roma tinha o costume de enviar grupos de soldados veteranos que tinham completo seu período e castigo à cidadania; estes eram levados a centros estratégicos de caminhos. Ordinariamente os grupos constavam de trezentos veteranos, com suas mulheres e filhos. Estas colônias eram os pontos focais dos caminhos do grande Império. Os caminhos tinham sido traçados de tal maneira que podiam ser enviados reforços com toda rapidez de uma colônia a outra, as quais se estabeleciam para proteger a paz e dominar os centros estratégicos mais afastados do vasto Império romano. Em princípio só existiam na Itália; mas logo se disseminaram através de todo o Império que crescia rapidamente. Vemos porque a primeira importância das colônias foi militar; mais tarde o governo romano dava o título de colônia a toda cidade que queria honrar ou recompensar por seu fiel serviço.

Estas colônias tinham uma grande característica própria. Onde quer que existiam, construíam pequenos fragmentos de Roma, e a nota dominante era o orgulho de sua cidadania romana. Falava-se o idioma de Roma; usavam-se vestimentas romanas; observavam-se costumes romanas; seus magistrados tinham títulos romanos e observavam as mesmas cerimônias que em Roma. Onde quer que estivessem, as colônias eram obrigada e inalteravelmente romanas. Jamais se imaginaria assimilarem o povo em que viviam. Eram parte de Roma, miniaturas da cidade de Roma, e não o esqueciam jamais. Podemos perceber o orgulho romano através da acusação contra Paulo e Silas em Atos 16:20-21: “Estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa cidade, propagando costumes que não podemos receber, nem praticar, porque somos romanos”. “A nossa pátria está nos céus”, escrevia Paulo à Igreja filipense (3:20). Assim como o romano da colônia não se esquecia nunca qualquer que fosse o meio em que se encontrasse, de que era romano, tampouco eles têm que esquecer, em nenhuma sociedade, que são cristãos. Em nenhuma parte se vivia mais o orgulho de ser cidadão romano que nestas colônias. Uma colônia deste tipo era Filipos.

BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag. 10-12.

  1. O evangelho chega a Filipos.

A igreja de Filipos foi a primeira igreja fundada por Paulo na Europa.

O apóstolo chegou a Filipos em sua segunda viagem missionária, sendo dirigida pelo Espírito Santo de um modo muito dramático: Durante a noite Paulo teve uma visão, na qual um homem da Macedônia estava em pé e lhe suplicava: "Passe à Macedônia e ajude-nos".

Depois que Paulo teve essa visão, preparamo-nos imediatamente para partir para a Macedônia, concluindo que Deus nos tinha chamado para lhes pregar o evangelho (At 16:9-10) Embora os convertidos iniciais eram judeus ou prosélitos judeus (Atos 16:13-15), os gentios eram a maioria da congregação. Já que não havia sinagoga em Filipos (ou então o Paulo, recém chegado não teria se reunido fora da cidade no sábado) é uma evidência de que a população judaica da cidade era pequena. Duas conversões dramáticas, aquelas dos ricos prosélito Lydia (Atos 16:13-15) e o do carcereiro (Atos 16:25-34), marcaram o nascimento da Igreja. (Para uma descrição dos acontecimentos que rodearam a fundação da igreja em Filipos, ver o capítulo 18 deste volume.) Os filipenses tinham um profundo afeto por Paulo, assim como de Paulo por eles. Embora fossem pobres, eles a apoiaram financeiramente em um momento de seu ministério (4:15). Agora, depois de muitos anos, eles tinham mais uma vez enviado ao apóstolo um presente generoso na sua hora de necessidade. Meio século depois, a igreja de Filipos iria mostrar a mesma generosidade que o pai da igreja Inácio, que passou por sua cidade em seu caminho para martírio em Roma.

Paulo escreveu esta carta à sua amada congregação de Filipos e agradecer-lhes pela sua generosa doação (4:10-19), explica o por que ele estava enviando o Epafrodito de volta para eles (2:25-30), para informá-los de suas circunstâncias (1:12 -26), e avisá-los sobre o perigo dos falsos mestres (3:2, 18-19).

JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.

A igreja em Filipos

A história da fundação da Igreja em Filipos é bem conhecida por todos nós (At 16). Chegando de navio a Neápolis, Paulo e seus companheiros, Silas, Timóteo e Lucas (At 16.10-12), seguiram pela Via Inácia até Filipos, onde havia provavelmente poucos judeus, devido ao caráter militar e colonial do lugar. Não encontrando nenhuma sinagoga onde pudesse entregar sua mensagem, Paulo buscou a companhia dum pequeno grupo que se reunia nas margens do Gangite, fora da cidade.

Em Filipos ocorreram três conversões típicas: Lídia, a comerciante; a jovem com espírito de adivinhação, escrava de Satanás (esta pode ter sido liberta); e o carcereiro, um suboficial do exército romano.

Alguns eventos, principalmente a libertação da jovem adivinha, resultaram em feroz perseguição por parte das autoridades, à qual se seguiu uma libertação miraculosa.

A perseguição continuou, mesmo quando Paulo foi para Tessalônica. Os convertidos filipenses foram, então, submetidos a uma parcela de conflito e aflição, conforme Paulo relata em 2 Coríntios 8.2 e Filipenses 1.7,28-30. Mais tarde, Timóteo e Erasto foram enviados à Macedônia (At 19.22) e, sem dúvida, os irmãos de Filipos devem ter cooperado com voluntariedade, pois deles Paulo dá testemunho de estarem prontos e bem dispostos a atenderem o apelo de socorro em favor dos crentes pobres e necessitados em Jerusalém (2 Co 8.1-5).

No outono de 56 d.C., provavelmente, após uma ausência de cinco anos, o próprio Paulo partiu de Éfeso para revisitar suas igrejas europeias (At 20.1; 2 Co 7.5,6), passando por Filipos rumo à Grécia. Nesta passagem, sem dúvida, os filipenses devem ter tirado grande proveito de sua presença. Alguns meses depois, ele tornou a visitá-los, quando voltava, via Macedônia, rumo a Trôade (At 20.5,6). Vemo-los, mais tarde, enviando Epafrodito como portador de ofertas voluntárias para socorrer Paulo, que se encontrava numa prisão em Roma (2.25,30;

4.10-18). Foi por intermédio de Epafrodito que Paulo enviou sua Epístola aos Filipenses. Seu relacionamento com eles era o mais amoroso e pessoal possível.

Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus. Editora CPAD. pag. 53-54.

  1. Data e local da autoria.

A data desta epístola aos Filipenses depende do lugar onde Paulo a redigiu, isto é, do aprisionamento particular durante o qual ele a escreveu. Que o apóstolo era um prisioneiro, quando a escreveu, é óbvio, segundo se vê em Fil. 1:7,12. Sabe-se que Paulo sofreu aprisionamento em Jerusalém, em Cesaréia, em Roma, e, na opinião de alguns, também em Éfeso. As cidades de Roma, Cesaréia e Éfeso têm sido todas sugeridas como lugares de onde Paulo poderia ter escrito essa epístola. Sobre isso, convém que consideremos os seguintes pontos:

  1. Até relativamente há pouco tempo, o aprisionamento de Paulo em Roma, como lugar de onde ele escreveu esta epístola aos Filipenses, era a ideia tradicional. As alusões à «casa de César» (Fil. 1:13 e 4:22) e ao «pretório» eram consideradas como conclusivas em favor da proveniência da capital do império. Entretanto, têm sido encontradas pela arqueologia várias inscrições que mostram que os funcionários do governo e os representantes de Roma eram assim chamados, e que onde quer que eles residissem se tornava a casa de César. Esse termo era vinculado a muitas categorias de pessoas, como servidores, policiais, guardiães, bem como altos oficiais do governo. E o pessoal administrativo romano, em toda a cidade importante do império, era conhecido pelo termo de «pretório», que incluía todos os funcionários, os quais, em Roma ou fora dela, eram designados pela alcunha de «servos de César». Portanto, essa expressão, que tradicionalmente se pensava dar apoio à ideia que Paulo escreveu esta epístola aos Filipenses quando estava aprisionado em Roma, na realidade perdeu grande parte de sua força, pois o uso do termo é por demais amplo.
  2. Outros argumentos têm sido apresentados em favor da cidade de Roma, como o lugar de onde Paulo !redigiu! esta epístola aos Filipenses. Essa epístola parece antecipar sua possível morte (2:20-23), o que nos mostra que as acusações feitas contra Paulo eram sérias, e que o seu martírio poderia estar próximo. Ora, isso se harmoniza melhor com a situação de Paulo em Roma do que com qualquer outro período de aprisionamento. E isso se verifica especialmente porque, na qualidade de cidadão romano, não é provável que, sob tão adversas circunstâncias, o apóstolo Paulo não tivesse apelado para César, o que de fato fizera em Cesaréia, quando também se encontrava em grande dificuldade. Esse é o mais forte argumento em favor da cidade de Roma, embora se harmonize melhor com o segundo período de aprisionamento nessa cidade (conforme alguns eruditos têm postulado), e não com o primeiro período, porquanto o livro de Atos, em suas observações finais, não nos transmite a impressão de que havia qualquer ameaça tão séria como esta epístola aos Filipenses nos permite entender. Outrossim, Paulo pode ter enfrentado determinados perigos na cidade de Éfeso ou em outra localidade qualquer, sobre o que não temos conhecimento, e sob circunstâncias que talvez não permitissem um apelo fácil a César.
  3. Em favor do aprisionamento em Roma também tem sido aduzido o argumento que a igreja cristã de Roma corresponderia, quanto ao tamanho e à influência, às alusões constantes em Fii. 1:2 e s., que parecem indicar uma comunidade cristã considerável. Ora, outro tanto não se poderia atribuir facilmente a Éfeso, e, menos ainda, a Cesaréia.
  4. A introdução de Márciom, à epístola aos Filipenses, identifica claramente a sua proveniência como a cidade de Roma. Mas é possível que isso não tenha passado da reiteração de uma opinião antiga, a qual pode estar equivocada visto que os escritos de Márciom datam de cerca de cem anos que tais acontecimentos transpiraram.
  5. Outros estudiosos têm postulado a hipótese cesariana. Desde 1731 que Oeder, de Leipzig, sugeriu que Cesaréia teria sido o lugar onde a epístola aos Filipenses teria sido escrita. Essa ideia, entretanto, não é mais fácil de defender que a hipótese romana. Sobre isso, há algumas considerações que precisamos averiguar:
  6. A custódia referida em Atos 13:35, que descreve o aprisionamento do apóstolo Paulo em Cesareia, não sugere qualquer perigo iminente de martírio, conforme esta epístola aos Filipenses dá a entender por toda a parte.
  7. Outros estudiosos supõem que o tamanho e o prestígio da igreja cristã de Cesaréia não corresponde àquilo que é descrito em Fil. 1:12 e ss.
  8. Quando Paulo se encontrava em Cesaréia, esperava fazer ainda uma visita à cidade de Roma, e não outra visita a Filipos, que era o seu desejo, quando ele escreveu esta epístola, conforme se verifica em Fil. 2:24 e ss.
  9. Há, finalmente, a hipótese efésia. Embora não haja qualquer certeza no que diz respeito a algum período de aprisionamento de Paulo em Éfeso (a sua luta contra as «feras», que teria ocorrido ali, mencionada em I Cor. 15:32, pode ser uma alusão alegórica, e não literal), essa ideia tem ganho algum apoio em anos recentes, não somente como o lugar onde Paulo teria redigido esta epístola aos Filipenses, mas também como lugar onde ele escreveu as epístolas aos Efésios, aos Colossenses e a Filemon. Os seguintes argumentos são apresentados em favor dessa opinião:
  10. Sua referência à sua tencionada visita imediata se torna muito mais inteligível, pois Éfeso ficava muito mais perto de Filipos do que de Roma. Além disso, com base na epístola aos Romanos sabemos que Paulo planejava fazer uma viagem missionária à Espanha, depois deter passado por Roma, e não uma viagem ao território ia explorado da Macedônia. Podemos considerar o trecho de Fil. 2:24, onde o apóstolo Paulo estava preparado para reiniciar seu trabalho pastoral entre eles; também se pode considerar o trecho de Rom. 15:23-25, onde se lê sobre intuitos inteiramente diferentes. Essa referência da epístola aos Romanos mostra-nos que Paulo reputava «completada» a sua tarefa no oriente, e que agora queria visitar o ocidente.
  11. Existem evidências, nesta mesma epístola aos Filipenses, de que foram feitas várias visitas entre esses dois pontos (onde ele se encontrava aprisionado) e Filipos. Os crentes de Filipos ouviram falar do aprisionamento do apóstolo e lhe enviaram Epafrodito com uma dádiva em dinheiro. Então foram enviadas notícias a eles que seu mensageiro adoecera; e ele, por sua vez, recebeu uma mensagem que mostrava a preocupação daqueles irmãos. Mais tarde Epafrodito foi enviado a eles, levando-lhes esta epístola aos Filipenses.

