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SUBSIDIO APOLOGÉTICA n.10 ressurreição de Jesus
SUBSIDIO APOLOGÉTICA n.10 ressurreição de Jesus

SUBSIDIO APOLOGÉTICA CRISTÃ N.11

MAURICIO BERWALD PROFESSOR ESCRITOR

 

Ministério Fiel Apologética

 

A ressurreição dos mortos é anátema para a mente moderna. Rudolf Bultmann, um dos mais famosos estudiosos do Novo Testamento do século 20 e teólogo liberal, declarou: “Um fato histórico que envolve uma ressurreição dos mortos é completamente inconcebível”. Para o Apóstolo Paulo, entretanto, o cristianismo sem a ressurreição de Jesus dos mortos era inconcebível (veja 1Coríntios 15.1-11). Em companhia com os outros apóstolos, Paulo proclamou a ressurreição como o grande fato sobre o qual o cristianismo permanece ou cai.

Como poderemos falar às pessoas desiludidas e céticas a respeito da ressurreição? O relato de Lucas sobre o ministério de Paulo em Atenas (Atos 17.16-34) nos dá uma direção mais do que necessária. Quando Paulo chegou em Atenas, pregou na sinagoga, mas também foi à “feira livre”, onde filósofos e mestres congregavam para trocar ideias (v. 17). Paulo perseverou através da incompreensão e zombaria iniciais, e aceitou um convite para discursar no Areópago, um corpo solene de oficiais públicos aposentados.

Naquele discurso, Paulo, primeiramente de forma gentil, porém firme, expõe uma fraqueza fundamental e fatal do politeísmo. O altar “ao deus desconhecido” era o reconhecimento derradeiro dos atenienses de que a religião deles era insuficiente e inadequada. Paulo então apresenta aos atenienses a solução que eles precisavam, mas nunca encontrariam entre eles – a adoração do único e verdadeiro Deus.

 

Paulo fala aos atenienses sobre o soberano e o todo-suficiente Deus que fez e sustenta o mundo e tudo que nele há (vv. 24-25). Ele também lhes fala sobre eles mesmos (vv. 26-29). Deus fez todos os seres humanos “de um só”, e além disso ele “fixou os tempos previamente estabelecidos e os limites de sua habitação” (17.26). A totalidade de nossas vidas é vivida inescapavelmente diante do Deus onipresente (17.28). Nós somos, além disso, detentores da imagem dele (“geração”; vv. 28-29).

 

Por essas razões, nós devemos “buscar a Deus” na esperança de que “possamos achar [a Deus]” (v. 27). Nós não devemos tentar pensar em Deus ou adorá-lo com imagens (v. 29). Como pecadores, entretanto, o melhor que conseguimos é “identificar o caminho com as mãos”, ou seja, tatear no escuro (v. 27). Deus está sempre presente para a criação dele, mas as criaturas pecadoras dele recusaram intencionalmente vir a ele. Mesmo assim, porque Deus nos criou e nos sustenta, nós iremos um dia prestar contas diante dele (veja o v. 31).

 

Até agora, Paulo arrazoou com os atenienses baseado no que eles conheciam de Deus e de si mesmos a partir da criação. Então, ele se volta para um fato particular da história – Deus levantou um homem dos mortos (v. 31). Que Deus retirou a sentença de morte de Jesus e publicamente o vindicou significa que Jesus era um homem justo. Tudo isso para dizer: ele é diferente de qualquer outra pessoa que andou na face da terra. Este justo Jesus afirmou na terra que ele julgaria todas as pessoas (veja João 5.19-29). A ressurreição vindicou essa afirmação. No levantar de Jesus dos mortos, Deus publicamente ratificou a afirmação de Jesus sobre julgar o mundo no fim desta era. Porque esse julgamento é certo e iminente, Paulo implora aos seus ouvintes que “se arrependam” (Atos 17.30), que se voltem do culto a ídolos para a adoração do Deus triúno. A ressurreição e a pregação do evangelho por todo o mundo trouxeram um fim aos “tempos da ignorância”, durante os quais aprouve a Deus reter o julgamento final (v. 30). Os dias da relativa, mas culpável cegueira gentílica, tinham chegado ao fim. Apenas o evangelho pode dissipar a ignorância e cegueira correntes, nas quais a humanidade não renovada se encontra.

A menção da ressurreição que Paulo faz produz dois diferentes resultados. Alguns zombam e sorriem sarcasticamente – a ideia de que o corpo de alguém teria existência imortal seria risível para a mente grega (v. 32a). Outros, entretanto, quiseram ouvir mais e, crendo em Cristo, seguiram Paulo (vv. 32b-34).

 

Proclamar a ressurreição de Jesus não fez com que Paulo, nessa ocasião, conquistasse as honras da intelectualidade ateniense. Nem resultou numa quantidade visivelmente impressionante de convertidos em Atenas. Mas Paulo não pregou a ressurreição porque ela era popular. Ele a pregou porque ela é verdadeira. A ressurreição de Jesus confirmou o julgamento que vem, mas também assegurou bênçãos para os que não mereciam. Por mais que agrade a Deus usar essa verdade nas vidas dos que não creem, a missão da igreja permanece a mesma – dizer aos outros que Jesus foi levantado dos mortos.

 

Provas da Ressurreição de Cristo

PROVAS DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

 

David Pinto

 

 

 

Introdução

 

RessurreiçãoNo âmbito da cadeira de Apologética, do 3º ano do curso em regime presencial do Monte Esperança – Instituto Bíblico das Assembleias de Deus, foi proposto, aos alunos, um trabalho individual sobre um dos temas da disciplina.

 

O tema escolhido para esta monografia é “A ressurreição de Cristo”.

 

O desafio será explicar o conceito da ressurreição de Cristo; se esta, efectivamente, aconteceu; e quais as provas verosímeis de tal acontecimento. Serão expostas as teorias contra a ressurreição de Cristo e quais as implicações de crer ou não crer neste facto.

 

Serão usadas, como pano de fundo, citações bíblicas, assim como referências bibliográficas de livros de referência sobre a matéria.

 

A ressurreição de Jesus é o clímax das boas novas da salvação. É uma doutrina basilar do cristianismo. Todas as outras estão-lhe inseparavelmente ligadas.

 

Não existe outra doutrina que seja tão atacada e negada como a da ressurreição. E isso acontece por algum motivo. Sem Cristo vivo, não há cristianismo verdadeiro. Se Cristo, ainda hoje, estivesse no túmulo, o plano da redenção apresentado pelos cristãos não faria qualquer sentido.

 

O cristianismo é o único pensamento que se pode vangloriar de anunciar um autor vivo. Nenhuma religião consegue afirmar o mesmo.

