Os apócrifos e os pais da igreja
O TESTEMUNHO DOS PAIS DA IGREJA CONTRA OS APÓCRIFOS
verdade que a igreja Católica aprovou os decretos e “declararam como matéria de fé” a autoridade dos padres e da tradição apostólica em seu favor, porém tal declaração não era verdadeira. Não tinha e nem tem o menor apoio na evidência dos fatos.
Paulo diz-nos que “aos judeus foram confiados os oráculos de Deus” e isto mesmo ele escreveu aos Romanos (Romanos 3.2), como se fosse um aviso profético. Os cristãos primitivos professavam ter recebido dos judeus o código ou cânon do Antigo Testamento.
Nem Cristo nem nenhum dos escritores inspirados do Novo Testamento jamais citou os livros apócrifos; nem sequer a eles se referiram.
Temos diferentes escritores cristãos que nos deixaram listas do cânon sagrado das Escrituras, segundo as respectivas épocas em que viveram. Logo citaremos alguns dos pais mais importantes da Primitiva Igreja Cristã e outros teólogos (todos pertencentes à Igreja de Roma), em cada século sucessivo, os quais não admitiram os “livros apócrifos”, dando-nos desta forma a medida da crença da Igreja em tal assunto nos diferentes séculos. Fácil será a qualquer um cotejar as citações que apresentamos no fim do presente capítulo.
A moderna Igreja de Roma, por conta do celebríssimo Concílio de Trento, (ano 1546), excomungou todos aqueles que rejeitassem os livros dos Macabeus, Eclesiástico, Tobias, Judite, Baruque, Sabedoria e que não os considerassem como fazendo parte do cânon inspirado das Escrituras (1).
Os Pais da Igreja que rejeitaram os apócrifos
Os livros apócrifos foram banidos do cânon sagrado, quer explicitamente, quer de uma maneira indireta, ao darem uma lista que os excluía, por (2):
Militão, bispo de Sardis, no segundo século.
Orígenes, no terceiro século.
No quarto século, baniram-nos igualmente os “santos” Atanásio, Hilário, Cirilo de Jerusalém, Cipriano, Gregório Nazianzeno e Eusébio, bispo de Cesaréia, Anfilóquio e os bispos reunidos no Concilio de Laodicéia (3), o qual foi confirmado por um decreto do Concilio Geral em Trulo (Can.2), e que, portanto, é obrigatório para a Igreja de Roma (4).
No quinto século: São Jerônimo e Epifánio.
No sexto: Junílio, bispo africano, e alguns mencionam também Isidoro, bispo de Sevilha.
No sétimo: Temos nada menos que a autoridade do próprio Papa Gregório, o Grande. A mesma edição Vaticana (5) das obras de Gregório prova que ele não admitia os livros “apócrifos”.
No oitavo: João Damasceno, fundador da teologia escolástica entre os gregos, e Alcuíno, abade de São Martinho de Tours, na França.
No nono: Nicéforo, patriarca de Constantinopla, e a “Glosa Ordinária”, começada por Alcuíno, ou por Estrebão, e concluída por vários escritores.
No décimo: O monge Flaviacense e Élfrio, abade de Malmesbury.No décimo primeiro: Pedro, abade de Clugni.O décimo segundo: Hugo de São Vítor, Ricardo de São Vítor, Roberto, abade de Duits e autor da “Glosa” sobre Graciano e da versão inglesa da Bíblia que existe na biblioteca da Universidade de Oxford.No décimo terceiro: O cardeal Hugo e São Boaventura.No décimo quarto: Ricardo Fitz Ralph, arcebispo de Armagh e primaz da Irlanda, Nicolau Lira e ViclefNo décimo quinto: Tomás Valdense e Dionísio Cartusiano.No décimo sexto: Temos o famoso cardeal Caetano. Este ilustre prelado da Igreja Romana escreveu um comentário sobre os livros históricos do Antigo Testamento, oferecido ao Papa Clemente VIII. Este livro foi publicado só doze anos antes de reunido o Concílio de Trento. Na dedicatória, o cardeal faz sua a regra de São Jerônimo, relativa à clara distinção que este faz entre os livros canônicos propriamente ditos e os “apócrifos”. Eis as suas palavras:
“Bem-aventurado padre: A Igreja Latina Universal deve muitíssimo a São Jerônimo, não só por causa de suas notas sobre as Escrituras, como também porque fazia distinção entre os livros canônicos e os não canônicos, por cujo motivo nos pôs a salvo da acusação dos judeus que, de outra maneira, poderiam dizer que nós havíamos forjado livros ou parte de livros pertencentes ao antigo cânon, os quais eles nunca haviam recebido” (6).
Jerônimo (ano 418) claramente aderiu à lista dos livros que formavam o cânon judaico e expressamente rejeitou os livros “apócrifos” (7), e o mesmo fez o cardeal Belarmino (8).
E este prelado, um dos controversistas mais ilustres que a Igreja tem produzido, o que diz a estas autoridades?
Os fatos são demasiadamente notórios para poderem ser negados e, por isso, Belarmino aceita-os. Mas por modo indigno e torpe; “confessa e ilude a dificuldade”, como dizem os advogados. Não foi pecado, diz ele, nem heresia, Santo Agostinho, São Jerônimo e São Gregório rejeitarem estes livros, é por isso mesmo que nenhum Concílio Geral até aos dias em que viveram havia definido alguma coisa a este respeito (9). É provável que esta seja a razão mais concludente que se possa aduzir, porém não serve e nem pode servir de apoio à doutrina de Trento.
Temos citado em cada século, por sua ordem, alguns dos principais escritores, todos os quais (à exceção de Wicliffe) são reconhecidos pela Igreja de Roma como membros da sua comunhão que rejeitaram os livros apócrifos.Tiramos, portanto, as seguintes conclusões:
1º) Que até abril de 1546 os “livros apócrifos” não faziam parte do cânon da Escritura admitido pela Igreja Romana;
2º) Que fizeram parte do cânon só daquela data em diante;
3º) Que o Concílio de Trento inventou este novo código e que os romanistas, quando sustentam e afirmam que os “livros apócrifos” fazem parte do cânon sagrado da Escritura, apresentam um sistema novo e ensinam uma doutrina nova.
Os nossos leitores podem agora perguntar e, com razão: Teriam os padres de Trento alguma autoridade em que apoiassem o seu decreto?
Agora, resta-nos examinar as razões alegadas, visto este assunto ser altamente importante.
Referências às edições dos pais da Igreja mencionadas neste capítulo:
Militão – Ano 177. rejeita todos os livros apócrifos. Epis. Ad Omnes, apud Euseb., Ecles. IV, Cap. 26; Cantab. 1700; l3elarm, de Verbo Dei. Lih. 1, cap. XX, pg. 38, sec. 13, Praga, 1721.
Orígenes – Ano 200, rejeita, igualmente, os livros apócrifos. Expos. Primi. Psalrn. Ap. Euseb. 1-list. Eccles, lib. VI, cap. XXV, Edit. Reading., (iantab., 1 720.
Cipriano – Ano 250, ou Rufino, rejeita também os livros apócrifos. Bell de Verb. Dei., lib. Cap. XX, pg. 38, tom. 1, Praga, 1721.
Atanásio – Ano 340, rejeita os mesmos, à exceção de Baruque. Epist. In Alex. Aristeni, Epp. Sinopsi, Pandectas de Beveridge, II, Oxford, 1672. Atanas., Op. ln Sinops., tom. II, pg. 39, Paris, 1627.
Hilário – Ano 350, rejeita pela mesma forma todos os livros. Protege. In lib. Psalmo. Sect. 15, pg. 145, Wirceburg, 1785. Belarm. lib. 2, cap. 1, sect. 15, tom. II, Praga, 1721.
irilo de Jerusalém – Ano 370, nomeia apenas 22 e rejeita os livros apócrifos, porém, supõe-se que no número deles conta Baruque e as Epístolas de Jeremias. Catech. IV, sect. 20, Oxon., 1703.
Gregório Nazianzeno – Ano 370, rejeita todos os livros apócrifos. Ex ejus poematibus, pg. 194, tom. II, Paris, 1630.
Eusébio – Ano 315, rejeita também os mesmos livros. 1Iist. Eccles., Lib. IV, cap. 26, lib. VI, cap. 25, Cantab., 1700.
Concílio de Laodicéia – Ano 367, Can. LX, Labb. et Coss., tom. 1, coluna 1507, rejeita igualmente os livros apócrifos, Paris, 1671.
Anfilóquio – Ano 370, rejeita-os todos. Ex Jambis ad Selencum, Pandect. de Beveridge II, pg. 179, Oxford, 1672.
Epifânio – Ano 390, exclui-os todos. De Mens. et Ponder., tom. 11, pg. 161,Colon., 1682.
Jerônimo – Ano 392, igualmente os rejeita. Symbolum Ruffini,tom. IV,pg. 143; Proef in Prov. Salom., tom. 111,8. Proef inieremiam;ibid 9 in Daniel, in lib. Regum Basil 1525. Betl. de Verbo Dei, lib. 1,cap. 10, sct. XX, pg. 20, tom. 1, Praga, 1721.