Timóteo também foi envolvido nesses movimentos, de tal modo que, ao todo, precisamos pensar em quatro viagens pelo menos. Ora, Roma distava quase mil e trezentos Quilômetros de Filipos, ao passo que Éfeso ficava a menos da metade dessa distância; portanto, as idas e vindas muito mais provavelmente teriam ocorrido entre Filipos e Éfeso do que entre Filipos e Roma, que ficava a muito maior distância. (Ver Fil. 2:19-30).

  1. A menção da dádiva de que os crentes de Filipos haviam enviado a Paulo parece indicar a passagem de pouco tempo desde que Paulo estivera com eles, e não um intervalo de talvez dez anos, o que teria sucedido, se tal dádiva tivesse sido enviada para ele em Roma.
  2. É possível que a visita tencionada por Timóteo (ver Fil. 2:19) deva ser identificada com a visita mencionada em I Cor. 4:17 e Atos 19:22. Nesse caso, a própria revisita de Paulo àquele lugar poderia ser identificada com o que se lê em Atos 20:1-6, onde se veria então o cumprimento do seu desejo de visitá-los, conforme se lê em Fil. 2:24.

Contra a ideia do aprisionamento de Paulo em Éfeso, podem ser apresentados os seguintes argumentos:

  1. Essa ideia é de natureza especulativa, porquanto nada pode ser provado nesse sentido, excetuando talvez a referência isolada que há em I Cor. 15:32.
  2. A ausência de qualquer menção sobre a coleta para os santos pobres de Jerusalém parece ser um argumento forte quanto a isso, pois parece que Paulo estava obcecado acerca dessa questão, durante esse tempo.
  3. A mais séria objeção contra essa ideia é que a epístola aos Filipenses reflete um possível iminente martírio. Nesse caso, por qual razão Paulo não apelou para César, o que realmente fez mais tarde, em Cesaréia, quando viu as coisas contra ele? Para essa objeção realmente não há resposta. Essa questão, pois, permanece na dúvida, porquanto nenhuma dessas idéias pode ser defendida de maneira inteiramente bem-sucedida. Porém, afinal de contas, a questão não se reveste de importância capital. Se porventura a epístola aos Filipenses foi escrita em Éfeso, então teríamos de datá-la entre 53 e 54 d.C., o que significaria que foi escrita antes da primeira epístola aos Coríntios. Por outro lado, se Paulo a escreveu em Cesaréia, então sua data teria sido entre 56 e 58 d.C. E, se porventura, ele a escreveu em Roma, então deve ser datada depois de 58 d.C., que foi quando Paulo chegou pela primeira vez em Roma. No entanto, esta epístola aos Filipenses poderia ter sido redigida tão tarde como 60 d.C., ou mesmo mais tarde, se supormos que o apóstolo a escreveu quando de seu segundo período de aprisionamento, talvez tão tarde como 64 d.C. Alguns eruditos datam a chegada de Paulo em Roma tão tarde como o ano de 62 d.C., e, se porventura essa opinião é correta, teria sido escrita esta epístola aos Filipenses de dois a quatro anos depois dessa data.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 757-758.

Paulo escreveu Filipenses, assim como Colossenses, Efésios e Filemom, quando se encontrava na prisão. Até o final do século XVIII, a igreja aceita que as quatro epístolas da prisão foram escritos durante o tempo em que o apóstolo esteve preso em Roma (Atos 28:14-31). Nos últimos tempos, porém, tanto a Cesaréia e Éfeso têm sido propostos como locais alternativos.

As evidência de que Paulo escreveu Filipenses em Roma é impressionante. Os termos "guarda pretoriana" (1:13) e "casa de César" (4:22) são mais naturalmente entendidas como referências ao guarda-costas do imperador e servidores estacionados em Roma. Os detalhes da prisão de Paulo, como registrado em Atos harmonizar bem com aqueles em Filipenses. Paulo estava guardado por soldados (Atos 28:16; Filipenses 1:13-14), os visitantes permitidos (Atos 28:30; Filipenses 4:18), e estava livre para pregar o evangelho (Atos 28:31, Phil. 1:12-14). Que havia uma grande igreja na cidade a partir do qual Paulo escreveu (cf. 1:12-14) também favorece a Roma. A igreja na capital imperial era, sem dúvida, muito maior do que em qualquer Éfeso ou, especialmente, Cesaréia. Dois principais objeções têm sido levantadas sobre a visão tradicional de que Paulo escreveu Filipenses em Roma. Primeiro, alguns argumentam que enquanto Paulo pretendia visitar a Espanha, depois de visitar Roma (Rm 15:24, 28), as outras epístolas da prisão gravar seus planos para visitar Filipos (2:24) e Colossos (Fm 22) após a sua libertação. Por isso, eles mantêm, Filipenses e Colossenses () deve ter sido escrito antes de Paulo chegou a Roma. Embora seja verdade que Paul tinha originalmente planejado visitar a Espanha, depois de visitar Roma, dois fatos levou a mudar seus planos. Paulo não tinha previsto chegar em Roma como prisioneiro. Ele tinha passado quatro anos na prisão romana, e durante o tempo que os problemas surgiram nas igrejas da Grécia e Ásia Menor. Paul decidiu revisitar as igrejas antes de ir para a Espanha. Além disso, o fato de que a igreja romana não estava unido em apoio a ele (cf. 1:14-17) fez o apóstolo adiar sua visita à Espanha (cf. Rom. 15:24).

Em segundo lugar, alguns acreditam que várias viagens entre Filipos e para a cidade a partir do qual Paulo escreveu em Filipenses estão implícitas. Devido à grande distância entre Roma e Filipos, eles acreditam que essas viagens não pode ter todo o lugar tomado durante a prisão romana de Paulo. Por outro lado, Éfeso era muito mais perto de Felipos. (Note-se que, se válido, o argumento seria igualmente dizer contra uma origem cesariana de Filipenses.

Cesaréia não foi significativamente mais perto de Filipos que foi Roma.) Esse argumento, no entanto, não é válido. Moises Silva observa que:

É perfeitamente possível para atender as três viagens [entre Roma e Filipos] em um período de quatro a seis meses. Mas mesmo se nós permitimos que uma generosa de dois meses para cada uma dessas viagens, muito menos de um ano é necessária para explicá-los (e nada nos dados nos obriga a dizer que menos de um ano deve ter decorrido desde a chegada de Paulo em Roma a sua escrita de Filipenses). É muito difícil entender por que esse argumento contra uma origem romana continua a ser levada a sério. O assunto deve ser descartado de qualquer outra consideração. Se fizermos isso, no entanto, o único argumento claro contra a visão tradicional [que Paulo escreveu Filipenses de Roma] desaparece. (Filipenses, The Wycliffe comentário exegético [Chicago: Moody, 1988].., 7 itálico no original)

O argumento mais convincente de que Paulo escreveu Filipenses de Roma reside na natureza decisiva do veredicto, o apóstolo se mantem em espera. Ele queria ser livre, como ele esperava confiantemente (1:19, 24-26; 2:24), ou executado (1:20-21, 23). De qualquer forma, a decisão sobre seu caso seria final, e não haveria recurso. Esse fato parece excluir tanto Cesaréia e Éfeso, uma vez que como cidadão romano Paulo poderia (e fez em -Atos 25:11-12) exercer o seu direito de apelar para o imperador (o que um escritor conhecido como Paulo o "trunfo") a partir dessas cidades.

As teorias que Paulo escreveu Filipenses de Cesaréia ou Éfeso enfrentar grandes dificuldades adicionais. Os defensores da nota cesariana vista que a mesma palavra grega traduzida como "guarda pretoriana" em 1:13 é usado nos Evangelhos e modos de falar dos palácios do governador em Jerusalém (Mateus 27:27, Marcos 15:16; João 18: 28, 33; 19:9) e Cesaréia (Atos 23:35).

Mas a frase "e todos os outros" (1:13) indica que Paulo estava se referindo aos soldados da guarda pretoriana, e não a um edifício. Falha de Paulo mencionar Filipe, o evangelista é intrigante se ele escreveu as Epístolas da prisão de Cesaréia, já que ele viveu naquela cidade e hospitalidade desde a Paulo e seu partido (Atos 21:8). Além disso, Atos não gravar uma pregação generalizada do evangelho em Cesaréia, como registrada em 1:12-18.

Finalmente, a expectativa de Paulo de uma liberação rápida (cf. 1:25; 2:24) não se encaixa as circunstâncias de sua prisão em Cesaréia. Há única esperança do apóstolo da libertação ou era para subornar Felix, ou aquiescer ao pedido Festus de que ele voltar a Jerusalém para julgamento. Naturalmente, Paulo recusou uma das duas alternativas e permaneceu um prisioneiro em Cesaréia até o seu apelo ao imperador.

A teoria de que Paulo escreveu Filipenses (e as outras Epístolas da prisão) de Éfeso, embora uma alternativa mais popular do que Cesaréia, também enfrenta sérias dificuldades. A mais óbvia e grave é que não há registro em Atos que Paulo estava sempre na prisão em Éfeso. Esse silêncio é particularmente significativa, já que Lucas dedica um capítulo inteiro (Atos 19) para o ministério que Paulo passou três anos lá. Além disso, a declaração de Paulo aos anciãos da igreja de Éfeso, "Noite e dia por um período de três anos não cessei de admoestar cada um com lágrimas" (Atos 20:31), implica que o seu ministério em sua cidade foi contínuo, não interrompida por uma prisão prolongada. Outra omissão importante é a falha de Paulo mencionar nas epístolas da prisão à coleta para os santos pobres de Jerusalém, uma coleção que ele referidos nas epístolas que ele escreveu durante o tempo de sua estada em Éfeso (por exemplo, Romanos, 1 e 2 Coríntios). Falha de Paulo mencionar Gaio e Aristarco aos Filipenses é também estranho que ele escreveu de Éfeso, uma vez que estavam com ele lá (Atos 19:29). A igreja da qual Paulo escreveu Filipenses não foi unido no seu apoio a ele (1:14-17;. Cf 2:20-21). Isso, no entanto, não era verdade da igreja de Éfeso (cf. At 20:36-38). Nem é provável que os filipenses teria sentido a necessidade de enviar um presente para Paulo em Éfeso, onde o apóstolo contou com o apoio tanto da igreja e de amigos próximos, como Áquila e Prisca (cf. 1 Cor. 16:19 ; 1 Coríntios foi escrita em Éfeso). Finalmente, enquanto Lucas estava com Paulo quando escreveu as Epístolas da prisão (Cl 4:14), ele aparentemente não estava com Paulo em Éfeso (Atos 19 não é umas das " passagens" em Atos que indicam a presença de Lucas com Paulo).