 

 

 

“…se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é inútil e a vossa fé é inútil…”

 

I Coríntios 15.14, in “A Bíblia para todos”

 

 

 

  1. As teorias contra a ressurreição

 

Ao longo dos séculos, foram várias as teorias que surgiram, para tentar desacreditar o acto da ressurreição de Cristo. Das mais rocambolescas às mais sérias, todas falham em algum ponto de argumentação. Abordaremos as mais relevantes e usadas, no decorrer da história.

 

 

 

Teoria do roubo

 

A mais antiga tentativa de descartar a ressurreição de Cristo afirmava que o corpo de Jesus fora roubado. Aliás, a própria Bíblia aborda essa teoria. Os líderes judeus subornaram os guardas romanos, para dizer que o corpo de Jesus fora levado pelos discípulos, enquanto os soldados dormiam (Mateus 28.11-15).

 

Ainda hoje, algumas pessoas defendem esta teoria, dividindo-a em duas hipóteses: ou os discípulos levavram o corpo, ou foram os inimigos de Cristo a fazê-lo.

 

Em relação à teoria de que foram os discípulos, o interessante é que a hipótese é tão incorrecta que a preocupação do relator do facto, na Bíblia (Mateus), em refutá-la é nula. Como Paul Little afirma: “que juiz lhe daria ouvidos se você dissesse que, enquanto dormia, o seu vizinho entrou em sua casa e roubou o seu aparelho de televisão? Quem sabe o que acontece enquanto se está dormindo? Um testemunho como esse seria ridicularizado em qualquer tribunal.”[1] Se os soldados estivessem, realmente, a dormir, não saberiam quem levou o corpo.

 

A propósito do sono dos soldados, este apresenta-se como outro contra desta teoria. O castigo para o facto de um soldado dormir, no cumprimento do dever, era a morte. Dormiriam então todos? Além disso, mesmo estando todos a dormir, não acordariam com o barulho da pedra a rolar?

 

Mais, a teoria do roubo faz dos discípulos mentirosos e um pouco ingénuos. Sofreriam e morreriam estes homens, dedicariam uma vida inteira, por algo que sabiam ser mentira? Craig ironiza[2], no seu livro “Em Guarda”, um possível delinear de plano dos discípulos, de todas as formas, ridículo:

 

Ok, eis o plano: roubamos o corpo e escondemo-lo num canto qualquer. Depois, voltamos e contamos uma história que, provavelmente, fará com que sejamos mortos. Quem alinha?

 

O plano teria sido tão brilhantemente orquestrado que os discípulos até inventaram aparições. Mas, como se explicam essas aparições, testemunhadas pelos discípulos, se o corpo foi roubado? Little afirma que custa mais aceitar que os discípulos eram “refinados mentirosos ou loucos iludidos”, do que crer na ressurreição[3].

 

Candler coloca a questão noutros termos. Se Jesus ficou morto, que motivação teriam os discípulos para empreender a missão que levaram a cabo nos anos subsequentes e que foi o alicerce da Igreja que hoje conhecemos? O autor pergunta: “Se os discípulos guardaram o corpo de Jesus até se decompor, como todos os outros, de onde teria surgido a fé (…) o valor que os animava? Como se explicaria o seu zelo? (…) Qual teria sido a fonte de poder que lhes permitiu estabelecer igrejas em Jerusalém, Antioquia, Corinto, Galácia, Macedónia (…) e Roma? Será que uma fraude consciente conseguiria dar ânimo e vigor aos discípulos, a ponto de as suas aptidões naturais se converterem em poderes quase infinitos[4]?

 

Craig afirma que a teoria do roubo (por parte dos discípulos, inventando que Jesus ressuscitou) é implausível, porque é vista através do espelho retrovisor da história cristã, em vez de ser vista através dos olhos de um judeu do primeiro século. Um judeu não tinha qualquer expectativa de um Messias que fosse vergonhosamente executado pelos gentios como um criminoso. Além disso, a ideia da ressurreição não fazia parte das concepção do Messias, até porque não se supunha que o Messias morresse. Mais, era impossível um discípulo orquestrar a ideia de uma ressurreição, porque a noção de ressurreição era inaceitável na época. O autor explica que, nos dias de Jesus, ressurreição não significava vida após a morte, de uma forma desencarnada, ou imortalidade da alma, numa outra dimensão. Ressurreição era a reversão da morte, a restauração do corpo para uma forma de imortalidade. Um corpo diferente, é certo, mas nunca uma alma ou um espírito. Muitos pagãos acreditavam na vida desencarnada depois da morte, mas consideravam a ressurreição impossível. Alguns judeus (não todos) esperavam a ressurreição dos justos no último dia, mas nunca antes disso[5].

 

Concluindo, um judeu do primeiro século que visse o seu Messias morto, tinha uma de duas hipóteses: ou ia para casa, envergonhado, ou escolhia outro Messias[6].

 

Outra hipótese era os próprios inimigos de Jesus terem levado o corpo. Sobre isso, Josh McDowell cita E. F. Kevan e afirma: “os inimigos de Jesus não tinham motivo para remover o corpo. Os amigos não tinham poder para fazê-lo. Seria vantajoso para as autoridades que o corpo permanecesse onde estava. A ideia de que os discípulos roubaram o corpo é impossível. O poder que removeu o corpo do Salvador da sepultura deve, portanto, ter sido divino”.

 

 

 

Teoria do desmaio

 

Esta teoria é de construção recente. Começou a ser enunciada no séc. XVIII, afirmando que Cristo realmente não morreu na cruz. Pareceu morto, mas apenas tinha desmaiado, em consequência da exaustão, dor e perda de sangue. Reviveu quando foi deixado na sepultura fresca. Depois de sair da sepultura, apareceu aos discipulos que erroneamente o julgaram ressuscitado dos mortos. Segundo Max Anders[7], todos os registos antigos são enfáticos acerca da morte de Jesus. Nenhum dos ataques antigos ao cristianismo duvidava do facto de Jesus ter sucumbido na cruz. A Bíblia afirma, até, que Jesus morreu antes de ser retirado da cruz. Ainda assim, para certificar-se melhor, um dos algozes enfiou-lhe uma lança no lado, de onde escorreu sangue e água, sinal claro de morte[8].

 

Mesmo que este algoz se tivesse enganado e Jesus tivesse sido sepultado vivo, que probabilidade teria, com todos os ferimentos a que foi sujeito (chicoteado, rasgado, espancado, pregado, com perda de sangue abundante), de suportar 36 horas numa sepultura fria, sem comer, nem beber, sem cuidados médicos, com lençóis mortuários de quase trinta quilos em cima do corpo? Como teria Ele força para se libertar dos lençóis, rolar a pedra, desfeitear soldados romanos especializados e ainda caminhar vários quilómetros? Seria mais fácil ressuscitar! David Strauss, o céptico que criou a teoria da alucinação, afirmou que era impossível a uma pessoa nestas condições afirmar ser o Príncipe da Vida.