Concílio de Calcedônia – Ano 451, confirma os cânones do Concílio de Laodicéia; Art. 15, de can. 1, Labb. Conc. IV, Paris, 1671.
Agostinho – Ano 420, exclui do sagrado cânon todos os livros apócrifos. De Mirah. Sac. Scrip., lib. 2. cap. 34;De Civit. Dei. tib. 18, cap. 36. Paris, 1686.
Junílio – Ano 545, exclui Judite, Sabedoria Macabeus. de Part. Divinae Leges, lib. 1. cap. 3, Veneza. 1765.
Gregório 1- Ano 601, aceita a lista de Jerônimo. Greg. Mor., lib. 19 sobre o cap. 39 de Tob., Edit. Bened., 1705.
Damasceno – Ano 787, rejeita todos os livros apócrifos. Orth. Fid., lib. IV, cap. 18, pg. 153, Basil., 1 539~ Cano Lug. Theol., lib. 2. cap. X, Col., 1605.
Alcumo – Ano 800, exclui igualmente os mesmos livros. Niceph. Patr. C. P. Canon. Script. in Qperibus Pithei, citado por H. Lynd, Via Deviasec, 5. pg. 159, Edit., 1850, Londres.
NOTA: Quanto às referências que aqui deixamos com data mais recente e que servem apenas para manifestar uma série não interrompida de valiosos testemunhos, o leitor pode recorrer à Via Devia de Lynd, sect. 5, Londres, 1850, e Port. Evidenc. de Birkbeck, Londres, 1849.
(1) Concil. Trid., Sex. IV.
(2) Alguns dos autores (poucos) que aqui se citam insereni na sua lista a Raruque, porém estas exceções se encontrarão na lista das edições que vai no fim do capítulo.
(3) Será conveniente notar-se aqui que, pelo que respeita ao Concílio de Laodicéia, os livros de Baruque, as Lamentações e as Epístolas estão inseridos em alguns exemplares (Labb. Et Cos., tom. 1. pg. 1507-8. Paris, 1671). Encontram-se na versão dc Gentiano Flervet, porém não fazem menção deles os exemplares latinos de data anterior. Nem Aristeno, nem Carranza os têm em suas obras.
(4) O terceiro Concílio de Cartago (ano 397, Can. 47) admite alguns dos livros, porém omite Baruque e os dois livros dos Macabeus, isto é, nenhum exemplar os admite, embora Dionisio Exíguo faça deles menção em sua coleção (Labb. EtCoss. Com., tom. II, Col.. 1177, Paris, 1671).
(5) Roma, 1608, Ex. Tipog. Vatican.. tom. III, pg. 899.
(6) Caetano Lpis. Dedic. Ad. P. Clem. VII ante Com. In lib. llist. V.T., Paris, 1546.
(7) Hier. Epis. Ad Paulinum, Opera. Edt. Bem.. 1693, tom. IV. Col. 571-4, e Praefat. ln Libros Salom., tom. 1. pg. 938, 939.
(8) De Verbo Dei lib. 1, c. X, sec. XX, tom. 1. pg. 20. Edmt. l~raga, 1721.
(9) DeVerboDei,lib.l,c.X,SCc.Vlll.pg. 18.
Fonte: extraído da obra: “Inovações do Romanismo” – Carlos Rastings Collete, ed. Edições Cristãs.
Argumentos a favor dos Apócrifos
1 – Os apócrifos consta nas versões mais antigas
O primeiro argumento em favor dos Apócrifos é que as versões mais antigas os incluíam. Isto, porém, é verdade apenas em parte. Certamente os Targuns aramaicos não os reconheceram. Nem sequer o Peshita siriaco na sua forma mais antiga continha um único livro apócrifo; foi apenas posteriormente que alguns deles foram acrescentados. Acabamos de ver que Jerônimo, o grande tradutor das Escrituras para o latim, não deu reconhecimento aos Apócrifos como tendo igual autoridade com os livros do Cânone Hebraico. Uma investigação mais cuidadosa desta reivindicação reduz a autoridade sobre a qual os Apócrifos se alicerçam a apenas uma versão antiga, a Septuaginta, e àquelas traduções posteriores (tais como a Itala, a Cóptica, a Etiópica, e a Siríaca posterior) que foram dela derivadas. Mesmo no caso da Septuaginta, os livros Apócrifos mantêm uma existência um pouco incerta. O Códice Vaticano (“B”) não tem 1 e 2 Macabeus (canônicos segundo Roma), mas inclui 1 Esdras (não-canônico segundo Roma). O Códice Si-. naítico (“Aief”) omite Baruque (canônico segundo Roma), mas inclui 4 Macabeus (não-canônico segundo Roma). O Códice Alexandrino (“A”) contém três livros apócrifos “não-canônicos”: 1 Esdras e 3 e 4 Macabeus. Então acontece que até os três mais antigos mss. da LXX demonstram considerável falta de certeza quanto aos livros que compõem a lista dos Apócrifos, e que os quatorze aceitáveis à Igreja Romana não são de modo algum substanciados pelo testemunho dos grandes unciais do quarto e do quinto séculos.
2 – Os apócrifos na LXX prova que havia um segundo cânon mais extenso
Protagonistas dos Apócrifos argumentam que a presença dos livros Apócrifos na LXX indica a existência do assim-chamado “Cânone-Alexandrino”, que incluía estes quatorze livros adicionais. Mas não é de modo nenhum certo que todos os livros na LXX foram considerados canônicos, mesmo pelos próprios judeus de Alexandria. Bem decisiva contra isto é a evidência de Filon de Alexandria (que viveu no primeiro século d.C). Apesar de ter citado freqüentemente os livros canônicos do “Cânone Palestiniano”, não faz uma citação sequer dos livros Apócrifos. Isto é impossível reconciliar com a teoria de um “Cânone Alexandrino” maior, a não ser que porventura alguns judeus de Alexandria não tivessem recebido este “Cânone Alexandrino” enquanto outros o reconheciam.
Em segundo lugar, relata-se de fontes fidedignas que a Versão Grega de Aquila foi aceita pelos judeus alexandrinos no segundo século d.C., apesar de não conter os livros Apócrifos. A dedução razoável desta evidência seria que (conforme o próprio Jerônimo esclareceu) os judeus de Alexandria resolveram incluir na sua edição do Antigo Testamento tanto os livros que reconheciam como sendo canônicos, como também os livros que eram “eclesiásticos” – i.é., foram reconhecidos como sendo valiosos e edificantes, sem, porém ser infalíveis.
Apoio adicional para esta suposição (que livros subcanônlcos possam ter sido conservados e utilizados juntamente com os canônicos) foi recentemente descoberto nos achados da Caverna 4 de Cunrã. Ali, no coração da Palestina, onde seguramente o “Cânone Palestiniano” deve ter sido autoritativo, pelo menos dois livros Apócrifos se fazem representar – Eclesiástico e Tobias. Um fragmento de Tobias aparece num pedacinho de papiro, outro em couro; há também um fragmento em hebraico, escrito em couro. Vários fragmentos de Eclesiástico foram descobertos ali, e pelo menos na pequena quantidade representada, concordam bem exatamente com mss de Eclesiástico do século onze, descobertos na Genizá de Cairo na década de 1890 (cf. Burrows, MLDSS 177, 178). Quanto a isto, a Quarta Caverna de Cunrã também conservou obras pseudoepigráficas tais como o Testamento de Levi, em aramaico, o mesmo em hebraico, e o livro de Enoque (fragmentos de dez mss. diferentes!). Decerto, ninguém poderia argumentar com seriedade que os sectários tão estreitos de Cunrã consideravam como canônicas todas estas obras apócrifas e pseudoepigráficas só por causa de terem conservado cópias delas.3 – O Novo Testamento cita os apócrifos
Apela-se freqüentemente ao fato que o Novo Testamento usualmente emprega a tradução da LXX ao citar o Antigo Testamento. Portanto, já que a LXX continha os Apócrifos, decerto os Apóstolos do Novo Testamento reconheciam a autoridade da LXX inteira conforme então se constituía. Além disto, argumentam, é um fato que ocasionalmente apela-se a obras fora do “Cânone Palestiniano”. Wildeboer e Torrey colecionaram todas as instâncias possíveis de tais citações ou alusões a obras apócrifas, incluindo-se várias que apenas são hipotéticas.