Uma vez que Roma se encaixa nos fatos conhecidos da prisão de Paulo, e Cesaréia e Éfeso não se encaixam, não há razão para rejeitar a visão tradicional de que Paulo escreveu Filipenses perto do fim da sua primeira prisão romana (c. AD 61).

JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.

A carta foi com certeza escrita em Roma durante os dois anos em que Paulo esteve preso, como o registra Lucas em Atos 28.3-30. A data seria por volta do ano 61 d.C.

Epafrodito fora o emissário dos filipenses, encarregado de passar suas doações às mãos de Paulo (2.25; 4.18).

Desconsiderando sua própria saúde, no desejo de servir a Paulo ele ficou gravemente enfermo, mas pôde se recuperar por um milagre de Deus (2.27-30). Epafrodito, quando se apresentou a Paulo, estava também extremamente desejoso de retornar a Filipos, pois as notícias de sua enfermidade deixaram os irmãos muito aflitos (2.26).

Paulo, sem dúvida, guiado pelo Espírito Santo e também influenciado parcialmente por notícias de mal-entendidos entre alguns irmãos (1.27; 2.2-4,14; 4.2), resolveu enviar a epístola pelas mãos de Epafrodito. A mesma revela a profunda afeição que, de coração, nutria por eles e seu fervoroso anelo pelo bem-estar espiritual dos filipenses.

Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus. Editora CPAD. pag. 54.

II – AUTORIA E DESTINATÁRIO

  1. Paulo e Timóteo.

O apóstolo Paulo tinha a Timóteo como um filho e seu auxiliar direto na vida missionária. Por isso, coloca-o como coautor dessa Carta, e certamente de outras escritas às igrejas formadas do seu labor missionário. Naturalmente, a autoria principal era de Paulo que, certamente discutia com Timóteo os assuntos de sua preocupação a serem lembrados no conteúdo da Carta. Paulo não gozava de boa saúde e tinha dificuldades com a visão exigindo o auxílio constante para escrever os seus pensamentos.

A forma de escrever uma carta naquela época continha três elementos: iniciava com o nome do rementente, depois o nome do destinatário e os cumprimentos aos destinatários. Ainda que Paulo, por consideração especial a Timóteo, o coloque junto do seu nome como autores, o conteúdo da Carta é todo de Paulo e ele começa “dou graças a Deus”.

“Paulo” (1.1) — O autor da Carta, responsável pela igreja de Filipos. Para entender a preciosidade dos pensamentos de Paulo se faz necessário conhecer mais intimamente o personagem. Era judeu de sangue, da tribo de Benjamim (Rm 11.1), e natural de Tarso, na Cilicia. Sua cultura advinha de três mundos distintos: judaica, grego e romano. Os antagonistas da sua teologia afirmam que Paulo foi influenciado fortemente pela cultura grega, mas, na verdade, os fundamentos da teologia judaica foram a base para a teologia cristã, da qual Paulo foi o principal construtor. Em termos de liderança, Paulo se tornou o apóstolo mais influente. Ele teve a coragem de aceitar o desafio da missão evangelizadora para os gentios e ficou conhecido como o “apóstolo dos gentios” (At 9.15). Nas suas cartas, ele se identificava sempre pelo primeiro nome, “Paulo”, e na Carta aos Filipenses ele inicia de modo diferente das demais cartas. Em geral, ele começa identificando seu apostolado, mas nessa Carta ele acrescenta o nome de Timóteo, seu companheiro de viagem, e faz saudações à igreja de Filipos.

“... e Timóteo” (1.1) — Ao mencionar Timóteo, o apóstolo Paulo demonstra a importância do companheirismo de Timóteo. Perce- be-se que este foi alguém muito especial nas atividades de formação e fortalecimento das igrejas. Ele foi um companheiro de viagem de Paulo a partir da segunda viagem missionária e demonstrou em todo o tempo lealdade, fidelidade aos princípios do evangelho e participante nas aflições pelo nome de Cristo. Paulo o preparou para ser um autêntico pastor como de fato foi em Efeso.

“... servos de Jesus Cristo” (1.1) — Antes de apresentar-se por títulos que reforçassem suas posições diante dos cristãos de Filipos, Paulo declara que eles eram apenas “servos de Jesus Cristo”. Russell Shedd - missionário e escritor de grande profundidade, reconhecido em toda a América Latina e, atualmente, missionário no Brasil - explora o sentido literal da palavra “servo” no original grego doulos, que sugere a ideia de escravo voluntário que serve com alegria e regozijo, para agradar ao seu senhor. Ora, o Senhor de Paulo e Timóteo era Jesus Cristo. Na Carta aos Romanos, Paulo diz que foi chamado para “ser servo de Jesus Cristo” (Rm 1.1,6). Como tornar-se servo de Jesus Cristo? O mesmo apóstolo diz que o servo é um escravo que obedece a um senhor e a ele pertence por direito de compra. Em

1 Coríntios 6.20, está escrito: “Fostes comprados por bom preço” e isso significa que fomos comprados por Cristo. Na verdade, fomos redimidos por seu sangue, porque éramos escravos do pecado (Rm 6.17). Se somos escravos de Jesus Cristo, servimos a Ele, porque nos comprou e pagou o preço do seu sangue (Ef 1.7).

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 22-23.

Os quatro grandes livros clássicos de Paulo são as epístolas aos Romanos, aos Gálatas, I e II Coríntios. Praticamente nenhum erudito tem duvidado da autenticidade desses quatro livros do N.T. como obras genuinamente paulinas. Elas são tão semelhantes entre si, no que diz respeito ao estilo, ao vocabulário, à estrutura das sentenças e a todas as demais considerações literárias que é necessário aceitar ou rejeitar juntamente todas elas. Por esse motivo é que pouquíssimos estudiosos têm provocado qualquer debate em torno da autoria dessas quatro epístolas. Além dessas quatro, outras cinco epístolas têm sido aceitas como paulinas, com pouca disputa, a saber, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses e Filemom.

Ver comentos gerais sobre o corpus paulino na introdução a Romanos, primeiros parágrafos, e secção II. Esta epístola aos Filipenses é aceita como paulina por quase todos os eruditos, embora alguns deles pensem que ela representa mais de uma epístola, sendo realmente uma composição de peças da correspondência paulina, mais ou menos como as epístolas de I e II Coríntios são tidas como representantes de pelo menos quatro missivas, mas que chegaram até nós agrupadas em apenas duas epístolas. (No tocante a esse problema, no que se relaciona a epístola aos Filipenses, ver o ponto IV desta introdução, intitulado «Integridade da Epístola»).

Dentre as dez a treze epístolas neotestamentárias aceitas como paulinas, sete delas foram escritas na prisão, a saber, Filipenses, Efésios, Colossenses, Filemom, I e II Timóteo e Tito, embora seja quase certo que nem todas as sete foram escritas da mesma cidade, e por ocasião do mesmo período de aprisionamento. (Quanto a notas expositivas sobre essa questão, ver a secção II da introdução a esta epístola, intitulada «Data e Proveniência», bem como a introdução a cada uma dessas epístolas, sob o título «Proveniência»).

A própria epístola aos Filipenses (1:1) reivindica a autoria paulina. Timóteo é ali apresentado como um de seus associados, o que sabemos estar de conformidade com a vida de Paulo (ver Fil. 1:1 e 2:19). Além disso, as referências ao seu aprisionamento concordam com aquilo que sabemos ser verdade, acerca dos sofrimentos de Paulo (Fil. 1:7). O autor também se refere, de forma muito natural à sua anterior pregação na Macedônia (ver Fil. 4:15), bem como ao fato que os crentes de Filipos lhe tinham enviado dádivas (ver Fil. 4:10 e 2:25-28), o que não é um elemento que um forjador tivesse querido incluir, porquanto ordinariamente era costume de Paulo viver independentemente das igrejas, quanto ao aspecto financeiro. O conteúdo geral, o estudo e o vocabulário dessa epístola, tudo aponta para a autoria paulina.

Os próprios assédios contra a integridade dessa epístola, ainda que consigam mostrar que nessa epístola está representada mais de uma missiva, não seriam capazes de provar que essa «coleção» não seria paulina. Contudo, os argumentos contrários à autoria paulina são os seguintes:

  1. Uma suposta tentativa de mostrar afinidade para com as idéias do gnosticismo. (Ver Fil. 2:5 e ss.). Entretanto, a tríplice divisão celeste, terrestre e do submundo, não tem sido bem recebida pela maioria dos eruditos como uma prova de influências gnósticas, porquanto tais idéias podem ser encontradas tanto na teologia judaica como na teologia cristã, correntes na época de Paulo.
  2. A passagem um tanto indelicada que aparece no terceiro capítulo desta epístola, e que chama os opositores de Paulo de «cães» e de «falsa circuncisão», na opinião de alguns estudiosos, seria indigna do grande apóstolo Paulo. Porém, se lermos a primeira epístola aos Coríntios e a epístola aos Gálatas, verificaremos que isso se transforma em uma prova favorável à autoria paulina, e não contrária a ela, pois Paulo não hesitava em falar de forma ousada e mordaz.
  3. O trecho de Fil. 4:15, na opinião de alguns eruditos, contradiria aos trechos de I Cor. 9:15 e II Cor. 11:9, sob a alegação que se refere à coleta encabeçada por Paulo para os santos pobres de Jerusalém, que não chegou às mãos desse apóstolo, ou que não foi levantada no começo de seus labores na Macedônia (conforme esta epístola aos Filipenses parece indicar), mas antes, no final de seus labores ali. Porém, essa dificuldade é facilmente solucionada quando observamos que essa referência não é ao papel deles na coleta geral para os pobres de Jerusalém, pois Paulo se referia antes às dádivas pessoais que eles lhe tinham enviado; pois esta epístola aos Filipenses, pelo menos em parte, visou agradecer ao auxílio monetário que os crentes de Filipos haviam enviado ao apóstolo. O décimo sexto versículo deste mesmo capítulo deixa isso claro, onde se lê que o dinheiro, no dizer de Paulo, fora «...o bastante para as minhas necessidades», e não para os santos pobres de Jerusalém.

Todas essas três objeções, entretanto, não têm sido favoravelmente acolhidas pela grande maioria dos intérpretes, razão pela qual essa epístola tem continuado a ser considerada como genuinamente paulina.

A autoridade e a canonicidade da epístola aos Filipenses têm sido questões fixadas desde os tempos antigos. Ela usufrui da mesma autoridade, quanto a esses pontos de vista, que os demais livros clássicos paulinos, e podem ser aplicadas aqui as introduções às epístolas aos Romanos, aos Gaiatas e a I e II Coríntios, onde se ventilam as questões do cânon e da autoridade antiga. Não houve nenhuma ocasião, na igreja cristã primitiva, em que qualquer pronunciamento sobre o «cânon» tivesse sido efetuado, que não incluísse também a epístola aos Filipenses. Márcion, um dos pais da igreja (150 d.C.), em seu cânon neotestamentário de onze livros, que se constituía de dez das epístolas paulinas e de uma forma mutilada do evangelho de Lucas, incluía a epístola aos Filipenses. Todos os demais pais da igreja, após Márciom, que falaram a respeito da questão, jamais deixaram de incluir essa epístola. E antes mesmo da época de Márciom, Policarpo, em sua epístola aos Filipenses, mencionou a correspondência que Paulo tivera com eles, citando o trecho de Fil. 3:11. Nessa coleção de epístolas paulinas, a epístola aos Filipenses evidentemente foi escrita antes de Colossenses e depois de Efésios. (Ver a introdução à epístola aos Efésios, parágrafo 4,2). Essa é igualmente a ordem como essa epístola aparece no cânon muratoriano. Os pais da igreja Inácio, Irineu, Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano e Eusébio, todos citaram trechos desta epístola aos Filipenses.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 756-757.