 

Craig cita Josefo para afirmar que uma experiência foi feita, entre os romanos, para ver quanto tempo sobreviveria um homem crucificado, se retirado da cruz, antes de morrer. A maioria das cobaias morreu mal chegou aos braços de quem os tirou da cruz. Os restantes morreriam pouco tempo depois, mesmo com os melhores cuidados médicos possíveis da época[9].

 

 

 

Teoria da alucinação

 

Enunciada pelo céptico austríaco David Strauss, afirma que os discípulos sentiram tanto a falta do seu mestre, que começaram a imaginar tê-lo visto e ouvido. Ou seja, os discípulos experimentaram alucinações, visões ou ilusões, algo subjectivo, fruto das suas mentes perturbadas pela morte de Cristo.

 

Aceitar esta teoria seria aceitar uma alucinação colectiva de pessoas com personalidades, background e estatutos muito diferentes. Cristo apareceu a mais de 500 pessoas[10], muitas delas viveram no tempo do apóstolo Paulo e confirmaram esse facto. Como é que 500 pessoas tiveram, exactamente, a mesma alucinação?

 

Medicamente, as alucinações acontecem a pessoas de imaginação fértil e com problemas de nervos. Além disso, ocorrem tipicamente em momentos e lugares particulares, associados aos factos imaginados. No entanto, Cristo apareceu em lugares que nada diziam aos discípulos: Emaús, uma montanha na Galiléia, etc.

 

Além disso, Craig afirma que era impossível os discípulos alucinarem sobre conceitos que não tinham, porque a ressurreição não fazia parte da concepção judaica, mas sim o arrebatamento em vida[11].

 

John Stott, citado por Anders[12], afirma que as alucinações fariam sentido se os discípulos tivessem esperança de ver Jesus, mas nem isso acontecia. A descrença invadiu os seus corações, mesmo depois de ver Jesus ressuscitado.

 

Apesar de leigos, os discípulos seriam inteligentes o suficiente para não alicerçar a sua vida em alucinações, fábulas (II Pedro 1.16), mitos (I Timóteo 1.4), ou seja, algo que não fosse real e palpável, com o seu apogeu em Tomé[13]. Sobre este argumento, Candler pergunta: “Quando é que uma alucinação chega a estimular a fé, a elevar a virtude e a conquistar o mundo”?[14]

 

Paul Little vai mais longe, ao afirmar, em relação à teoria da alucinação, que a sua aceitação implica “ignorar-se por completo as evidências”[15] da ressurreição, o testemunho dos discípulos e as suas implicações.

 

 

 

Teoria da troca de túmulo

 

Existe ainda a teoria da troca de túmulo. O corpo de Jesus teria sido, inicialmente, colocado no sepulcro de José de Arimatéia, mas o nobre teria mudado de ideias e trocado o corpo de Jesus para uma vala comum. Os discipulos, não avisados do facto, ao ver o sepulcro vazio, inferiram a ressurreição do Mestre.

 

Craig afirma que, se tal aconteceu, porque é que ninguém corrigiu os discípulos quando estes começaram a anunciar publicamente que Jesus tinha ressuscitado? Além disso, a lei judaica não permitia a troca de sepulturas, exumação ou violação de sepulturas[16]. Esta teoria está intimamente ligada à do “Complô da Páscoa”. Segundo esta teoria, Jesus aspirava ser o Messias e arquitectou um plano para o ser. O vinho misturado com vinagre teria uma droga que adormeceu Jesus que, em conluio, com José de Arimatéia, fugiria do sepulcro[17]. No entanto, a história correu mal por causa da lança e José de Arimatéia, de iniciativa própria, retirou o corpo do sepulcro para encenar a ressurreição, com a ajuda de um anónimo que fingiu ser Jesus ressurrecto.

 

O filósofo agnóstico australiano Peter Slezak, citado por Craig, contrapõe esta teoria, afirmando que, se Jesus era Deus, para um Deus capaz de criar todo o universo, a ressurreição era uma coisa fácil. Não havia necessidade de orquestar um plano destes.

 

Para além destas teorias principais, existem ainda as teorias do túmulo errado (Jesus foi sepultado, por engano, noutro lugar ou os discípulos confundiram o túmulo); a teoria da lenda (a história da ressurreição é uma lenda, inventada anos mais tarde); e a da ressurreição espiritual (o corpo de Jesus decompôs e Ele apenas ressuscitou espiritualmente).

 

 

 

  1. As evidências da ressurreição

 

William Lane Craig apresenta três evidências introdutórias para a ressurreição: o sepulcro vazio, as aparições (corpóreas e físicas) de Jesus e a convicção dos discípulos. Além disso, afirma que, ao contrário do que seria de esperar, esta não é uma posição conservadora ou evangélica, mas é um facto assumido pela maioria dos críticos neo-testamentários, que aceitam estas três provas, com naturalidade.[18] Estas três evidências interligam-se com os testemunhos da ressurreição, a saber, testemunho histórico, escrito e pessoal.

 

 

 

Testemunho histórico

 

Para começar, se o relato do sepultamento é preciso, as pessoas da época sabiam onde era o sepulcro e poderiam confirmar se as palavras dos discípulos, afirmando que Jesus ressuscitara, eram correctas ou não. O próprio facto de as autoridades preferirem perseguir os cristãos em vez de mostrar, pelo sepulcro, que Jesus estava morto, revela que o sepulcro estava vazio e que o corpo desaparecera.

 

O túmulo vazio, é segundo McDowell, um facto histórico documentado[19] e prova da ressurreição de Cristo. O autor afirma, ainda, que nunca encontrou algo com tantos testemunhos positivos históricos, literários e legais para sustentar a sua validade. Professores catedráticos, políticos, historiadores, juízes por todo o mundo reconhecem a validade histórica dos relatos bíblicos sobre a ressurreição.

 

Paul Little[20] cita o cónego Westcott para afirmar que “reunindo todas as provas, não é demais dizer que não há qualquer acontecimento histórico com melhor ou mais variado apoio do que a ressurreição de Cristo”. O autor afirma que “nada, a não ser a prévia admissão de que devia ser falsa (a ressurreição), poderia ter sugerido a ideia de insuficiência de provas que a atestam”.

 

 

 

Testemunho escrito

 

Seria uma saída fácil argumentar que a Bíblia não pode servir como testemunho escrito da ressurreição, por ser tendenciosa. A verdade, no entanto, é que os documentos do Novo Testamento são, de longe, os mais autênticos desde a antiguidade, no que diz respeito a números de exemplares existentes e a tempo decorrido entre as cópias mais antigas e os manuscritos originais. Max Anders, citando, Sir Frederic Kenyon, ex-director do Museu Britânico afirma que “tanto a autenticade, como a integridade, de modo geral, dos livros do Novo Testamento, podem ser consideradas definitivamente comprovadas”[21]. Josh McDowell, em “Evidência que exige um Veredicto”, era capaz de provar 14 mil manuscritos do Novo Testamento. Em “Evidências da Ressurreição de Cristo”, já era capaz de provar 24,633[22].