Mas toda esta linha de argumentos é realmente irrelevante para a questão em pauta, sendo que nem se alega que qualquer uma destas fontes seja proveniente dos Apócrifos Romanos. Na maioria dos casos as obras que supostamente foram citadas desapareceram há multo tempo – obras tais como o Apocalipse de Elias e a Assunção de Molsés (da qual sobrou um fragmento latino). Só num único caso, a citação de Enoque 1:9 em Judas 14-16, é que a. fonte citada sobreviveu. Há citações de autores gregos pagãos, também no Novo Testamento. Em Atos 17:28, Paulo cita de Arato, Phaenomena, linha 5; em 1 Corlntios 15:33, cita da comédia de Menander, Thais. Certamente ninguém poderia supor que citações tais como estas estabelecem a canonicldade ou de Arato ou de Menander. Pelo contrário, o testemunho do Novo Testamento é multo decisivo contra a canonicidade dos quatorze livros Apócrifos. Virtualmente todos os livros do Antigo Testamento são citados como sendo divinamente autorizados, ou pelo menos há alusão a eles como tais. Embora acabe de ser esclarecido que a mera citação não estabelece necessariamente a canonicidade, é inconcebível que os autores do Novo Testamento pudessem ter considerado como canônicos os quatorze livros dos Apócrifos Romanos, sem ter feito uso deles em citações ou alusões.
4 – Os pais da igreja citam os apócrifos
Outro argumento principal em favor dos Apócrifos é que os Pais Eclesiásticos citam estes livros como sendo autoritativos. Será mais correto dizer que alguns dos escritores cristãos antigos parecem fazer isto, enquanto outros tomam uma posição destacadamente contra sua canonicidade. Entre os a favor estão os escritores de 1 Clemente e a Epístola de Barnabé, e mais notavelmente, o contemporâneo mais jovem de Jerônimo, Agostinho de Hipona. Porém esta defesa deve ser qualificada como sendo apenas aparente ou presumida, pois já vimos como Judas pôde citar Enoque como registrando uma narrativa verdadeira dum episódio único sem necessariamente endossar o livro inteiro de Enoque como sendo canônico. Quanto a Agostinho, sua atitude era um pouco não crítica, e inconsistente. De um lado, lançou sua influência no Concilio de Cartago (397) em favor de incluir os quatorze como sendo canônicos; de outro lado, quando um antagonista apelou para uma passagem de 2 Macabeus para encerrar um argumento, Agostinho respondeu que sua causa era deveras fraca se tivesse que recorrer a um livro que não era da mesma categoria daqueles que eram recebidos e aceitos pelos judeus
Por que rejeitamos os Apócrifos?
Na Constituição Dogmática sobre Revelação Divina, o Concílio Vaticano II, no capítulo sobre Escritura Sagrada na Vida da Igreja, declarou que “Ela (a igreja) sempre considerou as Escrituras junto com a tradição sagrada como a regra suprema de fé, e sempre as considerará assim”
Da declaração anterior, nós, os cristãos evangélicos, rejeitamos, desde logo, a tradição sagrada como regra de fé. Ficamos, pois, em terreno comum com os católicos romanos no que diz respeito às Escrituras. No entanto, nisto também existe uma diferença de suma importância. Isto tem relação com os livros do cânon do Velho Testamento. No livro Consultas dei Clero, parágrafo 207, se transcreve assim o decreto emitido pelo Concilio de Trento sobre as Sagradas Escrituras:
“Se alguém não receber como sagrados e canônicos estes livros inteiros, com todas as suas partes, tal como se encontram na Antiga Versão Vulgata, seja anátema.” Seguindo a mesma posição doutrinária, o Concilio Vaticano II, no capítulo sobre “A inspiração Divina e a Interpretação da Escritura Sagrada”, se pronunciou da seguinte maneira: “Aquelas realidades divinamente reveladas, contidas e apresentadas na Escritura Sagrada, foram reduzidas à escritura sob a inspiração do Espírito Santo. A Santa Madre Igreja, descansando sobre a crença dos apóstolos, sustenta que os livros, tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, com todas as suas partes, são sagrados e canônicos, porque, havendo sido escritos sob a inspiração do Espírito Santo, têm a Deus como seu autor e foram transmitidos Como tais à igreja mesma.”
Mas, quando a Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento, ela inclui uma série de livros que os protestantes chamam de “Apócrifos” mas os católicos de “Deuterocanônicos”, os quais não aparecem nas versões evangélicas e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que na opinião popular dos católicos existem duas Bíblias: uma católica e a outra protestante. Mas semelhante asseveração não é certa. Só existe uma Bíblia, uma Palavra (escrita) de Deus. Em suas línguas originais (o hebraico e o grego), a Bíblia é uma só e igual para todos. O que nem sempre é igual são as versões ou traduções dela aos diferentes idiomas. Neste estudo iremos mostrar porque nós, cristãos evangélicos, não aceitamos os chamados, “Livros Apócrifos”, e conseqüentemente rejeitamos com provas sobejas, as alegações romanistas de que tais livros possuem canonicidade e inspiração divina.
APÓCRIFOS: O QUE SIGNIFICA?
Na realidade, os sentidos da palavra “apocrypha” refletem o problema que se manifesta nas duas concepções de sua canonicidade. No grego clássico, a palavra apocrypha significava “oculto” ou “difícil de entender”. Posteriormente, tomou o sentido de “esotérico” ou algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como “pseudepígrafos”. Desde a era da Reforma, essa palavra tem sido usada para denotar os escritos judaicos não-canônicos originários do período intertestamentário. A questão diante de nós é a seguinte: verificar se os livros eram escondidos a fim de ser preservados, porque sua mensagem era profunda e espiritual ou porque eram espúrios e de confiabilidade duvidosa.
Natureza e número dos apócrifos do Antigo Testamento
Há quinze livros chamados apócrifos (catorze se a Epístola de Jeremias se unir a Baruque, como ocorre nas versões católicas de Douai). Com exceção de 2 Esdras, esses livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias e Mateus e compreendem especificamente dois ou três séculos antes de Cristo.
Significado da palavra CÂNON e CANÔNICO
CÂNON – (de origem semítica, na língua hebraica “qãneh” em Ez 40.3; e no grego: “kanón” em Gl 6.16″), tem sido traduzido em nossas versões em português como, “regra”, “norma”.
Significado literal: vara ou instrumento de medir.
Significado figurado: Regra ou critérios que comprovam a autenticidade e inspiração dos livros bíblicos; Lista dos Escritos Sagrados; Sinônimo de ESCRITURAS – como a regra de fé e ação investida de autoridade divina.
Outros significados: Credo formulado (a doutrina da Igreja em Geral); Regras eclesiásticas (lista ou série de procedimentos)
CANÔNICO – Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e evangélica.
Significado da palavra PSEUDOEPÍGRAFO – Literalmente significa “escritos falsos” – Os apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim não canônicos, embora, também contenham ensinos errados ou hereges.
DIFERENÇAS ENTRE AS BÍBLIAS HEBRAICAS, PROTESTANTES E CATÓLICAS.
Diferenças Básicas:
Bíblia Protestante -
LIVRO APÓCRIFO DA SEPTUAGINTA
8 Baruque
1 3 Esdras 9 A Carta de Jeremias
2 4 Esdras 10 Os acréscimos de Daniel
3 Oração de Azarias 11 A Oração de Manassés
4 Tobias 12 1 Macabeus
5 Adições a Ester 13 2 Macabeus
6 A Sabedoria de Salomão 14 Judite
7 Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho de Siraque)
COMO OS APÓCRIFOS FORAM APROVADOS
A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546 como meio de combater a Reforma protestante. Nessa época os protestantes combatiam violentamente as doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, etc. Os romanistas viam nos apócrifos base para tais doutrinas, e apelaram para eles aprovando-os como canônicos.
Houve prós e contras dentro dessa própria igreja, como também depois. Nesse tempo os jesuítas exerciam muita influência no clero. Os debates sobre os apócrifos motivaram ataques dos dominicanos contra os franciscanos. O biblista católico John L. Mackenzie em seu "Dicionário Bíblico" sob o verbete, Cânone, comenta que no Concílio de Trento houve várias "controvérsias notadamente candentes" sobre a aprovação dos apócrifos. Mas o cardeal Pallavacini, em sua "História Eclesiástica" declara mais nitidamente que em pleno Concílio, 40 bispos dos 49 presentes travaram luta corporal, agarrado às barbas e batinas uns dos outros... Foi nesse ambiente "ESPIRITUAL", que os apócrifos foram aprovados. A primeira edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII.
Os Reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos, colocando-os entre o Antigo e Novo Testamentos, não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de valor literário histórico. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa King James (Versão do Rei Tiago) de 1611 ainda os trouxe. Porém, após 1629 as igrejas reformadas excluíram totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e, "induziram a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros em suas edições." Melhor assim, tendo em vista evitar confusão entre o povo simples, que nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo e também pelo fato do que aconteceu com a Vulgata! Melhor editá-los separadamente.
PORQUE REJEITAMOS OS APÓCRIFOS
Há várias razões porque os protestantes rejeitam os Apócrifos. Eis algumas delas:
Depois de aproximadamente 435 a.C não houve mais acréscimos ao cânon do Antigo Testamento. A história do povo judeu foi registrada em outros escritos, tais como os livros dos Macabeus, mas eles não foram considerados dignos de inclusão na coleção das palavras de Deus que vinham dos anos anteriores.
