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COMENTARIO BIBLCIO FILIPENSES CAP.4 (A)
COMENTARIO BIBLCIO FILIPENSES CAP.4 (A)

                  COMENTARIO BIBLCIO FILIPENSES CAP.4 (A)

 

 COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

O capítulo quatro dessa carta é um capítulo em que Paulo, depois de várias exortações de estímulo à perseverança, demonstra a ternura do seu coração pelos filipenses. Ele destaca alguns desses irmãos e refere-se a eles com carinho e grande respeito.

Esse capítulo ganha um sentido especial e pessoal da parte do apóstolo Paulo. Ele dava um tratamento especial aos cristãos de Filipos e, por isso, exorta-os e ao mesmo tempo apresenta seus protestos de carinho e amor fraternal para com aqueles irmãos, fruto de missão evangelizadora.

Sua carta está cheia de palavras como: alegria, gozo, regozijo e contentamento as quais são como um perfume que exala em todo o texto. São palavras que nutrem a alma do apóstolo e consolam o seu coração, mesmo estando prisioneiro numa prisão em Roma. Ele sentia a alegria do Senhor por saber acerca da igreja de Filipos. O seu contentamento era demonstrado na aceitação das coisas boas e más que estavam acontecendo com ele próprio e com a igreja em Filipos, e as via como providência amorosa de Deus, que sabe o que é melhor para nós e busca o nosso bem. O texto que selecionamos para este capítulo destaca o apóstolo Paulo estimulando aos crentes para que sejam firmes na fé que é a força motora das nossas convicções no evangelho de Cristo Jesus. Essa força motora impulsionava os filipenses a se manterem firmes em Cristo.

Ralph A. Herring, em seu livro Carta de Paulo aos Filipenses, escreveu o seguinte: “Vimos que esta Carta pode ser dividida em três seções: a seção do amor (1.1-11), a seção da alegria (ou gozo espiritual) (1.12-3.21); e a seção da paz (4.1-23)”. Essa ideia de Herring nos dá uma visão ampla do conteúdo da Carta. O capítulo 4, tratado aqui, faz a fusão dessas três virtudes, para mostrar aos filipenses que não havia ressentimentos no coração de Paulo. Pelo contrário, o apóstolo entendia que continuava a ser o pastor deles e, por isso, preocupava-se com o seu bem-estar espiritual. Paulo faz, então, com essa confiança em seu coração, admoestações finais de sua carta. Os versículos 7 e 8 revelam o sentimento que estava em seu coração. Tudo o que ele desejava e admoestava era: “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (4.8).

A ideia que prevalece nesse capítulo é o da “paz”, não uma paz comum, mas a paz produzida pelo Espírito Santo mediante a obra que Cristo fez por todos no Calvário.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 119-120.

A igreja de Filipos era A alegria e a coroa do ministério de Paulo. Essa igreja nasceu num parto de dor, mas lhe trouxe muitas alegrias. Essa igreja associou-se a Paulo desde o início para socorrê-lo em suas necessidades. Era uma igreja sempre presente e solidária.

Paulo agora está fazendo suas últimas recomendações a essa igreja querida, a quem ele chama de “minha alegria e coroa”.

Na língua grega, há dois tipos diferentes de coroa: diadema significa “coroa real”, e stefanos, “a coroa do atleta” que saía vitorioso dos jogos gregos. Essa era uma coroa de louros que o atleta recebia sob os aplausos da multidão que lotava o estádio. Ganhar essa coroa era a ambição suprema do atleta. No entanto, também, stefanos era a coroa com a qual se coroava os hóspedes quando participavam de um banquete nas grandes celebrações. Esta última palavra é a que Paulo usa neste texto.

E como se Paulo dissesse que os filipenses são a coroa de todas as suas fadigas, esforços e empenhos. Ele era o atleta de Cristo, e eles, a sua coroa. E como se dissesse que, no banquete final de Deus, os filipenses seriam a sua coroa festiva. Ralph Martin, nessa mesma linha de pensamento, diz que o ambiente escatológico de Filipenses 3.20,21 contribui para a bela metáfora de um prêmio celestial a ser concedido a Paulo por seu trabalho pastoral.

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 223-224.

Se havia alguém com desculpas de sobra para se preocupar era o apóstolo Paulo. Seus amigos cristãos queridos desentendiam-se entre si, e ele não estava por perto para ajudá-los. Não dá para ter ideia do motivo da contenda entre Evódia e Síntique, mas se sabe que causava divisão na igreja. Além dessa possível dissensão em Filipos, Paulo também teve de tratar das desavenças entre os cristãos em Roma (Fp 1:14-1 7). E, de mais a mais, ainda pairava no ar a possibilidade da própria execução! Sem dúvida, Paulo tinha boas desculpas para ficar ansioso - mas não foi o que fez! Em vez disso, concentrou-se em explicar a seus leitores o segredo da vitória sobre a preocupação.

O que é ansiedade? A palavra grega traduzida por ansiosos, em Filipenses 4:6, significa "atraídos para direções diferentes". Nossas esperanças nos puxam para um lado, nossos medos para o outro, e a tensão torna- se insuportável. O sentido da palavra ansiedade é associado a angústia, que pode significar "estreiteza, aperto". Quando ficamos ansiosos, sentimo-nos "apertados" e "estrangulados" a ponto de ter sintomas físicos bastante claros: dores de cabeça, no pescoço e nas costas e úlceras. A preocupação afeta o raciocínio, a digestão e até mesmo a coordenação motora.

Do ponto de vista espiritual, a ansiedade é constituída de pensamentos (a mente) e de sentimentos (o coração) incorretos acerca de circunstâncias, pessoas e coisas. A ansiedade é a grande usurpadora da alegria. No entanto, não basta dizer a si mesmo: "pare de se preocupar". A força de vontade não é capaz de pegar esse ladrão, pois ele tem a colaboração de elementos internos. Para vencer a ansiedade, é preciso ter mais do que boas intenções. O melhor antídoto é a segurança: "E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus" (Fp 4:7). Quando temos segurança, a paz de Deus nos guarda (Fp 4:7) e o Deus da paz nos guia (Fp 4:9). Com esse tipo de proteção, que motivo há para ficar ansioso?

A fim de vencer a ansiedade e de experimentar segurança, devemos cumprir três condições que Deus determinou: orar corretamente (Fp 4:6, 7), pensar corretamente (Fp 4:8) e viver corretamente (Fp 4:9).

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 123.

1 - EXORTAÇÃO À ALEGRIA E FIRMEZA DA FÉ (4.1-3)

  1. A alegria de Paulo.
  2. A alegria e coroa do ministério de Paulo (4.1)

A palavra “portanto” (v. 1) é ligada por Paulo ao assunto do capítulo 3. Ele os trata como cidadãos dos céus e isso era suficiente para encher seu coração de gozo. Ele exprime sua alegria e orgulho por seus amigos e os encoraja a que permaneçam firmes em Cristo (1.27). O apóstolo exprime seus sentimentos mais íntimos de amor e carinho pelos irmãos quando diz que eles são “sua alegria e coroa” (4.1).

Nesse versículo, Paulo expressa a sua alegria pela igreja. Essa alegria tinha um caráter futuro, porque Paulo sentia que o fruto do seu ministério era real e verdadeiro. Ele podia sentir e relembrar que valia a pena tudo quanto sofreu para plantar aquela igreja em Filipos. Ele tinha a alegria da certeza da vida futura e a sua convicção do seu lugar na presença de Cristo na sua vinda. Esse gozo que experimentava lhe dava forças para não desistir do objetivo final de seu ministério.

O apóstolo Paulo acrescenta a palavra “coroa” depois da “alegria” (v. 1). Que coroa é essa? A que se referia o apóstolo? Naqueles tempos, especialmente no mundo grego e romano, havia dois tipos de coroas. Na língua grega do Novo Testamento, deparamo-nos com diadema e stefanos. Um tipo referia-se à coroa do atleta (stefanos), premiação máxima dos atletas, especialmente, dos corredores nas famosas maratonas gregas e romanas. O outro tipo referia-se à coroa da realeza, símbolo de soberania (diadema). Naturalmente, Paulo se referia à coroa do atleta, que era o laurel concedido ao vencedor nos famosos jogos. O sentimento que dominava o coração do apóstolo era algo presente e ao mesmo tempo futuro. Ele se referia ao que sentia naquele momento com as notícias dos irmãos em Filipos. Mas também se referia ao sentimento de que seu tempo de ministério estava chegando ao fim e tudo quanto esperava naquele momento era a vitória final na presença de Cristo. Isso constituía gozo e coroa na vida do apóstolo. Paulo sabia que a coroa, ou seja, o prêmio pela sua vitória final, além do sentimento de amor pelos filipenses, era, de fato, a coroa de glória que ele receberia na vinda do Senhor (1 Ts 2.19). E a recompensa pelo serviço fiel, quando todos os cristãos receberão seus galardões no Tribunal de Cristo: “Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10).

  1. A exortação à firmeza cristã (4.1)

“Estai assim firmes no Senhor” (4.1). É a parte final desse versículo que demonstra o contínuo cuidado do apóstolo pela vida espiritual dos filipenses. Era, na realidade, uma forma imperativa do cuidado apostólico de que os filipenses não se deixassem dominar pelos falsos ensinos que tentavam roubar-lhes a esperança e adulterar o ensino que lhes fora dado quando estava com eles. Antes, no capítulo três (3.20,21), Paulo os trata como cidadãos dos céus e, por isso, deviam permanecer firmes no Senhor. A preocupação de Paulo, mais uma vez, era com a entrada das heresias doutrinárias que podiam corroer a esperança e provocar divisão e desarmonia no seio da igreja. Ele usa a palavra stekete no grego bíblico quando fala de firmeza. Essa palavra, de fato, era aplicada ao soldado no campo de batalha que ardorosamente tinha que ficar firme quando se deparasse com um inimigo. O crente em Cristo precisa ficar firme na fé quando se depara com falsas doutrinas ensinadas por falsos mestres. A igreja deve “ficar firme” porque possui uma herança que deve ser preservada mediante a fidelidade ao Senhor até a sua vinda (Fp 3.20,21). A firmeza em Cristo implica a convicção de alcançar algo já garantido. Significa o ato de permanecer nos mesmos princípios que regem a vida cristã. A ideia de estar “firmes no Senhor” era, também, no sentido de colocar todas as coisas debaixo do controle do Senhor. Não deveria haver hesitação em servir a Ele.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 120-122.

A palavra «...portanto...» vincula o presente versículo ao pensamento da última secção do terceiro capítulo, que fala sobre o destino elevadíssimo que os crentes têm em Cristo, de tal modo que virão a participar de sua própria natureza e herança. «Em vista» desse alto chamamento e dessa esperança sublime—permanecei sempre firmes em Cristo, que é o vosso Senhor.

Jamais devereis ceder às pressões do mundo ou da carne, mas vivei sempre aquela intensa inquirição espiritual (descrita em Fil. 3:9-14). Pode-se observar aqui a grande similaridade entre esta passagem e o trecho de I Cor. 15:58, no que respeita à mensagem que a precede: «Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão». Essas palavras de I Coríntios aparecem após a secção daquela epístola que aborda a questão da imortalidade, mediada pela transformação (quando do arrebatamento da igreja ou da ressurreição), envolvendo ainda a grandiosa vitória sobre a morte. Portanto, essas duas passagens são quase idênticas, exceto que a passagem da primeira epístola aos Coríntios é mais elaborada. (Ver as notas expositivas sobre I Cor. 15:58, quanto a pensamentos adicionais).

O presente versículo, assim sendo, é tanto a conclusão do terceiro capítulo como a introdução de novos pensamentos. Na realidade, poderia ser melhor colocado no fim do terceiro capítulo desta epístola, tal como I Cor. 15:58 encerra o décimo quinto capítulo daquela epístola.

«...meus irmãos, amados e m ui saudosos...» No grego temos o termo «agapetoi», que significa «amados», e que com frequência tem o sentido intensificado de «únicos amados», que se reveste de um significado mais ou menos como nossa expressão moderna «mui querido» ou «caríssimo». Os crentes filipenses eram concidadãos de Paulo (ver Fil. 3:20), como também pertenciam à mesma família divina; e na família divina há amor mútuo entre todos os seus membros. (Ver as notas expositivas sobre João 14:21 e 15:10, onde o «amor» aparece como «norma orientadora da família divina», e do que todos os remidos compartilham). Paulo queria que soubessem os crentes filipenses que, a despeito de ter ele atacado tão severamente ao legalismo, que evidentemente havia influenciado a alguns deles, o seu amor por eles em nada havia diminuído.

«...mui saudosos...» No grego temos o termo «epipothetos», «desejado», «ansiado», cuja forma verbal significa «desejar», «anelar», «ansiar por». Essa palavra é usada exclusivamente aqui, em todo o N .T., ainda que a sua forma verbal também apareça nesta mesma epístola, em Fil. 1:8: «Pois minha testem unha ê Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus». Isso identifica tal emoção como produto do desenvolvimento espiritual, como um dos aspectos do fruto do Espírito (ver Gál. 5:22), por tratar-se de um a expressão do amor cristão. Portanto, Paulo amava aos crentes filipenses m ais do que um homem qualquer ama ordinariamente a seus semelhantes, porque isso era produto de seu desenvolvimento espiritual em Cristo. Assim Paulo viera a experimentar e a demonstrar o próprio amor de Cristo, espiritualmente inspirado. Todos os pastores deveriam ter essa espécie de amor, que só surge como resultado do nosso crescimento em Cristo. Por essa razão é que Paulo amava tanto era extraordinariamente bem desenvolvido, espiritualmente falando.

Nessa calorosa demonstração de amor se pode encontrar o sumário desta epístola inteira, porquanto esta é uma epístola de ação de graças, de apreciação e de amor pelos crentes filipenses, por tudo quanto tinham feito em favor do apóstolo (financeiramente e em outros sentidos).

«...minha alegria...» Sim, porque neles Paulo encontrava provas de que vinha correndo bem, visto que pertenciam a Cristo, o que era demonstrado em suas vidas. A «alegria» é um a das notas chaves desta epístola. (Ver as notas expositivas a esse respeito, em Fil. 1:4). Neste ponto essa alegria é personalizada, como se não se tratasse m eram ente de alguma coisa que possuíam, mas também como se fizesse parte do caráter deles, até onde suas relações com Paulo diziam respeito. Sabe-se muito bem que as realizações de outros com frequência provocam certas pessoas à inveja; e há até quem inveje as realizações espirituais dos irmãos. Não se dava assim no caso de Paulo; pelo contrário, ele se sentia particularmente jubiloso porquanto sabia que aquele avanço espiritual de seus convertidos glorificava ao nome do Senhor, ao qual ele também procurava glorificar.

«...coroa...» No grego temos «stephanos«, palavra comum para indicar «coroa». (V er I T es. 2:19, onde ocorre quase exatamente a mesma expressão, incluindo tanto a «alegria» como a «coroa», mas em relação aos crentes tessalonicenses. Ali, entretanto, aqueles crentes são também chamados de sua «esperança»), E bem provável que a «coroa» seja a da vitória em alguma competição esportiva, tal como em uma corrida, porquanto a metáfora da carreira está por detrás das palavras de Paulo. Paulo havia corrido tão bem que recebera a coroa da vitória; e aqueles crentes eram a sua coroa; pois, nessa carreira, mediante os seus esforços, na qualidade de apóstolo dos gentios, eles eram criação sua. Mui provavelmente, portanto, devemos pensar aqui na coroa de louros do vitorioso, que era também usada como sinal de honra, em um banquete oferecido pelos convivas. Normalmente essa coroa de louros era feita de ramos de certas plantas ou árvores, como a palmeira. Já a coroa do Senhor Jesus era feita de espinhos. A oliveira brava, a salsa verde, o louro ou o pinheiro, também eram usados. Há um a outra palavra grega, diadema, que usualmente se refere à coroa dos reis, mas que, no grego helenistas (do qual o N.T. é um representante), nenhum a distinção se podia observar entre essas duas palavras gregas, de tal modo que a palavra «stephanos», também era usada para indicar coroas feitas de metais diversos. Apesar de que o «tempo presente» está particularmente em foco, neste ponto, pois Paulo os considerava seu motivo de alegria e sua coroa desde quando escreveu, contudo, há provavelmente uma referência futura.

Quando do «tribunal de Cristo», aqueles crentes filipenses seriam tais para o apóstolo, conferindo-lhe motivo de regozijo e demonstrando o sucesso de sua missão terrena, de modo a lhe servirem de coroa de vitória. (Quanto a essa referência futura, com parar com os trechos de Fil. 2:16 e I Tes. 2:19). «...permanecei.:, firmes no Senhor...» Paulo já os havia exortado para que fossem dignos cidadãos da pátria celeste, mostrando-lhes qual era o seu grandioso destino. Em face disso, deveriam agora permanecer firmes, preservando a própria fé e defendendo a doutrina pura, levando um a vida diária recomendável, em nada cedendo ante a doutrina dos legalistas, e nem aos hábitos condenáveis dos epicureus. Pelo contrário, deveriam mostrar-se inabaláveis, a fim de resistirem aos ataques do mal, dos ensinamentos falsos e da imoralidade—em suma, deveriam fazer finca-pé, como bons soldados, reunindo forças para poderem obter a vitória. Isso pode ser comparado com o trecho de Efé. 6:10, onde se lê: «...sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder...» . E também como trecho de E fé. 6:11, o qual reza: «Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo». Está em foco aquele dia mau, dia de teste e tentação especiais. Os crentes, pois, tendo feito tudo, devem permanecer firmes.

Havia várias condições em Filipos, como a atmosfera pagã, a pressão dos legalistas, etc., que poderiam pressionar os crentes filipenses à lassidão espiritual, à fadiga no combate, à deserção espiritual, ou mesmo ao abandono da luta por inteiro. Contra tais possibilidades é que Paulo aqui os advertia. Isso pode ser comparado com a passagem de Fil. 1:27, onde se vê que o apóstolo já os tinha exortado a estar «...firmes em um só espírito, como um a só alma, lutando juntos pela fé evangélica». É também naquele primeiro capítulo desta epístola que Paulo mostra que o crente está envolvido em um conflito eivado de perigos verdadeiros (ver Fil. 1:30). Os crentes filipenses, a despeito das dificuldades que enfrentavam, serviam de evidência positiva que Paulo estava correndo com sucesso a sua carreira, e o apóstolo queria que eles continuassem servindo de prova disso.

«...no Senhor...» A saber. 1. Em união com Cristo, como Senhor. 2. Em comunhão com Cristo, através do Espírito Santo. 3. Portanto, a firmeza se daria através da fortaleza conferida pelo Senhor. Essa expressão ê usada pelo apóstolo dos gentios por mais de quarenta vezes, assemelhando-se à expressão «em Cristo», que ele utiliza por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes, a qual expressa tanto a nossa união como a nossa comunhão íntima com Cristo, bem como os resultados daí decorrentes. Em Cristo temos a esfera onde essa firmeza do crente deve ser demonstrada.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 59-60.

A firmeza no Senhor, uma necessidade imperativa (4.1)

O apóstolo Paulo ainda continua com o mesmo raciocínio. Porque os crentes são cidadãos do céu, eles devem ter coragem na terra para serem firmes. Na igreja de Filipos, havia perigos internos e externos. A igreja estava sendo atacada por falsos mestres e por falta de comunhão. A heresia e a desarmonia atacavam a igreja. Existiam problemas que vinham de dentro e problemas que vinham de fora; problemas doutrinários e relacionais. A igreja estava sendo atacada por fora e por dentro. Diante desses perigos, Paulo exorta a igreja a permanecer firme no Senhor.

A palavra grega que Paulo usa para “estar firmes” é stekete. Essa palavra era aplicada ao soldado que permanecia firme em seu ímpeto na batalha ante a um inimigo que queria superá-lo. Em vez de dar atenção aos falsos mestres ou se entregar às desavenças internas, a igreja deveria pôr a sua confiança no Senhor Jesus.

A igreja deve permanecer firme no Senhor por causa de sua herança (1.6) e vocação celestial (3.20,21). Ela deve permanecer firme, a despeito da hostilidade dos legalistas (3.2) e dos libertinos (3.18,19). Deve permanecer firme diante dos sinais de desarmonia nos relacionamentos (2.3,4) e dos desacordos de pensamento (4.2).

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 224-225.

Portanto, meus irmãos, amados e mui saudosos, minha alegria e coroa, sim, amados, permanecei, deste modo, firmes no Senhor. A exortação a permanecerem firmes liga-se ao chamado anterior (3:17) aos leitores de Paulo, para que se unam e imitem aos apóstolos, e seus companheiros e, assim, sejam fortificados contra os sectários (segundo a maior parte dos comentaristas). Lohmeyer é exceção. Ele considera o versículo 1 como introdução solene e formal àquilo que se segue. É possível, também, que este versículo se refira a admoestações anteriores, tais como a de 1:27,28, e que Paulo esteja refletindo sobre a necessidade de esta igreja unir-se, num front comum, contra o mundo hostil ao seu redor.

De qualquer forma, este versículo contém alguns dos termos mais afetuosos e carinhosos que Paulo usou para com suas igrejas. Amados e mui saudosos (gr. epipothêtoi, lembra o verbo de 1:8, e expressa o desejo de Paulo de vê-los outra vez; é termo que só se encontra aqui, no NT) é expressão seguida de minha alegria e coroa, semelhante a 1 Tessalonicenses 2:19, 20; 3:9. Coroa (gr. stephanos) pertence ao mundo esportivo, em que o vitorioso era coroado com uma grinalda de louros, e a usava como coroa festiva (1 Co 9:25). Cf. 2 Ciem. 7:3: “Lutemos, pois, para que possamos todos receber a coroa”. Talvez Paulo esteja voltando à imagem de 3:14. Muito provavelmente tem ele a igreja em vista; sua “coroa” será, então, o grande sucesso que advirá a seus trabalhos apostólicos e a consequente firmeza da igreja sob provação, como em 2:16. “Coroa” sugere o reconhecimento de uma vida fiel, de serviço, trazendo este significado já em Pv 12:4; 16:31; 17:6 (LXX). O ambiente escatológico de 3:20,21 contribuiria à bela metáfora de um prêmio celestial a ser concedido a Paulo se seu trabalho pastoral em Filipos for “coroado” de sucesso (veja-se W. Grundmann, TDNT vii, pp. 615-36). Daí o apelo: permanecei deste modo, firmes no Senhor como seus amigos amados (repetido no versículo).

Ralph P. Martin, Ph. D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 164-165.

  1. A alegria nas relações fraternas.

Sabedor de conflitos existentes na relação entre alguns irmãos, Paulo se dirige a alguns deles para solucionar o problema. Ele conhecia a maioria dos irmãos da igreja e reconhecia a importância deles na cooperação do evangelho, e conhecia, também, as fraquezas de alguns deles.

Nesse contexto, Paulo se dirige a duas mulheres especiais no seio da igreja em Filipos, mas que estavam tendo algum tipo de conflito. Ele apela a essas duas mulheres, Evódia e Síntique, que parassem para pensar acerca das verdades que Paulo havia ensinado ao longo da história daquela igreja. Quando ele lhes diz que “sintam o mesmo no Senhor” (v. 2) estava, na verdade, preocupado com que a incompatibilidade de Evódia e Síntique provocasse ruptura na unidade da igreja. O apóstolo Paulo se dirige a alguém que era de sua total confiança para que apaziguasse as discórdias existentes. Esse “companheiro de jugo” referia-se a algum obreiro local, como podia ser Timóteo ou Tito. Essas discórdias afetavam a harmonia fraternal da igreja e abria espaço para as divisões. Paulo soube que essas discórdias estavam acontecendo entre duas mulheres da igreja, as quais foram muito importantes no início da implantação da igreja em Filipos. Ele cita os nomes de Evódia e Síntique que eram discordantes entre si acerca de pequenas coisas que afetavam a comunhão da igreja. Paulo se preocupou com elas e as aconselhou que tivessem o mesmo sentimento de amor e respeito no seio da igreja, para não quebrar a comunhão e a unidade da igreja. Como autêntico pastor, Paulo tem cuidado no trato com as duas mulheres, mas as exorta com firmeza com a autoridade pastoral que requeria o problema. O apóstolo valoriza essas mulheres no seu apostolado, pois elas muito contribuíram para a formação da igreja.