O texto divinamente inspirado de Filipenses apresenta Paulo como o autor (1:1), tornando assim a sua autoria indiscutível. Na verdade, exceto por alguns radicais do século XIX e alguns críticos, a autoria paulina de Filipenses nunca foi questionada. Hoje a maioria dos estudiosos, não importa qual a sua persuasão teológica, aceitá-la como uma verdadeira epístola paulina. J. B. notas Lightfoot, Algumas evidências internas podem levar a alguns leitores a colocar a autenticidade da Epístola aos Filipenses, mas essa perspectiva gera muitas dúvidas. Estas evidências podem ser tanto positivas quanto negativas. Por outro lado, a carta reflete completamente a mente de Paulo, em muitos momentos. Esta epistola não oferece nenhum motivo que poderia ter levado a uma falsificação. Apenas como a efusão natural do sentimento pessoal, provocado por circunstâncias imediatas, é de qualquer maneira concebível.

Um falsificador não teria produzido uma obra tão sem propósito (sem propósito para, no seu caso deve ter sido), e não poderia ter produzido algo tão Inartificial. (Epístola de São Paulo aos Filipenses [Reprint; Grand Rapids: Zondervan, 1953], 74)

JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.

Não havia necessidade de Paulo, como nas cartas aos Gálatas e aos Coríntios, defender sua autoridade apostólica, pois os filipenses eram leais a ele e também à “fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Também a afeição que tinham por ele era extraordinária e mais de uma vez o haviam ajudado em suas necessidades (4.10-18). Note que, ao se dirigir a eles, Paulo dispensa o título de “apóstolo” (Fp 1.1; comp. Rm 1.1; 1 Co 1.1; G1 1.1).

Nenhum erro doutrinário dividia a igreja, e nesse aspecto difere das epístolas aos Gálatas, Coríntios e Colossenses, enviadas da mesma prisão. Contudo, no capítulo três, Paulo adverte contra o judaísmo e uma possível forma de antinomianismo. Mas não há razão para crer que estes erros estavam realmente presentes na igreja. O desejo de Paulo era preveni-los contra tais ensinos antes que efetivamente surgissem.

Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus. Editora CPAD. pag. 55.

  1. Os destinatários da carta.

“... aos santos... que estão em Filipos” (1.1) — Difere o tratamento do apóstolo aos cristãos que viviam em Filipos. Ele os chama “santos”, porque se referia àqueles que foram salvos e separados para viver uma nova vida em Cristo Jesus (2 Co 5.17). Era o tratamento que Paulo dava a todas as igrejas. Ele fortalecia a ideia de um estado de santidade ativa porque viviam e exerciam sua fé “em Cristo Jesus”. Essa expressão “em Cristo Jesus” era também usada em outras cartas para ilustrar a relação dos crentes com Cristo. Tratava-se de uma relação íntima como existe entre a “videira e os ramos” (Jo 15.1-7; 1 Co 12.27). Os destinatários, portanto, são chamados “santos” porque foram separados para viver para Cristo. A igreja romana identifica como “santos” os que já morreram. Porém, o contexto teológico indica que “santos” são todos quantos servem ao Senhor Jesus em vida física. O significado da palavra “santo” é “separado”. Os crentes em Cristo, independentemente de suas fraquezas, são os “separados” para servirem a Cristo. A santidade pode ser vista sob dois ângulos: posicionai e a progressiva. Posicionalmente, todos quantos estão em Cristo Jesus são considerados “santos”. Progressivamente, todos os vivos em Cristo aperfeiçoam a vida cristã buscando a separação de toda e qualquer ação pecaminosa.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 23-24.

As pessoas a quem a epístola é dirigida: 1. “...a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos”. Ele menciona a igreja antes dos ministros, porque os ministros são para a igreja, para a edificação e benefício dela, não a igreja para os ministros, para a dignidade, domínio e riqueza deles, “...não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso gozo” (2 Co 1.24). Eles não são somente servos de Cristo, mas servos da igreja por amor a Ele. “...e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus” (2 Co 4.5). Considere isso: Os cristãos aqui são chamados santos; separados para Deus, ou santificados pelo seu Espírito, ou por profissão visível ou santidade real. E aqueles que não são realmente santos na terra nunca serão santos no céu.

Observe: A epístola é dirigida “...a todos os santos”, mesmo os mais desprezíveis, insignificantes e com um mínimo de dons. Cristo não faz acepção; o rico e o pobre se encontram nele: e os ministros não devem fazer acepção no seu cuidado e ternura para com as pessoas. Não devemos ter “...a/e de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tg 2.1). Santos em Cristo Jesus; os santos são aceitos somente pelo fato de estarem em Cristo Jesus, ou de serem cristãos. A parte de Cristo, os melhores santos serão pecadores e incapazes de comparecer diante de Deus. 2. Ela é dirigida aos ministros ou oficiais da igreja: “...com os bispos e diáconos”, os bispos e anciãos, em primeiro lugar, cuja função era ensinar e governar, e os diáconos, ou supervisores dos pobres, que cuidavam dos negócios externos da casa de Deus: as instalações, os utensílios, a manutenção dos ministros e a provisão dos pobres. Estes eram todos os “cargos” conhecidos na igreja e que eram de escolha divina. O apóstolo, na sua epístola a uma igreja cristã, reconhece apenas duas classes, que ele chama de bispos e diáconos. Portanto, toda pessoa que entenda que os mesmos atributos e títulos, as mesmas qualificações, os mesmos procedimentos do cargo e a mesma honra e respeito são atribuídos em todo o Novo Testamento àqueles que são chamados de bispos e presbíteros (de acordo com o Dr. Hammond e outros comentaristas conhecidos), terão dificuldades em dispô-los em cargos diferentes ou classes distintas de ministério nos tempos bíblicos.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa.Editora CPAD. pag. 610.

Paulo dirige sua carta a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos. Palavra “ Qodesh”, seu equivalente hebraico, hagios (santos) se refere a alguém que está separado, mais especificamente se tratando dos crentes, que são separados por Deus para Si mesmo. Ambas as palavras são muitas vezes traduzida como "santo".

Infelizmente, para algumas Denominações santos são muitas vezes considerados como sendo de uma ordem especial, ou seja, Grandes cristãos que realizaram boas ações extraordinárias e viveram uma vida exemplar. No sistema católico romano, os santos são reverenciados, Na verdade são pessoas que só podem ser oficialmente canonizados após a morte, porque eles têm cumprir com certos requisitos exigentes. Mas a Escritura deixa claro que todos os santos remidos, seja sob a Antiga ou nova aliança, são pessoas separado do pecado e dedicados a Deus.

Quando Deus ordenou a Ananias para impor as mãos sobre o recém convertido Saulo (Paulo), de modo que ele recuperasse a vista, ele respondeu: "Senhor, eu ouvi de muitos a respeito desse homem, quantos males fez aos teus santos em Jerusalém" (Atos 9:13). Alguns versículos adiante Lucas escreve que "como Pedro estava viajando por todas essas regiões, veio também aos santos que habitavam em Lida" (Atos 9:32). Em ambos os casos é evidente que os santos se refere a todos os crentes nessas cidades (cf. Ef 1:1;. Col. 1:2). Paulo ate mesmo se refere aos crentes imaturos em Corinto como santos, isso indica indiscutível que o termo não tem relação com a maturidade espiritual ou caráter deles, ele escreveu: " Å igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso "(1 Cor. 1:2). Como todos os outros crentes, os cristãos em Corinto não eram santos por causa de sua maturidade espiritual (cf. 1 Cor. 3:1-3), mas sim porque eles eram "santos por vocação", uma referência ao seu chamamento à salvação (cf. Rom. 8:29-30).

Todos os crentes são santos, não porque eles próprios são justos, mas porque eles estão em seu Senhor, Jesus Cristo, cuja justiça é imputada a eles (Rm 4:22-24). Um budista não fala de si mesmo como em Buda, nem um muçulmano falar de si mesmo como em Mohammed. Um cientista cristão não está na Mary Baker Eddy ou um mórmon em Joseph Smith ou de Brigham Young. Eles podem seguir fielmente o ensinamento eo exemplo desses líderes religiosos, mas eles não são determinados a ser como eles. Somente os cristãos pode pretender ser igual ao seu Senhor, porque eles foram feitos espiritualmente um com Ele (cf. Rom. 6:1-11). "Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou", Paulo escreveu: "mesmo quando estávamos mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou com Ele, e nos assentou com Ele nos lugares celestiais em Cristo Jesus "(Ef 2:4-6). Aos Gálatas ele declarou: "Fui crucificado com Cristo; e já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gl 2:20). Nas cartas de Paulo, a frase "em Cristo Jesus" ocorre cinquenta vezes, "em Cristo" vinte e nove vezes, e "no Senhor" Quarenta e cinco vezes. Estar em Cristo Jesus e, portanto, aceitável a Deus é a fonte suprema da alegria do crente.

JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.

OS CRISTÃOS EM FlLIPOS

A segregação racial, étnica e social é tão antiga quanto a própria sociedade. Onde quer que vivam, as pessoas formam grupos considerando esse aspecto diferenciador e depois levantam muros ã sua volta, para impedir que outros, que não seguem o padrão estabelecido, unam-se a elas.

Em Filipos, como em qualquer outro lugar, Paulo ofereceu o evangelho primeiro aos judeus. Provavelmente havia poucos na cidade, porque não existia sequer uma sinagoga. No judaísmo do século 1, dez homens que seguiam essa crença já eram suficientes para justificar a construção de uma sinagoga para os cultos de adoração. Os judeus que viviam em Filipos atravessavam o portão da cidade e seguiam em direção às margens do rio Gangites para adorar a Deus e orar. Contudo, a Igreja cristã à qual Paulo escreveu deve ter prosperado, porque, em sua carta, ele se referiu aos níveis de liderança na Igreja, como bispos e diáconos.

Filipos era uma cidade romana com diversas culturas que ficava na estrada principal (a Via Egnatia), estendendo-se desde as províncias do leste a Roma, e sua igreja tinha um grupo distinto de cristãos. O Novo Testamento menciona especificamente três pessoas: uma asiática, uma grega e uma romana. A princípio, tinham pouca coisa em comum. A primeira era uma mulher de negócios que vendia roupas de púrpura aos ricos; a segunda, uma jovem escrava que estava possuída por um espírito de adivinhação; e a terceira era um carcereiro. Três raças, três classes sociais e, provavelmente, três formas de devoção religiosa diferentes, antes de ter um encontro com Cristo.

Mas Paulo lhes ensinou que todos eram iguais no Corpo de Cristo; todos eram pecadores salvos pela graça de Deus. Eles deviam humilhar-se como Jesus fizera e estar unidos no amor de Cristo. Em um mundo segregado no tocante à classe social e à etnia, a igreja em Filipos violava as regras: nisto não há judeu nem grego/ não há servo nem livre [...] porque todos vós sois um em Cristo Jesus (Gl 3.28). Essa igreja era um dos lugares mais integrados do mundo mediterrâneo.

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 521.