Quando nos voltamos para a literatura judaica fora do Antigo Testamento percebemos que a crença de que haviam cessado as palavras divinamente autorizadas da parte de Deus é atestada de modo claro em várias vertentes da literatura extrabíblica.
"Demoliram-no, pois, e depuseram as pedras sobre o monte da Morada conveniente, à espera de que viesse algum profeta e se pronunciasse a respeito" (l Mac 4.45-46). Aparentemente, eles não conheciam ninguém que poderia falar com a autoridade de Deus como os profetas do Antigo Testamento haviam feito. A lembrança de um profeta credenciado no meio do povo pertencia ao passado distante, pois o autor podia falar de um grande sofrimento, "qual não tinha havido desde o dia em que não mais aparecera um profeta no meio deles" (l Mac 9.27; 14.41).
dias foi escrita uma história completa, mas não foi julgada digna de crédito igual ao dos registros mais antigos, devido à falta de sucessão exata dos profetas" (Contra Apião 1:41) Essa declaração do maior historiador judeu do primeiro século cristão mostra que os escritos que agora fazem parte dos "apócrifos", mas que ele (e muitos dos seus contemporâneos) não os consideravam dignos "de crédito igual" ao das obras agora conhecida por nós como Escrituras do Antigo Testamento. Segundo o ponto de vista de Josefo, nenhuma "palavra de Deus" foi acrescentada às Escrituras após cerca de 435 a.c.
declaração de que o Espírito Santo (em sua função de inspirador de profecias) havia se afastado de Israel "Após a morte dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo afastou-se de Israel, mas eles ainda se beneficiavam do bath qôl" (Talmude Babilônico, Yomah 9b repetido em Sota 48b, Sanhedrín 11 a, e Midrash Rabbah sobre o Cântico dos Cânticos, 8.9.3).· A comunidade de Qumran: (seita judaica que nos legou os Manuscritos do Mar Morto) também esperava um profeta cujas palavras teriam autoridade para substituir qualquer regulamento existente (veja 1QS 9.11), e outras declarações semelhantes são encontradas em outros trechos da literatura judaica antiga (veja 2Baruc 85.3 Oração de Azarias 15). Assim, escritos posteriores a cerca de 435 a.C. em geral não eram aceitos pelo povo judeu como obras dotadas de autoridade igual à do restante das Escrituras.
Jesus e os judeus sobre a extensão do cânon. Ao que parece,Jesus e seus discípulos de um lado e os líderes judeus ou o povo judeu, de outro, estavam plenamente de acordo em que acréscimos ao cânon do Antigo Testamento tinham cessado após os dias De Esdras, Neemias, Ester, Ageu, Zacarias e Malaquias. Esse fato é confirmado pelas citações do Antigo Testamento feitas por Jesus e pelos autores do Novo Testamento. Segundo uma contagem,Jesus e os autores do Novo Testamento citam mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer citam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivessem autoridade divina. A ausência completa de referência à outra literatura como palavra autorizada por Deus e as referências muito freqüentes a centenas de passagens no Antigo Testamento como dotadas de autoridade divina confirmam com grande força o fato de que os autores do Novo Testamento concordavam em que o cânon estabelecido do Antigo Testamento, nada mais nada menos, devia ser aceito como a verdadeira palavra de Deus.
A conquista da Palestina por Alexandre, o Grande, ocasionou uma nova dispersão dos judeus por todo o império greco-macedônico. Pelo ano 300 antes de Cristo, a colônia de judeus na cidade de Alexandria, Egito, era numerosa, forte e fluente. Morrendo Alexandre, seu domínio dividiu-se em quatro remos, ficando o Egito sob a dinastia dos Ptolomeus. O segundo deles, Ptolomeu Filadelfo, foi grande amante das letras e preocupou-se com enriquecer a famosa biblioteca que seu pai havia fundado. Com este objetivo, muitos livros foram traduzidos para o grego. Naturalmente, as Escrituras Sagradas do povo hebreu foram levadas em conta, apreciando-se também a grande importância que teria a tradução da Bíblia de seus antepassados da Palestina para os judeus cuja língua vernácula era o grego.
Segundo um relato de Josefo, Sumo Sacerdote de Jerusalém Eleazar enviou, a pedido de Ptolomeu Filadelfo, uma embaixada de 72 tradutores a Alexandria, com um valioso manuscrito do Velho Testamento, do qual traduziram o Pentateuco. A tradução continuou depois, não se completando senão no ano 150 antes de Cristo.
Esta tradução, que se conhece com o nome de Septuaginta ou Versão dos Setenta (por terem sido 70, em número redondo, seus tradutores), foi aceita pelo Sinédrio judaico de Alexandria; mas, não havendo tanto zelo ali como na Palestina e devido às tendências helenistas contemporâneas, os tradutores alexandrinos fizeram adições e alterações e, finalmente, sete dos Livros Apócrifos foram acrescentados ao texto grego como Apêndice do Velho Testamento. Os estudiosos acham que foram unidos à Bíblia, por serem guardados juntamente com os rolos de livros canônicos, e quando foram iniciados os Códices, isto é , a escrituração da Bíblia inteira em um só volume, alguns escribas copiaram certos rolos apócrifos juntamente com os rolos canônicos.
Todos estes livros, com exceção de Judite, Eclesiástico, Baruque e 1 Macabeus, estavam escritos em grego, e a maioria deles foi escrita muitíssimos anos depois de o profeta Malaquias, o último dos profetas da Dispensação antiga, escrever o livro que leva o seu nome. O que se pode concluir daí é que, quando a Septuaginta era copiada, alguns livros não canônicos para os judeus eram também copiados. Isso também poderia ter ocorrido por ignorância quanto aos livros verdadeiramente canônicos. Pessoas não afeiçoadas ao judaísmo ou mesmo desinteressadas em distinguir livros canônicos dos não canônicos tinham por igual valor todos os livros, fossem eles originalmente recebidos como sagrados pelos judeus ou não. Mesmo aqueles que não tinham os demais livros judaicos como canônicos certamente também copiavam estes livros, não por considerá-los sagrados, mas apenas para serem lidos. Por que não copiar livros tão antigos e interessantes? Estes livros, entretanto, têm a importância de refletir o estado do povo judeu e o caráter de sua vida intelectual e religiosa durante as várias épocas que representam, particularmente, a do período chamado intertestamentário (entre Malaquias e João Batista, de 400 anos); é, talvez, por estas razões que os tradutores os juntaram ao texto grego da Bíblia, mas os judeus da Palestina nunca os aceitaram no cânon de seus livros sagrados.
TESTEMUNHAS CONTRA OS APÓCRIFOS
Traremos agora o depoimento de várias personagens históricas que depõe contra a lista canônica "Alexandrina", como consta na Septuaginta, Vulgata e em todas as versões das Bíblias católicas existentes. Pelo peso de autoridade que representam esses vultos, são provas mais do que suficientes e esmagadoras contra a inclusão dos Apócrifos no Cânon bíblico.
Vejamos:
JOSEFO: A referência mais antiga ao cânon hebraico é do historiador judeu Josefo (37-95 AC). Em Contra Apionem ele escreve: "Não temos dezenas de milhares de livros, em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois, contendo o registro de toda a história, os quais, conforme se crê, com justiça, são divinos." Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés, aos treze livros dos profetas, e aos demais escritos (os quais "incluem hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas"), ele continua afirmando:
"Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja"
Josefo é suficientemente claro. Como historiador judeu, ele é fonte fidedigna. Eram apenas vinte e dois os livros do cânon hebraico agrupados nas três divisões do cânon massorético. E desde a época de Malaquias (Artaxerxes, 464-424) até a sua época nada se lhe havia sido acrescentado. Outros livros foram escritos, mas não eram considerados canônicos, com a autoridade divina dos vinte e dois livros mencionados.
ORÍGENES: No terceiro século d.C, Orígenes (que morreu em 254) deixou um catálogo de vinte e dois livros do Antigo Testamento que foi preservado na História Eclesiástica de Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de vinte e dois livros de Josefo (e do Texto Massorético) inclusive Ester, mas nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz explicitamente que os livros de Macabeus estão "fora desses [livros canônicos]”
TERTULIANO: Aproximadamente contemporâneo de Orígenes era Tertuliano.
(160-250 dc) o primeiro dos País Latinos cujas obras ainda existem. Declara que os livros canônicos são vinte e quatro.
HILÁRIO: Hilário de Poitiers (305-366) os menciona como sendo vinte e dois.
ATANÁSIO: De modo semelhante, em 367 d.C., o grande líder da igreja, Atanásio, bispo de Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e alistou todos os livros do nosso atual cânon do Novo Testamento e do Antigo Testamento, exceto Éster. Mencionou também alguns livros dos apócrifos, tais como a Sabedoria de Salomão, a Sabedoria de Sirac, Judite e Tobias, e disse que esses “não são na realidade incluídos no cânon, mas indicados pelos Pais para serem lidos por aqueles que recentemente se uniram a nós e que desejam instrução na palavra de bondade”.