  1. Clemente, um fiel servidor (4.3)

Existem muitas especulações históricas acerca de Clemente, um membro ativo no seio da igreja de Filipos. Ao citar o seu nome, Clemente, deduz-se que se trata de alguém de origem grega, porque o nome era comum entre os gregos. Podia ser um crente comum daquela igreja e que gozava do carinho e da amizade do apóstolo. Os historiadores da igreja se dividem nas opiniões acerca desse Clemente como alguém que depois da morte de Paulo tenha se tornado obreiro da igreja. A história do cristianismo fala de certo Clemente que foi considerado como o mais eminente dos “pais da igreja”, servindo especialmente em Roma. Entretanto, não há comprovação suficiente para afirmar essa opinião. O que importa é que Paulo cita o seu nome como alguém comprometido com o evangelho e com a preservação da unidade da igreja onde servia a Cristo.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 122-123.

PERFIL EVÓDIA E SÍNTIQUE

As cartas de Paulo fornecem uma noção da estrutura social das pequenas comunidades cristãs incipientes no mundo grecoromano.

Em sua epístola à igreja filipense, as duas primeiras pessoas que o apóstolo menciona pelo nome são mulheres:

Evódia e Síntique (Fp 4.2). Ao descrevê-las como essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho e incluí-las na categoria de cooperadores (Fp 4.3), Paulo mostra que elas se uniram a ele como companheiras de igual valor em sua atividade e em seu ensino missionário.

A natureza exata do papel de liderança que Evódia e Síntique exerciam na igreja em Filipos é incerta. A autoridade delas era suficiente, no entanto, para Paulo incentivá-las a procurar harmonia uma com a outra (Fp 4.2). Ele até pediu a alguém a quem chama de verdadeiro companheiro que ajudasse essas mulheres (Fp 4.3). Provavelmente a preocupação dele era que a competição entre elas pela lealdade e pelo afeto aos filipenses pudesse dividir a jovem igreja. Talvez a igreja se reunisse na casa dessas duas mulheres; a disputa entre elas, então, teria sido uma tentação.

A ânsia de Paulo era que Evódia e Síntique sentissem o mesmo no Senhor (fp 4.2). Entretanto, talvez seu cuidado não fosse tão grande. Ele acreditava que o nome de Evódia e o de Síntique estivessem no livro da vida (Fp 4.3), com o de Clemente.

Contudo, elas precisavam buscar a mente de Cristo, não a delas.

As mulheres desempenhavam funções de liderança importantes nas igrejas, sendo dois exemplos Febe, na igreja de Cencréia (Rm 16.1), e Prisca, em Éfeso (1 Co 16.19). Particularmente na Macedônia, onde as mulheres muitas vezes assumiam posições de destaque em cultos religiosos, era natural encontrá-las como líderes em uma igreja. Paulo apoiou o papel das mulheres nas comunidades cristãs e instruiu os cristãos: Não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus (G I3.28).

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 534.

«...Evódia...» Nome feminino que significa «excelente viagem». Sua forma verbal significa « ajudar na estrada», dando a entender, originalmente, as mulheres que tomavam conta de hospedarias e ajudavam os viajantes, etc. Mas, tal como se dá com os nomes modernos, muitos nomes próprios eram aplicados sem referência alguma ao seu significado original. Ambos os nomes que figuram neste versículo aparecem em inscrições, e invariavelmente são nomes próprios femininos. Essa é a única menção desta mulher, em todo ο N .T., ainda que o trecho de Atos 17:4,12 também mencione as atividades de mulheres da Macedônia, que tinham cooperado como apóstolo, quando ele fundara o trabalho cristã o na Europa.

Vários intérpretes supõem que essa mulher ocupava a posição de diaconisa, sendo, por conseguinte, um a das principais figuras femininas da igreja de Filipos. O evangelho, naquela área, foi pregado inicialmente para mulheres (ver Atos 16:13). E a igreja de Filipos teve suas primeiras reuniões na casa de um a mulher (ver Atos 16:14,40).

Muitos nomes próprios femininos aparecem nas epístolas de Paulo, com notas de recomendação, como Febe, Priscila, M aria, Trifena, Trifosa, Pérside, Júlia, a mãe de Rufo, a irmã de Nereu. (Ver Rom. 16:1-15). Não resta dúvidas que a posição delas e a sua importância era muito maior no cristianismo do que no judaísmo, que considerava as mulheres como seres degradados. (Q uanto a notas expositivas acerca dessa atitude dos judeus para com suas mulheres, ver João 4:27,29, onde se vê que as condições das judias eram simplesmente chocante). Já na Macedônia, a posição das mulheres era muito melhor que na Palestina, porquanto algumas chegaram até mesmo a ocupar cargos públicos.

Os nomes próprios dos filhos eram derivados de suas mães, e não de seus pais. Às mulheres da Macedônia era permitido terem propriedades, além de gozarem de outros privilégios desconhecidos às mulheres de outras áreas, pois, em comparação com as mulheres da Macedônia, as mulheres judias tinham como companheiros constantes as crianças e os escravos. Algumas esculturas representando mulheres de alguma importância têm sido encontradas, evidentemente pessoas bem conhecidas. (Ver as notas expositivas sobre a posição favorável das mulheres, na Macedônia, em Atos 17:4). Em Jesus Cristo, o ideal é que não haja distinção entre homem e mulher (ver Gál. 3:28), embora isso não tenha sido plenamente aplicado no seio da igreja cristã primitiva. (Ver as notas expositivas a respeito, em I Cro. 11:11, 12, onde se destaca o fato da «interdependência entre homens e mulheres». Ver também I Cor. 11:7, quanto a notas expositivas sobre como a subordinação da mulher não se aplica ao estado eterno. Essa subordinação visa apenas propósitos práticos, não sendo questão de ética doutrinária. Por conseguinte, tal subordinação tem suas exceções, dependendo das circunstâncias, porquanto é muito melhor obedecer a Deus do que ao homem. Quanto a notas expositivas sobre as «diaconisas», ver Rom. 16:1).

«...Síntique...» Seu nome significa «acidente», sendo difícil dizermos por que lhe foi dado tal nome, a menos que também queira dizer «chance feliz», segundo dizem alguns estudiosos. Não é mesmo impossível que alguns bebês do sexo feminino fossem chamadas de «acidente», como se houvessem nascido inesperadamente, sem terem sido planejados. «...rogo... rogo...», isto é, «exorto», palavra reiterada em um único versículo. Note-se que Paulo exortou a cada mulher individualmente, para salientar ainda mais o seu ponto.

«...pensem concordemente...», ou seja, «pensem a mesma cousa» (ver Fil. 2 :2, onde a mesma coisa é recomendada a todos os crentes, no que tange às suas relações pessoais na comunidade cristã e uns com os outros). Aquelas duas mulheres crentes deveriam estar em «harmonia». Não estamos informados sobre qual teria sido o motivo da discórdia, embora possamos perceber que não se tratava de razão séria, pois, de outro modo, Paulo mui provavelmente ter-se-ia mostrado mais específico a respeito. Alguns eruditos pensam que cada um a delas abrigava um a congregação em sua casa, tendo-se tornado rivais; e outros chegam ao ponto de sugerir que um a dessas congregações era do tipo judaico e que a outra era do tipo gentílico.

Mas, na realidade, tudo não passa de conjectura.

A tradição, como é usual, acrescenta aqui alguns detalhes, mui provavelmente falsos. Alguns intérpretes pensam que um a das pessoas nomeadas era do sexo masculino, e ainda outros acham que eram ambos homens. Mas o terceiro versículo deixa claro que eram am bas mulheres.

Seus nomes próprios, encontrados em diversas inscrições, sempre se referem a mulheres. Também há quem suponha que eles eram «marido e mulher», e que alguma disputa em família está aqui em foco; mas tal opinião é sem fundamento.

«...no Senhor...» (Ver o sentido dessa expressão, que também aparece no primeiro versículo deste capítulo, onde é comentada). A harmonia entre aquelas duas mulheres deveria ser a harmonia que caracteriza aos que são leais ao Senhor subordinando a ele seus sentimentos e preferências pessoais.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 60.

A harmonia no relacionamento, uma súplica intensa (4.2,3)

Paulo não somente advertiu os crentes de Filipos acerca de erros doutrinários (3.1-19), mas também acerca dos problemas de relacionamento (4.2,3). A desarmonia entre dois membros da igreja não era um problema de pequena monta para o apóstolo.

Evódia e Síntique eram duas irmãs que ocupavam posição de liderança na igreja, que haviam se esforçado com Paulo no evangelho e cujos nomes estavam escritos no livro da vida, mas, agora, estavam em desacordo na igreja. Elas tinham nomes bonitos (Evódia significa “doce fragrância”, e Síntique, “boa sorte”), mas estavam vivendo de maneira repreensível.

Em vez de buscar os interesses de Cristo e da igreja, lutavam por causas pessoais. Punham o eu acima do outro. Em vez de seguir o exemplo de Cristo e de Seus consagrados servos (2.5,17,20,30), imitavam aqueles que trabalhavam por vanglória e partidarismo (2.3,4). F. F. Bruce diz que o desacordo entre essas duas irmãs, não importando a sua natureza, representava uma ameaça à unidade da igreja, como um todo.

Paulo solicita ajuda de um líder da igreja, que ele não nomeia, para auxiliá-las a fim de construírem pontes, em vez de cavar abismos. Precisamos exercer na igreja o ministério da reconciliação, em vez de jogar uma pessoa contra a outra. Precisamos aproximar as pessoas, em vez de afastá-las. A igreja é um corpo, e cada membro desse corpo deve trabalhar em harmonia com os demais para a edificação de todos.

Paulo exorta essas duas irmãs a pensarem concordemente no Senhor. Não podemos estar unidos a Cristo e desunidos com os irmãos. Não há comunhão vertical sem comunhão horizontal. A lealdade mútua é fruto da lealdade a Cristo. A irmandade humana é impossível sem o senhorio de Cristo. Ninguém pode estar em paz com Deus e em desavença com os seus irmãos. Por isso, a desunião dos crentes num mundo fragmentado é um escândalo.

  1. A. Motyer, comentando esta passagem bíblica, enumera algumas razões pelas quais os crentes devem viver unidos.

A desarmonia é contrária ao sentimento do apóstolo (4.1).

Paulo se dirige a toda a igreja, dizendo que os crentes eram a sua alegria e coroa. Ele chama os irmãos de “amados” e “mui saudosos”. A divisão na igreja ergue muros onde se deveriam construir pontes; separa aqueles que devem permanecer sempre juntos.

A desarmonia é contrária à fraternidade cristã (4.1). Paulo dirige-se à igreja total, chamando os crentes de “irmãos”. Eles pertenciam a uma só família, a um só rebanho, a um só corpo. Portanto, deveriam viver como tal.

A desarmonia é contrária à natureza da igreja (4.3). A igreja deve ser marcada pelo trabalho conjunto, pelo auxílio recíproco e pela esperança futura. Há uma realidade celestial acerca da igreja. O nome dos crentes está escrito no livro da vida, e lá no céu não há divisão. A igreja na terra deve ser uma réplica da igreja do céu. A igreja que seremos deve ensinar a igreja que somos. É contrária à natureza da igreja confessar a unidade no céu e praticar a desunião na terra.401 Todos os crentes, lavados no sangue do Cordeiro, têm seus nomes escritos no livro da vida e serão introduzidos na cidade santa (Lc 10.17-20; Hb 12.22,23; Ap 3.5; 20.11-15). O fato de irmos morar juntos no céu deveria nos ensinar a viver em harmonia na terra.

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 225-227.

Fica claro que nem tudo é harmonia e alegria, na igreja, em face do apelo a Evódia e Sintique. Eram, evidentemente, membros da igreja, mulheres em desavença. É bem sabido que as mulheres macedônias eram conhecidas por sua forte personalidade (veja-se anteriormente p. 21). O relato de Lucas sobre o evangelismo inicial em Filipos contém a narração de duas conversões de mulheres (Lídia e a jovem escrava). (Veja-se W. D. Thomas, “The Place of Women in the Church at Philippi”, ExpT 83 (1971-2), pp. 117-20.) Além do mais, os nomes Evódia (significa “agradável”, a mesma palavra grega de 4:18) e Síntique estão presentes em numerosas inscrições, tendo sido, evidentemente, nomes comuns (AG, s.v.). Por estas razões, não há necessidade de tomar-se seriamente a hipótese da escola de Tübingen de que esses nomes foram usados, aqui, alego ricamente, a fim de representarem duas facções, a judia e a gentílica, na vida daquela igreja. Nem deveríamos especular mais, sobre as razões do desentendimento entre essas mulheres. W. Schmithals (Paul and the Gnostics, pp. 112-14) acha que a desavença entre elas foi causada por agitação gnóstica, e que elas poderiam ter quebrado a unidade da igreja ao dar hospitalidade a falsos (intrusos) mestres (cf. 2 Jo 10). Não sabemos qual foi o pano de fundo exato da disputa entre elas, embora seja provável que fosse parte da doença geral da igreja, a que 2:1-3 se refere, e onde á mesma expressão grega, traduzida “penseis a mesma coisa” (auto phronein) (neste versículo é traduzida “pensem concordemente”) é usada. É provável, ainda, que tinha algo que ver com a liderança da igreja, se 2:14 se relaciona a uma “nódoa de desavença” em Filipos, envolvendo os líderes, “os bispos e diáconos” (1:1). De qualquer maneira, o apelo é para que tenham “o mesmo sentimento” no Senhor, isto é, como membros do corpo de Cristo. O desaparecimento destas duas mulheres do cenário indicaria que o apelo de Paulo foi atendido (Collange).

Ralph P. Martin, Ph. D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 166-167.

  1. A alegria de ter os nomes escritos no Livro da Vida.

VIDA, LIVRO DA No NT, o livro da vida corresponde a um registro que contém os nomes daqueles que foram salvos e que irão herdar a vida eterna.

Ele é mencionado por esse nome em Fp 4.3; Apocalipse 3.5; 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27 (22.19 deve ser entendido como "árvore" da vida e não "livro" da vida). Esse conceito também é encontrado em Lucas 10.20 e possivelmente em Hebreus 12.23. A frase também ocorre no AT (SI 69.28; cf. Êx 32.32,33; Dn 12.1). Porém no AT, este conceito parece estar relacionado com a lista daqueles que estão vivos nesse mundo, embora alguns entendam que no AT ele também significa uma lista dos herdeiros da salvação. Se a primeira hipótese for correta, quando o AT fala sobre ser apagado do livro da vida ele está referindo-se à morte física e à extinção da linhagem de uma família. O texto em Apocalipse 3.5 também fala sobre ser apagado "do livro da vida". Neste caso, o livro da vida significa a lista daqueles que foram salvos. Alguns dizem que tal exclusão é possível e está implícita. Muitos acreditam que afirmar que uma pessoa já salva possa perder a salvação contradiz aquelas passagens onde está presente a segurança do crente em relação a Cristo. Consequentemente, esses intérpretes devem ter adotado uma das seguintes abordagens: (1) Apocalipse 3.5 não diz explicitamente que o nome de alguém será apagado; (2) esse registro contém originalmente o nome de todos, mas quando alguém rejeita totalmente a Cristo, seu nome é apagado; (3) no Apocalipse, o livro da vida corresponde ao registro da profissão de fé da qual alguns nomes serão

apagados, enquanto o livro da vida do Cordeiro (Ap 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27, referindo-se ao livro da vida do Cordeiro, embora não apresentando esse nome especificamente em todos os versos) contém apenas o nome dos verdadeiros crentes e do qual nenhum nome pode ser apagado.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 2017.

Ele diz o seguinte a respeito dos seus cooperadores: “...cujos nomes estão no livro da vida”; ou, então, eles eram escolhidos de Deus desde a eternidade, ou registrados e inscritos na corporação e sociedade a quem o privilégio da vida eterna pertence, aludindo aos costumes entre os judeus e gentios de registrar os habitantes ou os homens livres da cidade. Assim lemos que os nomes deles estão escritos nos céus (Lc 10.20), e que o Senhor não riscará os seus nomes do livro da vida (Ap 3.5), e que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro (Ap 21.27). Observe: Existe, de fato, um livro da vida; há nomes nesse livro e não somente figuras e condições. Não podemos examinar aquele livro ou conhecer os nomes que estão escritos lá; mas podemos concluir que aqueles que trabalharam no evangelho, e são fiéis aos interesses de Cristo e das almas, têm seus nomes escritos no livro da vida.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa.Editora CPAD. pag. 627.

LIVRO DA VIDA - [Do gr. bíblou tou zoe] Registro que o Senhor Deus mantêm desde a mais remota eternidade, no qual acham-se registrados os nomes de todos os que, pela fé. aceitaram o sacrifício vicário de Cristo.

Moisés já tinha ciência desse livro. Tanto é que, num momento de aflição e angústia, disse ao Senhor ao interceder pelos filhos de Israel: “Agora, pois, perdoa o seu pecado; ou se não, risca- me do teu livro, que tens escrito” (Ex 32.32). A resposta do Senhor veio pronta: “Aquele que tiver pecado contra mim, a este riscarei do meu livro” (Ex 32.33).

Os homens tanto podem ser inscritos no Livro da Vida quanto deste serem excluídos (SI 69.28). No Juízo Final, os que não forem nele achados serão lançados no suplício eterno (Ap 20.15).

ANDRADE. Claudionor Corrêa de,. Dicionário de Escatologia Bíblica. pag. 101-102.

...cujos nomes se encontram no livro da vida...» As cidades antigas mantinham o registro dos nomes de seus cidadãos; e esse fato foi transportado para a linguagem espiritual, indicando que, na nossa «pátria» ou «cidade celestial» esses registros também são conservados. Ë provável que esse pensamento fosse aceito literalmente por certos crentes, ao passo que outros o compreendiam figuradamente. Não há razão para supormos que haja algum livro literal de rol de nomes. Trata-se antes de um uso metafórico, que indica aqueles que «realmente pertencem aos céus, como cidadãos», em contraste com outros, que não podem ser assim reconhecidos.

Ter alguém o seu nome registrado nesse «livro» é a mesma coisa que dizer que ele possui a «vida eterna», porquanto é um dos cidadãos do Reino Eterno. A referência mais antiga que temos, acerca dessa antiga prática de registrar nomes dos cidadãos aparece em Êxo. 32:32, o que nos mostra tratar-se de um costume antiquíssimo. (Ver também Isa. 4:3; Eze. 13:9 e Dan. 12:1). Paulo já se havia referido aos crentes filipenses como cidadãos dos céus, e isso que aqui encontramos é um desenvolvimento natural daquele pensamento, embora se trate da única ocorrência da expressão em todo ο N.T., excetuando seu uso comum no livro de Apocalipse. (Ver Apo. 3:5; 13:8; 17:8; 20:12,15; 21:19). As passagens de Apo. 13:8 e 17:8 se revestem de certo sabor de predestinação, como se os nomes ali escritos ou não escritos estivessem determinados antes da história da humanidade. Mas isso não pode ser pressionado demasiadamente. Seja como for, o N.T. ensina tanto a doutrina da predestinação como a doutrina do livre-arbítrio hum ano, sem fazer qualquer tentativa de reconciliar as duas ideias entre si.

São lados opostos de alguma grande verdade, e ambos esses lados são necessários. Não nos devemos esquecer que Deus se utiliza do livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora não saibamos oferecer um a explicação convincente sobre o seu modo de agir. (Ver Luc. 10:20 e Heb. 12:23, que aludem a esse conceito, embora sem mencionarem diretamente algum «livro»).

Essa expressão também aparecia comumente nos escritos dos rabinos, como, por exemplo, no Targum (ou «comentário») sobre Eze. 13:9, onde se lê: «No livro da vida eterna, que foi escrito para arrolar os justos da casa de Israel, eles não serão escritos». Os escritos rabínieos pintam Deus assentado em seu tribunal, com os livros dos vivos e dos mortos abertos à sua frente. (Quanto a notas expositivas sobre a «vida eterna», ver o trecho de João 3:15).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 61.

II - A ALEGRIA DIVINA SUSTENTA A VÍDA CRISTÃ (4.4,5)

  1. Alegria permanente no Senhor.

A alegria permanente: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (4.4)

A versão Almeida Revista e Corrigida usa a palavra regozijar e diz: “Regozijai-vos”. A exortação contém o advérbio “sempre” para denotar que não se tratava de uma despedida, ou de uma experiência momentânea. Tratava-se de algo permanente e contínuo. Nenhuma outra fonte de alegria efêmera possui esse caráter, porque todas as fontes externas do mundo secam e se esvaem. Quando Paulo volta a dizer “outra vez digo”, é uma repetição que tinha por objetivo reforçar a exortação de que nada é mais precioso e consolador do que o gozo, a alegria ou o regozijo cuja fonte é o Senhor. Por que é importante e indispensável essa alegria no Senhor Jesus? Ora, E porque por meio dEle temos recebido a reconciliação com Deus (Rm 5.11); temos sido alimentados da esperança da glória que nos estimula a continuar firmes na fé (Rm 5.2). Se no Antigo Testamento a presença do Espírito de Deus era manifestada de tempo em tempo, de acordo com as necessidades dos servos de Deus, agora, no Novo Testamento, na nova aliança, a presença do Espírito Santo é permanente e imanente, porque Jesus o enviou, da parte do Pai, para habitar no espírito do crente, isto é, na vida interior do crente, e produzir essa alegria (Jo 16.7; Rm 14.17; Rm 15.13). Nada comparável no mundo será capaz de superar a tristeza e as vicissitudes da vida como só a alegria do Senhor pode produzir (Tg 1.2-4; Rm 5.3). Paulo sabia que os filipenses estavam sendo ameaçados por falsos mestres com heresias capazes de criar dúvidas quanto à fé. Ele, então, fez uma exortação com caráter de ordenança apostólica aos filipenses e o fez de modo imperativo: “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra digo: Regozijai-vos”.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 124.

A alegria é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo, Por conseguinte, trata-se de um a qualidade espiritual, como subproduto do desenvolvimento do crente em sua vida espiritual. Portanto, temos aqui o chamamento não apenas para o regozijo, mas também para um desenvolvimento espiritual superior, o que nos confere confiança, alegria e o senso de bem-estar, a despeito de nossas circunstâncias externas. Sim, a «alegria» é um a das notas chaves desta epístola, o que é comentado no trecho de F il. 1:4, onde também são alistadas todas as referências onde essa ideia é frisada nesta epístolas. (Outras notas expositivas sobre a alegria, com poemas ilustrativos, se encontram em João 15:11 e 17:13). Os crentes filipenses, que naquela época começavam a entrar na terrível era das perseguições contra os cristãos primitivos, e que já eram testem unhas dos. sofrimentos e das perseguições que tinham atingido o apóstolo dos gentios, precisavam de raízes e spirituais profundas para que pudessem enfrentar a tudo, inabaláveis, com confiança e alegria.

«...sempre...» Há aqui um volver de olhos para o futuro, quando as tribulações se tornavam muito severas. Não somente agora, em período de calma relativa, mas também no futuro, quando os testes mais difíceis atingissem aos crentes filipenses, eles precisavam da «alegria» produzida pelo desenvolvimento espiritual. De fato, não há nenhum a ocasião em que nossa ocasião com Cristo venha a ser maculada de modo a remover de nós a alegria.

«...outra vez digo, alegrai-vos...» Por que Paulo reiterou assim a ideia, dentro de um mesmo versículo? 1. Alguns pensam que ele havia pensado subitamente em tristezas iminentes, quando então te ria escrito: «...contudo, a despeito disso, tal como já disse antes, regozijai-vos». 2. Outros acham que Paulo reiterou a ideia meramente a fim de enfatizá-la. Todavia, Bengel pensa que a palavra «...sempre...» indica um segundo mandamento. Portanto, teríamos: «Regozijai-vos»; e em seguida: «Regozijai-vos sempre».

É interessante que a palavra aqui traduzida por «...alegrai-vos...» também tinha o sentido de «adeus» (ver Fil. 3:1). E alguns estudiosos pensam que Paulo empregou o termo em duplo sentido, neste ponto. Por conseguinte, Paulo tê-los-ia convidado e se regozijarem, mas, ao mesmo tempo, se despede deles. Isso faria esta passagem ser similar, em ideia, ao trecho de João 14:27, onde o Senhor Jesus, ao mesmo tempo que lhes invoca a «paz», se despede dos seus discípulos.

«...no Senhor...» Em virtude de nosso contato e identificação com Cristo, e, por conseguinte, com o seu poder, e também sob a sua inspiração, é que devemos ter aquela «alegria» que é um a das facetas do «fruto do Espírito»(ver Gál. 5:22). Ora, isso nos faz recordar que a vida, para o crente, não é mais expressão da vontade própria, sujeita à chance e aos caos. Ë como se disséssemos: Quando realmente vivo, não sou eu, mas a graça de Deus comigo; e não posso tomar para mim mesmo o crédito por essa vida, simplesmente me alegro ante o fato que estou sendo aperfeiçoado, sem que tenha de indagar como, porque ou com que finalidade.