  1. Alguns destinatários distintos: “bispos e diáconos”.

Fazia parte da vida da igreja uma liderança especial identificada pelos “bispos e diáconos” que serviam na igreja de Filipos. No grego bíblico, a palavra “bispo” é epíscopos e tem o sentido de supervisor. Como a palavra “bispos” está no plural, subentende-se que se tratava dos líderes principais da igreja. Em outras partes do Novo Testamento, destaca-se a função do presbítero, cuja função essencial era a liderança local, submetida, naturalmente, a um pastor ou bispo da igreja. A palavra episkope refere-se também à pessoa do bispo, do líder, do pastor local. Paulo não teria citado essa palavra se não houvesse bispos na igreja de Filipos. O sistema atual de governo eclesiástico usa o termo pastor, cuja função é a mesma referente ao bispo.

Todavia, Paulo saúda também aos “diáconos”, cuja função era a mesma estabelecida em Atos 6.1-6. Os diáconos cuidavam da administração material da igreja. Com os dois tipos de liderança no seio da Igreja, Paulo entende que devem merecer apoio e apreciação pelo seu trabalho na vida eclesiástica. Ele dá importância à liderança espiritual da igreja. O padrão básico instituído nas igrejas do primeiro século tinha em sua liderança “bispos”, ou seja, líderes espirituais responsáveis pela igreja local, e tinha “diáconos” que serviam à igreja na liderança dos bispos.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 24-25.

A adição com os bispos e diáconos torna esta saudação única. O termo episkopos ou «bispos» significa alguém que inspeciona ou revista, uma espécie de superintendente (cf. 1Ts 5.12, «os que vos presidem»). Do uso desse termo na literatura paulina, muitos adotam a opinião que o episkopos estava presente na igreja primitiva, desde a sua fundação, e não que apareceu mais tarde, em séculosposteriores. Outros notam que presbyteros («presbítero» ou «ancião») é o nome geral do dirigente de uma igreja, no Novo Testamento, e estão convictos de que o episcopado é de data posterior. Episkopos o presbyteros são aceitos como termos idênticos, especialmente porque encontramos, na Epístola aos Filipenses, a palavra bispos, no plural. É interessante ressaltar aqui a origem das duas opiniões a respeito do governo da igreja. O vocábulo diakonos aparece freqüentemente nos Evangelhos e Epístolas, sendo traduzido por «servo» ou «ministro» que é sua significação. Num sentido mais técnico «diácono» é o termo aplicado à classe dos oficiais da igreja, cujo dever se relaciona mais com os negócios materiais da igreja, do que com assuntos espirituais (1Tm 3.8). A função especial dos diáconos pode ter tido origem na escolha dos sete, em At 6, ainda, que ali tal nome não seja mencionado para eles. As saudações do verso 2 são uma combinação cristã do grego familiar e da forma de saudação dos hebreus, graça e paz que somente podem vir de Deus, o Pai, e do Senhor Jesus Cristo (Ef 6.23-24).

DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Filipenses. pag. 10-11.

BISPO

No grego, episkopos «supervisor. Palavra que é aplicada, antes de tudo. a Cristo (I Ped. 2:25); em seguida. ao oficio apostólico (Atos 1:20, citando Sal. 109:8); e finalmente, aos lideres das congregações locais cristãs (Fil. 1:1). Como verbo, substantivo e adjetivo. a palavra aparece no Novo Testamento por onze vezes (Beb. 12:15; I Ped. 2:12.25; 5:2; Luc, 19:44: Atos 1:20: 20:28; I Tim. 3:1.2: Fil. 1:1, e Tito 1:7.

Origens:

Nosso termo português, «bispo», deriva-se do latim, biscopus, mas a palavra no Novo Testamento, é grega e designa o Senhor Jesus e os apóstolos como «supervisores.., e finalmente, um dos ofícios do ministério cristão, que são os «supervisores.. abaixo de Cristo. Os títulos «bispo», «ancião» e ..pastor- eram  sinônimos perfeitos, indicando um dos quatro ministérios cristãos: apóstolos, profetas. Evangelistas e pastores/mestres (Efé. 4:11). Portanto, aqueles três títulos são intercambiáveis, conforme se vê em Atos 20:28. A palavra grega podia ser usada de maneira não-técnica, aplicada a qualquer pessoa dotada de autoridade de supervisão. Em I Pedro 2:25 é um titulo de Cristo. Em Filipenses 1:1 indica o grupo de autoridades liderantes de uma comunidade cristã. Tito 1: 7 parece usar a palavra como sinônimo de «ancião». Talvez devêssemos dizer que «bispo». «ancião» e «pastor» eram três títulos que ressaltavam três aspectos diferentes de uma mesma função eclesiástica.

Contudo, alguns estudiosos pensam que as epístolas pastorais fornecem indícios para pensarmos de outra maneira. Pois Tim6teo recebeu de Paulo o poder de consagrar anciãos para serem oficiais das igrejas da área onde ele trabalhava no evangelho. Isso parece aproximar-se ao oficio distinto de ..bispo», conforme o mesmo surgiu posteriormente, o qual já tinha autoridade sobre os anciãos de alguma área geográfica. Todavia, não é necessariamente assim.

pois pastores podem consagrar outros irmãos como pastores, sem que isso requeira que o presbitério consagrador componha-se de «bispos» que consagrem «pastores», como se um oficio maior desse autoridade a um menor.

Nas funções e poderes dos apóstolos. Encontramos uma função similar à dos futuros «bispos», pois os apóstolos certamente tinham funções que se estendiam a áreas geográficas, e não meramente a igrejas locais isoladas. Porém, esse argumento perde muito de sua força quando consideramos que os apóstolos enfeixavam, em seu oficio, todos os demais ministérios. Em seu trabalho, os apóstolos também eram profetas, evangelistas, pastores e mestres. Portanto, não é de se admirar que fizessem coisas próprias dos deveres que, posteriormente, mas ainda dentro do período neotestamentârio, eram entregues aos bispos ou anciãos.

lrineu (ver o artigo) no segundo século da era cristã. refere-se aos bispos como sucessores dos apóstolos, tanto como mestres como administradores das igrejas. Até ai, nada há de mais, pois os bispos poderiam ser os mesmos anciãos. Mas Hip6lito (ver o artigo), entre 160 e 235 D.C., assevera que somente os bispos tinham a autoridade para ordenar. Toma-se claro, pois, que em sua época.; um bispo era mais que um ancião. Na Síria e na Ásia Menor, cada corpo local governante era supervisionado pelos chorepiscopoi, ou «bispos itinerantes.., os quais, por sua vez, eram responsáveis diante de um bispo fixado em alguma cidade grande mais próxima. Mas, como é evidente, isso já representa uma evolução que não existia nos tempos dos apóstolos, pelo que não deveria servir-nos de padrão. O ministério das igrejas cristãs foi sofrendo. transformações que não têm base bíblica. Assim, na África do Norte, um bispo com plenos direitos era nomeado sempre que vinha à existência alguma comunidade cristã. Nos distritos em redor de Alexandria, as aldeias eram deixadas ao encargo de anciãos, os quais operavam sob a supervisão do bispo de Alexandria. A mesma coisa sucedia na Europa Ocidental, onde somente os bispos tinham o direito de ordenar a ministros locais. Naturalmente, havia muitos lugares onde o bispo era apenas o ancião ou pastor de uma igreja local. Mas, em redor das cidades maiores, surgiu a tendência de um pastor de uma cidade maior exercer influência sobre os pastores de cidades menores. E aquele passou a ser chamado «bispo». O titulo continuava o mesmo dos tempos do Novo Testamento, mas as funções dos bispos ultrapassavam em tudo quanto se vê nas páginas sagradas. Esse tipo de atividade' continuou até que houve a necessidade de surgirem os «arcebispos», ou -bispos-chefes..; ou então, nas igrejas orientais, os e patriarcau. Em todo esse desenvolvimento, foi surgindo o papa de Roma, que tinha maior prestigio e autoridade que a de todos os arcebispos e bispos. Isso criou toda uma hierarquia eclesiástica, ao passo que o Novo Testamento nos apresenta a idéia de um ministério diversificado, mas sem superioridades e inferioridades. Disse Jesus: <<um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos>>(Mat. 23:8).

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 542-543.

Bispos e diáconos são chamados para liderar a igreja. Como é evidente a partir de Atos 20:17, 28 e 1:5 Tito, 7, superintendente é outro termo para ancião, o nome mais comum do Novo Testamento para bispos(cf. Atos 11:30; 14:23; 15:2, 4, 6, 23; Tiago 5:14). Os anciãos são também referidos como pastores (Atos 20:28, 1 Pedro 5:1-2), pastor-professores (Efésios 4:11), e bispos (cf. Atos 20:28, marg; 1. Tim. 3:2, marg.). Suas altas qualificações são definidas em 1 Timóteo 3:1-7 e Tito 1:6-9. Bispos, ou presbíteros, são mencionadas pela primeira vez em relação ao dinheiro fome e alívio enviado pela igreja em Antioquia aos anciãos da Judéia pelas mãos de Barnabé e Saulo (Atos 11:30). Eles mediam a regra de Cristo nas igrejas locais através da pregação, ensino, dando exemplos piedosos, e tendo uma liderança guiada pelo Espírito Santo.

Embora o seu papel é principalmente um serviço prático, em vez de pregação e ensino, os diáconos são necessários para atender aos mesmos elevados padrões morais e espirituais (1 Tm. 3:8-13) como idosos. A distinção entre os dois cargos é que os presbíteros devem ser professores habilitados (1 Tm 3:2;. Tito 1:9).

JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.

III – AÇÃO DE GRAÇA E PETIÇÃO PELA IGREJA DE FILIPOS (1. 3-11)

  1. As razões pela ação de graças.

As igrejas que receberam de Paulo as mais calorosas ações de graças foram as de Filipos e Tessalônica. A expressão, no versículo 3, “dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós”, indica que Paulo os tinha na mais alta conta, lembrando-se sempre do zelo e carinho dos filipenses.

Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus. Editora CPAD. pag. 60.

Ao dar graças a Deus pela lembrança que vinha a sua mente acerca dos cristãos de Filipos, ele está, de fato, afirmando que apesar de estar preso fisicamente, sabia que os irmãos permaneciam firmes na fé sem se deixar levar pelo engano dos falsos mestres que tentavam desmerecer todo o trabalho feito anteriormente.

Ele estava preso, mas a Palavra de Deus continuava livre.

Mesmo sendo prisioneiro de Cesar (de Roma), a lembrança da igreja lhe dava forças para recordar e enviar a Palavra de Deus que ninguém podia prendê-la. Ele não podia estar comungando fisicamente com os filipenses, mas podia orar por eles, pois a oração não tem fronteiras.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 25-26.

Paulo eleva o seu coração em gratidão e oração pela participação dos cristãos filipenses na obra do Evangelho e expressa seus profundos anseios em que continuem a crescer no amor e no discernimento.

  1. Ação de graças com alegria é uma corrente oculta que permeia todas as cartas de Paulo. (Só em Gálatas ela foi momentaneamente eclipsada pela seriedade da ameaça judaizante.) Em nenhum outro lugar ela explode à superfície mais expressivamente do que em Filipenses. Mesmo na prisão os pensamentos de Paulo se dirigiam para os outros. Em sua contínua lembrança deles, ele dá graças a Deus. O singular meu Deus exibe um relacionamento profundo e íntimo.

MOODY. Comentário Bíblico Moody. pag. 5-6.