JERONIMO: Jerônimo (340-420.dc.) propugnou, no Prologus Galeatus. A citação pertinente de Prologus Galeatus é a seguinte:
“Este prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os Livros que traduzimos do Hebraico para o Latim, de tal maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado entre os Apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o Pastor de Hermas), não fazem parte do cânon. Descobri o Primeiro Livro de Macabeus em Hebraico; o Segundo foi escrito em Grego, conforme testifica sua própria linguagem”.
Jerônimo, no seu prefácio aos Livros de Salomão, menciona ter descoberto Eclesiástico em Hebraico, mas declara em sua; convicção que a Sabedoria de Salomão teria sido originalmente composta em Grego e não em Hebraico, por demonstrar uma eloqüência tipicamente helenística. “E assim”, continua ele, “da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus (no culto público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros úteis para a edificação do povo, mas não para estabelecer as doutrinas da Igreja”). e noutros trechos, prima pelo reconhecimento de apenas os vinte e dois livros contidos no hebraico, e a relegação dos livros apócrifos a uma posição secundária. Assim, no seu Comentário de Daniel, lançou dúvidas quanto à canonicidade da história de Suzana, baseando-se no fato que o jogo de palavras atribuído a Daniel na narrativa, só podia ser derivado do grego e não do hebraico (inferência: a história foi originalmente composta em grego). Do mesmo modo, em conexão com a história de Bel e a do Dragão, declara; “a objeção se soluciona facilmente ao asseverar que esta história especifica não está incluída no texto hebraico do livro de Daniel. Se, porém, alguém fosse comprovar que pertence ao cânone, seríamos obrigados a buscar uma outra resposta a esta objeção”
MELITO: A mais antiga lista cristã dos livros do Antigo Testamento que existe hoje é a de Melito, bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 d.C.
Quando cheguei ao Oriente e encontrei-me no lugar em que essas coisas foram proclamadas e feitas, e conheci com precisão os livros do Antigo Testamento, avaliei os fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes: cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio,Josué, filho de Num, Juizes, Rute, quatro livros dos Remos,’0 dois livros de Crônicas, os Salmos de Davi, os Provérbios de Salomão e sua Sabedoria,” Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos,Jó, os profetas Isaías,Jeremias, os Doze num único livro, Daniel, Ezequiel, Esdras.”
É digno de nota que Melito não menciona aqui nenhum livro dos apócrifos, mas inclui todos os nossos atuais livros do Antigo Testamento, exceto Éster. Mas as autoridades católicas passam por cima de todos esses testemunhos para manter, em sua teimosia, os Apócrifos! AS HERESIAS DOS APÓCRIFOS
Uma das grandes razões, talvez a principal delas, porque nós evangélicos rejeitamos os Apócrifos, é devido a grande quantidade de heresias que tais livros apresentam. Fora isso, existem também lendas absurdas e fictícias e graves erros históricos e geográficos, o que fazem os Apócrifos serem desqualificados como palavra de Deus. A seguir daremos um resumo de cada livro e logo a seguir mostraremos seus graves erros.
RESUMO:
TOBIAS (200 a.C.) – É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.
Apresenta:
JUDITE (150 a.C.) É a História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
BARUQUE (100 a.D.) – Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém, é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo.
Traz entre outras coisas, a intercessão pelos mortos – 3:4.
ECLESIÁSTICO (180 a.C.) – É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:
SABEDORIA DE SALOMAO (40 a.D.) – Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã).
Apresenta:
1 MACABEUS (100 a.C.) – Descreve a história de 3 irmãos da
família “Macabeus”, que no chamado período ínterbíblico (400 a.C. 3 a.D)
lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.
II MACABEUS (100 a.C.) – Não é a continuação do 1 Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.
Apresenta:
ADIÇÕES A DANIEL:
capítulo 13 – A história de Suzana – segundo esta lenda Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.
capítulo 14 – Bel e o Dragão – Contém histórias sobre a necessidade da idolatria.
capítulo 3:24-90 – o cântico dos 3 jovens na fornalha.
LENDAS, ERROS E HERESIAS
- Tobias 6.1-4 – “Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e parou na primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para o devorar. À sua vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse disse-lhe: Pega-lhe pelas guerras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito, puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés.
Os Apócrifos solapam a doutrina da inerrância porque esses livros incluem erros históricos e de outra natureza. Assim, se os Apócrifos são considerados parte das Escrituras, isso identifica erros na Palavra de Deus. Esses livros contêm erros históricos, geográficos e cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos imorais (Judite 9.1O,13). Os erros dos Apócrifos são freqüentemente apontados em obras de autoridade reconhecida. Por exemplo:
O erudito bíblico DL René Paehe comenta: “Exceto no caso de determinada informação histórica interessante (especialmente em 1. Macabeus) e alguns belos pensamentos morais (por exemplo Sabedoria de Salomão).
Tobias…
contém certos erros históricos e geográficos, tais como a suposição de que Senaqueribe era filho de Salmaneser (1 .15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi tomado por Nabucodonosor e por Assuero (14.15) em vez de Nabopolassar e por Ciáxares… Judite não pode ser histórico porque contém erros evidentes… [Em 2 Macabeus] há também numerosas desordens e discrepâncias em assuntos cronológicos, históricos e numéricos, os quais refletem ignorância ou confusão..
HERESIAS
Eclesiástico 3.33 – “A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados”
- Hb 9:11, 12, 22 – “Mas Cristo… por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção …sem derramamento de sangue não há remissão.”
- I Pe 1:18, 19 – “sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo,”
- Romanos 3.20, 24, 24 e 29 – “Ninguém será justificado diante dele pelas obras da lei… sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs no seu sangue. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”.5. Ensinam o Perdão dos pecados através das orações
- Eles ensinam que o tormento em que o justo está, é o purgatório que o purifica para entrar na imortalidade.
- Isto é uma deturpação do próprio texto do livro apócrifo. De modo, que a igreja Católica é capaz de qualquer desonestidade textual, para manter suas heresias.
- Até porque, ganha muito dinheiro com as indulgências e missas rezadas pelos mortos.
- Vingança (Rm 12.19, 17)
- Crueldade e Egoísmo ( Pv. 25:21,22; Rm 12:20; Jo 6:5; Mt 6:44-48)
A igreja Católica tenta defender a IMACULADA CONCEIÇÃO baseando em uma deturpação dos apócrifos (Sabedoria 8:9,20) – Contradizendo: Lc. 1.30-35; Sl 51:5; Rm 3:23)
Diante de tudo isso perguntamos: Merecem confiança os livros Apócrifos ? A resposta obvia é, NÃO.
RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES ROMANISTAS
Os livros apócrifos do Antigo Testamento têm recebido diferentes graus de aceitação pelos cristãos. A maior parte dos protestantes e dos judeus aceita que tenham valor religioso e mesmo histórico, sem terem, contudo, autoridade canônica. Os católicos romanos desde o Concilio de Trento têm aceito esses livros como canônicos. Mais recentemente, os católicos romanos têm defendido a idéia de uma deuterocanonicidade, mas os livros apócrifos ainda são usados para dar apoio a doutrinas extrabíblicas, tendo sido proclamados como livros de inspiração divina no Concílio de Trento. Outros grupos, como os anglicanos e várias igrejas ortodoxas, nutrem diferentes concepções a respeito dos livros apócrifos. A seguir apresentamos um resumo dos argumentos que em geral são aduzidos para a aceitação desses livros, na crença de que detêm algum tipo de canonicidade e suas respectivas refutações.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
REFUTAÇÃO: Apela-se freqüentemente ao fato que o Novo Testamento usualmente emprega a tradução da LXX ao citar o Antigo Testamento. Portanto, já que a LXX continha os Apócrifos, decerto os Apóstolos do Novo Testamento reconheciam a autoridade da LXX inteira conforme então se constituía. Além disto, argumentam, é um fato que ocasionalmente apela-se a obras fora do “Cânone Palestiniano”. Wíldeboer’ e Torrey” colecionaram todas as instâncias possíveis de tais citações ou alusões a obras apócrifas, incluindo-se várias que apenas são hipotéticas. Mas toda esta linha de argumentos é realmente irrelevante para a questão em pauta, sendo que nem se alega que qualquer uma destas fontes seja proveniente dos Apócrifos Romanos.Na maioria dos casos as obras que supostamente foram citadas desapareceram há muito tempo – obras tais como o Apocalipse de Elias e a Assunção de Moisés (da qual sobrou um fragmento latino). Só num único caso, a citação de Enoque 1:9 em Judas 14-16, é que a fonte citada sobreviveu. Há citações de autores gregos pagãos, também no Novo Testamento. Em Atos 17:28, Paulo cita de Arato, Phaenomena, linha 5; em 1 Coríntios 15:33, cita da comédia de Menander, Thais. Certamente ninguém poderia supor que citações tais como estas estabelecem a canonicidade ou de Arato ou de Menander. Pelo contrário, o testemunho do Novo Testamento é muito decisivo contra a canonicidade dos quatorze livros Apócrifos. Demais disso, a alegação de que em muitas partes os escritos do Novo Testamento refletem influências dos livros Apócrifos, é deveras frágil demais para ser sustentada, pois se fosse assim, o livro de Enoque citado por Judas seria digno de muito mais crédito no sentido de canonicidade do que os Apócrifos romanos. Judas citada versículos inteiros deste livro, enquanto os Apócrifos adotados nas Bíblias romanas não aparece nenhuma vez com citações inteira ou em partes. Seguindo o mesmo raciocínio dos católicos poderíamos então canoniza-lo também! Então dizemos que virtualmente todos os livros do Antigo Testamento são citados como sendo divinamente autorizados, ou pelo menos há alusão a eles como tais. Embora acabe de ser esclarecido que a mera citação não estabelece necessariamente a canonicidade, é inconcebível que os vários autores do Novo Testamento pudessem ter considerado como canônicos os quatorze livros dos Apócrifos Romanos, sem ter feito uso deles em citações ou alusões.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
REFUTAÇÃO: Mas não é de modo nenhum certo que todos os livros na LXX foram considerados canônicos, mesmo pelos próprios judeus de Alexandria. Bem decisiva contra isto é a evidência de Filon de Alexandria (que viveu no primeiro século d.C.), assim como o judaísmo oficial em outros lugares e épocas. Apesar de ter citado freqüentemente os livros canônicos do “Cânone Palestiniano”, não faz uma citação sequer dos livros Apócrifos. Isto é impossível reconciliar com a teoria de um “Cânone Alexandrino” maior, a não ser que porventura alguns judeus de Alexandria não tivessem recebido este “Cânone Alexandrino” enquanto outros o reconheciam.