E sempre que eu falhar, serei lembrado que eu mesmo é quem fracasso; mas somente para esquecer-me da falha ao entregar-me novamente a Deus, para que renove a sua obra em mim». (Wicks, in loc.).

Se tivermos a atitude aqui exposta por Wicks, poderemos desfrutar de alegria permanente. Todavia, teremos de ser honestos em nossa inquirição, pois à alegria espiritual, em meio a um a carreira cristã deficiente é uma alegria falsa.

«Pode-se compreender facilmente que a alegria do crente difere da do mundo, a qual é ilusória, frágil e apagada. Cristo chega mesmo a reputá-la maldita, em Luc. 6:25. Portanto, só é autêntica aquela alegria em Deus que nunca nos pode ser tirada». (Calvino, in loc.).

«Paulo duplica a sua recomendação para tirar ocasião ao escrúpulo daqueles que poderiam dizer: ‘Como nos alegraremos nas aflições?’» (G. Herbert).

«Essa reiterada exortação se torna tanto mais notável quando nos lembramos que Paulo, ao escrever ou d itar esta epístola, estava com o braço direito acorrentado ao braço de um soldado romano, ou que, mesmo que assim não fosse, era prisioneiro sob a vigilância constante de um a sentinela, que nunca o abandonava». (Braune, in loc.).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 61.

A alegria, a marca distintiva do povo de Deus (4.4)

O apóstolo Paulo fala sobre três características da alegria:

Em primeiro lugar, a alegria é uma ordenança, e não uma opção. Ser alegre é um mandamento, e não uma recomendação. Deixar de ser alegre é uma desobediência a uma expressa ordem de Deus. O evangelho trouxe alegria, o Reino de Deus é alegria, o fruto do Espírito é alegria, e a ordem de Deus é “alegrai-vos”.

Em segundo lugar, a alegria é ultracircunstancial. Paulo diz que devemos nos alegrar sempre. Como a vida é um mosaico em que não faltam as cores escuras do sofrimento, nossa alegria não pode depender das circunstâncias. Na verdade, nossa alegria não é ausência de problemas. Não é algo que depende do que está fora de nós. Neste mundo, passamos por muitas aflições, cruzamos vales escuros, atravessamos desertos esbraseados, singramos águas profundas, mas a alegria verdadeira jamais nos falta.

Em terceiro lugar, a alegria ê cristocêntrica. Nossa alegria é uma pessoa, e não ausência de problemas. Nossa alegria está centrada em Cristo. Quem tem Jesus, experimenta essa verdadeira alegria. Quem não tem Jesus, pode ter momentos de alegria, mas não a alegria verdadeira. Quem tem Jesus, tem a alegria; quem não O tem, jamais a experimentou.

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 227.

  1. Uma alegria cuja fonte é Cristo.

A alegria espiritual é cristocêntrica

Expressões como “alegria do ou alegria no Senhor” são constantes para indicar a fonte dessa alegria. Essa alegria é, portanto, cristocêntrica. Quando usamos a palavra cristocêntrico, estamos afirmando que tudo, em relação à igreja, é gerado por Ele. Ele é a nossa alegria. E uma pessoa; não é uma coisa; não é uma mera experiência emocional. Cristo é a fonte da alegria que nutre nossa alma e que dá energia ao nosso espírito para confiar nEle. Não há tristeza nEle, porque Ele “tomou sobre si”, como “cordeiro de Deus”, as nossas dores e tristezas (Is 53.4,5). Ao enfrentar muitas vezes as oposições dentro e fora da igreja por causa do evangelho que pregava, o apóstolo Paulo sabia lidar com essas situações por causa do gozo do Senhor. Ao chegar a Filipos pela primeira vez como apóstolo, Paulo tinha na memória as dificuldades que enfrentou naquela cidade para pregar o evangelho. Ele e Silas suportaram afrontas e rejeições e foram presos por causa da mensagem do evangelho. A oposição religiosa foi ferrenha contra os dois, mas eles semearam o evangelho e logo tiveram a colheita na conversão de pessoas como Lídia, a vendedora de púrpura, e a família do carcereiro que os havia açoitado na prisão (At 16).

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 124-125.

2 Co 12. 9; A fraqueza é necessária para a grandeza? Paulo foi um instrumento especial do poder de Deus, mediante o qual a igreja cristã foi levantada no mundo gentílico. Tudo isso era patente para muitas pessoas de seus dias. O próprio fato que ele pôde triunfar, a despeito de suas muitas fraquezas, foi uma glória para o poder de Cristo, a demonstração que Paulo era «agente de Cristo», não sendo grande por sua própria força., Tudo isso era uma demonstração necessária para o bem da humanidade. Como indivíduo, pois, submetendo-se à causa de Cristo, que era superior a ele mesmo, Paulo teve de continuar a suportar seus problemas físicos,, teve que continuar afligido com as suas fraquezas. Ao ver o propósito por detrás do problema, Paulo alegremente acedeu a esse plano divino.

«O pedido especifico de Paulo não lhe foi proporcionado; no entanto, recebeu melhor resposta do que poderia ter antecipado. Tal como em tudo o’ mais, em sua vida cristã e em seu serviço, ele dependeu da graça e do poder divinos, posto que a nossa ‘suficiência vem de Deus’ (ver II Cor. 3:5); porquanto, nessa tribulação ele recebeu o poder suficiente para tolerar o sofrimento e a tensão. E isso, conforme pôde entender, era melhor para si mesmo e para o seu trabalho. O poder divino não pode ajudar e nem usar o homem auto-suficiente; mas o poder de Deus ‘se aperfeiçoa na fraqueza’.

Por isso é que Paulo dizia que ‘ao invés’ de continuar pedindo o seu livramento daquela enfermidade, se gloriaria em suas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo pudesse repousar sobre ele, para sustentá-lo e dar-lhe a eficácia necessária como ministro, e sem o que nem mesmo Paulo poderia fazer corretamente o que era de sua incumbência». (Filson, in loc.).

Com base nessas circunstâncias de Paulo aprendemos que uma resposta negativa da parte de Deus não é uma recusa caprichosa, que não resulta em qualquer benefício, como um «não» dado às crianças, por seus pais, algumas vezes pode ser.

Os homens podem dar respostas negativas a seus semelhantes, ou até mesmo a seus filhos, por motivo de algum capricho, sem qualquer base na razão e no raciocínio. Mas Deus não é frívolo como o homem. Um «Não», quando vem da parte de Deus por conseguinte, sempre tem algum propósito definido e é eficaz, não menos do que um «Sim», tudo dependendo das circunstâncias. Assim é que, às vezes, uma negativa é preferível a uma resposta afirmativa.

Emerson disse que «Assim como nenhum homem jamais sè orgulhou de alguma coisa que não lhe seja prejudicial, assim também nenhum homem jamais teve algum defeito que, de alguma maneira, não lhe seja útil».

(Ensaio sobre as Compensações).

São extremamente numerosos os exemplos de como isso opera. Moisés tinha um problema de elocução das palavras. Jeremias parece ter-se visto a braços com um senso de insuficiência. A luta para derrotar as fraquezas, para vencê-las, para ultrapassá-las, com frequência têm sido o próprio meio pelo qual um homem realiza grandes coisas.

Deus o forte, Deus o beneficente,

Deus, sempre cônscio de toda luta e aperto,

O qual por nosso bem, torna extrema a necessidade,

Ate que opera com seu poder e salva.

(Robert Browning).

Necessidades extremas têm podido conduzir muitos homens aos pés de Cristo; e as histórias pessoais de Isaías, de Saulo de Tarso, de Lutero e de Agostinho ilustram bem esse ponto. As necessidades extremas também podem fazer os crentes grandes em Cristo.

«O Criador obtém as tarefas determinadas de seus servos, através de muitos métodos. Para alguns é suficiente dar-lhes amor, albores e crepúsculos, como prímulas nos bosques, na primavera; mas outros precisam ser açoitados com chicotes sangrentos ou levados quase à loucura pelos sonhos... antes que fáçam aquilo que Deus determinou para eles... Podemos dizer sobre homens, como João Bunyan, que não foi a força deles que os tornou grandes, notáveis e preciosos, mas antes, foi o conflito entre a fortaleza e a fraqueza que assim fez deles». (W. Hale White, John Bunyan,

Nova Iorque, Charles Scribner’s Sons, 1904, págs. 25 e 26).

Pouco mais adiante, diz esse citado autor: «Quando Deus adiciona, subtrai; e quando subtrai, adiciona». Deus pode liberar o seu poder através da fraqueza, e algumas vezes essa é a maneira mais eficaz de fazê-lo.

Profundas simpatias se criam naqueles que sofrem profundamente; cores delicadas e belas se desenvolvem em flores que crescem nas sombras. O consolo dado pelas respostas divinas·. «Aquilo pelo que oramos algumas vezes nos é negado, porque algo melhor nos precisa ser conferido... Esse dom divino (da sua graça) é perpetuamente suficiente e bom para esta vida inteira». (Plummer, in loc.).

À aflição de Paulo não lhe serviria de empecilho, e a resposta às suas orações foi-lhe assegurada. Isso serve de grande consolo. O que é importante nesta vida é o cumprimento de nossas missões. Serve-nos de consolo saber que Deus nos outorga os meios para nos desincumbirmos de nossas tarefas. Nossas debilidades não precisam ser obstáculos. Podem até mesmo servir de ajuda. E assim podemos ter a certeza de que podemos fazer aquilo que nos tem sido determinado. E isso serve de importantíssimo consolo.

«.. .De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas...» Essa passou a ser a nova atitude’ de Paulo, ao invés de continuar a fazer uma oração inútil. Se ele tivesse prosseguido em sua atitude anterior, talvez tivesse recebido, finalmente, uma resposta afirmativa, mas com resultados adversos para si mesmo. Em face disso, o apóstolo cedeu pronta e jubilosamente, porquanto assim o sucesso de sua missão ficava assegurado, a despeito do seu «espinho na carne». De fato, tal problema até lhe serviria de ajuda. E isso o enchia de satisfação, e ele pôde triunfar na graça divina.

«Ele (o apóstolo Paulo) encontrou não somente consolo, mas até mesmo deleite, em sua consciência de fraqueza, porquanto tudo foi contrabalançado pelo senso que o poder de Cristo habitava em sua pessoa e ao seu derredor. A palavra aqui traduzida por ‘...repouse...’ é aqui a mesma palavra que poderia ser literalmente traduzida, em João 1:14, por ‘morar em uma tenda’; e tal palavra sugere o pensamento que o poder de Cristo era para Paulo como a nuvem de glória (do deserto do Sinai), que o acompanhava e protegia». (Plumptre, in loc.).

A vitória é de natureza espiritual, afinal de contas. Uma coisa aprendemos do presente texto e do exemplo do apóstolo Paulo—a vitória espiritual, o êxito no labor espiritual depende, em última análise, não das condições do corpo, e, sim, das condições da alma e do trabalho que Deus tem feito em nós e para fazer por nosso intermédio.

Oh! homem, propõe-te este teste -Teu corpo, no que tem de mais excelente, Até que ponto pode projetar tua alma no caminho solitário?

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 415-416.

ALEGRIA, (contentamento, alegria; regozijo Júbilo; exultação, alegria, exuberante; deleite). As palavras hebraicas são especialmente vividas, simhah, a mais comum, tendo a raiz significando “brilhar” ou “ser brilhante,” e gel, que parece querer dizer circular ou andar em volta, enfatiza atividade ou movimento.

  1. Velho Testamento. Há um uso geral do termo alegria no AT, aplicado ao estado de espírito em qualquer experiência agradável. O uso particular, porém, é uma emoção religiosa. Isto é mais notável nos Salmos, onde aparece como uma consequência natural da comunhão individual com Deus, que é a fonte de alegria (Sl 16.11; 51.12). Vários atributos e obras de Deus evocam esta alegria, tais como seus julgamentos (Sl 48.11), e seu governo sobre a terra (Sl 97).

A alegria era proeminente na vida total nacional e religiosa de Israel. A emoção interna encontrava expressão externa na exclamação, no cantar, no pular e no dançar. A ocasião ou motivação mais completa para esta alegria religiosa era a experiência da salvação, que chegava à intensidade particular na contemplação do estado futuro (Is 49.13; 61.10s.).

A alegria não é unicamente uma qualidade do homem. Deus é descrito como regozijando-se em suas obras (Sl 104.31), e se deleitando em fazer seu povo prosperar (Dt 30.9).

  1. Novo Testamento. O NT é ainda mais rico na sua descrição da alegria. As poderosas obras redentoras de Deus, especialmente a vinda do seu Filho (Lc 2.10), e a ressurreição de Cristo (24.41), foram motivos de exultação. A alegria no NT não é meramente uma emoção, mas uma característica do cristão. E um fruto produzido pela obra interior do Espírito Santo (G1 5.22), sendo dinâmico em vez de estático. Não é afetado pelas circunstâncias, por mais que sejam adversas e dolorosas; aliás, a alegria pode ser o resultado do sofrer por causa de Cristo (Cl 1.24).

Jesus foi caracterizado pela alegria na tarefa e objetivo postos perante ele (Hb 12.2). O Pai é descrito como regozijando-se pela salvação de um pecador perdido em três parábolas: da ovelha perdida, da moeda perdida e do filho perdido (Lc 15.3-34). Paulo também encontrou alegria no desenvolvimento espiritual e na firmeza dos conservos (Fp 4.1).

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 180.

  1. Uma alegria que produz moderação.

A alegria do Senhor produz moderação (4.5)

“Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.” Nesse texto temos a palavra “equidade” e na ARA temos “moderação”. Ambas as palavras, equidade e moderação, são sinônimas porque o significado diz respeito a amabilidade, benignidade e brandura. Há uma tradução da palavra moderação no grego bíblico (epiekês) que se traduz como “doce razoabilidade”, ou seja, a capacidade de enfrentar uma atitude de oposição com domínio temperamental. Pode ser definida, também, como “manso”, “brando”, “gentil”, “paciente”. Percebe-se que no contexto da palavra de Paulo uma pessoa moderada é aquela que abre mão da retaliação quando se é provado ou ameaçado por causa da fé. Paulo apela ao controle de temperamento com pessoas explosivas, destemperadas e sem domínio próprio. O crente que tem a alegria do Senhor no coração tem uma disposição amável e honesta para com outras pessoas, principalmente com aquelas pessoas provocadoras. William Barclay escreveu que “o homem que tem moderação é aquele que sabe quando não deve aplicar a letra estrita da lei, quando deve deixar a justiça e introduzir a misericórdia”. Pessoas destemperadas pagam caro o preço da intransigência, da inflexibilidade. Paulo apela à igreja de Filipos a que os crentes sejam moderados nas ações. Paulo declara que “o Senhor está perto” (4.5) para ajudar aos que são atribulados e ameaçados por causa da sua fé.

A convicção de que “perto está o Senhor” (4.5)

“Perto está o Senhor” (v. 5) é uma declaração que tem sentido presente e futuro. No presente, a palavra “perto” refere-se a lugar e tempo. No grego bíblico, o termo é engys, que reforça essa ideia de lugar e tempo, para indicar que, nas lutas da vida cristã, o Senhor sempre está perto para guardar e proteger aqueles que servem a Cristo (SI 34.19). Porém, a expressão tem um caráter escatológico para referir-se à vinda do Senhor. Nesse sentido, todo cristão autêntico vive em função da esperança de que em breve o Senhor voltará para buscar a sua igreja.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 125-126.

Sim, o Senhor não se demorará a voltar para nós. Portanto, que o crente não se deixe assaltar por ansiedades e dúvidas a respeito de qualquer coisa.

Que não faça nada em excesso, mas que pratique a moderação. Vincent (in loc.) parafraseia este versículo como segue: «Que todos os homens percebam vosso espírito moderado; e sob hipótese alguma vos mostreis ansiosos, porquanto o Senhor está próximo».

«...moderação...» No grego original temos o termo «eiekes», que significa «clemência», «gentileza», «graciosidade», «complacência». Também podia significar «autocontrole» ou «restrição paciente». Aristóteles (em Nich. Eth. v. 10) faz o contraste entre essa qualidade com o «julgamento severo». A .exortação parece combater posições obstinadas e demonstrações de severidade demasiada sobre qualquer coisa. Por conseguinte, nos é recomendada aqui a gentileza, que é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo. (Ver Gál.5:22,23).

«Essa palavra indica imparcialidade, a disposição de dar e receber, ao invés de defender rigidamente os próprios direitos». (Scott, in loc.).

Aquela atitude que normalmente se entende por «moderação», segundo o vocabulário moderno, e que indica não ser extremado em qualquer coisa, era expressa pela palavra grega «sophrosune», e não pelo termo empregado no presente texto. (Sophrosune é vocábulo usado em I Tim. 2:9,15 e Atos 26:25). Essa qualidade eleva o indivíduo acima da necessidade de viver insistindo sobre os seus próprios direitos, o que só serve para endurecer lhe o espírito.

  • ...de todos os homens...· Não apenas aqueles que fazem parte da igreja, mas também aqueles que são do mundo. Se o crente controlar seu temperamento e exibir gentileza para com todos, mostrando-se gracioso e cortês, os outros homens entenderão que ele goza da influência de Cristo em sua vida. Outrossim, a vida de tal crente será mais tranquila, posto que tal crente não viverá entrando em disputas e contendas. Além disso, o espírito calmo e gentil pode aquietar almas agitadas. «Teu espírito doce e cordato» (Matthew Arnold) servirá de boa propaganda da tua fé cristã». Essa atitude eleva o crente «.. .acima do rigor e da ansiedade da mente (ver o sexto versículo)». (Alford, in loc.). «Minha mente é tranquila, porquanto tudo acolho com boa atitude».

(Cícero, A tt. 7.7). «Ninguém é tão mal-educado que não seja gentil com alguém, por algum motivo, em alguma ocasião: o crente deve sê-lo 'para com todos os homens’ e em todas as ocasiões» (Faucett, in loc.).

«...a mansidão, sob a provocação, a prontidão para perdoar as ofensas, a atitude justa na realização dos negócios, a candura no julgar o caráter e as ações dos outros, a doçura de disposição e o inteiro controle das paixões». (Macknight).

«...Perto está o Senhor...» Isso indica a proximidade quanto ao «tempo», dando a entender não demorar muito mais a sua «parousia» ou segundo advento; não está em pauta a proximidade espacial, sua presença conosco.

(Com parar com o trecho de 1 Cor. 16:22, onde se leem as palavras «maranatha», palavras aramaicas que significam «Nosso Senhor vem». No dizer de Lightfoot (in loc.):

«Esse era o lema do apóstolo».

A Esperança De Paulo

Paulo esperava poder escapar à morte física, por ocasião do arrebatamento (ver as notas a respeito em I Tes. 4:15). Essa é a esperança refletida em I Cor. 15:51. Mas, se chegasse a morrer fisicamente, ainda assim participaria daquele notável evento futuro (ver I Tes. 4:14). Seja como for, ele pensava que o período de tempo que restava era curtíssimo, e que a glória do retorno de Cristo já estava raiando em sua própria alma.

Nossa Advertência

Paulo não foi capaz de perceber a longa era da graça (quando a igreja está sendo convocada), que interviria antes do retorno de Cristo. Mas, o que ele esperava para seus dias, certamente sucederá nos nossos. Este comentário toma a posição de que o anticristo já está vivo, e que nossos dias são os últimos dias. Muitos dos que agora estão vivendo, verão o fim do presente ciclo das coisas.

Nosso Consolo

Embora as nuvens de tempestade se estejam juntando, embora primeiramente tenha de haver a violência que caracterizará o fim desta época, a era áurea haverá de seguir-se de imediato, assim como o dia vem após a noite. Por conseguinte, enquanto a tempestade se concentra, já podem os perceber os primeiros raios da madrugada do dia eterno.

Vivamos, portanto, para esse novo dia.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 61-62.

A moderação, a doce razoabilidade a ser demonstrada (4.5)

O apóstolo Paulo fala à igreja sobre a necessidade de cuidarmos das nossas atitudes internas e das nossas reações externas. A moderação tem que ver com o controle do temperamento.

Um crente não pode ser uma pessoa explosiva, destemperada e sem domínio próprio. Suas palavras precisam ser temperadas com sal, as suas atitudes precisam edificar as pessoas, e a sua moderação precisa refletir o caráter de Cristo.

A palavra grega para moderação é epieikeia. William Hendriksen diz que não há em nossa língua uma única palavra que expresse toda a riqueza contida nesse vocábulo grego. Essa palavra foi usada por Aristóteles para descrever aquilo que não apenas é justo, mas melhor ainda do que a justiça. William Barclay diz que o homem que tem “moderação” é aquele que sabe quando não deve aplicar a letra estrita da lei, quando deve deixar a justiça e introduzir a misericórdia.

Epieikeia é a qualidade do homem que sabe que as leis e prescrições não são a última palavra. Jesus não aplicou a letra da lei em relação à mulher apanhada em flagrante adultério. Ele foi além da justiça. Ele exerceu a misericórdia (Jo 8.1-11).

Ralph Martin, nessa mesma trilha de pensamento, escreve:

Moderação é uma disposição amável e honesta para com outras pessoas, a despeito de suas faltas, disposição essa inspirada na confiança que os crentes têm em que após o sofrimento terreno virá a glória celeste.

Ser uma pessoa moderada é ter o espírito pronto para abrir mão da retaliação quando você é ameaçado ou provado por causa da sua fé. William Hendriksen corretamente afirma: A verdadeira bem-aventurança não pode ser alcançada pela pessoa que rigorosamente insiste em seus direitos pessoais. O cristão é aquele que crê ser preferível sofrer a injustiça a cometer a injustiça (ICo 6.7).

Paulo diz que devemos ser moderados porque o Senhor está perto. O advérbio grego engys pode significar “perto” quanto a lugar ou quanto a tempo.407 O Senhor está a nosso lado nas lutas e também em breve virá para defender a nossa causa e nos recompensar. A razão desse espírito pacífico, não-abrasivo, portanto, não é fraqueza, ou o desinteresse em defender a posição legítima de alguém. Essa atitude covarde é condenada (1.27,28). Ao contrário, devemos ser moderados, pois o Senhor virá para defender a nossa causa.

Paulo diz: “Perto está o Senhor” (4.5).

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 228-229.

III - A SINGULARIDADE DA PAZ DE DEUS (4.6,7)

  1. A alegria desfaz a ansiedade e produz a paz.

A alegria do Senhor desfaz a ansiedade (4.6)

Em sua vida terrena, Jesus falou da ansiedade como um mal que precisa ser extirpado da vida cotidiana. Em seu famoso Sermão do Monte, Jesus aconselhou: “Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos [ansiosos] quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?” (Mt 6.25).

A ansiedade pela vida, o medo do futuro, a preocupação pelo que pode acontecer não são atitudes positivas de quem confia no Senhor. O que aprendemos com o Mestre, nosso Senhor Jesus Cristo é que a ansiedade desfaz a confiança em Deus e que o dia de amanhã não deve anteceder o dia de hoje. Por isso Ele disse: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). O apóstolo Pedro escreveu em sua Epístola: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.6,7). A ansiedade contraria a confiança que devemos ter no Senhor e na sua proteção. Nada deveria perturbar a mente e o coração daqueles irmãos. Pelo contrário, eles deveriam fazer suas petições a Deus com atitude humilde e reconhecimento pelo que o Senhor é e faz (4.6). A ansiedade é a falta de paz, a paz de Deus. Por isso, o apóstolo declara com segurança que a paz de Deus guardará os fiéis. Todos os seus sentimentos estarão guardados por aquEle que pode dar a paz verdadeira (4.7).

A importância da oração na vida cristã (4.6)

O texto diz: “antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças” (4.6). E indiscutível o valor da oração na vida do cristão. È o canal mais eficaz de comunicação com Deus. O poder da oração sincera diante de Deus anula a força da ansiedade, porque conduz o crente à presença de Deus. Por isso, a oração deve estar na vida cotidiana do crente como um elemento disciplinador da nossa vontade para aceitar, de boa mente, a vontade de Deus. Ora, a vontade de Deus baseia-se no pré-conhecimento que Ele tem de nós. Por isso, Ele sabe o que é melhor para cada um de nós. O apóstolo Paulo declara que essa comunicação em oração não tem restrições, porque Deus é Pai pronto a ouvir todas as nossas petições. Paulo usa a expressão “em tudo” significando que não precisamos pedir audiência para falar com Deus, mas todas as nossas necessidades, em todas as situações e circunstâncias, podem ser dirigidas a Deus em oração. O contexto dessa escritura indica que a oração é o modo de aliviar nossa ansiedade. Paulo destaca, pelo menos, três modos distintos de orar no versículo 6. Primeiro, ele fala de orar com “petições”, isto é, todas as nossas necessidades podem ser apreciadas pelo Senhor. Segundo, “com súplicas” diz respeito àquela oração feita com rogos, com pedido insistente e humilde. Terceiro, a oração com “ação de graças”, que significa aquela oração de gratidão por tudo o que o Senhor é. Sempre devemos nos lembrar dos benefícios divinos (SI 103.1-6).