  1. Uma oração de gratidão (vv 3-8).

"... todas as vezes que me lembro de vós” (1.3) sugere a importância de valorizarmos a história e as pessoas que fizeram parte dessa história. A falta de memória tem produzido distorções dos nossos valores, e o espírito de gratidão tem se tornado raro em nossos dias. Em seus pensamentos, Paulo lembrava a experiência amarga que tivera juntamente com Silas em Filipos, quando foram arrastados à presença das autoridades e condenados (At 16.19). Foram açoitados publicamente e, com vestes rasgadas e o corpo ferido, foram colocados no cárcere da cidade, com os pés presos em troncos dentro da cadeia. Porém, a recordação maior daquela prisão vivida por Paulo e Silas era o livramento que Deus lhes deu e a conversão do carcereiro, depois do terremoto. O sentimento mais forte na mente e no coração de Paulo era a convicção de que, naquele momento, ele estava preso, mas a Palavra de Deus não estava algemada. Paulo entende ainda que ele, de fato, era prisioneiro de Cristo, e não de César. Podiam colocar algemas no homem Paulo, mas não podiam algemar o evangelho de Cristo. Para o evangelho de Cristo, que é a manifestação da Palavra de Deus, não há limitação geográfica ou física. A Palavra de Deus é poderosa e livre para operar na vida das pessoas. Suas orações não se restringiam às paredes de uma cela, porque elas lhe davam consolo e certeza de estar sendo ouvido. Suas orações lhe proporcionavam alegria de espírito.

'‘...fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas" (1.4). Parece um contrassenso, ou um paradoxo, reunir súplica com alegria, mas isso só é possível quando se tem o Espírito Santo dentro de si. Ele nos habilita a superarmos as tristezas e necessidades produzindo um gozo interior (alegria) que nada no mundo seria capaz de produzir. A igreja de Filipos dava a Paulo alegria pura quando pensava nela.

Que significam essas súplicas? No grego bíblico, a palavra “súplica” é deesis, e é substantivo de deomai, que significa “tornar conhecida uma necessidade específica”. Paulo não faz uma oração qualquer, sem uma intenção precisa. Ele faz um pedido a Deus pela igreja de Filipos. Na verdade, a súplica que Paulo faz em favor da igreja tem um caráter intercessório que se origina na compreensão da necessidade da igreja. Mais tarde, Paulo reforça essa oração quando diz: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória” (4.19). Dos vários tipos de oração, a intercessão toca o coração de Deus.

Paulo faz uma oração de gratidão pela cooperação dos filipenses na disseminação do evangelho (1.5)

“... pela vossa cooperação” (1.5). A palavra cooperação ganha um sentido especial nas orações do apóstolo porque ele ora não só por seus filhos na fé, mas agradece a Deus a cooperação deles na disseminação do evangelho. Essa cooperação referia-se aos donativos enviados pela igreja por intermédio de Epafrodito (2.25). Quando fala de cooperação, está de fato trazendo à tona o carinho e a comunhão dos cristãos de Filipos (At 2.42; 1 Jo 1.3,7). Por essa oração, ele lembra a participação nas lutas pelo evangelho e a contribuição financeira espontânea para sustentar os servos de Deus (Fp 4.15,16; 2 Co 8.1-4; 9.13; Rm 15.26). Enquanto os filipenses cooperavam, os coríntios fechavam a mão (1 Co 9.8-12).

  1. Uma oração de gratidão pela intimidade espiritual dos filipenses com o seu ministério (1.6-8)

“... tendo por certo isto mesmo” (1.6). Na ARA, a expressão é “estou plenamente certo”, indicando que a “boa obra” não é outra coisa que não seja “a salvação recebida”. Paulo não tinha dúvidas quanto à salvação. Ele estava totalmente convicto acerca da salvação e sabia que nada poderia frustrar ou interromper a obra de Deus na vida dos crentes que a receberam (Rm 8.26-39).

“... aquele que em vós começou a boa obra” (1.6). Que “boa obra” era esta? Paulo atribui a “boa obra” a Deus por meio de Jesus Cristo. A “boa obra” não é outra coisa senão aquela que só Deus pode operar. Trata-se de uma obra da qual os crentes participam em termos de pregar o evangelho a outras pessoas. Deus não faz só essa obra, mas requer pessoas que se tornam cooperadoras na sua obra (1 Co 3.9). Porém, Paulo agradecia a Deus pelos filipenses, porque eles participavam da mesma graça do evangelho com o apóstolo (1.7). Era, de fato, a identificação de uma intimidade espiritual que ele gozava na presença de Deus, mesmo estando algemado. Paulo tinha um carinho especial pela igreja de Filipos e demonstra uma forte afeição pelos filipenses como uma prova de amor que deve existir entre o pastor e suas ovelhas (Fp 1.8).

“... aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo” (1.6). A obra de aperfeiçoamento é progressiva, paulatina. Ela vai sendo desenvolvida até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. O que se entende por “até ao Dia de Jesus Cristo”? A expressão: “dia de Jesus Cristo” refere-se ao tempo da volta do Senhor Jesus, que acontecerá em duas fases distintas. A primeira fase é o arrebatamento da Igreja, que acontecerá de modo invisível e será um evento apenas para a igreja sobre as nuvens (1 Ts 4.13-17). A segunda fase da volta de Jesus será visível para a terra e ocorrerá no final da Grande Tribulação, quando Jesus descerá para desfazer o poder da trindade satânica: o anticristo, o falso profeta e o Diabo. Ele irá instalar um novo reino e domínio na terra a partir da Jerusalém terrestre (2 Ts 2.7-9). O termo “dia” no contexto dessa escritura abrange os dois eventos: sua vinda sobre as nuvens e sua vinda com as nuvens. A essência da escritura indica dois aspectos importantes acerca da salvação: a perfeita e a progressiva. A salvação perfeita refere-se à obra perfeita que Jesus realizou no Calvário. Trata-se de uma obra perfeita e completa.

Mas o que Paulo quis enfatizar com a palavra “até” é a dinâmica da salvação progressiva a qual o Senhor vai aperfeiçoando até a sua vinda. A consumação da salvação se dará no Dia de Jesus Cristo. Tudo o que depende de nós é a nossa perseverança na fé até aquele dia.

Nos versículos 7 e 8, o apóstolo Paulo faz um interlúdio na sua carta para afirmar aos filipenses a sua profunda afeição e o respeito por eles pelo fato de participarem da sua vida de modo especial. Quando diz “vos retenho em meu coração” (v. 7), na forma grega pode ser traduzida como “vós me tendes em vosso coração”. No versículo 8, Paulo expressa seu amor e gratidão pelos seus amigos filipenses por participarem dos seus sofrimentos, das suas tristezas e também das suas alegrias.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 26-29.

A Gratidão e Alegria do Apóstolo w. 3-6

O apóstolo prossegue, depois da dedicatória e da bênção, às ações de graças pelos santos em Filipos. Ele anuncia o motivo da sua gratidão a Deus em relação a eles. Observe aqui:

I Paulo lembrava-se deles: ele pensava muito neles; e embora não os pudesse ver e estivesse longe deles, eles não estavam distantes da sua mente; ou: “...todas as vezes que me lembro de vós” - epi pase te mneia, já que ele pensava neles com frequência, falava deles com frequência e deleitava-se em falar deles. O simples fato de mencioná-los trazia alegria ao seu coração; é um prazer ouvir do bem-estar de um amigo ausente.

II Ele lembrava-se deles com alegria. Em Filipos o apóstolo foi maltratado; lá ele foi açoitado e colocado no tronco, e por ora via pouco do fruto do seu trabalho; e mesmo assim ele lembra de Filipos com alegria. Ele entendia que seus sofrimentos por Cristo eram uma honra, consolo e sua coroa, e sentia satisfação toda vez que o lugar onde sofreu era mencionado. Ele não tinha nem mesmo um pouco de vergonha deles, nem aversão ao ouvir falar da cena dos seus sofrimentos. Na verdade, ele lembrava de tudo com alegria.

III Ele lembrava-se deles em oração: “...fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas” (v. 4). A melhor forma de lembrar dos nossos amigos é fazê-lo diante do trono da graça. Paulo orava muito por todos os seus amigos, mas por esses de uma maneira particular. Pelo que tudo indica, por essa maneira de expressão, ele mencionou por nome diante do trono da graça as muitas igrejas pelas quais estava interessado e preocupado de uma maneira especial. Em certos períodos, ele orava de maneira especial pela igreja de Filipos. Deus permite que tenhamos liberdade com Ele, ainda que, para o nosso consolo, saiba quem temos em mente mesmo quando não os mencionamos. Ele agradeceu a Deus cada lembrança alegre deles. Observe: As ações de graças devem fazer parte de cada oração: e, qualquer que seja o motivo de nossa alegria, também deve ser o motivo de nossa gratidão.

Deus deve receber a glória daquilo que traz consolo ao nosso coração. Ele agradeceu a Deus, mas também fez petição com alegria. Da mesma forma que a alegria santa é o coração e a alma do louvor agradecido, assim o louvor agradecido é a língua da alegria santa.

V Tanto em nossas orações quanto em nossas ações de graças, devemos ver Deus como nosso Deus. A gratidão nos anima na oração e expande o coração em louvor, ao ver cada misericórdia vindo da mão de Deus como nosso Deus. “Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós”. Devemos agradecer ao nosso Deus as graças e consolos, os dons e utilidade dos outros, à medida que recebemos o benefício deles e Deus recebe a glória por eles. Mas qual é o motivo dessas ações de graças? 1. Ele agradece a Deus o consolo que tinha neles: “...pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora” (v. 5). Observe: A cooperação do evangelho é uma boa cooperação; e os cristãos mais insignificantes cooperam no evangelho com os maiores apóstolos, porque a salvação do evangelho é uma “...comum salvação” (Jd 3), e eles “...alcançaram fé igualmente preciosa” (2 Pe 1.1). Aqueles que sinceramente recebem e aceitam o evangelho têm comunhão nele desde o primeiro dia: um cristão nascido de novo está interessado em todas as promessas e privilégios do evangelho desde o primeiro dia da sua vida. “...até agora”. Considere isso: E um grande consolo para os ministros quando as pessoas que começam bem continuam e perseveram.

Alguns, por sua cooperação no evangelho, entendem sua liberalidade em propagar o evangelho e não traduzem koinonia por comunhão, mas por comunicação. Mas, comparando essa palavra com as ações de graças de Paulo pelas outras igrejas, parece significar de forma mais geral a comunhão que tinham na fé, na esperança, no amor santo, com todos os cristãos sinceros - uma comunhão (cooperação) nas promessas, ordenanças, privilégios e esperanças do evangelho; e isso “...desde o primeiro dia até agora”. 2. Pela confiança que tinha neles (v. 6): “Tendo por certo isto mesmo...”. Observe: A confiança dos cristãos é o grande consolo deles, e podemos extrair motivos de louvor das nossas esperanças bem como das nossas alegrias; devemos dar graças não somente pelas posses e evidências presentes, mas também elas perspectivas futuras. Paulo fala com muita confiança acerca do bom estado dos outros, estando certo de que se fossem sinceros em relação à caridade e à fé, seriam felizes: “...que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo”. Uma boa obra entre vós - en hymin, assim pode ser lido; entendamos isso, de modo geral, acerca da implantação da igreja entre eles. Aquele que implantou o cristianismo no mundo o preservará enquanto este mundo existir.

Cristo terá uma igreja até que o mistério de Deus seja concluído, e o corpo místico, completado. A igreja é edificada sobre uma rocha, “...e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Mas isso se deve aplicar a pessoas específicas e é uma referência à realização certa da obra da graça onde quer que tenha sido iniciada. Observe aqui:

(1) A obra da graça é uma boa obra, uma obra abençoada; porque nos torna bons e é uma garantia do que é bom para nós. Ela nos torna semelhantes a Deus e nos prepara para o gozo de Deus. Aquilo que nos faz o maior bem certamente pode ser chamado de boa obra.

(2) Sempre que essa boa obra foi começada ela foi começada por Deus: “...aquele que em vós começou a boa obra”. Não poderíamos começá-la por conta própria, porque por natureza estamos “...mortos em ofensas e pecados”: e o que as pessoas mortas podem fazer para reviver; ou como podem começar a agir, antes que estejam vivas novamente, estando mortas agora? E Deus quem vivifica aqueles que estão mortos (Ef 2.1; Cl 2.13).