Em segundo lugar, relata-se de fontes fidedignas que a Versão Grega de Áquila foi aceita pelos judeus alexandrinos no segundo século d.C., apesar de não conter os livros Apócrifos. A dedução razoável desta evidência seria que (conforme o próprio Jerônimo esclareceu) os judeus de Alexandria resolveram incluir na sua edição do Antigo Testamento tanto os livros que reconheciam como sendo canônicos, como também os livros que eram “eclesiásticos” i,é., foram reconhecidos como sendo valiosos e edificantes, porém sem ser infalíveis.
Apoio adicional para esta suposição (que livros subcanônicos possam ter sido conservados e utilizados juntamente com os canônicos) foi recentemente descoberto nos achados da Caverna 4 de Cunrã. Ali, no coração da Palestina, onde seguramente o “Cânone Palestiniano” deve ter sido autoritativo, pelo menos dois livros Apócrifos se fazem representar – Eclesiástico e Tobias. Um fragmento de Tobias aparece num pedacinho de papiro, outro em couro; há também um fragmento em hebraico, escrito em couro. Vários fragmentos de Eclesiástico foram descobertos ali, e pelo menos na pequena quantidade representada, concordam bem exatamente com mss de Eclesiástico do século onze, descobertos na Genizá de Cairo na década de 1890. Quanto a isto, a Quarta Caverna de Cunrã também conservou obras pseudoepigráficas tais como o Testamento de Levi, em aramaico, o mesmo em hebraico, e o livro de Enoque (fragmentos de dez mss.diferentes!). Decerto, ninguém poderia argumentar com seriedade que os sectários tão estreitos de Cunrã consideravam como canônicas todas estas obras apócrifas e pseudoepigráficas só por causa de terem conservado cópias delas. A Palestina é que era o lar do cânon judaico, jamais a Alexandria, no Egito. O grande centro grego do saber pertencia no Egito, não tinha autoridade para saber com precisão que livros pertenciam ao Antigo Testamento judaico. Alexandria era o lugar da tradução apenas, não da canonização. O fato de a Septuaginta conter os apócrifo apenas comprova que os judeus alexandrinos traduziram os demais livros religiosos judaicos do período intertestamentário ao lado dos livros canônicos.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
REFUTAÇÃO: Isto, porém, é verdade apenas em parte. Certamente os Targuns aramaicos não os reconheceram. Nem sequer o Pesita siríaco na sua forma mais antiga continha um único livro apócrifo; foi apenas posteriormente que alguns deles foram acrescentados. Uma investigação mais cuidadosa desta reivindicação reduz a autoridade sobre a qual os Apócrifos se alicerçam a apenas uma versão antiga, a Septuaginta, e àquelas traduções posteriores (tais como a Itala, a Cóptica, a Etiópica, e a Siríaca posterior) que foram dela derivadas. Mesmo no caso da Septuaginta, os livros Apócrifos mantêm uma existência um pouco Incerta. O Códice Vaticano (“B”) não tem 1 e 2 Macabeus (canônicos segundo Roma), mas Inclui 1 Esdras (não-canônico segundo Roma). O Códice Sinaítico (“Alef”) omite Baruque (canônico segundo Roma), mas inclui 4 Macabeus (não-canônico segundo Roma). O Códice Alexandrino (“A”) contêm três livros apócrifos “não-canônicos”: 1 Esdras e 3 e 4 Macabeus. Então acontece que até os três mais antigos mss. da LXX demonstram considerável falta de certeza quanto aos livros que compõem a lista dos Apócrifos, e que os quatorze aceitáveis à Igreja Romana não são de modo algum substanciados pelo testemunho dos grandes unciais do quarto e do quinto séculos. Os escritores do Novo Testamento quase sempre fizeram citações da LXX, mas jamais mencionaram um livro sequer dentre os apócrifos. No máximo, a presença dos apócrifos nas Bíblias cristãs do século IV mostra que tais livros eram aceitos até certo ponto por alguns cristãos, naquela época. Isso não significa que os judeus ou os cristãos como um todo aceitassem esses livros como canônicos, isso sem mencionarmos a igreja universal, que nunca os teve na relação de livros canônicos.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
REFUTAÇÃO: As representações artísticas não constituem base para apurar a canonicidade dos apócrifos. As representações pintadas nas catacumbas, extraídas de livros apócrifos, apenas mostram que os crentes daquela era estavam cientes dos acontecimentos do período ínter-testamentário e os consideravam parte de sua herança religiosa. A arte cristã primitiva não decide nem resolve a questão da canonicidade dos apócrifos.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
REFUTAÇÃO: Muitos dos grandes pais da igreja em seu começo, dos quais Melito (190), Orígenes (253), Eusébio de Cesaréia (339), Hilário de Poitiers (366), Atanásio (373 d.C), Cirilo de Jerusalém (386 d.C), Gregório Nazianzeno (390), Rufino (410), Jerônimo (420), depuseram contra os apócrifos. Nenhuns dos primeiros pais de envergadura da igreja primitiva, anteriores a Agostinho, aceitaram todos os livros apócrifos canonizados em Trento. Então será mais correto dizer que alguns dos escritores cristãos antigos pareciam fazer isto.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
A influência de Agostinho. Agostinho (c. 354-430) elevou a tradição ocidental mais aberta, a respeito dos livros apócrifos, ao seu apogeu, ao atribuir-lhes categoria canônica. Ele influênciou os concílios da igreja, em Hipo (393 d.C.) e em Cartago (397 d.C.), que relacionaram os apócrifos como canônicos. A partir de então, a igreja ocidental passou a usar os apócrifos em seu culto público.
REFUTAÇÃO: O testemunho de Agostinho não é definitivo, nem isento de equívocos. Primeiramente, Agostinho às vezes faz supor que os apócrifos apenas tinham uma deuterocanonicidade (Cidade de Deus,18,36) e não canonicidade absoluta. Além disso, os Concílios de Hipo e de Cartago foram pequenos concílios locais, influenciados por Agostinho e pela tradição da Septuaginta grega. Nenhum estudioso hebreu qualificado teve presente em nenhum desses dois concílios. O especialista hebreu mais qualificado da época, Jerônimo, argumentou fortemente contra Agostinho, ao rejeitar a canocidade dos apócrifos. Jerônimo chegou a recusar-se a traduzir os apócrifos para o latim, ou mesmo incluí-los em suas versões em latim vulgar (Vugata latina). Só depois da morte de Jerônimo e praticamente por cima de seu cadáver, é que os livros apócrifos foram incorporaos à Vulgata latina. Além disso quando um antagonista apelou para uma passagem de 2 Macabeus para encerrar um argumento, Agostinho respondeu que sua causa era deveras fraca se tivesse que recorrer a um livro que não era da mesma categoria daqueles que eram recebidos e aceitos pelos judeus.