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag.

Não devemos ansiar por coisa alguma porque a vinda do Senhor está próxima, havendo ainda à nossa disposição o recurso da oração, que é um poder criativo, que pode alterar os acontecimentos e conferir-nos forças para enfrentar a adversidade. (Notas expositivas completas sobre a oração aparecem no trecho de Efé. 6:18). Por meio da oração, a força espiritual se faz presente, porquanto põe à nossa disposição o mesmo Senhor, que algum dia retornará.

«A oração contínua serve de salvaguarda contrato da e qualquer ansiedade, e Paulo a descreve em um a sentença comprimida, falando sobre a natureza da oração autêntica. Antes de tudo, envolve a atitude de esperar em Deus; em seguida, indica ele que, em nossa debilidade, rogamos a sua ajuda; e, "finalmente, fica esclarecido que devemos deixar bem claro aquilo que queremos da parte de Deus, confiando que ele nos atenderá os pedidos. E paralelamente a tudo isso deve haver a atitude de ação de graças. Não podemos rogar a Deus novas demonstrações de misericórdia, a menos que tenhamos consciência clara daquilo que já nos foi outorgado pelo Senhor. O homem ingrato não pode orar, porquanto não tem ideia verdadeira da bondade de Deus». (Scott, in loc.).

A oração serve de elemento disciplinador e de determinador da vontade

de Deus: É óbvio que a oração não opera como um a lâmpada mágica, que precise apenas ser esfregada para que um gênio apareça, capaz de atender a todo e qualquer pedido que lhe fizermos. Pois, antes de mais nada, a oração age como fator de disciplina, levando-nos a reorientar as nossas prerrogativas, à medida em que formos crescendo na graça, de tal modo que coisas importantes sejam pedidas, que contribuam para o progresso do Reino de Deus à face da terra, bem como para o progresso espiritual de nós, mesmos e de outras pessoas, ao invés de visarmos apenas satisfazer impulsos egoístas. Portanto, na qualidade de um a disciplina, a oração nos impedirá de ser egoístas em nossos alvos, e, portanto, em nossas solicitações.

Nessa disciplina haverem os de a prender que as nossas orações ocasionalmente podem ser respondidas com um Não; pois um a resposta afirmativa, às vezes, não seria tão boa como um a negativa, embora nos seja difícil ver o motivo disso. O Senhor Jesus, em agonia no jardim do Getsêmani, buscou um a impossível resposta «afirmativa», o que significaria que escaparia da agonia da cruz. Mas isso teria destruído o significado de sua missão; e ele não demorou um segundo a reconhecer isso, tendo-se entregue aos cuidados da vontade do Pai. Portanto, na qualidade de fator disciplinador, a oração nos confere a realização da vontade de Deus; e isso, afinal de contas, é exatamente o que buscamos, tanto em nossas orações como em tudo o mais que fazemos. Entretanto, a oração também serve de força criadora porque apela para um poder infinito, fazendo o impossível, conforme se verifica em incontáveis casos através da história. Por essa razão é que nos é recomendado o uso desse extraordinário poder da oração. Ela pode transformar-nos, bem como pode transformar as condições em que vivemos.

«...ansiosos...» No grego tem os o termo «merimnao», que significa «ansiar», ficar «indevidamente preocupado». Paulo não se refere aqui ao ideal estóico da «apatia», a falta de reação emocional. Mas grande é a verdade da declaração que a maior parte de nossas circunstâncias, por si mesmas, em nada nos prejudicam. O que realmente nos prejudica é a nossa reação emocional às nossas circunstâncias; e isso é um fato bem conhecido dentro dos estudos psicológicos, e não somente como um preceito religioso.

Além disso, as circunstâncias, em face do imediato retorno de Cristo, e em face do poder da oração, que ajuda a modificar essas circunstâncias, ou que nos ajuda a aceitá-las como expressões da vontade de Deus, não devem ser já recebidas e as bênçãos esperadas, sempre deve dar graças e sempre deve rogar. A memória e a súplica são os dois elementos necessários de toda a oração verdadeiramente cristã». (Rilliet, in loc.).

Todavia, a natureza exata dessas ações de graça não é definida aqui. Muitas coisas nos perturbam , mas, certamente, sabemos que a vontade de Deus visa ao nosso bem, não sendo caótica e nem destituída do desígnio.

Todavia, esse é um elevado alvo espiritual, que não é fácil de ser alcançado. Só pode ser atingido através do desenvolvimento espiritual; e um a porção importante desse desenvolvimento é a oração, pois, quando oramos, nos disciplinamos a nós mesmos e entramos em contato com o ser de Deus.

o...de cousa alguma...» Essas palavras fazem violento contraste com as nossas orações, que devem ser associadas com «tudo», com todas as situações. Conforme comenta Vincent (in loc.): «Em tudo, e não por qualquer motivo (embora essa ideia também esteja inclusa, em Efé. 6:18 e 1 Tes. 5:17); mas estão em foco todos os interesses, grandes e pequenos, porquanto nada é grande demais para o poder de Deus; e nem nada é pequeno demais para merecer o seu cuidado paternal».

  • ,...oração e...súplica...» Esses dois substantivos indicam a «oração em geral» e os «pedidos específicos», respectivamente, conforme também se observa em Efé. 6:18, onde a questão é comentada. (Ver também essas duas palavras, usadas em conjunção, em IT im . 2:1 e 5:6. Ver igualmente Fil. 1:4, onde a distinção reaparece). Desse modo é que nossas ansiedades são vencidas, porquanto a oração inclui idealmente todas as circunstâncias,  acalmando todas as águas agitadas.

Já pensaste que tu mesmo não continuarias?

Já temeste essas ameaças terrenas?

Já temeste que o futuro nada seria para ti?

Hoje i nada? o passado sem começo nada é?

Se o futuro nada é, então certamente aqueles nada são.

(Walt Whitman).

A oi ação oferece-nos um abrigo onde nos podem os ocultar das preocupações mundanas, um lugar onde ficamos a sós com Deus, um refúgio onde renovamos a esperança, onde nossos cuidados ficam amortecidos. Paulo ensina-nos a lançar mão do recurso da oração.

«...com ações de graça...» É mister que nos lembremos, com gratidão no coração, das bênçãos e das vitórias passadas, sabedores que a mesma esperança que nos enchia o peito no passado, é boa para o futuro. As ações de graça devem acompanhar nossas orações «...em tudo...» (com parar com Col. 3:17).

Certamente, o texto fala das lutas do passado, mas também envolve as circunstâncias difíceis do presente, mediante as quais podemos aprender lições necessárias. Por isso é que em Efé. 5:20 se lê, «...dando sempre graças por tudo...», ao passo que em ITes. 5:18 lemos,«...Em tudo dai graças...».

Posto que muitas pessoas com frequência oram erradamente a Deus (de forma diferente do que deveriam fazer), com muitas queixas e reclamações, como se tivessem motivo justo de acusarem-no, ao passo que há outros que não podem tolerar demoras na resposta, quando Deus não quer satisfazer imediatamente aos seus desejos, por isso mesmo é que Paulo vincula a atitude de agradecimento às nossas orações...porquanto é inquestionável que a gratidão exercerá sobre nós o efeito de desejarmos que a vontade de Deus seja cumprida em nossas vidas, como o maior alvo a ser obtido.

«...petições...» No grego tem os a palavra «aitema», que significa «pedido», aquilo que é solicitado, pois, em certo sentido importante, a oração consiste de «pedir e receber». Estão em foco as coisas particulares que desejamos, nem um a delas grande demais p ara o poder do Senhor, e nem pequena demais para escapar à atenção de seu amor paternal.

«...sejam conhecidas...» Temos aqui o verbo «gnoridzo», «fazer conhecido», «declarar», «revelar». D á a entender que é como se Deus não soubesse quais os nossos desejos, e que, ao confiarmos em fazer-lhe tais revelações, de coração sincero, de mistura com a ação de graças, tocaríamos no poder divino, de modo a realizar-se aquilo que desejamos. Isso pode ser comparado com as próprias instruções do Senhor Jesus, acerca da oração, em João 16:24-27. E Deus Pai quem nos dá tudo, devido ao amor que nos tem, visto que amamos a Cristo Jesus.

«...diante de Deus...» Tudo deve ser feito na «presença» do Senhor, em que o crente «se dirige a ele». Fica subentendido que Deus está sempre perto de nós, pronto a ouvir-nos. Portanto, apreensões ditadas pela ânsia não têm razão de ser para o crente, pois nosso Pai está sempre pronto para ajudar-nos.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 62-63.

A ansiedade, uma doença perigosa (4.6)

A ansiedade é a maior doença do século. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 50% das pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade. A ansiedade atinge adultos e crianças, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. Warren Wiersbe diz que a ansiedade é um pensamento errado e um sentimento errado a respeito das circunstâncias, das pessoas e das coisas.409 Ralph Martin diz que ansiedade é falta de confiança na proteção e cuidado de Deus.

Várias são as causas da ansiedade:

Em primeiro lugar, a ansiedade é o resultado de olharmos para os problemas, em vez de olharmos para Deus. Os crentes de Filipos não estavam vivendo em um paraíso existencial, mas num mundo cercado de perseguições (1.28). O próprio Paulo estava preso, na ante-sala do martírio, com os pés na sepultura. Nuvens pardacentas se formavam sobre sua cabeça. Quando olhamos as circunstâncias e os perigos à nossa volta, em vez de olharmos para o Deus que governa as circunstâncias, ficamos ansiosos.

Em segundo lugar, a ansiedade é o resultado de relacionamentos quebrados. As pessoas nos fazem sofrer mais do que as circunstâncias. Nós desapontamos as pessoas, e elas nos desapontam. As pessoas têm a capacidade de roubar a nossa alegria. Há pessoas que carregam uma alma ferida e são prisioneiras da amargura, pois os relacionamentos estão estremecidos (2.1-4; 4.2).

Em terceiro lugar, a ansiedade é o resultado de uma exagerada preocupação com as coisas materiais (3.19). Aqueles que só se preocupam com as coisas materiais vivem inquietos e desassossegados. Aqueles que põem a sua confiança no dinheiro, em vez de pô-la em Deus, descobrem que a ansiedade, e não a segurança, é a sua parceira.

Três são os resultados da ansiedade:

Em primeiro lugar, a ansiedade produz uma estrangulação íntima. A palavra “ansiedade” traz idéia de estrangulamento.

Ficar ansioso é como ser sufocado. E como cortar o oxigênio de uma pessoa e tirar dela a possibilidade de respirar. A ansiedade produz uma fragmentação existencial. A pessoa é rasgada ao meio. Ela produz uma esquizofrenia emocional. A pessoa ansiosa perde o equilíbrio. Warren Wiersbe diz que a palavra “ansiedade” significa ser “puxado em diferentes direções”. As nossas esperanças nos puxam em uma direção; os nossos temores nos puxam em direção oposta; assim, ficamos rasgados!

Em segundo lugar, a ansiedade rouba nossas forças. Uma pessoa ansiosa normalmente antecipa os problemas. Ela sofre antecipadamente. O problema ainda não aconteceu e ela já está sofrendo. A ansiedade esgota a energia antes de o problema chegar. E quando o problema chega, se chegar, a pessoa já está fragilizada.

Em terceiro lugar, a ansiedade é uma eloquente voz da incredulidade. A ansiedade é a incapacidade de crer que Deus está no controle. A ansiedade ocupa o nosso coração quando tiramos os olhos da majestade de Deus para fixá-los na grandeza dos nossos problemas.

A oração, o remédio divino para a cura da ansiedade (4.6)

Deus não apenas dá uma ordem: “Não andeis ansiosos”, mas oferece a solução. Não apenas diagnostica a doença, mas também oferece o remédio. Se a ansiedade é uma doença, a oração é o remédio. William Hendriksen diz que o antídoto adequado para a ansiedade é abrir efusivamente o coração a Deus.

Lidamos com a ansiedade não com livros de auto-ajuda, mas com a ajuda do alto. Triunfamos sobre ela não batendo no peito em uma arrogância ufanista, mas caindo de joelhos e lançando sobre Cristo a nossa ansiedade. Onde a oração prevalece, a ansiedade desaparece. William Barclay corretamente afirma: “Não existe nada demasiadamente grande para o poder de Deus nem demasiadamente pequeno para o Seu cuidado paternal”.

O remédio de Deus deve ser usado de acordo com a prescrição divina. Paulo fala sobre três palavras para descrever a oração: oração, súplica e ações de graças. A oração envolve esses três elementos:

Em primeiro lugar, Paulo diz que precisamos adorar a Deus quando oramos. A palavra grega proseuche é o termo genérico para oração. Essa palavra é um termo geral usado para se referir às petições que fazemos ao Senhor. Tem a conotação de reverência, devoção e adoração. Sempre que nos vemos ansiosos, a primeira coisa a fazer é ficar sozinhos com Deus e adorá-Lo. Precisamos saber que Deus é grande o suficiente para resolver os nossos problemas.

A oração começa quando focamos a nossa atenção em Deus, e não em nós mesmos. O ponto culminante da oração é o relacionamento com Deus, mais do que pedir coisas a Deus. Orar é estar em comunhão com o Rei do Universo. Adoramos a Deus por quem Ele é. Em vez de ficarmos ansiosos, devemos meditar na majestade de Deus e descansar nos Seus braços. Se Deus é quem Ele é, e se Ele é o nosso Pai, não precisamos ficar ansiosos.

Em segundo lugar, Paulo diz que podemos apresentar a Ele as nossas necessidades quando oramos. A palavra grega deesis enfatiza o elemento de petição, a súplica em oração.

Devemos apresentar todas as nossas necessidades a Deus em oração, em vez de acumular o peso da ansiedade em nosso coração. O próprio Senhor Jesus nos ensinou: “Pedi, e dar-se-vos-á...” (Mt 7.7) e “... tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei” (Jo 14.13). Tiago escreveu: “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2).

Em terceiro lugar, Paulo diz que devemos agradecer a Deus quando oramos. Devemos olhar para o que Deus já fez por nós para não ficarmos ansiosos (SI 116.7). Todavia, devemos agradecer também o que Deus vai fazer. Deus desbarata os nossos inimigos quando nos voltamos para Ele com ações de graças (2Cr 20.21). O próprio Paulo, quando plantou a igreja em Filipos, foi açoitado e preso.

Não obstante a dolorosa circunstância, agradeceu a Deus, cantando louvores na prisão (At 16.25). Quando o profeta Daniel foi vítima de uma orquestração na Babilônia, longe de ficar ansioso, orou a Deus com súplicas e ações de graças (Dn 6.10,11). Daniel foi capaz de passar a noite, em perfeita paz, com os leões, enquanto o rei no seu palácio não conseguiu dormir (Dn 6.18).

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 229-233.

  1. Uma paz que excede todo o entendimento.

A Paz que Excede todo o Entendimento (4.7)

A paz de Deus é dom que procede dEle para aqueles que o servem. Essa paz é algo poderoso para aquietar o coração inquieto e ansioso, porque sobrepuja tudo e todo o entendimento. E algo que a psicologia não pode explicar, porque é experiência divina. E aquela paz inexplicável, que está acima do natural. E algo sobrenatural que se manifesta na nossa vida natural, porque é sentida e vivida por aqueles que a experimentam (1 Co 2.9; Ef 3.20).

Há certa reciprocidade entre alegria e paz. Não haverá alegria sem paz interior. Não se trata de uma simples paz, mas de uma paz que vem de Deus. Os discípulos de Jesus experimentaram essa paz especial quando Ele disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14.27).

  1. O tipo de paz “que excede todo o entendimento”

Em síntese, essa paz é algo que transcende qualquer compreensão. Não tem como discuti-la filosoficamente, nem no campo da psicologia. Os adeptos do gnosticismo que defendiam a ideia de possuírem algo superior em termos de inteligência, conhecimento e entendimento são confrontados por Paulo quando sugere algo mais alto e mais profundo que o entendimento humano. E a paz de Deus que excede todo o entendimento.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 128.

(Quanto a notas expositivas completas sobre a «paz», verG ál. 5:22, onde essa virtude aparece como um dos aspectos do «fruto do Espírito Santo», ou seja, produto do desenvolvimento espiritual. Ver tam bém os trechos de João 14:27 e 16:33, onde há poemas ilustrativos, igualmente inclusos nessas anotações. Ver o trecho de Rom. 5:11 e as notas expositivas ali existentes, sobre a doutrina da «justificação pela fé», porquanto essa «paz» resulta de nossa justificação diante de Deus).

«...paz de Deus...» Essa paz é atribuída a Deus porque 1. trata-se de um a qualidade espiritual, que nos é divinamente conferida, da parte do Espírito Santo; e 2. porque Deus é a sua fonte originária. Este é o único trecho onde essa expressão figura em todo 0 N-.T. (Com parar com a expressão «Deus da paz», que figura no nono versículo deste mesmo capítulo).

A paz é vista aqui como um subproduto da oração; e isso é natural, posto que a comunhão com Deus acalma todas as águas perturbadas.

A paz consiste de «...relações saudáveis e harmoniosas, que prevalecem na vida interior, em resultado da reconciliação com Deus, por meio de Jesus Cristo...Deixarmos nossas ansiedades com Deus é algo que destrói o poder corrosivo da ansiedade, ficando nós acalmados pela sua paz. A paz é usada no Talmude como um dos nomes de Deus». (Kennedy, in loc.).

« ...que excede todo o entendimento...» Essa expressão tem dois significados possíveis: 1. Pode significar que a paz de Deus é insondável, não estando sujeita ao poder de raciocínio do homem , visto que o transcende; podendo existir até mesmo quando não há razões aparentes para a sua existência, como quando nos vemos em meio às tribulações, porquanto Deus é quem no-la dá, não sendo produto de circunstâncias favoráveis, como a tranquilidade humana geralmente o é. Também está fora do alcance de nosso entendimento, ainda que tenhamos consciência de sua presença e de seus efeitos. 2. Ou então, se compreendermos a palavra grega «nous» com o «mente», no sentido de «engenho» ou «astúcia», o sentido pode ser que «Deus pode fazer mais por nós, conferindo-nos a paz, do que poderíamos obter através de qualquer planejamento nosso, por mais cuidadoso que esse fosse». Mas o primeiro desses sentidos é o preferido pela maioria dos intérpretes.

«...entendimento...» é tradução do vocábulo grego «noos», que tem os dois significados dados acima, isto é, «com preensão» ou «poder do raciocínio». A paz é algo perfeitamente real, a despeito de não podermos compreender como ela pode subsistir até mesmo quando o crente está sob circunstâncias difíceis. Ou então ela pode ser algo que nos é conferido por Deus, mas que está totalmente fora do alcance hum ano, entregue aos seus próprios recursos. A primeira dessas duas possibilidades é a que mais provavelmente está aqui em foco.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 63.

A paz de Deus, uma bênção a ser recebida (4.7)

Pela oração, a paz de Deus ocupa o lugar que antes a ansiedade tomava conta. A oração aquieta o nosso interior e muda o mundo ao nosso redor. Por meio dela, nos elevamos a Deus e trazemos o céu à terra. A ansiedade é um pensamento errado e um sentimento errado, por isso a paz de Deus guarda mente e coração. O mesmo coração que estava cheio de ansiedade, pela oração agora está cheio de paz. F. F. Bruce diz que a paz de Deus pode significar não apenas a paz que Ele mesmo concede, mas a serenidade em que o próprio Deus vive: Deus não está sujeito à ansiedade.

O apóstolo destaca três verdades importantes sobre a paz:

Em primeiro lugar, a paz que recebemos é uma paz divina, e não humana (4.7). E a paz de Deus. A paz de Deus não é paz de cemitério. Não é ausência de problemas. Essa paz não é produzida por circunstâncias. O mundo não conhece essa paz nem pode dá-la (Jo 14.27). Governos humanos não podem gerar essa paz. Essa paz vem de Deus. Bruce Barton afirma: “A verdadeira paz não é encontrada no pensamento positivo, na ausência de conflito, ou em bons sentimentos; ela procede do fato de saber que Deus está no controle”.

Em segundo lugar, a paz de Deus transcende a compreensão humana (4.7). Essa paz é transcendente. Ela vai além da compreensão humana. A despeito da tempestade do lado de fora, podemos desfrutar bonança do lado dentro. Ela coexiste com a dor, com as lágrimas, com o luto e com a própria morte. Essa é a paz que os mártires sentiram diante do suplício e da morte. Essa é a paz que Paulo sentiu ao caminhar para a guilhotina, dizendo: “A hora da minha partida é chegada. Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé. Agora, a coroa da justiça me está guardada...” (2Tm 4.6-8).

Em terceiro lugar, a paz de Deus é uma sentinela celestial ao nosso redor (4.7). A palavra grega fivurein é um termo militar para estar em guarda.418 Assim, “guardar” traz a ideia de uma sentinela, um soldado na torre de vigia, protegendo a cidade. A paz de Deus é como um exército protegendo-nos dos problemas externos e dos temores internos. Paulo diz que essa paz guarda os nossos corações (sentimentos errados) e nossas mentes (pensamentos errados), as nossas emoções e a nossa razão. William Hendriksen, comentando este texto, escreve:

Os filipenses estavam acostumados a ver as sentinelas romanas montarem guarda. Assim também, se bem que em um sentido muitíssimo mais profundo, a paz de Deus montará guarda à porta do coração e da mente. Ela impedirá que a torturante angústia corroa o coração, que é o manancial da vida (Pv 4.23), a fonte do pensamento (Rm 1.21), da vontade (ICo 7.37) e do sentimento (1.7). O homem de fé e oração tem-se refugiado naquela inexpugnável cidadela da qual ninguém jamais poderá arrancá-lo; e o nome dessa fortaleza é Jesus Cristo.

Ralph Martin comenta que o uso que Paulo faz de um verbo militar demonstra que ele está pensando na segurança da igreja, e seus membros, num ambiente hostil, cercados de inimigos.

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 233-234.

  1. Uma paz que guarda o coração e os sentimentos do crente.

Um tipo de paz que protege o crente em Cristo Jesus

A parte b do versículo 7 diz: “guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”. É um tipo de paz como um muro de proteção ao redor de uma casa que protege dos perigos de fora. A paz de Deus torna-se guarda de proteção para o crente fiel. O texto fala de “coração e mente”, que são cidadelas dos pensamentos e emoções que experimentamos na nossa vida cotidiana. A proteção é feita por Jesus Cristo, Salvador e Senhor nosso. Portanto, a alegria do Senhor alimenta a nossa alma e produz paz e segurança, porque “essa paz é como uma sentinela celestial” que nos protege do mal.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 128-129.

«.. .guardará os vossos corações. ..» A palavra «coração» é aqui utilizada para dar a ideia de «alma», indicando o «verdadeiro homem», e não apenas o seu intelecto ou as suas emoções. Assim, pois, 0 verdadeiro homem é guardado pelo poder pacificador de Deus, ainda que o homem mortal venha a ser severamente assediado por dificuldades de toda a sorte, externas ou íntimas. A paz de deus «guarda» nosso homem interior. Esse verbo, no original grego, é «proureo», que significa exatamente isso, «guardar», «confiar», «manter sob custódia». Neste ponto, a ideia é de montar guarda, para finalidade de proteção. A paz é pintada como a sentinela de Deus, que patrulha e guarda 0 homem interior.

É declarado aqui que a paz de Deus ‘guarnece’ o coração e a mente do crente. O crente vive tão bem rodeado de benditos privilégios que fica em segurança como quem se acha em um castelo inexpugnável». (Gurnall, in loc.).

*...mentes...» Essa palavra pode significar: 1. ou os pensamentos; ou 2. as mentes, no sentido de um processo intelectual e das reações emotivas. Provavelmente ambas as coisas estão em foco, dando a entender a mente e as suas funções em geral. Alguns estudiosos consideram que a palavra «coração», neste ponto, indica a «sede das emoções», ao passo que a «mente» seria a sede do processo de raciocínio. As emoções às vezes dizem-nos que um a crise é fatal, ou causa de intensa ansiedade. E o processo de raciocínio concorda com isso, pesando as coisas conforme elas parecem ser, objetivamente. No entanto, a paz de Deus altera tudo isso, mantendo o coração e a m ente sob guarda, não permitindo que as circunstâncias invadam e destruam a nossa tranquilidade, que se alicerça sobre a certeza do bem espiritual, 0 que nenhum a circunstância terrena pode alterar.