 

McDowell cita F.F.Bruce, que afirma: “a evidência dos textos do Novo Testamento é muito maior do que muitas obras de autores clássicos, cuja autenticidade ninguém sonha em questionar”. Além disso, o autor de comentários bíblicos diz que “se o Novo Testamento fosse uma colecção de escritos scculares, sua autenticidade de modo geral seria considerada fora de qualquer dúvida”.

 

Josh McDowell cita ainda Clark Pinnock: “Não existe outro documento no mundo antigo, assim autenticado por um grupo tão excelente de testemunhas textuais e históricas, apresentando uma colecção tão extraordinária de datas e factos, que nos permita tomar uma decisão inteligente. Uma pessoa honesta não pode recusar uma fonte desta natureza. O ceticismo, em relação às evidências históricas do cristianismo, está baseado num preconceito irracional”[23].

 

Sendo assim, a Bíblia afirma que havia provas suficientes para a ressurreição de Cristo. Em Atos 1.3, Lucas diz a Teófilo que Jesus se apresentou aos discípulos, com “provas incontestáveis”. De Haan afirma que esta é mais do que uma afirmação histórica. É um desafio a todos os críticos que haveriam, posteriormente, de negar o sentido literal da ressurreição corpórea de Jesus. Lucas, não um indivíduo qualquer, mas um médico culto, e conhecido por ser meticuloso, afirma que Jesus estava vivo, fora visto por um grande número de pessoas e que a ressurreição podia ser confirmada com provas incontestáveis. E Lucas di-lo, não muitos anos depois, mas quando essas mesmas testemunhas oculares ainda eram vivas e o poderiam contradizer. As palavras de Lucas não sofreram qualquer objecção entre a sociedade daquele tempo, porque ninguém conseguia negar o facto[24].

 

Pedro, perante os seus pares, numa grande multidão, afirmou que, ao Jesus que os judeus tinham morto, na cruz, “…Deus o ressuscitou”, sendo que ele e os demais discípulos eram “testemunhas” desse facto (Actos 2.32).

 

Craig afirma que, se o testemunho da ressurreição fosse uma invenção, não teriam os autores da Bíblia se preocupado em não colocar mulheres como testemunhas, visto o seu testemunho ser considerado nulo, pelas autoridades, devido ao status social das mulheres?[25]

 

Além disso, existem outros materiais históricos que dão apoio ao testemunho intrínseco das Escrituras. O exame cuidado da literatura criada na mesma época da Bíblia confirma a veracidade histórica das narrativas do Novo Testamento. Anders refere o testemunho do arqueólogo Sir William M. Ramsay de que “a história de Lucas é incomparável no que diz respeito à sua veracidade”. Anders também cita A.M. Sherwin-White, que afirmou sobre Actos que “qualquer tentativa de rejeitar a sua historicidade básica até mesmo em questões de detalhes deve agora parecer absurda”[26].

 

William Lane Craig afirma que existem fontes independentes que narram o sepultamento de Jesus, além da Bíblia[27]. O sepultamento de Jesus é um facto escrito consumado e que liga directamente à Sua ressurreição.

 

 

 

Testemunho pessoal

 

Frank Morrison, advogado britânico dos anos 30, considerava a ressurreição de Cristo uma fábula para criança. Decidido a desmascarar a lenda de um Jesus ressurrecto, começou a investigar. A sua investigação culminou na obra “Who Moved the Stone?”, um testemunho da sua própria conversão a Cristo, depois de chegar à conclusão que a Sua ressurreição era inegável.

 

Neste livro, Morrison usa[28] os exemplos de Pedro, Tiago (irmão de Jesus) e Paulo como testemunhas pessoais fundamentais acerca da ressurreição.

 

O autor pergunta como é que alguém a quem Jesus chamou Satanás, que o Mestre descobriu que o iria trair, um discípulo que fugiu na hora da verdade, poderia se ter tornado um dos líderes do movimento focado em Cristo, ao ponto de sofrer abundantemente por isso e inclusive, segundo a tradição, morrer executado por causa dessa fé? Teria de ser porque viu e experimentou o Cristo ressuscitado. E, mesmo aqueles que dizem que a sua personalidade intempestiva, que faz e fala antes de pensar, poderia explicar os seus actos que o levaram a sofrer por uma causa aparentemente inútil, têm de admitir que Pedro não passava de um pescador. Seria pouco inteligente, com pouca ou nenhuma capacidade de estratégia, de gestão de recursos humanos e, obviamente, nenhum poder de feitiçaria, medicina, ou algo semelhante, para realizar os sermões que realizava, operar os milagres que operou e gerir a igreja que geriu. Este Pedro, admitiu, no seu primeiro discurso, que Deus ressuscitou Jesus dos mortos e o fez Senhor e Cristo.

 

Quanto a Tiago, é o próprio Josefo que escreve que o irmão de Jesus foi morto à pedrada por defender a fé cristã. O mesmo Tiago que negou a divindade de Jesus, antes da Sua morte, rejeitou os Seus feitos e o ostracizou. Como é que este homem, frio e hostil perante Jesus, que parecia odeiar aquele que vinha da mesma mãe, se tornou conhecido por todos como o “irmão de Jesus”, uma das figuras principais da igreja em Jerusalém (Actos 15 e 21) e que sofreu, até à morte pela Sua causa?

 

Craig, citando Hans Grass, feroz crítico do Novo Testamento, afirma que a conversão de Tiago é uma das provas mais irrefutáveis da ressurreição de Cristo[29].

 

Diz-se que os cristãos escreveram, no seu túmulo, “este foi uma verdadeira testemunha, tanto para judeus como para gregos, que Jesus é o Cristo”. Testemunho mais imparcial do que este, só um, o de Paulo. Como é que um fanático pela religião judaica, que moveu tudo o que podia e que com todas as suas forças lutou para que a recém-criada seita cristã fosse aniquilada, ao ponto de mandar matar, sem apelo nem agravo, se tornou no maior arauto, defensor e continuador da causa do carpinteiro nazareno?

 

 

 

III. Argumentos da ressurreição

 

Para este ponto, usaremos os sete argumentos de De Haan a favor da ressurreição[30]: lógica, coerência, psicologia, filosofia, história, experiência, autoridade.

 

No primeiro, Haan afirma que a vida de Jesus (irrepreensível e exemplar) e o Seu legado mostram, logicamente, de forma conclusiva, que a morte não marcou o seu fim.