Esta defesa ambígua dos Apócrifos, da parte de Agostinho, é mais do que contrabalançada pela posição contrária adotada por Atanásio (que morreu em 365), tão reverenciado e altamente estimado tanto pelo Oriente como pelo Ocidente como sendo o campeão da ortodoxia trinitária. Na sua Trigésima Nona Carta, parágrafo 4, escreveu: “Há, pois, do Antigo Testamento vinte e dois livros”, e então relaciona os livros que são aqueles que se acham no TM (Texto Massorético), aproximadamente na mesma ordem na qual aparecem na Bíblia Protestante. Nos parágrafos 6 e 7 declara que os livros extrabíblico (Lê., os quatorze dos Apócrifos) não são incluídos no Cânone, mas meramente são “indicados para serem lidos”. Apesar disto, a Igreja Oriental mais tarde demonstrou uma tendência de concordar com a Igreja Ocidental em aceitar os Apócrifos (o segundo Concílio Trulano em Constantinopla, em 692). Mesmo assim, havia muitas pessoas que tinham suas reservas quanto a alguns dos quatorze, e finalmente, em Jerusalém, em 1672, a Igreja Grega reduziu o número de Apócrifos canônicos a quatro; Sabedoria, Eclesiástico, Tobias e Judite.OBJEÇÃO CATÓLICA:
O sínodo [...] recebe e venera [...] todos os livros, tanto do Antigo Testamento como do Novo [incluindo-se os apócrifos] – entendendo que um único Deus é o Autor de ambos os testamentos [...] como se houvessem sido ditados pela boca do próprio Cristo, ou pelo Espírito Santo [...] se alguém não receber tais livros como sagrados e canônicos, em todas as suas partes, da forma em que têm sido usados e lidos na Igreja Católica [...] seja anátema.
Desde esse concílio de Trento, os livros apócrifos foram considerados canônicos, detentores de autoridade espiritual para a Igreja Católica Romana.
REFUTAÇÃO: A ação do Concílio de Trento foi ao mesmo tempo polêmica e prejudicial. Em debates com Lutero, os católicos romanos haviam citado Macabeus, em apoio à oração pelos modos (v. 2Macabeus 12.45,46). Lutero e os protestantes que o seguiam desafiaram a canonicidade desse livro, citando o Novo Testamento, os primeiros pais da igreja e os mestres judeus, em apoio. O Concílio de Trento reagiu a Lutero canonizando os livros apócrifos. A ação do Concílio não foi apenas patentemente polêmica, foi também prejudicial, visto que nem os catorze livros apócrifos foram aceitos pelo Concílio. Primeiro e Segundo Esdras (3 e 4 Esdras dos católicos romanos; a versão católica de Douai denomina 1 e 2Esdras, respectivamente, os livros canônicos de Esdras e Neemias) e a Oração de Manassés foram rejeitados. A rejeição de 2Esdras é particularmente suspeita, porque contém um versículo muito forte contra a oração pelos mortos (2Esdras 7.105). Aliás, algum escriba medieval havia cortado essa seção dos manuscritos latinos de 2Esdras, sendo conhecida pelos manuscritos árabes, até ser reencontrada outra vez em latim por Robert L. Bentley, em 1874, numa biblioteca de Amiens, na França.
CATÓLICOS CONTRA OS APÓCRIFOS?
Essa decisão, em Trento, não refletiu uma anuência universal, indisputável, dentro da Igreja Católica. Os católicos não foram unânimes quanto a inspiração divina nesses livros. Lorraine Boetner (in Catolicismo Romano) cita o seguinte: “O papa Gregório, o grande, declarou que primeiro Macabeus, um livro apócrifo, não é canônico. Nessa exata época (da Reforma) o cardeal Cajetan, que se opusera a Lutero em Augsburgo, em 1518, publicou Comentário sobre todos os livros históricos fidedignos do Antigo Testamento, em 1532, omitindo os apócrifos. Antes ainda desse fato, o cardeal Ximenes havia feito distinção entre os apócrifos e o cânon do Antigo Testamento, em sua obra Poliglota com plutense (1514-1517), que por sinal foi aprovada pelo papa Leão X. Será que estes papas se enganaram? Se eles estavam certos, a decisão do Concílio de Trento estava errada. Se eles estavam errados, onde fica a infalibilidade do papa como mestre da doutrina?. Tendo em mente essa concepção, os protestantes em geral rejeitaram a decisão do Concílio de Trento, que não tivera base sólida.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
REFUTAÇÃO: O uso dos livros apócrifos entre igrejas ortodoxas, anglicanas e protestantes foi desigual e diferenciado. Algumas os usam no culto público. Muitas Bíblias contém traduções dos livros apócrifos, ainda que colocados numa seção à parte, em geral entre o Antigo e o Novo Testamento. Ainda que não-católicos façam uso dos livros apócrifos, nunca lhes deram a mesma autoridade canônica do resto da Bíblia. Os não-católicos usam os apócrifos em seus devocionais, mais do que na afirmação doutrinária.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
REFUTAÇÃO: Muitos livros não-canônicos foram descobertos em Qumran, dentre os quais comentários e manuais. Era uma biblioteca que continha numerosos livros não tidos como inspirados pela comunidade. Visto que na biblioteca de Qumran não se descobriram comentários nem citações autorizadas sobre os livros apócrifos, não existem evidências de que eram tidos como inspirados. Podemos presumir, portanto, que aquela comunidade cristã não considerava os apócrifos como canônicos. Ainda que se encontrassem evidências em contrário, o fato de esse grupo ser uma seita que se separa do judaísmo oficial mostraria ser natural que não fosse ortodoxo em todas as suas crenças. Tanto quanto podemos distinguir, contudo, esse grupo era ortodoxo à canonicidade do Antigo Testamento. Em outras palavras, não aceitavam a canonicidade dos livros apócrifos.Resumo e conclusão
Resumindo todos esses argumentos, essa postura afirma que o amplo emprego dos livros apócrifos por parte dos cristãos, desde os tempos mais primitivos, é evidência de sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição culminou no reconhecimento oficial desses livros, no Concílio de Trento, como se tivessem sido inspirados por Deus. Mesmo não-católicos, até o presente momento, conferem aos livros apócrifos uma categoria de paracanônicos, o que se deduz do lugar que lhes dão em suas Bíblias e em suas igrejas.
O cânon do Antigo Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24) livros em hebraico, que, nas Bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se verificara por volta do século IV a.C. As objeções de menor monta a partir dessa época não mudaram o conteúdo do cânon. Foram os livros chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que obtiveram grande circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega de Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de modo especial no Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a igreja (em grande parte por influência de Agostinho) deu-lhes uso mais amplo e eclesiástico. No entanto, até a época da Reforma esses livros não eram considerados canônicos. A canonização que receberam no Concílio de Trento não recebeu o apoio da história. A decisão desse Concílio foi polêmica e eivada de preconceito, como já o demonstramos.
Que os livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que tiverem, não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatos:
A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.
reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.
À vista desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se foram Palavra de Deus, nem os citem em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã. Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade, estabelecidos, verificamos que aos livros apócrifos falta o seguinte:
diz:
“Muitos e excelentes ensinamentos nos foram transmitidos pela Lei, pelos profetas, e por outros escritores que vieram depois deles, o que torna Israel digno de louvor por sua doutrina e sua sabedoria, visto não somente os autores destes discursos tiveram de ser instruídos, também os próprios estrangeiros se podem tomar (por meio deles) muito hábeis tanto para falar como para escrever. Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa acerca da doutrina e sabedoria…Eu vos exorto, pois a ver com benevolência, e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se algumas vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes de dar o sentido (claro) das expressões.” Este prólogo é um auto-reconhecimento da falibilidade humana.
A comunidade judaica nunca mudou de opinião a respeito dos livros apócrifos. Alguns cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor que se lhes atribui, fica evidente que a igreja como um todo nunca aceitou os livros apócrifos como Escrituras Sagradas.
“Eis as razões porque definitivamente rejeitamos os Apócrifos”
*Este estudo foi fruto de várias pesquisas em livros, enciclopédias, manuais, léxicos, dicionários e internet. Compilados e adaptados pela equipe editorial do C.A.C.P.
Os livros apócrifos: eles são parte das escrituras?
Os livros apócrifos são uma série de livros, escritos aproximadamente entre 400 A.D e o tempo de Cristo. A palavra “apocrypha” (απόκρυφα) significa “oculto, secreto”. Esses livros são: 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, adições em Ester, o Sabedoria de Salomão, Sabedoria de Jesus ben Siraque (ou Eclesiástico), Baruc, Casta Susana, Bel e o dragão, adições em Daniel, a Prece de Manassés, e 1 e 2 Macabeus.
A Igreja Protestante rejeita os livros apócrifos como livros inspirados, assim como os judeus. Porém, em 1546 a Igreja Católica Romana declarou oficialmente que alguns dos livros apócrifos fazem parte do canon das Escrituras. Esses seriam: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Livro da Sabedoria (de Salomão), Sabedoria de Jesus bem Siraque(ou Eclesiástico), e Baruc. Os livros apócrifos foram escritos em grego, e não em hebraico (exceto por Eclesiástico, 1 Macabeus, uma parte de Judite e uma parte de Tobias), e contém informações históricas importantes.
Os livros apócrifos fazem parte das Escrituras? Os protestantes negam que estes livros são inspirados, mas a Igreja Católica Romana os afirma como tal. Precisamos examiná-los, portanto, para saber a resposta.