O coração é a sede das emoções, em contraste com a inteligência (ver Rom. 9:2; 10:1; II Cor. 2:4; 6:11 e Fil. 1:7); mas também pode referir-se à ação mental ou inteligência, em outros contextos (ver Rom. 1:21 e Efé. 1:18), também indicando questões de moral e escolhas morais (ver I Cor. 7:37; II Cor. 9:7). O coração é igualmente a sede de nosso contato com o Espírito de Deus (ver Rom. 5:5; II Cor. 1:22; Gál. 4:6; Col. 3:15; I Tes. 3:13; II Tes. 2:17 e 3:5). O coração é igualmente a sede da fé (ver Rom. 10:9), bem com o do amor de Deus (ver R om . 5 :5), sendo também o instrumento do louvor espiritual. (Ver Col. 3:16). Pode-se ver, assim sendo, que apesar desse termo não subentender necessariamente a alma, em todas as suas funções, quando então se torna local onde Deus entra em contato com o espírito hum ano, como a sede da fé e do amor, somente a alma pode estar aqui em foco. Porquanto é com o homem interior, a alma, o homem essencial, que esse contato tem lugar. Portanto, «kardia» é palavra grega que pode ser sinônimo de «psuche» ou de «pneuma».

«...em Cristo Jesus...» Em outras palavras, em comunhão e união com Jesus, por estarmos identificados com ele, porque Deus Pai cuida de nós como cuida de seu Filho. Essa é a «esfera» onde a proteção divina é oferecida àqueles que pertencem a Cristo, onde também desfrutam de união mística com ele. (Com parar com isso a expressão «em Cristo», que é usada por cento e sessenta e quatro vezes nas páginas do N .T ., com notas expositiva sem I Cor. 1:4; e com a expressão «no Senhor», usada por mais de quarenta vezes no N .T., a qual é comentada no primeiro versículo deste 1 capítulo).

Um dos importantes elementos sociais do período helenista foi o guarnecimento militar de muitas cidades da Grécia e da Ásia Menor, pelos sucessores de Alexandre, o Grande. Os leito res de Paulo certamente, estariam familiarizados com a proteção militar oferecida às cidades. Ora, Deus oferece-nos a sua proteção às nossas almas. A paz é a sentinela que garante que tudo vai bem. No mundo temos tribulação, mas em Cristo temos paz.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 63.

 

 

 

 

 

 

COMENTARIO DE FILIPENSES CAP.4 (1 B)

 

 

 

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Na escritura dos versículos 8 a 10 temos, na verdade, um complemento da Carta, uma vez que no versículo 7 ele dá a impressão de estar concluindo. A mente de Paulo foi despertada por alguns pensamentos que não podia deixar de comunicar com a igreja de Filipos.

Não eram pensamentos comuns, mas pensamentos que tiveram a contribuição e inspiração do Espírito Santo. O autor Lindolfo Weingartner, teólogo luterano, escreveu sobre esse texto o seguinte: “Ele não prega nenhum ‘poder da mente’, pois ele sabia que a mente humana é tão somente um campo de batalha no qual Cristo obteve a vitória e no qual agora reina a paz”. Precisamos saber que a vida em Cristo significa mudança de pensamento. Antes, sob a égide da carne, mas agora, sob o domínio do Espírito.

O cristianismo é uma religião de princípios que regem os cristãos no comportamento cotidiano, em relação às pessoas, na igreja, na família, na sociedade e em relação a Deus. Paulo apresenta uma lista de virtudes que deixam de ser meras prescrições e exigências que emanam de um código de leis, mas são virtudes que surgem espontaneamente numa vida transformada pelo evangelho. O evangelho tem o poder de mudar a vida de uma pessoa e torná-la apta para obedecer aos princípios cristãos. Na Carta aos Romanos 1.16, Paulo escreveu que o evangelho “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”.

Mediante a compreensão sobre mente e fé, podemos saber que o cristianismo é não só espiritual, mas também racional.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag.

Vv. 2-9. Os crentes devem ser unânimes e estarem dispostos a ajudarem-se mutuamente. Assim como o apóstolo havia encontrado o benefício da assistência deles, sabia o quão consolador seria para os seus colaboradores terem a ajuda de outros. Procuremos nos assegurar de que os nossos nomes estejam escritos no livro da vida.

O gozo em Deus é de grande importância na vida cristã; é necessário incentivar os cristãos continuamente a que o tenham em sua vida. A alegria supera amplamente todos os motivos que teríamos para estar tristes. Os inimigos deveriam perceber o quão moderados eram em relação às coisas exteriores, e com quanta moderação sofriam as perdas e as dificuldades. O dia de juízo em breve chegará, com a plena redenção dos crentes e a destruição dos ímpios.

É nosso dever demonstrar cuidadosa diligência, em harmonia com uma sábia previsão e com a devida preocupação; porém, há um afã de temor e desconfiança, que é pecado e uma atitude néscia, e que somente confunde e distrai a mente. Como remédio contra a preocupação, recomenda-se a constância em oração. Não somente os tempos estabelecidos de oração, mas constância em tudo por meio da oração.

Devemos unir as ações de graças com as orações e as súplicas; não somente buscarmos provisões daquilo que é bom, mas reconhecermos as misericórdias que recebemos. Deus não precisa que lhe contemos as nossas necessidades ou desejos, porque os conhece melhor do que nós mesmos; mas deseja que valorizemos a sua misericórdia, e que sintamos que dependemos dEle. A paz com Deus, esta sensação consoladora de estarmos reconciliados com Ele, e de termos parte em seu favor e a esperança da bênção celestial, são um bem muito maior do que poderíamos expressar plenamente. Esta paz manterá o nosso coração e a nossa mente em Jesus Cristo; nos impedirá de pecarmos quando estivermos submetidos a tribulações e naufragarmos sob estas; nos manterá calmos e desfrutando de uma satisfação interior.

Os crentes têm que alcançar e manter um bom nome; um nome para todas as coisas com Deus e com os homens bons.

Devemos em tudo percorrer os caminhos da virtude e permanecer neles; então, quer tenhamos ou não o louvor por parte dos homens, certamente o teremos por parte de Deus. O próprio apóstolo é um exemplo. A sua doutrina estava em harmonia com a sua vida. A maneira de termos o Deus de paz conosco é mantermo-nos dedicados ao nosso dever. Todos os nossos privilégios e a salvação procedem da misericórdia gratuita de Deus; porém, gozar deles depende de nossa conduta santa e sincera. Estas são obras de Deus, pertencentes a Deus, e somente a Ele devem ser atribuídas, e a ninguém mais; nem a homens, nem a palavras e nem a obras.

HENRY. Matthew. Comentário Bíblico Matthehw Henry. Editora CPAD. pag. 10-12.

A mente humana posa sempre em algum objeto; Paulo queria assegurar-se de que os filipenses colocassem suas mentes nas coisas devidas. Isto é de suma importância. É uma lei da vida que se um homem pensar em algo com frequência ou persistência chegará um momento em que não poderá deixar de pensar nisso; seus pensamentos correrão como sobre trilhos. Por esta razão é da máxima importância que o homem pense em coisas dignas.

BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag. 93.

I - A EXCELÊNCIA DA MENTE CRISTÃ

  1. Nossos pensamentos.

O que Deve Controlar a Mente do Cristão

  1. O que é a mente de um ser humano?

Para sabermos como controlar a nossa mente, precisamos conhecer o que contém a mente humana. Por trás da mente de cada pessoa está o cérebro, que é o mecanismo mais complexo do mundo e o órgão do corpo que mais influência exerce sobre a vida da pessoa. Nossa mente, dentro do cérebro, pensa, recorda, ama, odeia, sente, raciocina, imagina e analisa. Nosso cérebro, através da mente, supervisiona tudo o que fazemos. Controla nossa audição, visão, olfato, a fala, o alimentar, o descanso, a capacidade de aprender. Nossa mente controla e determina a função de outros órgãos e sistemas no corpo humano. Nossos hábitos individuais, nosso temperamento, personalidade, caráter, tudo é controlado pela mente. Nossa forma de pensar resulta do poder da mente (intelecto) sobre o que herdamos de nossos pais, da escola, da igreja, através do ouvimos, o que lemos e o que vemos. O autor de Provérbios há muito tempo disse: “Porque, como imaginou na sua alma, assim é” (Pv 23.7). A alma é um elemento moral representada pela mente (intelecto), pelas emoções e pela vontade. O coração é, figuradamente, o centro das emoções do ser humano. Não se refere a um órgão físico, visível ou palpável. Trata-se de algo que não tem forma e neurologicamente está unido a todos os órgãos do corpo. Não se pode dimensionar, nem ser detectado em algum lugar do corpo. E a mesma coisa em relação à vontade, que faz com que o homem seja único entre os seres vivos criados por Deus. E com a mente que o homem escolhe o bem ou o mal. Mediante essa realidade, o apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, apela e diz: “Nisso pensai” (4.8).

  1. A batalha da mente

Na batalha da mente, o ser humano recebe muitas impressões exteriores, tanto do campo científico quanto do campo espiritual. O cristão, na sua conversão, recebe uma limpeza total dos antigos pensamentos do homem natural e carnal. O Espírito entra em sua vida operando uma limpeza total, mas o cristão regenerado não está imune aos ataques do mundo espiritual na sua mente (2 Co 5.17). Satanás procura romper a proteção de nossas mentes com pensamentos fúteis e carnais para que não pensemos nas coisas que são de cima, isto é, do céu. Paulo exortou os colossenses: “Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Cl 3.2).

Nossa mente absorve muitas coisas do que se vê, se ouve e do que se faz no dia a dia. Por isso, precisamos ter controle sobre a nossa mente. Mentes ocupadas por pensamentos maus produzem coisas más. Porém, mente ocupada com coisas boas produz coisas boas.

  1. O que é que ocupa a nossa mente? (Fp 4.8)

Antes de considerar o versículo 8, precisamos entender a expressão do versículo 7 quando diz: “guardará os vossos corações” .

No contexto dessa expressão, a palavra “coração” é a figura da alma humana. E uma palavra que representa o “homem verdadeiramente”, não apenas o seu intelecto, sentimentos e volição. Quando Paulo fala da paz com poder de guardar os corações, está se referindo àquela virtude poderosa da paz de Deus que age com poder protetor e pacificador. O coração, nesse contexto, representa o homem interior, e a guarda do coração tem a ver com a proteção divina daquilo que somos interiormente. Por isso, uma vez guardado o nosso coração das coisas más, podemos pensar, agir, fazer boas coisas. Entretanto, o versículo 8 nos ajuda a colocar nosso homem interior sob a custódia do Espírito Santo para sentir e pensar positivamente.

  1. Esvaziando a mente de coisas fúteis

A grande lição desse texto é que devemos esvaziar nossa mente de pensamentos fúteis e enchê-la com pensamentos que se harmonizem com o evangelho. Devemos, em todo o tempo, fazer uma triagem constante dos conceitos e ideias manifestos no nosso dia a dia e dos quais tiramos conclusões e decisões. Então, a pergunta é: O que é que ocupa a nossa mente?

A tradução da ARA enfatiza e exorta dizendo: “seja isso o que ocupe o vosso pensamento”. A experiência de salvação em Cristo significa mudança de pensamento contínuo, no sentido de que passamos a evitar as futilidades que ocupam tantas cabeças no mundo secular e passamos a ocupar a mente com coisas úteis e maduras. O apóstolo Paulo disse aos coríntios: “Mas nós temos a mente de Cristo” (1 Co 2.16). O que é que ocupa a nossa mente nos tempos atuais? Neste novo século nos deparamos com uma geração magnetizada pela vida secular quando as coisas da vida moderna ocupam o seu pensamento. A Bíblia fala dos “amantes do século presente” e a palavra “século” é ayon no grego bíblico, e refere-se ao “pensamento do mundo presente”. Como evitar que nossas mentes sejam invadidas pelo pensamento do século presente? A resposta está no conselho do apóstolo Paulo quanto ao que pensar hoje (Fp 4.8).

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 131-133.

Uma vez tratado o problema imediato (a possível contenda por questões pessoais), Paulo segue ministrando exortações práticas. Que os filipenses possam alcançar uma vida de constante regozijo no Senhor (v. 4); que manifestem “moderação” (ternura, bondade, submissão, paciência e espírito tratável para com todos), à luz da iminente segunda vinda de Cristo (v. 5). Exorta-os também a não se deixarem oprimir pela ansiedade, já que o “Trono da Graça” está sempre acessível às nossas súplicas. Deus “guardará [literalmente: “colocará uma guarnição militar”] os vossos corações e os vossos sentimentos” , outorgando-lhes a sua própria paz, que resultará na maior calma e quietude reparadoras (vv. 6,7).

O Dr. Walker comenta: “O apóstolo mostra que o coração e os pensamentos do cristão, enquanto guardados em Cristo Jesus por sua paz, ainda têm bastante campo para sua plena expressão. Ante seus olhos, estendem-se relvados verdejantes, cheios de belas flores, a serem apreciados pelo servo de Deus. É verdade que existem fronteiras que não devem ser ultrapassadas. Mas tudo que é bom está dentro daquilo que Deus preparou para nós. Além de suas fronteiras é perigoso aventurar-se. Nem em pensamento deve o cristão atravessar seus limites. Este versículo, então, serve de orientação para quem deseja viver de modo consciencioso, debaixo do favor divino e no gozo de sua paz. Fica claro que tal experiência é circunscrita por oito marcos, dentro dos quais há segurança: o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama, virtude e louvor” (v. 8).

Já que o testemunho de Paulo pautava-se pela coerência e integridade, nada havendo em sua conduta digno de censura, ele podia muito bem concitá-los a seguir seu exemplo: “O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco” (v. 9).

Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus. Editora CPAD. pag. 75-76.

«...seja isso o que ocupe o vosso pensamento...» Que essas coisas dignas de louvor, essas virtudes, sejam as razões de nossa meditação e consideração, para que sejam inclusas em nossa conduta diária. Devem ser substituídos os vãos pensamentos da sensualidade, o lucro e a fama mundanos, buscando cuidadosamente aquelas coisas que contribuem para o bem de nossas almas imortais, o que transcende a qualquer bem terreno que os homens busquem mediante suas mentalidades carnais.

«O que me amedronta é a míngua de ideal que nos abate. Sem ideal, não há nobreza de alma; sem nobreza de alma, não há desinteresse ; sem desinteresse, não há coesão; sem coesão, não há pátria». (Olavo Bilac, discurso).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 64.

A citação aqui apresentada por Paulo foi extraída do trecho de Isa. 40:13, com báse na versão da Septuaginta, mas com algumas modificações, para que ele obtivesse os seus propósitos. A passagem de Rom. 11:34 exibe a primeira parte dessa citação: «Quem, pois, conheceu a mente do Senhor?»

E ali há comentários completos a respeito. Contudo, nessa passagem de Romanos é omitida a segunda cláusula: .. .que o possa instruir"!

"Paulo deixa entendido, portanto, que a fim de alguém julgar a um homem verdadeiramente espiritual, precisa poder discernir a mente do Senhor de uma maneira simplesmente impossível para a capacidade humana, porque essa citação subentende que ninguém conhece a mente do Senhor. O julgamento contra o homem espiritual ideal, por conseguinte, é algo que está fora das possibilidades do homem carnal; e isso faz parte integrante da apologia paulina contra aqueles que o criticavam, aqueles que tinham procurado solapar a confiança de outros em sua chamada apostólica, no seio da igreja cristã de Corinto. Paulo dizia, portanto, que nenhum dos seus detratores era capaz de julgá-lo, pois somente o Senhor podia fazer isso realmente. Ninguém possui da «mente» do Senhor em dose suficiente para substituí-lo nesse mister. (Com isso se pode comparar o trecho de I Cor. 4:3-5, que é paralelo a esta passagem). Paulo afirma que para ele era questão de pouca monta o ser «julgado» pelos seus detratores de Corinto, pois nem ele mesmo podia avaliar-se devidamente. Toda a avaliação semelhante deve proceder da parte do Senhor. Por conseguinte, diz ele, «...nada julgueis antes de tempo...», pois haverá ocasião em que Deus trará todas as coisas à luz, estabelecendo o julgamento apropriado acerca de todos os homens e suas ações.

Possuidores Da Mente De Cristo

Quais são os significados vinculados a essa expressão?

  1. A mente espiritual (possuída por Cristo), não julga nem censura.

Indiretamente, pois, Paulo desfecha um golpe contra a atitude censuradora de seus oponentes.

  1. Mais particularmente, o argumento afirma: «Nenhum homem pode julgar-me com retidão. Isso porque ninguém pode instruir ao Senhor, e eu possuo a sua mente». Foi uma ousadíssima assertiva da parte de Paulo.

Portanto, o vs. 15 afirma que o homem espiritual julga a todas as coisas, mas que ele mesmo por ninguém é julgado. Tudo isso é argumento polêmico, naturalmente. Paulo havia sido severamente censurado pelos seus críticos gratuitos, especialmente pelos do partido intelectualizado em Corinto. Estes promoviam um evangelho alicerçado sobre a sabedoria humana; mas ele pregava o evangelho alicerçado sobre a revelação divina da salvação, por meio de Cristo e sua cruz. Essa é a demonstração da sabedoria divina. «Ninguém pode censurar-me», diz Paulo, «porque tenho a mente de Cristo».

  1. Popularmente, essa afirmativa de Paulo é usada para apoiar a ideia de que o indivíduo espiritual desenvolve em si mesmo a «mentalidade de Cristo», as suas atitudes, discernimentos e pontos de vista sobre as coisas.

Naturalmente, há nisso uma certa verdade, embora não seja o que está aqui em vista, especificamente.

«A ‘mente de Cristo’ é correlativa ao seu Espírito, que é o Espírito de Deus (ver Rom. 8:9 e Gál. 4:6), e essa mente pertence àqueles que estão com ele, em virtude da união vital que desfrutam com ele (ver Gál. 2:20,21; 3:27; Fil. 1:8 e Rom. 13:14). O pensamento é o mesmo que foi expresso no décimo segundo versículo, embora vazado de outra maneira». (Robertson e Plummer, in loc.).

A palavra «...Nós...», neste caso, é enfática. (Ver esse uso por toda a porção inicial desta epístola, em I Cor. 1:18,23,30 e 2:10,12). Paulo quis apontar para o homem «espiritual», contrastando-o tanto com o homem «natural» (ver I Cor. 2:14) como com o homem «carnal» (ver I Cor. 3:1). Todos os crentes possuem o Espírito Santo, mas nem todos eles são indivíduos suficientemente espirituais para reivindicarem a posse da mente ou consciência de Cristo, o que fica claramente demonstrado na experiência humana diária.

A declaração que o apóstolo dos gentios faz aqui é muito forte. Suas palavras equivalem dizer que aqueles que pretendem julgar ao homem espiritual e avaliar o seu caráter, na realidade estão procurando «instruir ao Senhor», o que, como é óbvio, é um grande absurdo; pois é tão presunçoso esse indivíduo que tenta ocupar uma função que somente o Senhor Jesus pode ocupar, dando a entender que o Senhor não se desincumbiu corretamente dessa missão, necessitando assim da ajuda humana.

«Declarado de forma silogística, esse argumento diria mais ou menos como segue: Ninguém pode instruir ao Senhor. Temos a mente do Senhor.

Portanto, ninguém nos pode instruir ou julgar». (Hodge, in loc.).

A palavra «...Senhor...», neste caso, mui provavelmente é uma referência a Jesus Cristo, o que é comum nos escritos do N.T., até mesmo quando o termo «Senhor» se refere obviamente ao Deus dos judeus, isto é, Yahweh.

(Ver as notas expositivas sobre o emprego do termo «Senhor», com referência a Cristo, em Rom. 1:4, que também expõe o tema do «senhorio de Jesus Cristo». Quanto a notas expositivas sobre a propriedade do uso desse termo para com Cristo, ver I Cor. 1:31).

«Tais intercâmbios deixam entrever a sua ‘convicção mais íntima sobre a deidade de Cristo’». (Findlay, in loc.).

Variante Textual·. Ao invés das palavras «...mente de Cristo...», alguns manuscritos dizem «mente do Senhor». Assim dizem os mss BD(1)FG; e os pais da igreja Agostinho e Ambrosiaster assim citam essa passagem em seus escritos. As palavras «...de Cristo...» aparecem nos mss P (46), Aleph, ACD(3)ELP, nas versões da Vulgata latina, bem como no Si, no Cóp e no Arm, sendo assim também citado este texto por Orígenes. Mui provavelmente esse é o texto correto. A modificação para «Senhor» deve ter ocorrido por atração da mesma palavra, usada neste versículo. (Ver o artigo referente ao estudo dos manuscritos do N.T., na introdução ao comentário).

Espírito Santo, todo divino,

Habita neste meu coração;

Derruba todo o trono idólatra,

Reina supremo e reina sozinho.

(A.Reed).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 37-38.

A palavra, finalmente, indica que Paulo chegou ao clímax de seu ensinamento sobre a estabilidade espiritual. O princípio de que ele está prestes a se relacionar é tanto o somatório de todos os outros e a chave para implementá-las. A frase me debruçar sobre essas coisas introduz uma importante verdade: a estabilidade espiritual é o resultado de como uma pessoa pensa. A forma imperativa de logizomai (morar em) o torna um comando; pensamento correto não é opcional na vida cristã. Logizomai significa mais do que apenas entreter pensamentos, o que significa "avaliar", "considerar", ou "calcular" Os crentes devem considerar as listas de qualidades de Paulo neste versículo e meditar sobre as suas implicações.. A forma verbal exige disciplina habitual da mente para definir todos os pensamentos sobre essas virtudes espirituais.

A Bíblia não deixa dúvida de que a vida das pessoas são o produto de seus pensamentos. Provérbios 23:7 declara: "Porque, como ele pensa consigo mesmo, assim ele é." O equivalente moderno a que provérbio é o computador sigla GIGO (Garbage In, Garbage Out). Assim como a saída de um computador é dependente da informação que é a entrada, por isso as ações das pessoas são o resultado de seu pensamento. Jesus expressou essa verdade em Marcos 7:20-23: "O que sai do homem, que é o que contamina o homem.

Porque de dentro, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, homicídios, adultérios, atos de cobiça e impiedade, bem como o engano, a sensualidade, inveja, calúnia, orgulho e insensatez. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem. "

Chamada de Paulo para o pensamento bíblico é especialmente relevante em nossa cultura. O foco hoje é na emoção e pragmatismo, e da importância de uma reflexão séria sobre a verdade bíblica é minimizada. As pessoas já não perguntam "É verdade?", Mas "Será que funciona?" E "Como é que vai me fazer sentir?" Essas duas últimas perguntas servir como uma definição de trabalho de verdade em nossa sociedade que rejeita o conceito da verdade divina absoluta. A verdade é que funciona e produz emoções positivas. Infelizmente, tal pragmatismo e emocionalismo tem havido até mesmo em teologia. A igreja é muitas vezes mais preocupados em se algo vai ser divisionista ou ofensivo do que se é biblicamente verdadeira.

Tal perspectiva é muito diferente da bereanos nobre, que pesquisaram as Escrituras para ver se o que Paulo dizia era verdade, não se era divisionista ou prático (Atos 17:11). Muitas pessoas vão à igreja não pensar ou raciocinar sobre as verdades da Escritura, mas para obter a sua espiritual semanal elevada; a sentir que Deus está com eles. Tais pessoas são espiritualmente instável porque baseiam suas vidas em sentir, em vez de pensar. Bill Casco escreve, O que me assusta é a filosofia anti-intelectual, anti-pensamento crítico, que tenha derramado sobre a Igreja. Esta filosofia tende a romantizar a fé, tornando a igreja local em um centro de experiência .... O conceito de "igreja" é que eles são consumidores espirituais e que o trabalho da igreja é para satisfazer as suas necessidades sentidas. (Pensando Direito [Colorado Springs, Colo: NavPress, 1985], 66) John Stott também alertou para o perigo de cristãos que vivem em seus sentimentos: "De fato, o pecado tem efeitos mais perigosos para a nossa faculdade de sentir do que na nossa faculdade de pensar, porque nossas opiniões são mais facilmente controlados e regulados pela verdade revelada do que nossas experiências" (Matéria sua mente [Downers Grove, Illinois: Inter Varsity, 1972], 16).