(3) A obra da graça começou nesta vida, mas não termina aqui. Enquanto estamos neste estado imperfeito ainda precisa ser feita mais alguma coisa.

(4) Se o mesmo Deus que começa a boa obra não se encarrega de levá-la adiante e terminá-la, ela permaneceria para sempre incompleta. Aquele que começou deve concluí-la.

(5) Podemos estar confiantes, ou convencidos, de que Deus não desistirá, mas que terminará e coroará a obra das suas mãos. Porque “...a obra de Deus é perfeita”.

(6) A obra da graça jamais se tornará perfeita até ao Dia de Jesus Cristo, o dia da sua aparição. Quando Ele vier julgar o mundo, e concluir sua mediação, então essa obra será completada e a pedra-angular será suscitada com júbilo.

A Afeição e Esperança do Apóstolo w. 7,8

O apóstolo expressa a afeição ardente e sua preocupação pelo bem-estar espiritual deles: “...vos retenho em meu coração” (v. 7). Ele os amava como a sua própria alma, e eles estavam próximos do seu coração. Ele pensava muito neles e estava preocupado com eles. Observe:

  1. O motivo de retê-los em seu coração: “...pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho”', isto é, eles tinham sido auxiliados por ele e pelo seu ministério; eles foram participantes da graça de Deus que por ele, e por meio de suas mãos, foi comunicada a eles. Isso torna as pessoas preciosas para os seus ministros. Ou: “Vós fostes participantes da minha graça; vós estivestes unidos comigo tanto no fazer quanto no sofrer”. Eles eram participantes da sua aflição por compaixão e preocupação e estavam prontos a ajudá-lo.

Isso ele chama de participantes da sua graça; porque aqueles que sofrem com os santos são e serão consolados por eles; e aqueles que levam sua parte da carga também participarão da recompensa. Ele os amava porque eles participaram das suas prisões e na “...defesa e confirmação do evangelho”: eles estavam tão dispostos a defender o evangelho quanto o apóstolo; por essa razão, ele os retinha em seu coração. Companheiros de infortúnio devem ser amáveis uns com os outros. Aqueles que se arriscam e sofrem pela mesma causa de Deus e do evangelho devem por essa razão amar uns aos outros ternamente: ou, porque vós me retendes no coração - dia to echein me en te kardia humas. Eles manifestaram seu respeito por ele ao apoiarem firmemente a doutrina que ele pregava e estarem prontos a sofrer com ele. 0 sinal mais claro de respeito em relação aos nossos ministros é receber e permanecer na doutrina que pregam.

  1. A evidência de retê-los em seu coração: “Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração”. Assim ficou claro que ele os trazia em seu coração, porque tinha uma boa opinião deles e uma boa esperança em relação a eles. Observe: E bem correto pensar o melhor das pessoas, da melhor forma possível.
  2. Um apelo a Deus concernente à verdade disso (v. 8): “Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho”. Pelo fato de tê-los no coração, ele tinha saudades deles, desejava vê-los, desejava ouvir deles, ou desejava o bem-estar espiritual deles, bem como o crescimento e progresso deles no conhecimento e na graça. Ele se alegrava neles (v. 4), por causa do bem que via e ouvia acerca deles; e, mesmo assim, ele tinha saudades deles, desejando ouvir mais acerca deles; e ele tinha saudades de todos eles, não somente daqueles que eram perspicazes e ricos, mas mesmo dos mais insignificantes e pobres; e ele tinha muitas saudades deles em “...entranhável afeição de Jesus Cristo”, com a mesma preocupação carinhosa que Cristo tem mostrado às almas preciosas. Nisso, Paulo era um seguidor de Cristo, e todos os bons ministros deveriam ter o mesmo objetivo: essa terna compaixão que Jesus Cristo tem para com as pobres almas. Foi por compaixão deles que o Senhor incumbiu-se da sua salvação, dispondo-se a um sacrifício tão incomensurável para alcançá-la. Assim, em conformidade com o exemplo de Cristo, Paulo tinha compaixão deles, e tinha saudades de todos eles, “...em entranhável afeição de Jesus Cristo”. Não deveríamos também compadecer-nos e amar as almas por quem Cristo teve amor e compaixão tão grandes? Para isso, o apóstolo apela a Deus: “...Deus me é testemunha”. Era um sentimento íntimo que ele expressou por eles, da sinceridade da qual somente Deus era testemunha, e, portanto, é a Ele que o apóstolo apela. “Quer vocês o saibam ou estejam conscientes disso ou não, Deus, que conhece o coração, o sabe”.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa.Editora CPAD. pag. 610-612.

1.3 - Na expressão dou graças, o tempo do verbo grego indica que Paulo agradecia continuamente a Deus pelos cristãos filipenses. Sempre que o Senhor os trazia à sua mente, o apóstolo dava graças, por todas as vezes que por se lembrava deles.

1.4 - A alegria, um tema que se destaca em Filipenses, marcava as orações de Paulo pelos cristãos em Filipos, mesmo quando ele intercedia pelas necessidades deles. Essa é a primeira das cinco vezes em que a palavra grega para alegria é usada na carta (v. 25;2.2,29; 4.1). Paulo também emprega o termo grego para regozijo nove vezes nessa epístola (v. 18; 2.17 [duas vezes], 18 [duas vezes], 28;3.1; 4.4 [duas vezes]).

1.5 - Cooperação é um termo usado para caracterizar uma parceria num empreendimento comercial no qual todas as partes têm participação ativa, a fim de assegurar o sucesso do negócio.

Entre os cristãos, o vocábulo expressa intimidade com Cristo (1 Co 1.9) e com outros irmãos na fé (2 Co 8.4; 1 Jo 1.7). Nesse caso, é possível que Paulo esteja usando a palavra cooperação para se referir às contribuições financeiras que os filipenses lhe haviam ofertado desde o primeiro dia até agora (Fp 4.14,15). Desde que se tornaram cristãos, os filipenses se dedicaram continuamente a viver e proclamar a verdade sobre Jesus Cristo, e, em especial, a ajudar Paulo em seu ministério.

1.6 - Em algum momento do passado, Paulo se convenceu de que Deus completaria Sua boa obra entre os filipenses, e sua confiança permaneceu inabalável, o que se verifica na declaração tendo por certo. Quanto à expressão em vós, uma vez que vós é um pronome plural, a boa obra que Deus estava realizando acontecia entre os cristãos, e não em algum cristão isolado. A preposição até expressa avanço em direção a um objetivo e, neste versículo, indica que está chegando o tempo em que Deus terminará plenamente Sua obra entre os cristãos filipenses. O ministério do qual estes participaram continua (como uma corrida de revezamento) até o momento e continuará até a volta de Cristo, o Dia de Jesus Cristo. Paulo se refere a esse advento em outra passagem também como o Dia de Cristo (Fp 2.16). Quando ocorrer esse glorioso retorno, Jesus julgará os não cristãos e avaliará a vida dos que se tornaram Seus seguidores (2 Tm 2.11-13).

1.7 - A palavra justo expressa um sentido de retidão moral (de acordo com a Lei de Deus) e muitas vezes é traduzida dessa forma em todo o Novo Testamento. Neste contexto, indica que os pensamentos de Paulo com relação aos filipenses estavam perfeitamente de acordo com a vontade de Deus.

Na sentença porque vos retenho em meu coração, o termo coração se refere à parte mais profunda de uma pessoa, a sede dos pensamentos e das reflexões. Logo, podemos concluir que Paulo nutria extrema consideração pelos filipenses, principalmente porque estes haviam participado da graça dele, tanto nas prisões quanto na sua defesa e confirmação do evangelho. Uma vez que defesa implica discurso, podemos estar certos de que Paulo não ficou em silêncio enquanto permanecia na prisão, mas falou com ousadia sobre Jesus Cristo. E possível que o apóstolo também estivesse mostrando que testificaria acerca de Cristo em seus processos judiciais.

A palavra confirmação, usada somente nesta passagem e em Hebreus 6.16 no Novo Testamento, é um termo legal e comercial que significa uma garantia válida. Defesa e confirmação são os aspectos negativo e positivo do ministério de Paulo. Ele defendia o evangelho contra os ataques de seus oponentes e confirmava-o por meio de sinais poderosos. Uma vez que ambos são termos legais, o modo como são usados por Paulo pode indicar que ele estivesse antecipando seu iminente julgamento.

1.8 - Deus me é testemunha. Como se tivesse feito um juramento em um tribunal de justiça, Paulo expressou a seriedade e a verdade do que estava para dizer: das saudades que de todos vós tenho.

O apóstolo desejava ardentemente estar com os filipenses; ele ansiava pelo bem-estar espiritual deles. Neste sentido, o termo todos enfatiza que cada um dos cristãos em Filipos (não somente a liderança) era o foco da atenção de Paulo. Quanto à expressão afeição de Jesus Cristo, o significado literal da palavra traduzida como afeição remete aos órgãos internos, considerados pelo leitor do século 1 como a sede dos sentimentos mais profundos. Visto que o coração era o centro da reflexão, Paulo, neste versículo, falou de sua afeição, seus sentimentos entranhados pelos cristãos. Segundo a terminologia moderna, Paulo revelou que tinha o coração de Jesus Cristo. Seus sentimentos pelos filipenses eram como os de Jesus, que os amou e morreu por eles.

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 520-522.

  1. Uma oração de petição (vv 9-11).

O apóstolo sabia o que estava fazendo e por que fazia. Por isso, sua oração não era vazia de sentido e de conteúdo. A expressão que temos na Almeida Revista e Corrigida é “e peço isto”, e na Almeida Revista e Atualizada o texto diz o seguinte: “E também faço esta oração”. Na verdade, Paulo fez orações de ação de graças pelos filipenses, mas revela no versículo 9 o conteúdo de sua petição por eles.

Que aumente mais e mais o amor (1.9). Paulo entendia que a igreja precisava crescer, não apenas em quantidade, mas em qualidade. Ele não via falta de amor. Pelo contrário, Ele ora para que o amor existente aumente ainda mais, porque sabia que o amor estagnado faz com que tudo fique estagnado. O amor vivido na vida dos filipenses precisava ainda mais ser dinamizado. Ele conseguia vislumbrar o amor numa dimensão muito maior, que deve ser demonstrado em ação. O amor é a base de sustentação da obra de Deus. Se faltar o amor, a obra irá padecer e sucumbir. Porém, não basta apenas o amor humano. E necessário que o amor de Deus seja derramado nos corações (Rm 5.5). A habitação do Espírito dentro da vida interior do crente produz “o fruto do Espírito”. Das nove qualidades do fruto do Espírito, o amor aparece em primeiro (G1 5.22).

...”em ciência e conhecimento” (1.9). De que maneira o amor pode crescer? O apóstolo Paulo indica o caminho para o aumento do amor: através do conhecimento e da ciência, que aqui neste contexto refere-se ao “discernimento”. Várias vezes encontramos a palavra “conhecimento” traduzida do grego epignosis, que se entende por conhecimento espiritual, religioso e teológico. Crescer em conhecimento mediante a operação regeneradora do Espírito na vida do pecador, que o torna apto a conhecer a verdade (1 Tm 2.4; 2 Tm 2.25; Hb 10.26). O amor de Deus na vida abre o tesouro do conhecimento na vida do crente e o torna maduro para a salvação (Ef 4.13).

Paulo orava para que o amor transbordasse em conhecimento e compreensão espiritual a vida cristã dos filipenses. Ele orava para que esse amor lhes desse a capacidade de ver com toda a clareza (“ciência”) a diferença entre o certo e o errado, e que não precisassem sofrer a censura de quem quer que seja até ao Dia de Cristo.