 

O argumento seguinte mostra que era absolutamente incoerente aceitar relatos históricos de fontes menos confiáveis e não aceitar os testemunhos oculares da ressurreição de Cristo. Além disso, se os divulgadores da informação da ressurreição de Cristo foram fidedignos no que toca a relatos de outros assuntos, sendo exactos em todos os aspectos, porque abrir uma excepção no caso da ressurreição? Provas arqueológicas mostram que os autores bíblicos foram precisos no que toca a localizações geográficas, informações históricas e aspectos culturais. Logicamente, não mentiriam no que toca a Jesus ter permanecido morto. Se admitirmos que tudo não passou de um plano maquiavélico, então necessitamos admitir que toda a História pode estar errada, caso historiadores e relatadores tomassem a mesma atitude.

 

Mais do que isso, o argumento psicológico, de que a verdade da ressurreição mudou vidas de milhões de pessoas, ao longo dos séculos, deve pesar e muito. Basta começar pela postura dos discípulos antes e depois de Jesus morrer. Os medrosos, incrédulos e desconfiados doze, quando Jesus estava lá, tornaram-se intrépidos, corajosos e convictos apóstolos, depois de Jesus morrer. Paulo e os irmãos de Jesus são outros exemplos da transformação operada pela verdade da ressurreição.

 

O argumento histórico aborda o que se passou ao longo dos seguintes 2000 anos, com o mundo, com a igreja, com as pessoas, e a influência de Jesus em todas as coisas. De Haan afirma que “seria difícil um morto” ou “um louco” ter esta influência. Mas um vivo não. Já o argumento da experiência mostra que, quem experimenta o Cristo ressuscitado, sabe que Ele ressuscitou. Paul Little aborda o mesmo assunto, apelidando-o de “prova contemporânea e pessoal da ressurreição”.

 

Finalmente, o argumento da autoridade. De Haan afirma que, se a Bíblia, a palavra de Deus, que Deus guardou ao longo de milhares de anos, afirma que Jesus ressuscitou, a autoridade bíblica não deve ser desprezada.

 

 

 

  1. As implicações da ressurreição

 

É fundamental afirmar a importância da ressurreição em todo o pensamento cristão. Ela é o clímax do cristianismo. Sem ela, o cristianismo seria mais um religião. Sem ela, o cristianismo não teria chegado aos nossos dias. Anísio Batista Dantas afirma que uma fé cristã não firmada na ressurreição de Cristo não pode ser chamada fé e muito menos cristã[31].

 

É no inter-relacionamento entre morte, ressurreição e segunda vinda que se manifesta a esperança do crente salvo.

 

Além disso, há promessas de Deus ricas para o crente que só são válidas por causa da ressurreição. A ressurreição não encerrou as promessas referentes a Cristo e aos seus. A derradeira delas é fazer dos crentes participantes dessa mesma ressurreição, no fim dos tempos. Dantas afirma que o crente espera ressuscitar e ascender aos céus, tal como Cristo fez[32].

 

A ressurreição de Cristo dá significado a toda a história da redenção, a todo o plano de Deus, a toda a Bíblia. Sem ressurreição, o nascimento de Cristo não teria significado, os seus esforços teriam sido inutéis, a sua morte teria sido uma derrota, uma tragédia infrutífera.

 

De Haan afirma que o símbolo do cristianismo não deveria ser uma cruz, mas um túmulo vazio[33], tal a importância da ressurreição no plano redentor de Deus. A morte vicária de Cristo é, aliás, apenas uma parte do plano. De Haan afirma que “a cruz, sozinha, não pode salvar ninguém”[34]. O clímax do Evangelho reside no facto de que Jesus não apenas morreu, mas ressuscitou, provando a eficação do seu sacrifício. A ressurreição é a prova que todos os pecados foram expiados na cruz. Ressuscitando, Jesus provou que a obra de Deus para salvação do Homem ficou completa e que o ser humano tinha um caminho aberto (o próprio Jesus, mediador) para se reconciliar com o seu Criador. A morte de Cristo apenas serviria para nos livrar do inferno, mas não nos levava para o Céu. É a ressurreição que possibilita a comunhão com Deus.

 

A origem do cristianismo, segundo Craig, depende da crença dos primeiros discípulos de que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos. Essa ressurreição reverteu a catásfrofe da crucificação e fez de Jesus o Messias profetizado nos escritos antigos, capaz de salvar e reinar.

 

Candler cita Bushnell para dizer que “o mundo está mudado e já não é como era, não voltou a ser o mesmo que era, desde que Jesus” subiu ao céu. “O ambiente está impregnado de aroma celestial e em suas brisas se percebe algo de outros mundos”[35].

 

 

 

Conclusão

 

A ressurreição de Cristo é um facto inegável da história do mundo, decisor para o futuro da humanidade, e transformador para o dia-a-dia.

 

Torna-se claro que os discipulos não roubaram (não arriscaram a morte por um vivo, quanto mais por um morto),  os inimigos não levaram (interessava que Jesus estivesse sepultado) e os animais não comeram (os soldados morreriam se deixassem) o corpo. A alucinação não existiu e os testemunhos são verdadeiros. Ele, de facto, morreu e ressuscitou. E a história não terminou aí.

 

Jesus nunca escreveu um livro. No entanto, o acervo de todos os livros por Ele inspirados, referentes à sua vida, morte e ressurreição, é maior do que todos os outros juntos. Jesus nunca fundou uma escola. No entanto, tem sido de inspiração de conquista em todos os níveis de conhecimento e na civilização. A Sua influência fez com que as nações se desenvolvessem. Jesus nunca escreveu uma canção. Mas, milhões de seres humanos criam e cantam as mais belas canções em homenagem a Ele[36].

 

A mensagem do cristianismo é a mensagem de um Salvador ressurrecto. Este ponto faz do cristianismo único, algo não incluído entre as religiões do mundo. O cristianismo não é uma religião, mas uma pessoa viva: Cristo.

 

Não somos capazes de avaliar, na totalidade, os efeitos da ressureição de Jesus, mas sabemos que a via da prova da sua ressurreição, pela experiência, está aberta a qualquer pessoa. Se Jesus ressuscitou, está vivo hoje, pronto a encher e transformar aqueles que o convidam a entrar nas suas vidas.

 

Em suma, a importância da ressurreição resume-se a isso mesmo. Duas palavras apenas: vidas transformadas.

 

“Se, com a tua boca, confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”.Romanos 10.9 FONTE APOLOGÉTICA.PT

 

 

 

A Ressurreição: Fundamento Insuperável da Fé Cristã

 

 

  1. A) INTRODUÇÃO:

 

Primeiro, abramos nossas Bíblias [1] em 1 Coríntios 15:16-19, que diz:

 

“Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.