O povo de Deus comandos para pensar. Ele disse a Israel rebelde, "Vinde então, e argui-me" (Is 1:18). Jesus repreendeu os fariseus e saduceus incrédulos para exigir um milagre Dele. Em vez disso, Ele desafiou-os a pensar e tirar conclusões a partir das evidências que eles tinham, assim como eles fizeram para prever o tempo (Mateus 16:1-3). Em Lucas 12:57 Ele disse à multidão: "E por que não você mesmo na sua juiz iniciativa própria o que é certo?" Deus deu Sua revelação em um livro, a Bíblia, e espera que as pessoas usam suas mentes para entender suas verdades .

Pensamento cuidadoso é a marca distintiva da fé cristã. James Orr expressa essa realidade de forma clara:

Se existe uma religião no mundo que exalta o ofício de ensinar, é seguro dizer que é a religião de Jesus Cristo. Tem sido frequentemente observado que nas religiões pagãs o elemento doutrinário é no mínimo uma coisa, o chefe não é o desempenho de um ritual. Mas isso é precisamente onde o cristianismo se distingue de outras religiões, ele contém doutrina. Se trata de homens com ensino, de forma positiva, que afirma ser a verdade; baseia no conhecimento da religião, apesar de um conhecimento que só é possível em condições morais. Não vejo como alguém pode tratar de forma justa com os fatos como eles estão diante de nós, nos Evangelhos e nas Epístolas, sem chegar à conclusão de que o Novo Testamento está cheio de doutrina .... Uma religião divorciada do pensamento diligente e elevado tem sempre, para baixo toda a história da Igreja, tendem a se tornar desinteressante, fraco e insalubre, enquanto o intelecto, privado dos seus direitos dentro da religião, tem procurado sua satisfação fora, e desenvolveu-se racionalismo ateu. (A visão cristã de Deus e do Mundo [New York: Scribner, 1897], 20-21)

Escritura descreve a mente não salvos como depravado (Rm 1:28; 1. Tim 6:5;. 2 Tm 3:8), focado na carne (Rm 8:5), o que leva à morte espiritual (Rm 8 :. 6), hostil a Deus (Rm 8:7; Col. 1:21), tola (1 Coríntios 2:14), endureceu a verdade espiritual (2 Co 3:14), cegado por Satanás (2 Coríntios. 4:4), inútil (Ef 4:17), ignorante (Ef 4:18), e contaminada (Tito 1:15).

Por isso, o primeiro elemento a salvação é uma boa compreensão mental da verdade do evangelho. Jesus disse em Mateus 13:19: "Quando alguém ouve a palavra do reino e não a entende, o Maligno vem e lhe arranca o que foi semeado no seu coração." Romanos 10:17 poderia ser traduzida, "A fé vem de ouvir um discurso sobre Cristo ", enfatizando novamente que a fé envolve o pensamento (cf. Isa. 1:18). É por isso que os crentes Peter comandos para sempre "pronto para fazer uma defesa a todo aquele que pede para você dar uma conta da esperança que há em vós" (1 Pedro 3:15). J. Gresham Machen observou: "O que o Espírito Santo faz no novo nascimento não é para fazer um homem cristão, independentemente das provas, mas, pelo contrário, para limpar as névoas de seus olhos e permitir-lhe assistir à prova" (A Fé Cristã no Mundo Moderno [Grand Rapids: Eerdmans, 1965], 63).

Deus salva as pessoas a serem adoradores, e "os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4:24). Por isso, é impossível adorar a Deus para além da verdade. Quando Paulo visitou Atenas, a capital cultural do mundo antigo ", seu espírito estava sendo provocado dentro dele enquanto ele estava observando a cidade cheia de ídolos" (Atos 17:16). Mas o que o perturbou tanto como a idolatria flagrante foi que ele "encontrou um altar com esta inscrição:" AO DEUS DESCONHECIDO "(Atos 17:23). Mentes naturais pode ver o mundo e concluímos que existe um Deus. Mas pela razão humana só pode ser conhecido que Ele existe, e não quem Ele é. Para a razão natural Ele é o "desconhecido" e o Deus incognoscível. Ele só pode ser verdadeiramente conhecido pela teologia sobrenatural, a revelação das Escrituras. Deus não aceita adoração baseado na ignorância. Paulo, portanto, começou a explicar aos filósofos atenienses que Deus revelou a Si mesmo (Atos 17:24-31).

Em nítido contraste com a definição contemporânea da fé, a fé bíblica não é um "salto no escuro." Irracional Não é um encontro místico com o "totalmente outro" ou o "fundamento do ser." Também não é auto otimismo, psicológico -hipnose, ou wishful thinking. A verdadeira fé é uma resposta fundamentada a verdade revelada na Bíblia, e salvação resulta de uma resposta inteligente, inspirado pelo Espírito Santo, para que a verdade.

Em Mateus 6:25-34, Jesus repreendeu os discípulos para o pecado da preocupação. Em uma seção notável de seus estudos clássicos de trabalho no Sermão do Monte, D. Martyn Lloyd-Jones destaca que o problema dos discípulos era que eles não conseguiram pensar. Em vez disso, permitiu-se a ser controlado por suas circunstâncias.

Fé, segundo o ensinamento de nosso Senhor neste parágrafo, é principalmente pensar, e todo o problema com um homem de pouca fé é que ele não pensa. Ele permite que as circunstâncias para cacete dele. Que é a dificuldade na vida real. A vida vem a nós com um clube em sua mão e parece-nos sobre a cabeça, e nos tornamos incapazes de pensamento, impotente e derrotado. A maneira de evitar que, de acordo com nosso Senhor, é para pensar. Temos de passar mais tempo em estudar as lições de nosso Senhor em observação e dedução. A Bíblia está cheia de lógica, e nunca devemos pensar em fé como algo puramente mística. Nós não apenas sentar em uma poltrona e esperar que as coisas maravilhosas que acontecem conosco. Isso não é fé cristã. A fé cristã é essencialmente pensamento. Olhai para as aves, pensar sobre eles, e tirar suas deduções. Olhe para a grama, olhar os lírios do campo, considerá-los.

O problema com a maioria das pessoas, no entanto, é que eles não vão pensar. Em vez de fazer isso, eles se sentam e perguntam: O que vai acontecer comigo? O que posso fazer? Essa é a ausência de pensamento, que é entregar, é derrota. Nosso Senhor, aqui, está incitando-nos a pensar, e pensar de maneira cristã. Essa é a essência da fé. A fé, se quiser, pode ser definida assim: É um homem insistir em pensar quando tudo parece estar determinado a cacete e derrubá-lo em um sentido intelectual. O problema com a pessoa de pouca fé é que, em vez de controlar seu próprio pensamento, seu pensamento está sendo controlada por outra coisa, e, como vamos colocála, ele vai girando e girando em círculos. Essa é a essência de se preocupar .... Isso não é pensado, que é a ausência de pensamento, uma falha de pensar.

(Grand Rapids: Eerdmans, 1971, 2:129-30) O pensamento é essencial para a poupança fé, bem como para santificante fé.

Salvação envolve a transformação da mente. Em Romanos 8:5 Paulo escreve: "Aqueles que são segundo a carne cogitam das coisas da carne."

Não-salvos, pessoas carnais têm um incrédulo, carnal mentalidade. Eles pensam como caídas, as pessoas não resgatados. Por outro lado, "aqueles que estão de acordo com o Espírito [definir as suas mentes sobre] as coisas do Espírito." Suas mentes renovadas estão focados em verdade espiritual.

Consequentemente, "a mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz" (Rm 8:6). O Espírito Santo passou a controlar a mente que antes de salvação era depravado, ignorante e cego por Satanás (2 Coríntios. 4:4). A mente resgatados já não pensa no nível carnal, mas no nível espiritual.

Em 1 Coríntios 1:30 Paulo descreve uma das realidades mais incríveis da salvação: "Cristo Jesus ... se tornou para nós sabedoria de Deus". Mentes dos crentes renovados pode mergulhar os pensamentos profundos do Deus eterno (cf. Sl 92.: 5) e nunca atingir o fundo. Em 1 Coríntios 2:11-16 Paulo ampliou esse pensamento:

Para quem conhece os pensamentos do homem, senão o espírito do homem que nele está? Mesmo assim os pensamentos de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Agora nós não temos recebido o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que possamos conhecer as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus, que as coisas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas em ensinadas pelo Espírito, combinando pensamentos espirituais com palavras espirituais. Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas quem é espiritual avalia todas as coisas, mas ele próprio é avaliado por ninguém. Para quem conheceu a mente do Senhor, que ele irá instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.

Em contraste com o "homem natural [que] não aceita as coisas do Espírito de Deus," as subvenções Espírito Santo aos crentes a capacidade de "saber as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus." Na verdade, "nós temos a mente de Cristo ", através do Espírito, os crentes têm conhecimento de Deus, que de outra maneira nunca ter tido. Assim como ato inicial dos crentes da fé salvadora leva a uma vida de fé, assim também a transformação da mente à salvação inicia um longo processo de renovação da mente. Em Romanos 12:2 Paulo escreveu: "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente". Aos efésios ele escreveu, "vos renoveis no espírito da vossa mente" (Ef. 4:23 ). Jesus, respondendo à pergunta sobre qual era o maior mandamento da Lei, disse: "Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma e com toda tua mente" (Mateus 22:37) . Pedro também falou da renovação da mente, quando ele ordenou: "Prepare sua mente para a ação" (1 Pedro 1:13). Paulo chamou os crentes para "definir a [sua] mente [s] sobre as coisas do alto, não nas coisas que estão na terra" (Cl 3:2). Mais de uma dúzia de vezes em suas epístolas Paul perguntou a seus leitores: "Você não sabe?" O apóstolo espera os crentes a pensar e avaliar. E isso não é uma perspectiva exclusivamente do Novo Testamento. Em Provérbios 2:1-6 Salomão aconselhou: Meu filho, se você vai receber as minhas palavras e meus mandamentos tesouro dentro de você, faça o seu ouvido atento à sabedoria, inclina o teu coração ao entendimento, pois se você chorar para o discernimento, levante sua voz para a compreensão, se você procurá-la como a prata e pesquisa para ela como a tesouros escondidos; então você vai perceber o temor do Senhor e descobrir o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento.

O salmista clamou: "Dá-me entendimento, para que eu observe a tua lei e mantê-lo com todo meu coração" (Sl 119:34).

Os crentes devem disciplinar os seus entendimentos espiritualmente sensíveis a pensar sobre certas realidades espirituais. Neste breve lista, catálogos Paul oito virtudes divinas para se concentrar.

JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.

  1. Pensando nas coisas eternas.

A concentração dos nossos pensamentos nas coisas espirituais

Na Carta aos Colossenses, Paulo foi enfático quando escreveu à igreja, dizendo: “Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Cl 3.2). Naturalmente, essa expressão não significa deixar de viver uma vida cristã racional. Também não significa ter a mente livre ou ser bitolado por pensamentos impostos pelo cristianismo. Não! Significa, sim, dominar a própria mente e selecionar o que é melhor para uma vida feliz e equilibrada. Aprendemos nessa escritura que o modo mais equilibrado de viver uma vida vitoriosa em Cristo Jesus é equilibrar coração e mente, priorizando as coisas espirituais. Os maus pensamentos são frutos de uma vida não regenerada. Ser cristão é uma questão de inteligência, porque aprendemos a pensar e ter domínio sobre as coisas do século. Mente e sentimento interagem, ajudados pelo Espírito Santo, para uma vida cristã feliz e vitoriosa.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 138.

«...pela renovação da vossa mente...» Essa «renovação» é de caráter espiritual, assumindo o aspecto de «reforma», em que as faculdades mentais e espirituais—as faculdades imateriais do indivíduo—são afetadas para melhor. Isso é mais do que a renovação «intelectual», porquanto também deve ser ação da própria alma ou espírito, a verdadeira essência intelectual do ser humano.

«A mente é renovada pela novidade do Espírito, e do íntimo o impulso transformador passa a transfigurar a totalidade da vida». (Philip Schaff, no Comentário de Lange).

Deus é intelecto puro, o «nous» dos gregos (que significava a «mente», para eles), o «nous» do universo, o grande ser imaterial. O homem também possui intelecto, cuja espiritualidade é derivada da espiritualidade infinita de Deus. A «...mente...», palavra empregada neste texto e usada constantemente no vocabulário da filosofia grega, a começar por Anaxágoras, reveste-se da ideia de «espiritualidade», e não apenas da ideia de «intelectualidade». Portanto supomos, paralelamente a vários intérpretes, que 0 presente versículo fala mais do que sobre as qualidades intelectuais, dando a entender que mais do que essas faculdades ainda precisam ser transformadas pelo poder de Deus. Na realidade, é a própria alma ou espírito que terá de passar por essa renovação do Espírito, o que, naturalmente, incluirá o processo e as qualidades intelectuais. E assim o «intelecto» humano não mais será escravo ante as influências de um mundo ímpio, embora o sentido da passagem seja mais profundo que esse.

Os Elementos Dessa Renovação

  1. Quando do arrependimento, o homem é libertado do domínio do pecado, passando a ter uma nova concepção da vida e seu significado (ver as notas sobre o «arrependimento», em João 3:3).
  2. Na santificação, o homem não somente se vai despindo do poder do pecado, mas também vai adquirindo as virtudes espirituais positivas de Deus. Tal homem vai caminhando pelo novo caminho, compartilhando da mente de Cristo, ao invés de ser dominado pela mente carnal. (Ver as notas sobre a «santificação», em I Tes. 4:3; e sobre a «mente de Cristo», em I Cor. 2:16).
  3. Essa operação renovadora, naturalmente, é realização do Espírito (ver II Cor. 3:18 e Gál. 5:22), pois é algo divino, e não alguma operação humana. O caminho de Deus é místico, e não legal ou sacramental. Noutras palavras, tal obra é realizada através de um contato com o sobre-humano, conforme a definição básica do misticismo.
  4. Essa renovação é fomentada pelo emprego dos meios de desenvolvimento espiritual·. O estudo da Bíblia; a dedicação da mente às questões espirituais através do uso das Escrituras, e outros livros espirituais;a oração, que é a comunhão direta com Deus (ver as notas em Efé. 6:18); a meditação (que é quando Deus fala intuitivamente com os homens); a santificação (pois sem santidade não pode haver qualquer desenvolvimento cristão); a prática da lei do amor (as boas obras), pois o amor é a comprovação da espiritualidade e se deriva do próprio novo nascimento (ver João 4:7,8); e 0 uso dos dons espirituais, que tende por conduzir-nos na direção de nossa perfeição (ver Efé. 4:11 e ss.).

«...para que experimenteis...» A palavra aqui traduzida por «....expertmenteis...» tem sido traduzida também por «proveis», «façais real», «conheçais certamente» ou «tenhais um conhecimento fidedigno de»; porém, a verdade é que deve mesmo significar conhecimento experimental, e não apenas a consciência intelectual. Significa por à prova. E, apesar do conhecimento fazer parte integrante, a experiência faz parte integrante do que aqui é dito, pois faz parte inerente deste pensamento. Mediante a renovação do ser espiritual inteiro do homem, podemos provar e pôr a teste a boa, aceitável e perfeita vontade de Deus. Somente desse modo, através da renovação do íntimo, segundo foi esclarecido mais acima, é que podemos realmente experimentar a «vontade» de Deus na presente existência.

«O indivíduo regenerado prova, mediante o veredicto de sua consciência, a vontade de Deus, por haver sido despertado e iluminado pelo Espírito Santo». (Meyer, in loc.).

«...vontade de Deus...» Não o atributo divino da vontade, que controla a todas as coisas, a parte volitiva de Deus; mas antes, a «coisa desejada», o «curso correto da conduta», conforme Deus vê as coisas. Esse correto curso de ação deve ser de qualidade «...boa...», como também «...agradável...» e «...perfeita...» Trata-se de um alvo elevadíssimo que é posto à nossa frente. Nenhum homem mortal, entretanto, pode jamais atingi-lo, embora alguns tenham chegado mais perto do grande alvo do que outros.

Alguns intérpretes pensam que os adjetivos «boa», «agradável» e «perfeita», modificam diretamente o substantivo «vontade». Isso é possível, embora a maioria dos estudiosos prefira pensar que a construção da frase deve ser: «...para que experimenteis a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito». Mas, mesmo fazendo desses adjetivos outros substantivos de oposição, esses três vocábulos devem ser compreendidos como qualificações da vontade de Deus, ou seja, aquilo que o Senhor deseja que os homens sejam e façam. Assim o significado da frase redunda na mesma coisa, ainda que, gramaticalmente, seja expressa de forma levemente diferente.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 810.

Rm 12.2 — Conformeis significa formar ou moldar.

Mundo é a palavra normalmente utilizada para era. Em vez de ser moldado pelos valores do mundo, aos cristão é dito transformai vos, ou seja, eles devem mudar pela renovação do entendimento.

A transformação espiritual começa na mente e no coração. Uma mente dedicada às coisas do mundo e às suas preocupações produzirá uma vida lançada de um lado para o outro pelas tendências da cultura. Mas uma mente dedicada à verdade de Deus produzirá uma vida que não se limitará ao tempo. Nós podemos resistir às tentações da nossa cultura meditando na verdade de Deus e deixando que o EspíritoSanto guie e molde nossos pensamentos e comportamentos.

Transformar ( gr. metamorphoõ)

(Rm 12.2; Mt 17.2; 2 Co 3.18)

A palavra grega para transformar significa mudar a forma, o mesmo sentido do termo metamorfose da língua portuguesa. No Novo Testamento, essa palavra é usada para descrever uma renovação dentro de nossa mente, através da qual nosso espírito interior é mudado para que assuma a semelhança de Cristo. Paulo recomendou aos cristãos romanos o seguinte: transformai-vos pela renovação do vosso entendimento (Rm 12.2).

Nossa vida cristã deve estar sempre em progresso. A cada dia, devemos procurar viver uma vida segundo a vontade de Deus. A transformação não acontece da noite para o dia. Nossa regeneração é instantânea, mas a nossa transformação é contínua. Quanto mais tempo passamos em intimidade com Cristo, mais som os conformados gradualmente à Sua imagem (2 Co 3.18).

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 393-394.

«...Pensai...» No grego é «phroneo», «pensar», «considerar», «fixar a mente sobre», e que certamente é usada enfaticamente aqui no seu sentido de «fixar a mente sobre». Paulo exorta aqui aos crentes que dediquem a Cristo todas as faculdades intelectuais e contemplativas da alma, do homem essencial. Ele esperava a intensidade da concentração no bem, no que é belo, no que é celestial. Ora, isso é impossível se a alma não consagrar-se ao Espírito, o qual pode arranjar e determinar a natureza do processo de raciocínio. Até mesmo isso exige cultivo, pois não se trata de algo automático. Aquele que invade sua mente com coisas mundanas, como se vê nos filmes, na televisão, na literatura detrimente e amoral, etc., ou mesmo aquele que se preocupa exclusivamente com coisas terrenas, embora estas não sejam prejudiciais por si mesmas, dificilmente será capaz de fixar sua mente sobre as realidades do alto, sobre as coisas hígidas e espiritualmente benéficas. Notemos como, em Rom. 12:1,2, a suprema dedicação requerida dos homens se verifica mediante a «renovação da vossa mente». De fato, a dedicação a Cristo é impossível para a mente carnal. Da mente espiritual é que se originam todas as questões da vida eterna; mas da mente carnal só pode provir água pútrida e estagnada.

Minha mente para mim é um reino,

Tantas alegrias presentes ali encontro

Que ultrapassam toda outra felicidade

Que a terra dê ou medre dessa espécie:

Embora muito eu queira do que a maioria desejaria ter,

Contudo, minha mente me proíbe de cobiçar.

(Sir Edward Dyer)

Notemos, no primeiro versículo deste capítulo, a palavra «buscai», e, aqui, o termo «pensai», ambas as quais são imperativos presentes. E como se Paulo tivesse dito: Que vosso hábito seja essa busca e essa fixação da mente em vosso bem-estar espiritual. Convém que sejamos transferidos para as regiões celestiais para estarmos com Cristo; mas isso será impossível se não cedermos ao poder do Espírito mediante o qual somos transformados segundo a sua imagem. Que ninguém se engane acerca disso: sem a santificação, é impossível a alguém ver a Deus (ver Heb. 12:14). O indivíduo colhe aquilo que tiver semeado, a saber, a vida eterna ou seu contrário, que é a corrupção (ver Gál. 6:7,8); e recebemos o que tivermos semeado, de bom ou de mau (ver II Cor. 5:10). Nos escritos de Paulo não há a crença fácil, já que ele requer que a santificação se siga à conversão, porque é mister ligar a corrente de ouro, elo com elo, até que sejamos levados à glorificação. A conversão, a santificação e a glorificação são estágios da salvação. (Ver as notas expositivas em Heb. 2:3, acerca da «salvação»). Poderíamos comparar a salvação a uma corrente de ouro, com vários elos. Essa corrente se estende desde o mais profundo abismo de degradação até ao mais elevado lugar de glória, nos altos céus. Sua extremidade inferior nos encontra onde estivermos, não havendo lugar tão baixo onde ela não nos possa achar.

Podemos agarrar-nos a ela, sem importar onde nos achemos. Ao nos agarrarmos a ela, somos elevados para fora do abismo, e se continuarmos a subir por ela, seremos eventualmente conduzidos à glória, compartilhando da própria glorificação de Cristo. Ora, a santificação é um dos elos dessa

corrente, essencial à salvação, conforme se vê em II Tes. 2:13.

Notemos, quanto a isso, a passagem de Fil. 3:19. Aqueles que só «pensam» nas coisas terrenas, são aqueles que terminam na perdição, pois seu ventre é o seu deus, e se vangloriam em sua vergonha.

Referências e ideias. As afeições:

  1. As afeições devem ser supremamente fixadas em Deus (ver Deut. 6:5 e Marc. 13:20). 2. As afeições devem ser fixadas sobre os mandamentos de Deus (ver Sal. 19:8-10; Sal. 119:20,97,103,167). 3. Sobre a casa de Deus e a adoração a ele (ver I Crô. 29:3; Sal. 26:8; 27:4; 84:1,2). 4. Sobre o povo de Deus (ver Sal. 16:3; Rom. 12:10; II Cor. 7:13-15 e I Tes. 2:8). 5. Sobre as realidades celestiais (ver Col. 3:1,2). 6. As afeições devem ser zelosamente concentradas em favor de Deus (ver Sal. 69:9; 119:139 e Gál. 4:18). 7. Cristo reivindica o primeiro lugar em nossas afeições (ver Mat. 10:37 e Luc. 14:26).

«Está em pauta a tendência prática do pensamento e das disposições» (Meyer, in loc.).

Algumas traduções dizem aqui «afeições»; e apesar de não tratar-se de uma tradução correta, é ideia que pode ser inferida, pois a mente determina aquilo que amamos. Paulo nos exorta aos mais elevados pensamentos e intuitos, pois Cristo está não somente nos céus, mas também está à direita de Deus; e ele é o alvo de todo o nosso pensamento, como também é o seu regulador.

«Antecipamos assim aos céus, não somente na nossa esperança, mas também em nossos afetos e em nosso temperamento, ,vendo as coisas como Deus as vê, e encarando tudo em relação a ele... pois onde estiver o vosso tesouro, aí também estará o vosso coração!» (Barry, in loc.).

Alguns pensam que Paulo continuava repreendendo à ética rudimentar dos mestres gnósticos, que promoviam uma adoração meramente cerimonial, sacramental e ritualista , de mistura com o ascetismo. Certamente Paulo queria incluir aquele sistema que encoraja o tipo de temperamento e de mentalidade terrenas que deve ser evitado, ainda que, provavelmente, essa não seja a sua referência primária. O que é apenas terreno, deverá perecer (ver Col. 2:22). O povo celestial deve ser dono de uma mentalidade superior a isso, porquanto a mentalidade carnal se concentra no que é perecível.

«Ninguém anela pela vida eterna, incorruptível e imortal, a menos que esteja cansado de sua vida temporal, corruptível e mortal» (Agostinho).

«Estai tão empenhados pelas coisas eternas e celestiais, como antes estáveis por aquilo que é terreno e perecível». (Adam Clarke, in loc.).

Referindo-se ao Cristo, escreveu certo autor: «Ele cria profundamente no fato da ‘conversão’, quando voltamos o rosto para uma nova vereda. Mas o primeiro passo, uma vez dado, segundo ele insistia, é mister insistir sobre a peregrinação extremamente árdua, bem como sobre seus momentos de visão elevada e sua recompensa final. Sua religião era terna e humana, mas também era bem armada. Não tinha amor para os comodistas de Sião».

(John Buchan).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 134.