Não são citados no Novo Testamento
Em primeiro lugar, Jesus e os apóstolos nunca fizeram citações diretas aos livros apócrifos. Existem mais de 260 citações ao Velho Testamento no Novo Testamento, e nenhuma delas é uma citação a um desses livros. Porém, um católico romano poderia responder a esse argumento dizendo que “existem vários livros no Velho Testamento que não são citados no Novo Testamento. Josué, Juízes e Ester são exemplos disso. Isso significa que eles não são inspirados também?” Porém, esses livros já tinham sido aceitos como parte do canon pelos Judeus, enquanto os livros apócrifos não. Os judeus reconheceram o canon do Velho Testamento, e eles não incluiram os livros apócrifos. Isso é importante por causa do que Paulo diz:
“Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus.” (Rm 3.1-2).
Paulo nos diz que aos judeus foram confiados os oráculos de Deus. Isso significa que foram eles que reconheceram quais eram as Escrituras inspiradas, e eles nunca aceitaram os livros apócrifos.
Jesus faz referência ao Velho Testamento: de Abel a Zacarias
Jesus fez referência ao canon judaico do Velho Testamento do começo ao fim, e não incluiu os livros apócrifos na Sua referência. “Desde o sangue de Abel até ao de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e a casa de Deus. Sim, eu vos afirmo, contas serão pedidas a esta geração.” (Lucas 11.51).
“O canon judaico tradicional era dividido em três seções (a Lei, os Profetas e outros escritos). Uma característica da última seção era a listagem de Crônicas fora da ordem histórica, sendo este livro colocado depois de Esdras-Neemias, e ocupando portanto a posição de último livro do canon. Tendo isso em vista, as palavras de Jesus em Lucas 11.50-51 refletem o caráter do canon judaico
(com sua ordem peculiar), já ‘fechado’ nos Seus dias. Cristo utiliza a expressão “Desde o sangue de Abel até ao de Zacarias”, o que parece problemático cronologicamente, uma vez que Zacarias não era o último mártir mencionado na Bíblia (cf. Jeremias 26.20-23). Porém, Zacarias foi o último mártir sobre o qual lemos no Velho Testamento, de acordo com a ordem canônica judaica (cf II Crônicas 24:20-22), fato que aparentemente foi reconhecido por Jesus e seus ouvintes.”1
Isso significa que o canon judaico do Velho Testamento, de acordo com a tradição judaica, é ordenado de forma diferente da que temos em nossas Bíblias protestantes. Era a essa ordenação e arranjo que Jesus estava se referindo quando ele referenciou Abel e Zacarias, a primeira e a última pessoa a ter o seu sangue derramado — como listado no canon judaico do Velho Testamento. Obviamente, Jesus sabia que os livros apócrifos não estavam incluídos nessa referência.
Jesus faz referência ao Velho Testamento: a Lei, os Profetas e os Salmos
Católicos costumam responder dizendo que o Velho Testamento é referenciado em três partes: A Lei, os Profetas e outros escritos. É nesses outros escritos que eles costumam dizer que estão incluídos os livros apócrifos. Porém, essa designação não é encontrada na Bíblia. Pelo contrário, Jesus fez referência ao Velho Testamento, e designou as suas três partes como a Lei, os Profetas e os Salmos, e não como a Lei, os Profetas e outros escritos. “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.” (Lucas 24:44)
Podemos ver, portanto, que a designação dada por católicos romanos não é a mesma designação encontrada na Bíblia, fazendo portanto o argumento ser inválido e incorreto. Porém, mesmo se a Bíblia dissesse ‘outros escritos’, os apócrifos não estariam incluídos pelos motivos mencionados acima.
Os Pais da Igreja
Os Pais da Igreja reconheciam os livros apócrifos como parte das escrituras? Católicos romanos apelam fortemente para a história da igreja, mas nós não conseguimos encontrar um consenso unânime em relação aos apócrifos. Jerônimo (320-420), que traduziu a Vulgata que é usada pela Igreja Católica Romana, rejeitou os livros apócrifos, uma vez que ele acreditava que os judeus reconheceram e estabeleceram o canon correto do Velho Testamento. Lembre-se, a Igreja Cristã construiu muito em cima desse reconhecimento. Além disso, Josefo (o famoso historiador judaico do primeiro século) também nunca mencionou os apócrifos como sendo parte do canon. Mais ainda, “os Pais da igreja como Orígenes, Cirilo de Jerusalém, Atanásio, e o grande tradutor católico romano Jerônimo se pronunciaram contra os liros apócrifos.”2 Logo, não devemos concluir que os Pais da Igreja afirmavam unanimemente os livros apócrifos como parte das escrituras.
Eles não o fizeram.
1.http://www.reformed.org/master/index.html?mainframe=/bible/bahnsen_canon.html
2.http://www.inplainsite.org/html/apocrypha.html
Extraído do site http://carm.org no dia 13/05/2013
Erros nos livros apócrifos
Os livros apócrifos (απόκρυφα significa “oculto, secreto”) são livros escritos aproximadamente entre 400 A.D e o tempo de Cristo. São livros que são rejeitados pelos protestantes, e que foram aceitos oficialmente em 1546 pela Igreja Católica Romana como sendo livros inspirados. Esses livros são Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria de Salomão, Sabedoria de Jesus ben Siraque (também conhecido como Eclesiástico), e Baruc.
Porem, se os livros apócrifos são parte das Escrituras, eles não podem conter erros. Uma vez que eles têm erros, como demonstrado abaixo, a autoridade auto-proclamada da Igreja Católica Romana sobre o ensino é questionável. Se ela erra em algo tão importante quanto as Escrituras, ela merece confiança suficiente para ser quem ensina a Igreja Cristã de forma adequada? As referências a seguir podem ser verificadas em http://www.bibliacatolica.com.br/
Problemas nos livros apócrifos
Quanto olhamos nas páginas dos livros apócrifos, encontramos vários problemas. Por exemplo, nós os vemos defendendo o uso de magia, onde a fumaça de um coração de peixe sobre brasas expulsa maus espíritos.
Permitem o uso de magia
Tobias 6:4-8, “O anjo disse-lhe: Pega-o pelas guelras e puxa-o para ti. Tobias assim o fez. Arrastou o peixe para a terra, o qual se pôs a saltar aos seus pés. 5. O anjo então disse-lhe: Abre-o, e guarda o coração, o fel e o fígado, que servirão para remédios muito eficazes. Ele assim o fez. 6. A seguir ele assou uma parte da carne do peixe, que levaram consigo pelo caminho. Salgaram o resto, para que lhes bastasse até chegarem a Ragés, na Média. 7. Entretanto, Tobias interrogou o anjo: Azarias, meu irmão, peço-te que me digas qual é a virtude curativa dessas partes do peixe que me mandaste guardar. 8. O anjo respondeu-lhe: Se puseres um pedaço do coração sobre brasas, a sua fumaça expulsará toda espécie de mau espírito, tanto do homem como da mulher, e impedirá que ele volte de novo a eles.”
É verdade que a fumaça vinda de um coração de peixe sendo queimado expulsa espíritos malignos? Claro que não. Esse tipo de ensinamento supersticioso não tem lugar na Palavra de Deus.
Ensina o perdão dos pecados através de esforços humanos
Salvação por obras:
Tobias 4:11, “Porque a esmola livra do pecado e da morte, e preserva a alma de cair nas trevas.”
Tobias 12:9, “Porque a esmola livra da morte: ela apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna;”
Dinheiro como oferenda pelos pecados dos mortos:
2 Macabeus 12:43-44, “Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, 44. porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles.”
Alguém pode realmente aceitar que dinheiro é uma oferenda pelas pecados de pessoas mortas? Esse tipo de ensinamento supersticioso não tem lugar na palavra de Deus.
Erros Históricos
Judite 1:5, “Ora, no décimo segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor, que reinava sobre os assírios em Nínive, a grande cidade, fez guerra a Arfaxad, e venceu-os”.
Baruc 6:2, “Quando chegardes a Babilônia, será para ficardes lá por muito tempo, durante longos anos, até sete gerações. Depois disso, porém, farei com que volteis em paz.”
O livro de Judite ensina que Nabucodonosor era o rei dos assírios, sendo que na verdade ele era o rei da Babilônia.
Baruc 6:2 diz que os judeus serviriam na Babilônia por sete gerações, enquanto Jeremias 25:11 nos diz que foram 70 anos. “Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos.”
Conclusão
É óbvio que os livros apócrifos têm sérios problemas. De magia e salvação por obras até dinheiro sendo oferecido pelos pecados dos mortos, e fatos históricos claramente incorretos, eles estão cheios de ensinamentos falsos e não bíblicos. Eles não são inspirados por Deus. Da mesma forma, a Igreja Católica Romana, que declaro que os livros apócrifos são inspirados, também não é inspirada por Deus. Isso mostra que a Igreja Católica Romana não é o meio pelo qual Deus está comunicando sua verdade ao seu povo, que o Magistério errou muito, e que a Igreja Católica Romana está cheia de tradições falsas de homens, ao invés da verdade absoluta de Deus.
Extraído do site http://carm.org em 12/05/2013 /MAURICIOBERWALD.COMUNIDADES.NET