A capacidade para discernir as coisas excelentes (1.10). A expressão que aparece na versão Corrigida é “que aproveis”. “Discernir” no grego bíblico é aisthesis traduzido como “percepção”. O termo refere-se a uma capacidade de perceber entre o certo e o errado. Porém, um dos dons do Espírito (1 Co 12.10) é “discernir os espíritos”, que implica uma capacidade espiritual e sobrenatural. Não se trata de apenas obter percepção moral. A palavra “aprovar” descrevia o ato de analisar e provar o valor de um metal ou de uma moeda, para saber se era falsa ou verdadeira. Quando Paulo usa a expressão “coisas excelentes”, referia-se às coisas genuínas, coisas que diferem e fazem distinção entre aquilo que é excelente e verdadeiro e o que é falso e adulterado. A capacidade de saber escolher o que é melhor pode ser uma capacitação do Espírito com “o dom de discernimento espiritual”. Esse dom se manifesta na vida do cristão, dando4he condições de saber julgar sensatamente as coisas.

A graça da sinceridade e da inculpabilidade no dia de Cristo (1.10). Subentende-se que a sinceridade e a inculpabilidade no dia de Cristo resultarão do comportamento que o crente tem em sua vida íntima e na vida pública.

A palavra “sincero” aparece no texto original como eilikrines, que na sua etimologia pode ter dois significados. O prefixo eili, que significa “luz solar” e o sufixo do termo krines ou krinei, com o sentido de julgar. A união desses dois termos para formar a palavra eilikrines significa que, no ato de aprovação, o crente sincero é capaz de suportar e passar pela luz solar que não esconde nada errado ou impróprio. E como movimentar uma peneira à luz do sol para revelar as sujeiras, como a peneira que separa a palha do trigo. Isso fala de pureza, de isenção moral e de contaminação. Os sinceros serão provados e, uma vez aprovados, serão considerados inculpáveis.

Já a palavra “inculpáveis” aparece no grego como aproskopos, cujo sentido é, no sentido negativo, aquilo que não leva ao pecado. Na ARC, a expressão é “sem escândalo”, e dá a ideia de “alguém inofensivo, que não tropeça, que não cai em pecado”. Manter uma vida cristã inofensiva, que não tropeça nem leva outros a tropeçar requer do crente a ajuda do Espírito Santo para que nenhuma falta de ordem moral, física ou espiritual venha afetar ou manchar sua reputação como cristão. Paulo falou em outra ocasião, em Atos 24.16, sobre o “ter uma consciência sem ofensa”. Ora, sabemos que o Dia de Cristo só acontecerá após o arrebatamento da Igreja, quando os salvos comparecerão diante do Tribunal de Cristo (2 Co 5.10) para que suas obras sejam avaliadas e recebam a recompensa. Para chegarmos no Dia de Cristo, precisamos viver uma vida de sinceridade e inculpabilidade. Paulo diz aos tessalonicenses que deveriam conservar uma vida irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Ts 5.23).

O fruto da justiça reproduzido na vida dos filipenses (1.11). Paulo usa a palavra fruto em sentido ético, para falar de colheita de justiça. Os frutos são suas obras más ou boas. E pelos frutos que se conhece a qualidade da árvore. Os bons frutos de uma árvore boa, aprovada por Deus, produzem “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança (G1 5.22). A justiça que vem Deus produz um fruto que se manifesta com perfeição em seu próprio caráter e obra. Na verdade, Paulo desejava que os crentes de Filipos não fossem estéreis, mas cheios de frutos “para a glória e louvor de Deus”.

As circunstâncias adversas no ministério eram amenizadas com a demonstração de amor das igrejas que foram plantadas por Paulo. Nesse sentido, ele tinha razões sobejas para agradecer a Deus por aqueles a quem amava.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 29-32.

A Afeição e Esperança do Apóstolo w. 9-11

Esses versículos contêm as orações que o apóstolo fez por eles. Com frequência, Paulo fazia questão que os amigos soubessem o que ele pedia a Deus em favor deles. Dessa forma, eles saberiam o que deveriam pedir por si mesmos e ser dirigidos em suas próprias orações.

Assim seriam encorajados a crer que receberiam de Deus a graça vivificadora, fortalecedora, eterna e confortadora, que um intercessor tão poderoso quanto Paulo pedia a Deus em favor deles. E alentador saber que nossos amigos oram por nós, aqueles que, assim pensamos com razão, têm a sua porção diante do trono da graça.

O apóstolo também orava por direção na caminhada deles e para que se esforçassem para responder às suas orações por eles; porque dessa forma ficaria claro que Deus as havia respondido. Ao orar dessa forma por eles, Paulo esperava o bem-estar deles. Deveríamos ter o desejo de cumprir nosso dever, para não desapontarmos as expectativas de amigos e ministros que oram por nós.

Ele orou:

  1. Para que eles fossem um povo amoroso: “...que a vossa caridade aumente mais e mais”. Ele fala aqui do amor deles por Deus, uns pelos outros e por todos os homens. O amor é o cumprimento da lei e do evangelho.

Observe: Aqueles que já são dotados de muita graça têm a necessidade de ter cada vez mais, porque ainda continua faltando alguma coisa, e somos imperfeitos em nossas melhores realizações.

  1. Para que eles fossem um povo bem criterioso e sensato: que o amor pudesse aumentar “...em ciência e em todo o conhecimento”.

Não é um amor cego que nos recomendará a Deus, mas um amor fundamentado na ciência e no conhecimento. Devemos amar a Deus por causa da sua excelência e amabilidade infinita, e amar nossos irmãos por causa do que vemos da imagem de Deus neles. Emoções fortes, sem ciência e um conhecimento firme, não nos tornarão completos na vontade de Deus, e, às vezes, fazem mais mal do que bem. Os judeus tinham um zelo por Deus, mas não de acordo com o conhecimento, e eram levados por meio desse zelo à violência e raiva (Rm 10.2; Jo 16.2). 3. Para que eles fossem um povo capaz do correto discernimento. Esse seria o resultado da sua ciência e conhecimento: “Para que aproveis as coisas excelentes” (v. 10); ou, como está na margem: Proveis as coisas que diferem, eis to dokimazein humas ta diapheronta, para que possamos aprovar as coisas que são excelentes ao provarmos e discernirmos sua diferença de outras coisas. Considere isso: As verdades e leis de Cristo são coisas excelentes; é necessário que cada um de nós as aprove e respeite. Apenas devemos prová-las para aprová-las; e elas facilmente se tornarão atraentes a qualquer mente perscrutadora e discernidora.

  1. Fossem um povo honesto e justo: “...para que sejais sinceros”. A sinceridade é a perfeição do nosso evangelho, que deveria nortear nosso comportamento no mundo, que é a glória de todas as nossas virtudes. Quando somos genuínos com Deus naquilo que fazemos e realmente somos o que aparentamos ser, então somos sinceros.
  2. Fossem um povo inofensivo: “...e sem escândalo algum até ao Dia de Cristo”, sem se ofender e muito cuidadoso para não ofender a Deus ou aos irmãos, e, sim, “...andar diante de Deus com toda a boa consciência” (At 23.1); e “...sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens” (At 14.16). E devemos continuar irrepreensíveis até o fim, para que possamos ser apresentados dessa forma no Dia de Cristo. Ele apresentará a igreja “...sem mácula, nem ruga” (Ef 5.27), e apresentará os crentes “...irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória” (Jd 24).
  3. Fossem um povo útil e produtivo (v. 11): “...cheios de frutos de justiça...”. Nosso fruto se acha em Deus, e, portanto, devemos pedi-lo a Ele. Os frutos de justiça são as evidências e resultados da nossa santificação, os deveres da santidade fluindo de um coração renovado, a raiz da acusação em nós (veja Jó 19.28). “...cheios de frutos de justiça”. Observe: Aqueles que fazem muitas coisas boas deveriam continuar se esforçando para fazer ainda mais. Os frutos da justiça, produzidos para a glória de Deus e para a edificação da sua igreja, deveriam realmente nos encher e nos animar completamente. Não temam ser esvaziados ao produzir os frutos da justiça, porque vocês serão cheios com eles. Esses frutos “...são por Jesus Cristo”, pela sua força e graça, porque sem Ele nada podemos fazer. Ele é a raiz da boa oliveira, de onde se tira a fertilidade. Somos fortes “...na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2.1), e “...corroborados com poder pelo seu Espírito” (Ef 3.16), para glória e louvor de Deus. Não devemos desejar a nossa própria glória ao darmos frutos, mas a “...glória e o louvor de Deus”, para que “...em tudo Deus seja glorificado” (1 Pe 4.11), e devemos “...fazer tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). Deus fica honrado quando os cristãos não são bons somente, mas fazem o bem e enriquecem em boas obras (veja 1 Tm 6.18).

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa.Editora CPAD. pag. 12-13.

1.9 - E peço isto. Os versículos 9-11 apresentam o conteúdo da oração de Paulo pelos filipenses. Ele desejava que a fervorosa caridade deles continuasse acesa, mas dentro do esplendor da plena ciência e do conhecimento espiritual. Amor sem ciência é como um rio sem curso. As águas incontroladas são desastrosas, mas eficazes quando controladas. A caridade que Paulo buscava para os cristãos é a forma mais sublime de amor em Cristo, baseada num compromisso duradouro e incondicional, não numa emoção instável.

O vocábulo ciência é o primeiro de dois termos nos quais se edifica uma caridade direcionada. A ciência sugere um entendimento íntimo pautado numa relação com o próximo. Neste caso, o ponto para onde converge essa ciência é Deus. Encontrada no Novo Testamento somente nesta passagem, a palavra grega traduzida como conhecimento significa entendimento moral ou ético fundamentado no intelecto e nos sentidos. O termo indica percepção ou visão de situações sociais.

1.10 - Para que aproveis. O verbo aprovar é usado na literatura antiga em referência ao teste do ouro que determina sua pureza e ao experimento com bois que avalia se eles são úteis para a tarefa prestes a ser feita. A proposta do versículo anterior de aumentar a caridade, controlada pela ciência, tem por objetivo a capacidade de avaliar pessoas e situações de um modo correto.

O termo sinceros, cujo significado literal é julgados pela luz do sol, não significa esforçar-se com honestidade; em vez disso, quer dizer puros, sem mistura, e livres de falsidade. Qualquer mancha em uma roupa ou imperfeição em uma mercadoria poderia ser vista quando o objeto fosse colocado contra a luz do sol. Neste sentido, Cristo morreu para, com Seu sangue, purificar a Igreja de toda mácula (Ef 5.27).

Usando ainda outra expressão explícita para descrever o cristão, sem escândalo, Paulo esclarece o sentido de não escandalizar alguém. Neste versículo, significa os filipenses não induzirem os outros a pecarem por causa da conduta pessoal. Isso é de extrema importância porque o alvo que o cristão tem à sua frente é o Dia de Cristo, no qual ele se colocará diante do Salvador, que é a testemunha fiel e verdadeira (Fp 1.6; 1 Co 1.8; 5.5), para ser avaliado. Essa possibilidade regozijadora, porém séria, deveria motivar-nos a purificar nossa vida (1 Jo 2.28; 3.2,3).

1.11 - Entendemos melhor a expressão frutos de justiça como frutos resultantes de nossa justificação ou frutos caracterizados pela conduta moralmente correta. O termo justiça descreve a fonte ou a natureza dos frutos: o comportamento. Crescer em caridade [amor] e buscar uma vida sábia e pura, que transborde justiça, resultam em glória e louvor de Deus. Assim, a cada dia aumentamos nossa capacidade de agradar ao Senhor e glorificá-lo para sempre.

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 522-523.( FONTE ESTUDAALICAO.BLOGSPOT.COM)