  1. Agindo sabiamente.

SÁBIO (PROFICIÊNCIA)

Um sábio é tão-somente um homem venerável, de grande sabedoria. A raiz latina desse adjetivo é sapiens, «sábio». Por outro lado, trata-se de alguém que obteve um desenvolvimento espiritual incomum, o que distingue dos demais homens. Toda a fé religiosa dá lugar à proficiência, à sabedoria, que é exaltada como um alvo a ser atingido pelos homens. Mas nem todas as religiões creem que todos os seres humanos são capazes de atingir essa meta.

Doutrinas como a da predestinação e a da depravação dos homens impedem a ideia de a graça iluminadora de Deus ser administrada à todos os homens, sem distinção; os dogmas limitam.

Apesar disso, o alvo da vida, segundo o neoconfucionismo, é que todos os homens venham a tomar-se sábios. Chou Tun-I afirmava que um sábio dirige de tal maneira a sua vida que obedece à regra áurea; e que o resultado disso é que ele vem a tomar-se sábio, atingindo aquele elevado alvo. A doutrina do meio-termo requer sinceridade e persistência. Por outro lado, You Yen acreditava que o verdadeiro sábio e a sua condição estão acima de nossas categorias, às quais nomeamos.

No cristianismo, Jesus Cristo é a nossa sabedoria, é o modelo segundo o qual nossa transformação metafísica e moral terá lugar (ver I Cor. 1:30; 11 Cor. 3:18). E, ainda segundo os ensinos bíblicos, o ministério do Espírito deve ser atuante sobre uma vida humana para que aquela pessoa venha a tornar-se um verdadeiro sábio. Não podemos esquecer, por igual modo, o estudo das Sagradas Escrituras, com a absorção de seus princípios espirituais. Diz Paulo a Timóteo: «... desde a infância sabes as sagradas letras, que podem tomar-te sábio para a salvação, pela fé em Cristo Jesus» (11 Tim. 3: 15).A mensagem universal do evangelho de Cristo abriu as portas da proficiência espiritual a todos os homens, posto que nem todos valer-se-ão dessa oportunidade, preferindo permanecer no estado de ignorância espiritual, aquilo que a Bíblia chama de «nesciedade», A participação na própria natureza divina, incluindo a sabedoria divina, é o alvo final dos remidos (ver Col. 9, 10; Efé. 3: 19; 11 Ped. 1:4).

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 12-13.

Fp 4.8 Aquilo que colocamos em nossa mente determina o que falamos e fazemos. Paulo nos aconselha a programar nossa mente com pensamentos que sejam verdadeiros, honestos, justos, puros, amáveis, de boa fama, virtuosos e louváveis. Você tem algum problema com pensamentos impuros ou com devaneios?

Examine o que está colocando em sua mente por meio da televisão.

dos livros, das conversas, dos filmes ou das revistas. Substitua toda informação perniciosa por material de valor. Acima de tudo. leia a Palavra de Deus e ore. Peça a Deus para ajudá-lo a direcionar sua mente para aquilo que é bom e puro. Essa atitude requer alguma prática e disciplina, e você certamente é capaz de fazê-lo.

BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 1668.

II - O QUE DEVE OCUPAR A MENTE DO CRISTÃO (4.8)

Uma atitude que reflita o pensar positivo e correto

Norman Vincente Peale não foi o primeiro homem a tirar proveito da lei do "pensamento positivo". Paulo já aplicava esta verdade no primeiro século. Nesta carta ele usou uma variedade de palavras para descrever as coisas que são excelentes ou dignas de louvor e nas quais os crentes devem pensar.

Esta lista não é completa, antes, sugestiva e ilustrativa. Também, as palavras são um pouco difíceis de definir isoladamente. Juntas, porém, formam um perfil positivo para o pensamento e ação.

Notem, também, que Paulo não determinou um "conteúdo" específico sobre o qual pensar. Antes, ele deu uma relação das qualidades que podiam ser usadas como critérios em cada cultura e em certo momento da história, assim transformando estas virtudes supraculturais e imemoriais. Paulo perguntou:

  1. É verdadeiro? Isto é, é verdadeiro no sentido mais amplo da palavra?
  2. E nobre? Isto é. é digno de reverência?
  3. É certo? Moral, reto, justo?
  4. É puro? Casto, caracterizado pela pureza?
  5. É amável? Atraente, agradável, amistoso?
  6. E de boa fama? Cativante, amável?

Depois de relacionar estas qualidades, Paulo parece dar a entender: "Vocês podem acrescentar mais coisas a esta relação, se o desejarem, mas certifiquem-se de que suas adições representem a excelência do que é digno de louvor. É este o critério supremo! Seja lá o que for que vocês acrescentarem, meditem cuidadosamente e pensem em coisas que refletem estas virtudes."

Paulo concluiu este parágrafo referindo-se novamente a seu próprio exemplo: "O que também aprendestes, e recebestes, ouvistes e vistes em mim, isso praticai." Paulo arriscou sua própria reputação. Essencialmente ele disse aos Filipenses o que já havia dito aos coríntios: "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo" (1 Coríntios 11:1).

Isto não era um sermão pio, mas uma exortação que podia ser verificada por qualquer pessoa que realmente conhecia a Paulo. Os que o conheciam bem receberam a mensagem pelo que ela significava: uma afirmativa de humildade, refletindo um coração que ansiava por Deus e pela santificação suprema.

Finalmente, Paulo ligou a exortação quanto ao pensar em coisas excelentes e dignas à sua exortação prévia de orar por todas as coisas. "Quando fizerem estas coisas", deixou ele subentendido "isto é, se vocês confiarem em Deus e orarem a respeito de tudo, e se pensarem positivamente sobre coisas excelentes e dignas, experimentarão a presença e a paz de Deus" (4:9).

GETZ. Gene A. A Estatura de um Cristão, Estudos em Filipenses. Editora Vida. pag.  93.

  1. “Tudo o que é verdadeiro e honesto”.

Podemos inverter a posição da frase “nisso pensai” (ARC) que está no final do texto (v. 8). Prefiro a tradução da ARA, que diz: “seja isso o que ocupe o vosso pensamento”. Ralph P. Martin, em Filipenses: Introdução e Comentário, escreveu: “Este versículo é governado pelos verbos seja isso o que ocupe o vosso pensamento, em grego, um único verbo ‘logizesthe’, que significa mais que ‘ter em mente’. O sentido é: ‘levar em consideração’ (logos), ou mesmo ‘fazei destas coisas o logos de seu universo pessoal’, isto é, ‘refleti nessas qualidades da vida e permiti que as mesmas modelem a vossa conduta”’ (p. 172). Na verdade, Paulo deseja que os filipenses tenham em mente as melhores coisas que contribuam para o crescimento moral e espiritual da vida de cada um.

A expressão “tudo o que é verdadeiro” tem na palavra “verdadeiro”, conforme está no grego bíblico como “alethe” que significa “verdade” e refere-se àquilo que opõe ao que é falso, que é irreal e ao que não contém substância. Vivemos em um mundo de mentiras que influencia a vida da humanidade. O papel do cristão é não só proclamar a verdade, mas viver a verdade no seu comportamento cotidiano. Lamentavelmente, a mentira está presente na vida de cristãos e líderes cristãos, e vem maquiada de falsa imagem da verdade, escondendo a realidade moral e espiritual por baixo dessa maquiagem. Deus sempre abominou a mentira. A igreja de Jesus Cristo não pode e não deve permitir que o espírito de mentira domine sua mente (Cl 3.9). Mentes dominadas por sentimentos carnais fantasiam seus pensamentos com mentiras. Deus abomina a mentira e a sua Palavra diz em Salmos 119.163: “Abomino e aborreço a falsidade”.

É verdadeiro aquilo que é autêntico e não se baseia em suposições, boatos, mentiras e coisas sem comprovação. O espírito de mentira tem entrado no seio da igreja e produzido grandes males. E triste quando percebemos a malícia de alguns cristãos que difamam e espalham rumores negativos de outros irmãos, com a intenção de prejudicar alguém que se constitui um estorvo no seu caminho. Atitudes verdadeiras têm a ver com o caráter de quem as pratica. Paulo começa sua lista com o que é verdadeiro. Na mente judaica, a verdade é aquilo que se opõe à falsidade e à mentira. No pensamento grego da época (Platão), a verdade é aquilo que se opõe ao que é aparente ou passageiro. No pensamento do apóstolo Paulo, naquele contexto, “aquilo que é verdadeiro” era aquilo que era reto e fazia oposição ao que era irreal, falso e que não tinha substância.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 135-136.

As virtudes aqui alistadas fazem todas parte do «fruto do Espírito» (ver Gál. 5:22,23), devendo ser consideradas como algo que surge mediante o cultivo e o desenvolvimento espirituais. Essas virtudes é que devem ocupar as nossas mentes, devendo sempre ser «levadas em conta» por nós, em nossa inquirição espiritual. Deus nos guarda e nos dá paz como um dom; mas também temos obrigações e precisamos cultivar as virtudes espirituais. Sem essas virtudes, o ideal cristão não pode concretizar-se na vida de um a pessoa. Comenta Robertson (in loc.), acerca dessas diversas virtudes: «Elas são pertinentes agora, quando tanta imundícia é exposta perante o mundo, em livros, revistas e filmes, sob o nome de realismo, a fossa mesma das piores iniquidades». Se Robertson tivesse vivido em nossos dias, mui provavelmente ,teria adicionado a «televisão» à lista daquelas coisas que servem de elementos corruptores dos homens.

«...verdadeiro...» No original grego temos o termo «alethe».Deus é a norma de toda a verdade, como também seu padrão e fonte originária. Nas páginas do N.T., a «verdade» é frequentemente sinônimo do «evangelho», a verdade conforme ela é revelada em Cristo ; e Cristo é a verdade personificada (ver João 14:6). Aquelas coisas que concordam com a natureza de Deus, na pessoa de Cristo, são «verdadeiras», em contraste com a falsidade e a hipocrisia. Aquilo que não se assemelha inerentemente a Deus, necessariamente é falso. O oposto de Deus são as coisas «insinceras»,

«hipócritas», «pretenciosas» ou «falsas» (não podendo elas representar a verdade objetiva de Deus em qualquer sentido, espiritual ou não).

« ...respeitável...» No grego é «semna», que significa «honroso», «reverenciável», «venerável». A forma verbal é «sebo», que quer dizer «adorar» ou «reverenciar». Dos diáconos se pede que tenham essa qualidade (ver I Tim. 3:8); mas aqui essa mesma virtude é requerida de todos os crentes. Os crentes devem «exibir um a dignidade que se deriva da salvação moral, assim convidando o respeito. Nos escritos clássicos, esse é um dos epítetos dos deuses» (Vincent, in loc.).

«Nobres e sérios, em oposição da kouphos, que significa a quem falta seriedade intelectual» (Matthew Arnold, in loc.).

«Há muita coisa nos códigos de honra que é estúpido e artificial; mas existem modos de agir que sabemos ser corretos, segundo nossos mais profundos instintos. ·Agir contrariam ente a isso é ofender a Deus». (Scott, in loc.). Essa palavra se encontra no N.T., somente aqui e nos trechos de I Tim. 3:8,11 e Tito 2:2.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 63.

4.8 - O termo honesto se refere àquilo que tem caráter honroso. A palavra puro está intrinsecamente ligada ao vocábulo grego usado para santo e, portanto, significa sagrado ou imaculado. Com o verbo pensai, Paulo ordena aos filipenses que deliberem, avaliem, considerem repetidas vezes o que é bom e puro. Desse modo, os cristãos podem renovar sua mente para que não se conformem com os maus hábitos deste mundo (Rm 12.2).

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 535.

Fp 4.8 verdadeiro. Tudo o que é verdadeiro se encontra em Deus (2Tm 2.25), em Cristo (Eí 20.21), no Espírito Santo (Jo 16.13) e na Palavra de Deus (Jo 17.17). respeitável. O termo grego significa "digno de respeito". Os cristãos devem meditar cm tudo aquilo que é digno de respeito e adoração, ou seja, o sagrado em oposição ao profano.

MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 1623.

Esses conselhos se integram no cômputo dos verdadeiros valores da vida. Pensai nessas coisas significa «tomai essas coisas na devida conta». Tem a força de um apelo ao julgamento moral. Que valores são esses? O apóstolo dá uma lista de sete: real (verdadeiro), venerável (honesto), direito (justo), puro, amável (tudo o que é de boa fama), respeitável (tudo o que for de valor moral digno de louvor). Tais virtudes, na acepção de Paulo, eram mais excelentes que todas as demais, por isso ele exorta os crentes a ocuparem seus pensamentos com elas e a fazerem norma prática de seu modo de viver. Isso porque a mera contemplação daquelas coisas não é suficiente. O pensamento deve ser traduzido por ação, de acordo com o próprio ensinamento e exemplo de Paulo (9). Se deste modo andarem, o Deus de paz será com eles (cf. verso 7).

DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Filipenses. pag. 35.

  1. “Tudo o que é justo”.

Na língua grega, a palavra “justo” é dikaios, que implica praticar as coisas certas e retas. Significa fazer tudo aquilo que não prejudique o seu irmão, o seu próximo. Significa não buscar atalhos nem ter atitudes iníquas para fazer e proceder o que é correto. A Bíblia diz que o homem iníquo maquina o mal na sua cama durante a noite para fazer o mal durante o dia. O profeta Amós profetizou a esse respeito e aclara a nossa mente sobre o pensar justo. Ele disse:

Ouvi isto, vós que anelais o abatimento do necessitado e destruís os miseráveis da terra, dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o grão? E o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, e procedendo dolosamente com balanças enganadoras, para comprarmos os pobres por dinheiro e os necessitados por um par de sapatos? E, depois, vendermos as cascas do trigo. (Am 8.4-6)

Esse é o retrato do pensar e do agir injustamente. Pensar e ocupar a mente em tudo o que é justo significa desenvolver uma relação positiva com Deus e com os homens. Os padrões de justiça de Deus norteiam o comportamento moral em relação a Deus e às pessoas. O cristão verdadeiro cumpre as leis de justiça e equidade na vida da família, da sociedade e da espiritualidade. Temos uma história bíblica acerca de Acabe, rei de Israel, que se deitou com a ideia fixa e má de adquirir a vinha de Nabote, porque este havia se recusado a negociar sua vinha com o rei. Em vez de pensar com atitude de justiça e respeitar o seu semelhante, mesmo sendo um súdito do seu reino, ele deu vazão aos maus pensamentos. A mulher de Acabe, Jezabel, tão má quanto ele, planejou e ordenou a morte de Nabote e tomou posse da sua vinha, apenas para satisfazer um desejo egoístico do coração injusto de Acabe. Porém, a justiça de Deus não os deixou impunes e pagaram caro pelo ato de injustiça que nasceu de pensamentos maus (1 Rs 21.17-26).

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 137-138.

<...justo...> No original grego temos a palavra «dikaia», que significa «equitativo», satisfatório em todas as obrigações para com Deus, para com nossos semelhantes e para conosco mesmos. Essa é a forma adjetivada da «retidão salvadora», que nos é dada pela fé, a saber, a própria retidão de Deus (ver Rom. 3:21),a qual é lançada na conta dos homens, e realmente é também formada pelo Espírito Santo no homem interior. Todas as nossas ações devem concordar com essa nossa natureza inata.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 63-64.

Tudo o que é justo. A palavra grega dikaios enfatiza aqui uma correta relação com Deus e com os homens. Tendo recebido de Deus tanto a justiça imputada quanto a comunicada, os crentes devem pensar com retidão, diz Hendriksen. William Barclay diz que essa é a palavra do dever assumido e do dever cumprido. O reverso disso encontramos no homem iníquo que “maquina o mal na sua cama”, a fim de executá-lo depois, à luz do dia (Am 8.4-6).

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 236.

Tudo o que é respeitável e justo. Ou seja, tudo o que é "digno de respeito e correto". Muitas coisas não são respeitáveis, e os cristãos não devem pensar nelas. Isso não significa enterrar a cabeça na areia e evitar tudo o que é desagradável, mas sim não dedicar atenção a coisas desonrosas nem permitir que elas controlem os pensamentos.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 125.

  1. “Tudo o que é puro e amável”.

Pureza implica limpeza, algo não contaminado ou poluído. Na língua grega do Novo Testamento, a palavra “puro” advém de hagnos. Essa palavra grega sugere e descreve aquilo que é moralmente puro e livre de sujeiras, de manchas, assim como os sacrifícios de gratidão que faziam parte dos rituais sacerdotais do povo de Israel tinham que ser limpos, perfeitos e puros de qualquer impureza, antes de serem colocados sobre o altar. Desta forma, também, tudo que fazemos para Deus e tudo quanto oferecemos a Deus precisa ser puro. Uma mente pura significa uma mente casta. A primeira ideia de “ser puro” é ser inocente em relação a ter pensamentos, palavras e ação puros. O crente deve permitir ao Espírito a limpeza contínua no coração, na consciência, nas afeições e nos motivos da vida. Toda sorte de impureza deve ser eliminada no meio do povo de Deus (Ef 5.3). Ora, a que se refere a expressão “tudo o que for puro?”. Refere-se a ter pureza na vida pessoal: coração purificado, consciência pura, pensamentos puros, afeições puras, possessões puras, sem motivos impuros. Precisamos ser puros na palavra e nas ações cotidianas para termos uma vida equilibrada em Cristo Jesus.

“Tudo o que é amável”

Ora, tudo o que é amável é tudo aquilo que se pode amar para sermos dignos de sermos amados por aquEle que nos amou com amor profundo (Jo 3.16; Rm 5.8). As coisas amáveis são coisas que atraem e causam prazer a todas as pessoas. Significa pensar naquilo que promove o amor fraternal e à amizade.

Amizade representa o que mais valorizamos na vida, por isso, “tudo o que é amável” é tudo quanto constrói emocional e espiritualmente nas relações entre os irmãos. Aquilo que é amável não é aquilo que desmerece os outros, que desqualifica os irmãos ou aquilo que faz discriminação.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 138-139.

«...puro...» No grego é «agna», que significa «puro», em sentido moral. A pureza de motivos e nas ações está aqui em foco. Originalmente, a raiz era «agos», palavra que indicava qualquer questão que envolve «respeito» religioso. E essa palavra veio eventualmente a significar, especificamente, um «sacrifício expiatório» a ser oferecido aos deuses. Daí o termo veio indicar «algo separado para os deuses». Então , visto que os deuses supostamente seriam santos, surgiu a ideia de «santidade», de «pureza».

Assim, pois, aquilo que é «puro» é aquilo que foi consagrado a Deus, que não está maculado pelo pecado. Tal palavra também significava, frequentemente, «castidade» ou «inculpabilidade moral». (Ver Fil. 1:17, onde a forma adverbial é usada para indicar a pregação do evangelho, por motivos sinceros e incorruptos. Na Septuaginta (tradução do original hebraico do A.T. para o grego) essa palavra indicava pureza «cerimonial», com a ideia de purificação. E esse sentido também é preservado nas páginas do N .T. (ver João 11:55; Atos 21:24,26 e 24:18). Nas passagens de Tia. 4:8; I Ped. 1:22 e I João 3:3, o termo indica a purificação espiritual do coração e da alma. Pensamentos puros, palavras e ações puras, provenientes de um a alma pura, são aqui indicados.

«...amável...» No grego temos o vocábulo «prosphile», que significa «digno de amor», indicando aquilo para o que somos atraídos, devido à sua beleza de caráter. Esse termo é usado exclusivamente aqui, em todo ο N.T., indicando aquilo que, por sua própria beleza, atrai o amor e se tom a caro para alguém. Deus é o grande magneto da bondade, que atrai o amor; por conseguinte, essa qualidade realmente é algo de Deus, insuflado em algo ou em alguém, para que esse algo ou esse alguém possua encantamento. Mas essa palavra também era usada como sentido de «amigável», de «agradável». Platão, em seu diálogo Simpósio, assevera que aquilo que nos atrai, nas pessoas ou nas coisas, é a «beleza», porquanto amamos ao belo; mas que, em última análise, esse amor à beleza é, realmente, amor a Deus, pois ele é o clímax de toda a beleza, como seu grande modelo e fonte originária. Por isso mesmo é que o Senhor Jesus disse que se ele fosse levantado da terra, atrairia a si mesmo todos os homens; e isso mostra até que ponto ele possuía a beleza divina. Ver o trecho de João 12:32 e as notas expositivas a respeito, onde se explica como isso pode tornar-se realmente verdade, e não apenas em parte. Trata-se de uma feliz condição a do homem para quem são atraídos outros homens, por ter ele, em si mesmo, algo da beleza de Deus, o que merece amor.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 64.

...tudo o que é puro. A palavra grega hagnos descreve o que é moralmente puro e livre de manchas.

Ritualmente descreve algo purificado de tal maneira que se faz apto para ser oferecido a Deus e usado em seu serviço.

Pureza de pensamento e de propósito é condição preliminar indispensável para a pureza na palavra e na ação, diz E F. Bruce.

....tudo o que é amável. A palavra grega prosphiles traz o significado de agradável, aquilo que suscita amor. Trata-se de algo que se auto-recomenda pela atração e encanto intrínsecos. São aquelas coisas que proporcionam prazer a todos, não causando dissabor a ninguém, à semelhança de uma fragrância preciosa, diz F. F. Bruce.

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 236.

Tudo o que é puro, amável e de boa fama. "Puro" refere-se, provavelmente, à pureza moral, uma vez que as pessoas daquela época, como as de hoje, eram constantemente tentadas pela impureza sexual (Ef 4:17-24; 5:8-12). "Amável" significa "belo, atraente".

"De boa fama" refere-se ao que é "digno de ser comentado, atraente". O cristão deve encher a mente com os pensamentos mais nobres e elevados, não com os pensamentos abjetos deste mundo depravado.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 125.

  1. “Tudo o que é de boa fama”.

A expressão “boa fama” aparece no grego bíblico como euphemos, um adjetivo que sugere um sentido ativo de “falar bem de” em vez de “ter boa reputação” como a maioria interpreta. A tradução da NVI traduz a expressão como “aquilo que é admirável”. O sentido é simples e objetivo porque se refere ao cuidado com as palavras e ações em relação às pessoas do nosso convívio. Por isso, o que é de boa fama é o que é digno de louvor, de elogio e gracioso. Algumas versões traduzem a expressão “boa fama” por “bom nome”. Um bom nome significa a representação daquilo que uma pessoa é. Ter um bom nome significa ter um bom caráter. Muito mais que admirar alguém pelo seu caráter, o pensar em coisas de boa fama significa rejeitar na mente qualquer coisa ou pensamento que desonrem ou que tragam descrédito às outras pessoas. Devemos, sim, pensar em tudo o que é “de boa fama”. Aquele que ocupa sua mente com coisas boas acerca de seu irmão “não folga com a injustiça, mas folga com a verdade” (1 Co 13.6). A inveja, o ciúme, a presunção são elementos que permeiam a mente de crentes carnais que não conseguem pensar bem acerca do seu irmão.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 139.

«...de boa fama...» No grego é «euphema», palavra usada somente aqui em todo ο N.T., e que significa, literalmente, «que soa bem», ou seja, «conquistador», «gracioso». Também podia indicar aquilo que é «louvado com palavras», sendo assim que alguns intérpretes entendem esse vocábulo.

Também pode significar «digno de louvor», «atrativo». Assim, pois, o crente deve buscar aquelas coisas que criam, para ele, a boa «reputação», aquilo que é «digno de louvor» aos olhos dos outros homens e aos olhos de Deus.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 64.

...tudo o que é de boa fama. A palavra grega euphemos significa literalmente “falar favoravelmente”. No mundo, há demasiadas palavras torpes, falsas e impuras. Nos lábios do cristão e em sua mente, devem existir somente palavras que são adequadas para ser ouvidas por Deus.

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 237.

III - A CONDUTA DE PAULO COMO MODELO (4.9)

  1. Paulo, uma vida a ser imitada.

No texto do versículo 9, Paulo usa cinco verbos que promovem ação: aprender, receber, ouvir, ver e fazer (4.9). Ele os utiliza como se abrisse uma janela do seu interior para que os irmãos filipenses pudessem perceber. Ele assume o papel de referencial para ser imitado. Ele queria que os irmãos filipenses seguissem o seu exemplo. Não há nenhuma presunção da parte de Paulo, mas há uma transparência e exposição, no sentido de que ele não esconde nada dos seus irmãos em Cristo. E uma qualidade pastoral que precisa ser vivida na experiência de muitos líderes cristãos hoje.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 140.