 

Antes de começar a exposição de hoje, gostaria de ler o hino No. 101:

 

“Cristo já ressuscitou; Aleluia!

 

Sobre a morte triunfou; Aleluia!

 

Tudo consumado está; Aleluia!

 

Salvação de graça dá; Aleluia!

 

Uma vez na cruz sofreu; Aleluia!

 

Uma vez por nós morreu; Aleluia!

 

Mas agora vivo está; Aleluia!

 

E pra sempre reinará; Aleluia!

 

Gratos hinos entoai; Aleluia!

 

A Jesus, o grande Rei, Aleluia!

 

Pois à morte quis baixar; Aleluia!

 

Pecadores pra salvar; Aleluia!”

 

Quantas verdades estão presentes nestes versos, e que nos enchem de alegria, esperança, mas, sobretudo, de certeza, de que um dia também ressuscitaremos.

 

Mas, o que é a ressurreição para você, meu irmão?

 

É um corpo morto ganhando vida novamente?

 

Como se fosse um Frankenstein, com pedaços de vários corpos remendados e unidos escandalosamente, como parecem defender os espíritas?

 

Seria uma história, um conto de fadas ou mitologia?

 

Como os liberais, pós-modernos, relacionais e congêneres defendem?

 

Apenas outro dogma da igreja que você aceita prontamente mas nunca meditou nem refletiu na sua urgência?

 

Como os crentes nominais parecem entender, não reconhecendo a magnitude da ressurreição?

 

Ou, será algo que você, mesmo sendo cristão há tanto tempo, nunca deu devida importância, pela falta de zelo com essa grandiosa realidade?

 

Pois saiba que, em nenhuma outra religião tem-se presente a ideia da ressurreição do corpo. Muitas acreditam na imortalidade da alma, mas nenhuma crê na ressurreição, de que teremos o corpo glorificado semelhante ao do Senhor Jesus. Nem mesmo os muçulmanos que acreditam num tipo de ressurreição, não cogitam a santificação e glorificação, como a Bíblia revela, mas em uma permanência celestial do mesmo corpo sujeito ao pecado, já que as mesmas relações ímpias praticadas aqui se repetiriam lá, e são exatamente elas que garantem, ao ver deles, um lugar no Paraíso.

 

Hoje, comemoramos o domingo de Páscoa, uma data importante no calendário cristão, pois representa a ressurreição do Cordeiro, Cristo, o homem santo e sem pecados que encarnou, viveu entre nós, foi condenado injustamente e morreu por amor de mim e de você. Muito distante daquilo que o mundo apregoa, de como Satanás usa da realidade bíblica para distorcer, corromper, e atender aos instintos mais carnais e abjetos, transformando um dia santo em algo mundano, onde as pessoas lembram-se apenas de trocar e comer “ovos de chocolate” botados por um coelho fictício.

 

O espírito da páscoa difundido pelo mundo não tem nada de cristão, pelo contrário, é o espírito do anticristo, diabólico, no qual tentam imitar a realidade gloriosa da ressurreição com uma farsa.

 

Mas com qual objetivo fazem isso?

 

Ao criar uma história, sem “pé-nem-cabeça”, querem apenas ridicularizar e desacreditar a história verdadeira, fazendo-a passar por um delírio, por uma loucura. Mas, quem é o louco?

 

Tudo passa pela incredulidade, pelo ceticismo, e por uma necessidade de se buscar racionalmente uma explicação para tudo, como se a mente humana pudesse desvendar e responder a todas as questões do universo (contudo, a força motriz da incredulidade, assim como de todo o pecado, é a revolta contra Deus; o motim idealizado por Satanás e abraçado por Adão, Eva e todos os homens após eles). Felizmente, não pode; e quando até mesmo alguns ditos cristãos põem em dúvida a ressurreição, temos uma soberba-arrogância na qual o homem se faz superior a Deus e sua palavra. Esse é outro foco do ceticismo, desacreditar e ridicularizar a Escritura como a revelação especial, como palavra do próprio Deus. E, infelizmente, a igreja atual encontra-se cheia desse tipo de “crente”, pessoas que desprezam e consideram irrelevante tanto a Bíblia como a doutrina da ressurreição.

 

E muitos dos coríntios, provavelmente, colocavam em dúvida a doutrina da ressurreição. Assim como os saduceus criam, havia entre aqueles irmãos muitos que também criam na não-ressurreição. Por isso Paulo escreve quase um capítulo inteiro sobre o tema, alertando-os de que essa ideia era completamente estranha e opunha-se à fé cristã.

 

Você crê na ressurreição? De que Cristo morreu e ressurgiu dos mortos? E de que você também, um dia, ressuscitará da morte?

 

Se você é um crente verdadeiro, não duvidará desta verdade.

 

  1. B) A CERTEZA DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

 

Já no verso 1 e 2 do capítulo 15, lemos:

 

“Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão”.

 

Paulo confirma e afirma que o evangelho de Cristo já havia sido anunciado aos coríntios, de que eles eram conhecedores da verdade, e nada ficou-lhes encoberto ou oculto, porque eles o receberam e permaneceram na verdade. Paulo não pregava outro evangelho, mas o mesmo, e ele os chama agora por testemunhas de que não houve corrupção em seus ensinos, qualquer um que o ouviu antes e o ouvisse agora confirmaria serem ambas a mesma doutrina. E ele justifica o recebimento do evangelho pela igreja de Corinto com o argumento de que a salvação os alcançou pela pregação do apóstolo; ressaltando que não seriam condenados se retivessem e cressem no que lhes fora proclamado. Logo, o que viria a ser exposto não era algo estranho, algo ainda não ouvido pelos coríntios, mas algo impossível de ser rejeitado, sob pena de perderem o fundamento da fé e negarem a realidade da ressurreição.

 

Nos versos 3 e 4:

 

“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.

 

Paulo profere, por duas vezes, a expressão “segundo as Escrituras”; mas, se o Cânon ainda não havia sido concluído, a qual Escritura ele nos remete? Acredito que muitos dos escritos do Novo Testamento já circulavam à época em que escreveu a 1ª Epístola aos Coríntios, mas também aludia ao Antigo Testamento, onde a verdade inexorável da ressurreição de Cristo e dos justos era proclamada.

 

Vários textos apontam para essa realidade, por exemplo:

 

Jó 19.25-27: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior”.

 

Sl 17.15: “Quanto a mim, comtemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar”.

 

Dn 12.2: “E muitos do que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno”.