Neste ponto, de maneira enfática, Paulo se oferece um a vez mais como exemplo a ser seguido. (Ver as notas expositivas completas a esse respeito, em F il.3:17 e ICor. 11:1). Quando alguém se torna seguidor do exemplo de Paulo, torna-se também seguidor do exemplo de Jesus Cristo, conforme se vê na passagem de I Cor. 11:1. Isso porque o apóstolo dos gentios ensinava preceitos verazes, vivendo-os pessoalmente, de modo que ninguém podia desculpar-se de não haver compreendido as exigências cristãs de ordem moral, em contraste com aquilo que os cristãos primitivos estavam acostumados a ver no paganismo.

Pode-se observar aqui como Paulo usa quatro verbos que frisam como os discípulos deveriam seguir-lhe o exemplo, e sobre quais bases: «aprender» e «receber» formam um par, e «ouvir» e «ver» formam outro par. E note-se que, no original grego, todos esses verbos estão no aoristo, assinalando que todas as experiências passadas dos crentes são aqui vistas como um a única instância completa desse aprendizado. Os quatro verbos demonstram quão completa fora aquela experiência dos crentes filipenses, de modo a não terem qualquer desculpa, como se ainda não houvessem sido informados.

Os crentes filipenses tinham aprendido, da parte de Paulo e de outros líderes cristãos, mediante instruções orais e escritas e mediante a força do exemplo pessoal. E haviam recebido o que tinham aprendido, aprovado e apropriado, para efeito de aplicação pessoal. Sim, aqueles crentes aprovavam a excelência das instruções em que haviam sido ensinados.

Tinham ouvido a Paulo pessoalmente, como também, mais tarde, tinham aprendido aquelas instruções mediante cartas; e no apóstolo viam o exemplo correto.

Há não muito tempo, ouvi falar de um pastor, que, numa reunião, declarou: «Eu não hesitaria em ter a minha vida inteira projetada num a tela diante desta congregação». Um a declaração surpreendente! Ou este homem era louco ou era um gigante em espiritualidade! Mas, Paulo disse algo essencialmente igual a isto no texto diante de nós. Imite, então, este gigante em espiritualidade, e terá Cristo formado em você. Use os meios do desenvolvimento espiritual, tais como: oração, meditação, treinamento do intelecto, o uso dos dons espirituais e a prática da lei do amor, boas obras práticas.

«...em mim...», isto é, como um exemplo vivo. «Paulo ousou apontar para a sua própria conduta diária, em Filipos, como ilustração desse elevado pensamento. O pregador é o intérprete da vida espiritual, devendo também ser o seu grande exemplo». (Robertson, in loc.).

«...praticai...» Os crentes não devem apenas fazer de suas instruções morais razão de suas considerações; antes, que essas instruções sejam poderosa influência sobre todas as suas ações, a base mesma de suas vidas diárias. O caráter dos crentes deve ser repleto das virtudes enumeradas por Paulo, para que possam pôr em prática aquilo que viam ser praticado por ele.

No original grego encontramos o verbo «prassein», que significa «praticar», em contraste com o verbo «poiein», que significa apenas «fazer», embora essa distinção nem sempre seja uniformemente mantida. Não obstante, neste ponto, a prática é recomendada, não podendo haver dúvidas sobre isso.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 64.

Warren Wiersbe diz que não é possível separar atos exteriores de atitudes interiores.433 Há uma íntima conexão entre “Seja isso que ocupe o vosso pensamento” (4.8) e “praticai” (4.9). A dinâmica do cristianismo deriva-se da união desses dois imperativos. Tais imperativos estão corporificados na coleção de qualidades éticas (4.8), nas tradições apostólicas (4.9a) e nos ensinos exemplificados na própria vida de Paulo (4.9b).

Paulo considera quatro atividades: aprender, receber, ouvir e ver. Uma coisa é aprender a verdade, e outra, bem diferente, é recebê-la e assimilá-la. Não basta ter fatos na cabeça; é preciso ter verdade no coração. Ao longo do seu ministério, Paulo não apenas ensinou a Palavra, mas também a viveu na prática para que os seus ouvintes pudessem vê-la em sua vida. Há uma íntima relação entre a palavra e a pessoa que a pronuncia.

O apóstolo Paulo conclui esse parágrafo falando da necessidade de praticar o que se aprendeu. Acumular conhecimento sem o exercício da vida cristã não nos torna crentes maduros. Precisamos ter olhos abertos para ver, ouvidos atentos para aprender e disposição para praticar o que aprendemos.

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 237-238.

Fp 4.9 em mim. Os filipenses tinham de seguir a verdade de Deus proclamada, juntamente com o exemplo dessa verdade vivida por Paulo diante deles (veja nota em Hb 13.7).

MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 1623.

Fp 4.9 Em aditamento deviam continuar praticando (praticai; o imperativo prassete está no tempo presente) tudo aquilo que pertencia à ética e moral notadamente cristãs conforme aprenderam com a vida e doutrina do apóstolo.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular  Filipenses. pag. 28.

Fp 4.9 - O verbo aprendestes expressa não só o conceito de crescer no conhecimento intelectual, mas também a ideia de aprender por meio da prática habitual. Em algumas áreas de seu desenvolvimento cristão, os filipenses foram excelentes discípulos de Paulo, praticando o que ele havia ensinado. O sentido literal do verbo recebestes (gr. paralambano) é levar consigo mesmo. Indica receber sem rejeição ou desobediência. Ao ordenar aos filipenses fazei, Paulo os exortou a pôr em prática ou encarregar- se de fazer tudo o que haviam obtido dele.

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 535.

  1. Paulo, exemplo de ministro.

Ele diz: “O que também aprendestes... em mim” (4.9) nos ensina que é importante termos referenciais, modelos que podemos imitar.

No ministério cristão, é indispensável que tenhamos esses referenciais. Quando fui para o Instituto Bíblico de Pindamonhangaba - SP, em 1964, meu sonho de realização focava o exemplo de homens de Deus especiais que me marcaram com o testemunho de suas vidas. Paulo tinha a coragem moral de incentivar aos seus filhos na fé, nas igrejas plantadas por ele, que o imitassem, em termos de vida e testemunho cristão. Paulo envia essa carta aos filipenses e os lembra de tudo quanto haviam aprendido com ele. Por isso, ele podia declarar com segurança: “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (1 Co 11.1).

A lição que aprendemos com o apóstolo Paulo nessa Carta é que todo ministro de Deus deve ser transparente. Assim como o Deus da graça o alcançou e o perdoou em Cristo para ser um servo exemplar, assim também o mesmo Deus de paz estará com os demais cristãos fiéis.

Devemos praticar o que temos aprendido dos obreiros antigos e fiéis que serviram a Cristo com fidelidade. Paulo deu o mesmo conselho aos filipenses, dizendo-lhe: “isso praticai” (4.9, ARA). Devemos tomar posse dessas qualidades que exprimem o comportamento que deve nortear o cristão.

CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 140-141.

Paulo, igualmente, mostra que devemos ser criteriosos acerca dos nossos modelos. Não devemos imitar os falsos mestres. Não devemos seguir as pegadas dos que vivem desregradamente nem seguir o exemplo dos que vivem buscando os seus próprios interesses. Ao contrário, Paulo se apresenta como exemplo para os crentes de Filipos (3.17; 4.9). Paulo entende que o exemplo pessoal é parte essencial do ensino. O mestre deve praticar a doutrina que professa e demonstrar em ação a verdade que expressa em palavras.

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 238.

Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.

Quase todos os intérpretes reconhecem que este primeiro versículo do décimo primeiro capítulo desta epístola pertence ao parágrafo anterior, e não ao que se segue. Em outras palavras, pertence ao décimo e não ao décimo primeiro capítulo.

Paulo havia deixado exemplo de como se deve agir para com todos os homens (ver o versículo anterior), visando a salvação de todos quantos fosse possível salvar. Ele se fazia de tudo para todos, a fim de que pudesse ao menos conquistar alguns para Cristo. (Ver I Cor. 9:21,22). Ele olhava para o benefício espiritual deles; não agradava a si mesmo; pouco se importava com seu conforto físico e com sua prosperidade individual. Pelo contrário desgastava as suas energias para obter a vantagem espiritual de outros.

Ora, isso é o cumprimento prático da lei do amor. Paulo dava porque amava; da mesma maneira que Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu próprio Filho unigênito. E essa atitude de Paulo é digna de ser imitada e seguida, de ser considerada como um exemplo da conduta cristã ideal. Por sua vez, o apóstolo seguia a Jesus Cristo. Esse serviço tão destituído de egoísmo não era idéia dele, de Paulo, não era invenção sua. O próprio Senhor Jesus é o exemplo supremo dessa atitude e ação de que Paulo fala aqui. (Ver João 13:12-16, mormente o décimo quinto versículo, sobre a questão do «exemplo de Cristo». Ver também os versículos seguintes sobre o tema do exemplo·. Mat. 11:29; 16:24; 13:15; Rom. 15:5; II Cor. 10:1; Fil. 2:5; Col. 3:13; Heb. 3:1; 12:2; I Ped. 2:21; II Tes. 3:9; I Tim. 4:12; Tiag. 5:10.Acerca dos maus exemplos que devem ser repelidos, ver Lev. 20:23; Pro. 22:24,25; Heb. 4:11 e II Ped. 3:17. Há notas expositivas especiais dadas sobre o «exemplo de Cristo», que precisa ser emulado pelos crentes, em Rom. 15:3).

A.B. Davidson disse de certa feita a seus estudantes: «Uma vida ordinária, mas bem vivida, é o maior de todos os feitos». (Esse autor foi um célebre comentador escocês das Sagradas Escrituras). Sim, essa forma de vida é a maior prova que existe acerca da doutrina e da teologia moral, maior que muitos volumes escritos, melhor que os mais hábeis argumentos.

Esse foi o grande e real argumento daqueles pescadores simples da Galileia, como Pedro, Tiago e João. As pessoas tinham de dar atenção a eles, quando andavam pelas ruas (ver Atos 4:13), não porque fossem enumerados entre os eruditos rabinos, mas porque tinham aprendido certa sabedoria secreta, tendo estado em companhia do Senhor Jesus, e essa sabedoria havia transformado as suas vidas.

«É fato bem reconhecido que a fé cristã depende da crença em algum guia ou conselheiro espiritual, que se eleve com mais eficácia do que qualquer realidade meramente religiosa. As aspirações pelas quais lutamos podem ser reforçadas, as dúvidas vagas podem ser solucionadas, e a lealdade à causa pode ser revivificada e purificada, na medida em que os homens forem capazes de ver seu fim almejado na personalidade de alguém para quem possam prestar homenagens gratas». (Moffatt, in loc.).

Não podemos deixar de ficar impressionados com a desproporção entre a duração da vida de um homem e a duração de sua influência nas gerações futuras.

«E, assim sendo, -a influência de um homem se propaga, não como uma corrente, elo após elo, em uma sucessão inquebrantável, mas antes, como um incêndio, fagulha após fagulha, saltando de vida para vida, atravessando continentes e cruzando os séculos. Estêvão apanhou esse fogo de seu Senhor, e passou-o para Paulo; e de Paulo se tem espalhado entre homens e mulheres em cada recanto do mundo». (Gerald R. Cragg, comentando sobre Atos 8:3).

«Cada vida humana é uma profissão de fé, exercendo uma propagação inevitável, embora silenciosa... Tende por transformar o universo e a humanidade segundo a sua própria imagem... Cada indivíduo é um centro de irradiação perpétua, semelhante a um corpo luminoso, semelhante a um farol que atrai o navio contra os recifes, se porventura não o guia em direção ao porto. Todo homem é um sacerdote, ainda que involuntariamente; a sua conduta é um sermão mudo, mas que ele não cessa de pregar a outros, mas existem sacerdotes de Baal, de Moloque e de todos os demais deuses falsos.

Tal é a elevadíssima importância do exemplo». (Diário de Amiel, Londres: Macmillan and Co., 1890, págs. 24 e 25).

«...imitadores...» Temos aqui uma correta tradução, que é melhor do que «seguidores», conforme dizem outras traduções. Vemos aqui alguém que duplica um padrão de conduta, que reproduz alguma coisa, que é cópia fiel de uma ideia, de uma atitude.

«...como também eu sou de Cristo...» Nenhum espírito de arrogância levou o apóstolo dos gentios a solicitar que outros crentes o imitassem. Antes, assim agia a fim de que a imagem de Cristo se formasse neles, visto que era imitando a ele, o apóstolo de Cristo, que poderiam imitar automaticamente a Jesus Cristo. Tão-somente ele lhes mostrava um exemplo prático de como essa imitação é possível para o crente. Note-se que Paulo nos deixou um exemplo de auto-sacrifício; porque esse é o aspecto da imitação de Cristo que realmente impressiona os homens, como também é comum que esse era o aspecto da vida e da personalidade de Cristo que é exposta aos leitores do N.T. como o nosso grande exemplo. (Ver Rom. 15:2,3; II Cor. 8:9; Efé. 5:2 e Fil. 2:4,5). A vida cristã, quando é bem vivida requer uma dedicação suprema às realidades espirituais, com a negação de tudo quanto é meramente material e terreno. O crente precisa reconhecer e desenvolver os poderes de sua alma remida, para glória de Jesus Cristo. O Exemplo Do Viver Espiritual

  1. Cristo deixou-nos exemplo, na perfeição (ver Heb. 7:26), na santidade (ver I Ped. 1:15), na pureza (ver I João 3:3), na humildade (ver Fil. 2:5,7), na obediência (ver João 15:10), na autonegação (ver Rom. 15:3), na ministração às necessidades alheias (ver Mat. 20:28).
  2. O exemplo deveria ser dado por cada crente, para os demais crentes, nos campos da santidade (ver Gál. 5:22,23), do zelo (ver I Cor. 15:10), e da vida segundo a lei do amor (ver I João 5:7).
  3. O exemplo supremo se verifica no terreno do altruísmo, em imitação a Cristo. Os místicos que têm atingido elevados níveis de desenvolvimento espiritual informam-nos que, quanto ao lado prático da fé religiosa, ninguém pode deixar de lado a necessidade simples de amar e ser amado.
  4. Estabeleçamos o exemplo da diligência: cada indivíduo é ímpar e se reveste de uma missão ímpar (ver as notas em Apo. 2:17).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 166.

Este versículo introduz um elemento final que é essencial para a estabilidade espiritual. Os últimos sete atitudes não devem ser vistos como meros princípios abstratos; pensamento divino não pode ser divorciado do comportamento. Quando tudo estiver dito e feito, a estabilidade espiritual se resume a viver uma vida disciplinada de obediência a padrões de Deus.

Pessoas em quem a Palavra de Deus ricamente habita (Col. 3:16), e que, portanto, viver obediente, fique firme quando os ventos da dificuldade, a tentação, e golpe compromisso em torno deles.

Prassō (prática) refere-se a repetição ou ação contínua. A palavra Inglês pode ter a mesma conotação. Falamos de um advogado ou um médico como tendo uma prática, porque a sua profissão mantém uma rotina normal.

Os cristãos devem fazer a sua prática para conduzir vidas piedosas e obedientes.

Vida santa só pode ter lugar quando as atitudes certas e policiais pensamentos direito da carne. É por isso que Paulo confrontou a prioridade de pensamentos (4:2-8) antes de exortar a igreja a um comportamento justo (4:9). Compreender e abraçar a lei de Deus vem em primeiro lugar, seguido pela conduta habitualmente controlada por essa devoção à verdade. Ao fazê-lo, "vencer o mal com o bem" (Rm 12:21).

Antes da conclusão das Escrituras do Novo Testamento, os apóstolos se foram a fonte da verdade divina. Após o nascimento da igreja no Dia de Pentecostes, os crentes "E perseveravam na doutrina dos apóstolos" (Atos 2:42). Em Efésios 4:11-13 Paulo escreveu sobre a natureza fundamental do ministério dos apóstolos:

Ele deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros como pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, para um homem adulto, à medida da estatura que pertence à plenitude de Cristo.

Os apóstolos eram mais do que a fonte de conhecimento doutrinário, mas também como modelo os padrões de comportamento cristão. Por essa razão, Paulo exortou os Filipenses anteriormente nesta carta: "Irmãos, se juntar em seguir meu exemplo, e observar aqueles que andam segundo o modelo que tendes em nós" (3:17;.. Cf 1 Cor 4:16; 11 : 1, 1 Tessalonicenses

1:6; 1 Pedro 5:3).. Paulo repete que a exortação aqui, exortando os Filipenses para colocar em prática as coisas que haviam aprendido e recebido e ouvido e visto nele. Sua vida exemplifica os deveres espirituais para que ele os chamou. Os termos aprendido, recebido, ouvido e visto cada foco em um aspecto importante do ministério de Paulo aos Filipenses.

Aprendidas traduz uma forma de o manthanō verbo, que está relacionado com as mathetes substantivo (discípulo). Manthanō refere-se ao ensino, aprendizagem, instruindo e discipulado. Paulo está se referindo aqui à sua instrução pessoal e discipulado dos filipenses. Sua prática onde ele ministrava era não só para ensinar "publicamente", mas também "de casa em casa" (Atos 20:20). Paulo escreveu a seu filho na fé, Timóteo: "Você seguiu meu ensino, conduta, propósito, fé, paciência, amor, perseverança" (2 Tm 3:10.). Antes da conclusão do Novo Testamento, tal ensinamento era vital.

Paralambano (recebido) às vezes é usado no Novo Testamento como um termo técnico para a revelação de Deus (por exemplo, 1 Coríntios 11:23;. 15:1, 3; Gal 1:9, 12;.. 1 Ts 4:1-2 ; 1 Tm 6:20).. Para tessalonicenses, Paulo escreveu: "Por esta razão, nós também sempre agradeço a Deus que quando recebeu a palavra de Deus que de nós ouvistes, você aceita não como palavra de homens, mas por aquilo que ele realmente é, a palavra de Deus , que também realiza o seu trabalho em vós que credes "(1 Ts. 2:13). Paul chamou os filipenses a praticar em suas vidas as verdades da Palavra de Deus que ele tinha entregue a eles. Eles não eram apenas para receber essas verdades, mas também de transmiti-las. Como Paulo escreveu a Timóteo: "As coisas que você já ouviu falar de mim na presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar outros" (2 Tm. 2:2).

A palavra ouvida acrescenta outra dimensão à discussão de Paulo. Ele já cobriu o que ele ensinou aos filipenses como Deus lhe revelou. Aqui Paulo fez alusão ao que os filipenses tinham ouvido falar dele de outras pessoas.

Sua reputação foi impecável, e eles certamente havia ouvido de outras pessoas sobre o caráter de Paulo, estilo de vida e pregação. Eles também foram para imitar a virtude divina que o apóstolo tinha-se tornado conhecido.

Ao lembrar os filipenses do que tinham visto nele, Paulo apelou para a sua primeira experiência com ele. Eles haviam observado seu personagem durante a estada do apóstolo em Filipos, e eles sabiam que não havia falta de credibilidade entre a mensagem que ele pregou ea vida que ele viveu. Porque ele modelou os padrões que ele pregou, Paulo podia exortar os filipenses a padrão de suas vidas após a sua.

A promessa anexado à obediência como é que o Deus da paz estará convosco. O Deus cujo caráter é a paz é o doador de paz. O título de Deus da paz é um dos favoritos de Paulo (cf. Rm 15:33;. 16:20,. 2 Coríntios 13:11;. 1 Tessalonicenses 5:23). É um lembrete de que aqueles que têm atitudes piedosas, pensamentos e ações será vigiado pela paz de Deus e pelo Deus da paz. Sua presença é essencial para a força, tranquilidade e satisfação necessária para a estabilidade espiritual.

Mas isso não vai acontecer para além da auto-disciplina. D. Martyn Lloyd-Jones escreveu:

Eu desafio você a ler a vida de qualquer santo que já adornaram a vida da Igreja, sem ver uma vez que a maior característica na vida daquele santo era a disciplina ea ordem. Invariavelmente é a característica universal de todos os homens e mulheres notáveis de Deus. Leia sobre Henry Martyn, David Brainerd, Jonathan Edwards, o Wesley irmãos, e Whitfield leitura de seus diários. Não importa o que ramo da Igreja a que pertenciam, todos eles têm disciplinado suas vidas e têm insistido sobre a necessidade deste, e, obviamente, é algo que é completamente bíblica e absolutamente essencial.

(Depressão Espiritual: Suas Causas e Cura [Grand Rapids: Eerdmans, 1965]) Os crentes devem ser disciplinados para adicionar à sua fé, as atitudes corretas, pensamentos e ações descritas nesta passagem. Só então eles vão desenvolver a estabilidade espiritual em suas vidas.

JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.

  1. O Deus de paz.

«...o Deus da paz será convosco...» (Quanto à expressão «Deus da paz», ver as notas expositivas sobre Rom. 15!33; 16:20; I Tes. 5:23 e Heb. 13:20).

Não está em foco apenas a calma e a tranquilidade, mas também a paz interior, devido à reconciliação com Deus e com os outros homens, que também foram assim reconciliados com o Senhor. Esse senso de bem-estar, baseado na realidade do bem-estar da alma, vem da parte de Deus. Paz, neste caso, não é apenas um a atitude emocional, e, sim, moral. Quando a correção moral lança raízes na alma de um homem, ele sente descanso consigo mesmo e com Deus, e então com os seus semelhantes. Por essa exata razão é que o «Deus da paz» é apresentado como o «santificador» da personalidade inteira do crente. O Messias é chamado de «a paz de Deus» (em Miq. 5:5), porquanto é ele quem infunde a correção moral em seu reino, como também bênçãos pacíficas (ver Sal. 77:7 e 85:10). O evangelho é uma boa mensagem que anuncia a paz. (Ver E fé. 2:17; 6:15 e Rom. 10:15). Através da agência do evangelho é que Deus estabelece a paz à face da terra, entre ele mesmo e os homens, e entre o homem e os seus semelhantes. Cristo é também' chamado de «Senhor da paz» (ver II Tes. 3:16), porque, quando aceitamos o seu senhorio, encontramos a paz com Deus. E a justificação pela fé é a origem de toda a nossa paz com Deus. (Ver Rom. 5:1). «É por intermédio de Deus, como autor e doador da paz, que o homem se vê capaz de achar a harmonia que procurava nos elementos conflitantes de sua própria natureza, bem com o em suas relações com o mundo, sem falarmos em suas relações com o próprio Deus». (Westcott, comentando sobre Heb. 13:20).

Não há que duvidar que há aqui um lançar de olhos lateral a vários problemas que haviam surgido na igreja dos filipenses, motivados pela inveja, pelas facções e pelas contendas (ver Fil. 1:15-17 e 4:2). Aqueles crentes que estão avançando espiritualmente viverão muito acima dessas coisas, porquanto o seu Deus é o Deus da paz.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 64-65.

A conclusão do apóstolo Paulo é majestosa. Além de termos a paz de Deus para nos guardar, agora temos o Deus da paz para nos guiar. Não apenas temos uma harmonia bendita em lugar da ansiedade, mas temos também a companhia divina na caminhada.

Corretamente Bruce Barton diz que muitas pessoas hoje procuram ter paz com Deus sem ter um relacionamento com Deus, que é o autor da verdadeira paz. Isso, porém, é impossível. Para experimentar a paz, precisamos primeiro conhecer o Deus da paz.

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 238.

A "paz de Deus" é um parâmetro que nos ajuda a determinar se estamos dentro da vontade de Deus. "Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração" (Cl 3:15). Se estivermos andando no Senhor, a paz de Deus e o Deus da paz exercerão sua influência sobre nosso coração. Sempre que desobedecemos, perdemos a paz e sabemos que fizemos algo de errado. A paz de Deus é o "árbitro" que "nos dá um cartão amarelo"! Orar corretamente, pensar corretamente e viver corretamente: essas são as condições para ter segurança e vitória sobre a ansiedade. Se Filipenses 4 é o "capítulo da paz" do Novo Testamento, Tiago 4 é o "capítulo da guerra" e começa com a seguinte pergunta: "D e onde procedem guerras e contendas que há entre vós?". Tiago explica as causas da guerra: orações incorretas ("Pedis e não recebeis, porque pedis mal"; Tg 4:3); pensamentos incorretos ("vós que sois de ânimo dobre, limpai o vosso coração"; Tg 4:8); e uma vida incorreta ("não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus?"; Tg 4:4). Não há meio termo.

Ou nos entregamos inteiramente ao Espírito de Deus e oramos, pensamos e vivemos corretamente, ou nos entregamos à carne e ficamos divididos e ansiosos.

Não há com que se preocupar! E a preocupação é pecado! (ver Mt 6:24-34). Com a paz de Deus para nos guardar e o Deus da paz para nos guiar, que motivos temos para nos preocupar?

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 125-126 (FONTE ESTUDAALICAO.BLOGSPOT.COM)

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