 

Vejam bem, o apóstolo não despreza a Escritura, pelo contrário, disse que dela aprendeu e por ela ensinava. Há uma ideia corrente entre os crentes atuais de que o A.T. deve ser relegado a um segundo plano, e de que os textos de real valor encontram-se no N.T. A questão é: qual o critério ou autoridade é invocada para se fazer a distinção do que é ou não é Escritura? Se o próprio Jesus citou-a abundantemente em seus ensinamentos? Estaria o homem investindo-se de uma autoridade maior do que a do próprio Deus, julgando arbitrariamente o que é ou não é parte do Cânon?

 

Porém, o importante neste ponto é o apóstolo afirmar que entregou o mesmo que recebeu, segundo as Escrituras. E o que elas afirmam, tanto no Antigo como no Novo Testamento?

 

1) Cristo morreu por nossos pecados – A morte do Senhor não foi um teatro, uma pantomima, coisa de megalomaníaco, um espetáculo para entreter gerações e gerações de ouvintes e leitores. A sua morte teve um propósito, e um propósito claramente expresso, definido, e descrito na Escritura, ele morreu por nossos pecados, pagando uma dívida impagável para nós; fazendo por nós o que nos era impossível; assumindo o nosso lugar, um lugar de vergonha e injustiça para ele, para se fazer justiça para nós. Fomos, por aquele ato do Senhor, justificados, ou seja, tornados justos, imaculados e sem pecados, pelo seu sacrifício na cruz do Calvário.

 

Ler Is 53:4-7.

 

2) Cristo foi sepultado. Há relatos esdrúxulos, fantasias diabólicas, de que Cristo não morreu, pelo contrário, ele casou-se, teve uma família ou refugiou-se em esconderijos imaginários, para justificar a fé em sua morte. Ora, a Bíblia não deixa dúvidas da morte do Senhor; e há relatos de historiadores da época, como Josefo e Tácito, por exemplo.

 

3) Cristo ressuscitou ao terceiro dia, como foi profetizado pelo próprio Senhor, em Mt 12.40. Uma pequena observação: muitos têm dúvidas quanto ao fato do três dia e três noites não poderem transcorrer entre uma sexta-feira e o domingo. Porém, devemos entender que a contagem de tempo dos judeus é diferente da nossa (e também dos romanos à época), pois o dia, para eles, inicia-se às 18 h e não à meia-noite. Para o judeu também um dia não significa necessariamente 24 horas, podendo ser uma fração das 24 h designada como sendo “um dia”. Interessante notar que Paulo não diz que Cristo ressuscitou após três dias, mas ao terceiro dia, corroborando a ideia de que três dias não abrangem os dias completos, como conhecemos.

 

Verso 5-8:

 

“E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo”.

 

Para confirmar que a ressurreição do Senhor não era algo fictício nem uma especulação, Paulo citará as provas incontestáveis da aparição de Jesus, ressurreto, a muitas pessoas, entre elas, aqueles que o conheciam melhor do que qualquer outro homem, pessoas que estiveram com ele durante os três anos de ministério terreno, acompanhando-o vinte e quatro horas por dia, todos os dias; pessoas íntimas e que tinham um relacionamento pessoal e direto com o Mestre, apóstolos e discípulos como Pedro e Tiago, por exemplo.

 

Então, primeiramente, como evidência, ele afirma que Pedro viu o Senhor (Lc 24.34), e, posteriormente, os demais apóstolos, chamados de doze, menos Judas, porque assim eram também conhecidos (Jo 20.19-20).

 

Depois foi visto por mais de quinhentas pessoas de uma vez, sendo que a maioria deles ainda estava viva, configurando-se em uma prova irrefutável da ressurreição, posto estar ao alcance do leitor desta carta, à época, a confirmação da veracidade daquele feito, e, Paulo não o faria irresponsavelmente, colocando em xeque o seu ministério, a sua idoneidade e confiabilidade, caso não falasse a verdade. Há passagens como as de Mateus 28.16-17 e Atos 1.1-9, nas quais um grande número de irmãos viu e ouviu o Senhor.

 

Depois foi visto por Tiago, o bispo de Jerusalém e irmão do Senhor, e depois por todos os apóstolos, no Monte das Oliveiras, como descreve-nos Lucas 24.50-51 e Atos 1.1-9, 17.

 

E, por fim, Paulo chama a si mesmo por testemunha, como tendo visto a Jesus em Damasco, fato relatado por Lucas em Atos 9.2-6.

 

Esses são sinais genuínos apresentados pelo apóstolo para estabelecer a verdade inequívoca da ressurreição do Senhor.

 

Mas, alguém pode questionar: “Olha, entendo a ressurreição de Cristo, mas não aceito a ressurreição de homens comuns”.

 

Sem entrar em todas as implicações e refutações possíveis à pergunta, importa-nos dizer que há na Escritura vários casos de ressurreição de homens e mulheres comuns.

 

No Antigo Testamento, Elias ressuscitou o filho de uma viúva (1Rs 17.20-22), e o filho da mulher Sunamita (2Rs 4.32-37).

 

No Novo Testamento, o próprio Senhor ressuscitou Talita, filha de Jairo, um homem conceituado e respeitado pois era um dos principais da Sinagoga local (Mc 5.41-42), e Lázaro (Jo 11.43-44); Pedro ressuscitou Dorcas ou Tabita (At 9.40-42), e, o próprio Paulo ressuscitou também um homem, Êutico (At 20.9-10).

 

Com isso, prova-se a ressurreição como um fato a acontecer com todos os homens, quer estejam destinados ao Paraíso ou destinados ao Inferno.

 

  1. C) OS PROBLEMAS DE SE NEGAR A RESSURREIÇÃO

 

Pularemos do verso 8 diretamente para o verso 12 ao 20, que diz:

 

“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”.

 

Paulo, maravilhosamente, argumenta não só quanto à inutilidade da fé, mas também à sua falsidade, se não houver ressurreição dos mortos. Literalmente, o Cristianismo é mentira, e não tem valor algum, se os mortos não ressuscitam. Esta é uma razão poderosa para apontarmos qualquer forma de “cristianismo” onde não há ressurreição como um embuste, uma fraude, mas, onde também não há a ressurreição de Cristo, como afirmam os liberais e racionalistas ao, não acreditando na sobrenaturalidade (o que vale dizer no poder infinito e todo-poderoso de Deus), tornam o relato da ressurreição do Senhor como algo alegórico ou apenas simbólico, na religião das trevas, capitaneada pelo próprio diabo. Esses homens jamais deveriam serem chamados ou considerados cristãos, pois, segundo Paulo, sua fé é vã, inócua, falsa e ineficaz; não havendo qualquer intento em proclamá-la a não ser para garantir que muitas almas descrentes garantam a eternidade no Inferno.

 

Por que?

 

Ora, se Cristo não ressuscitou, os que dormiram em Cristo estão perdidos, ou seja, nossos pecados não foram pagos e ainda permanecemos neles (v.17). E se permanecemos neles, teremos de pagá-los, mas, não podemos pagá-los, então, estaríamos irremediavelmente perdidos, condenados ao sofrimento eterno no Lago de Fogo (v.18).

 

E há uma relação clara e evidente na ressurreição de Cristo, pois se ele ressuscitou, os mortos também ressuscitarão; se os mortos não ressurgirem no fim dos tempos, também Cristo não ressuscitou, logo ele está morto e estamos mortos juntos com ele. Mas, porque temos a certeza e o testemunho do Evangelho, sabemos que, como o Senhor, também ressuscitaremos.

 

A própria pregação seria sem sentido, e de nada serviria ao homem, se não houvesse a ressurreição; e, sem ela, não haveria a expectativa do céu, de uma vida eterna na presença de Deus, e o Cristianismo serviria talvez para nos dar algum conforto na terra, mas como Paulo disse, se esperássemos Cristo apenas neste mundo, seríamos os mais miseráveis dos homens (v.19).

 

Novamente, por quê? Ora:

 

1) Não haveria uma vida eterna;

 

2) Milhões de homens morreram inutilmente;

 

3) O trabalho de pregação e evangelização seria desnecessário e infrutuoso;

 

4) Seríamos piores do que os outros homens (ao defendermos uma realidade impossível diante de pessoas que vivem uma realidade possível e não cogitam algo utópico);

 

5) Sacrificaríamos este mundo por outro que não existe, ou seja, morreríamos para este em troca de vivermos no outro, quando não o viveríamos; a vida não teria sentido;

 

6) Por fim, permaneceríamos mortos em nossos pecados (o espírito do homem não reviveria).

 

  1. D) A REALIDADE DA RESSURREIÇÃO

 

“Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (v. 20)

 

Paulo, enfaticamente, confirma a ressurreição do Senhor, e de que temos a garantia da nossa ressurreição. Ele, o cabeça, foi o primeiro e único a viver após a morte, assim como nós, o corpo, viveremos também após a morte. Ela aponta, portanto, para a Igreja:

 

1) A concretização e eficácia do plano divino, e a realização das suas promessas e profecias.

 

2) Mostra-nos que Cristo está vivo; e com ele viveremos eternamente.

 

3) De que haverá um reino de paz, justiça e amor, ao contrário do que experimentamos neste mundo.

 

4) É a vitória definitiva do crente, de que tanto a morte como o inferno foram tragados, derrotados, pela ressurreição de Cristo.

 

A ressurreição aponta para os ímpios:

 

1) O plano divino, para eles, também se concretizará, assim como as promessas e profecias a eles pertinentes;

 

2) De estarem diante no Tribunal de Cristo, onde serão julgados e condenados;

 

3) Eternamente estarão no lugar onde há apenas dor, angústia e desespero, sem qualquer alívio para os seus corpos e alma;

 

4) Foram tragados definitivamente pela morte e o inferno, derrotados pela descrença e rebeldia a Deus.

 

A ressurreição de Cristo é um dos pilares da fé cristã, sem ela, nada do que cremos e esperamos teria sentido. Sem a ressurreição, não seríamos salvos, nem herdaríamos o Reino de Cristo; sem a ressurreição, ainda estaríamos mortos em nossos pecados.

 

A sua importância está no fato de que Cristo não viu a corrupção, e, como ele, a nossa alma também não verá a corrupção, no sentido de permanecer doente, enferma, por toda a eternidade.

 

A ressurreição remete-nos a uma vida nova (e este é um dos sentidos do termo), uma vida sem pecados, distante de nossa antiga natureza, na qual estaremos para sempre em plena comunhão com Deus.

 

A ressurreição lembra-nos de que, antes mortos em nossos delitos, fomos restaurados por Deus e reconciliados com ele, para uma vida santa.

 

A ressurreição aponta para um corpo incorruptível, uma nova criatura que iniciou-se com a nossa conversão, mas que ainda não está completa, e somente o será quando Cristo voltar em glória a este mundo para buscar a sua noiva, a Igreja, da qual somos parte, assim como somos parte dele, a cabeça, enquanto corpo.

 

A ressurreição, como bem simboliza o batismo (e por isso cremos no batismo por imersão), não apenas nos renovará, mas nos transformará à semelhança de Cristo.

 

Por isso, sem a ressurreição, não haveria uma nova vida, posto as promessas de Deus não seriam cumpridas, e o próprio Cristo não passaria de um homem comum.

 

Por isso, os ataques insidiosos e desonestos dos servos de satanás em desacreditar, em mentir, sobre um dos eventos máximos da história, a ressurreição do Senhor.

 

  1. E) CONCLUSÃO

 

A ressurreição é um ponto fundamental na fé cristã, sem a qual ela perde completamente o nexo, tornando-se em algo ineficiente. Ela deve dar segurança ao crente de que Deus, ao ressuscitar Jesus dos mortos, também nos ressuscitará, e a importância desta esperança reside no fato de devermos levar o Evangelho de vida, e vida eterna a todos os homens, orando ao Espírito Santo para convertê-los a Cristo, a verdade.

 

Qualquer caminho a apelar para uma não ressurreição do corpo é inconsistente com a Bíblia, e mentiroso. Assim como o crente que se utiliza da certeza da ressurreição para negligenciar o evangelismo, deixando de levar a mensagem de salvação e de vida eterna ao pecador, também se faz mentiroso, posto não ansiar, em seu íntimo, ao próximo, aquilo que diz crer, revelando-se um incrédulo.

 

Pior ainda, é o cristão vestir-se de hipocrisia, ofender a Deus com os seus pecados constantes, sua insubmissão a ele, e ansiar por uma ressurreição e uma vida eterna no paraíso.

 

Cada um de nós, neste dia, faça uma inspeção sincera em seu íntimo e veja se está realmente no caminho da vida eterna, de ressurgir para a vida, ou se está a um passo de ressurgir para a morte e a separação definitiva de Deus.

 

Demos pois a Deus glória eterna, porque, pelo seu poder, fez cumprir no tempo todas as promessas antes dadas pelas bocas dos seus profetas, revelando o seu cuidado, amor e fidelidade para conosco, seu povo, que, assim como o seu Filho Amado ressuscitou, também ressuscitará para a glória eterna de viver em comunhão constante e permanente com o Pai.

 

Que todos nós meditemos diariamente na obra maravilhosa e divina de Jesus Cristo, uma obra completa e acabada, sem a qual estaríamos irremediavelmente perdidos.

 

Que possamos, pela graça de Deus, não somente ansiar a ressurreição naquele glorioso dia em que Cristo voltará ao mundo para nos buscar e, juntos, julgarmos o mundo, mas possamos viver a verdade do Evangelho, renascidos pela fé, aguardando o nosso novo corpo e, glorificados, jamais vermos a morte (1 Tes. 4:13-18).FONTE NAPEC.ORG